Mês: novembro 2023

Novos Resultados de Pesquisas no Cuidado de Recém-Nascidos com Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica

Novos Resultados de Pesquisas no Cuidado de Recém-Nascidos com Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica

Palestra administrada por Krisa Van Meurs (EUA) no 26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dias 11-14 de outubro de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Novas pesquisas mostraram  a) A hipotermia terapêutica (HT) não reduz a morte ou a desabilidade moderada/severa nos bebês nascidos a 33+0 a 35+6 de idade gestacional como moderada a severa EHI, podendo aumentar a probabilidade de morte em 77% b) o uso de eritropoietina (EPO) em recém-nascidos em hipotermia terapêutica não reduz morte ou neurodesenvolvimento deficiente e foi associado com pequeno mais significante aumento do número de eventos adversos sérios, não sendo recomendado EPO+HP, no entanto, fica em aberto o uso da EPO como monoterapia em países de média a baixa renda, uma vez que a  HT nesses países aumentou a mortalidade (estudo HELIX) e que a EPO mostrou-se eficaz em modelos animais c) a maior mortalidade no grupo da HT nos países de media e baixa renda se deveu a ocorrência lesão cerebral provavelmente durante o período intraparto e assim, o estudos nessa região devem ser focados na prevenção, melhorando então o cuidado pré-natal  e intraparto d) convulsões durante o reaquecimento: há aumento de morte ou desabilidade  aos 18-22 meses de 7 vezes maior e o aumento da HT de 72 horas para 120 horas, aumentou de 2,7 vezes para os resfriado  por 72 horas  para  3,3 vezes  para aqueles resfriado por 120 horas  e) Wu et al (2023) mostraram que neonatos com ressonância magnética (RM) com nenhuma ou leve a moderada anormalidades tem resultados de neurodesenvolvimento semelhantes, enquanto aqueles com RM com severos achados têm consistentemente resultados adversos. Assim, você deve aconselhar as famílias que mesmo a RM normal, o bebê pode  ter problemas neurológicos no futuro. Os bebês que necessitam de um resfriamento após 6 horas de vida, o fazemos, na Stanford University,  por 96 horas e não 72 horas.

 

Correlatos do neurodesenvolvimento de anormalidades na ressonância magnética cerebral em bebês com peso extremamente baixo ao nascer

Correlatos do neurodesenvolvimento de anormalidades na ressonância magnética cerebral em bebês com peso extremamente baixo ao nascer

Neurodevelopmental Correlates of Brain Magnetic Resonance Imaging Abnormalities in Extremely Lowbirthweight Infants.Martini S, Lenzi J, Paoletti V, Maffei M, Toni F, Fetta A, Aceti A, Cordelli DM, Zuccarini M, Guarini A, Sansavini A, Corvaglia L.J Pediatr. 2023 Nov;262:113646. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113646. Epub 2023 Jul 28.PMID: 37516269. Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto.

A ressonância magnética (RM) cerebral em idade equivalente a termo (TEA-MRI) permite a identificação de anormalidades típicas relacionadas à prematuridade, como volumes cerebrais reduzidos, microestrutura alterada da substância branca e conectividade anormal, podendo ajudar na previsão de quais áreas funcionais poderiam ser particularmente afetadas para ajudar a otimizar abordagens de habilitação direcionadas para bebês prematuros em risco. Foram incluídos 109 prematuros com extremo baixo peso. A redução do volume da substância branca e a mielinização retardada foram associadas a pior desenvolvimento geral, habilidades sociais e coordenação olho-mão.  Lesões císticas da substância branca foram associadas a piores resultados motores, enquanto anormalidades de sinal da substância branca e adelgaçamento do corpo caloso foram associados a piores desempenhos cognitivos não-verbais. A redução do volume de substância cinzenta profunda correlacionou-se com piores trajetórias de desenvolvimento. Assim, a TEA-MRI poderia ajudar a identificar bebês que podem se beneficiar de estratégias de reabilitação precoce que, de outra forma, talvez não estivessem disponíveis nos primeiros meses, que são uma janela crítica de oportunidade para o neurodesenvolvimento.

Resultados de neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica tratados com sulfato de magnésio: uma revisão sistemática com metanálise

Resultados de neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica tratados com sulfato de magnésio: uma revisão sistemática com metanálise

Outcomes of Neonates with HypoxicIschemic Encephalopathy Treated with Magnesium Sulfate: A Systematic Review with Metaanalysis. Gowda BB, Rath C, Muthusamy S, Nagarajan L, Rao S.J Pediatr. 2023 Nov;262:113610. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113610. Epub 2023 Jul 17.PMID: 37468038.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Embora a hipotermia terapêutica (HT) tenha melhorado os resultados do desenvolvimento neurológico de crianças com EHI em países de alta renda, 30% a 50% dos bebês com EHI moderada a grave tratados com HT ainda sofrem morte ou deficiências significativas, Assim, há uma necessidade urgente de outras intervenções neuroprotetoras, seja como terapia única ou como adjuvante da HT. Modelos animais mostraram uma abundância de glutamato, um neurotransmissor  excitatório em cérebros hipóxicos que resulta em morte neuronal mediada por cálcio através da via do receptor NMDA. Como os íons magnésio controlam os receptores NMDA, aumentar a disponibilidade do íon magnésio pode prevenir o influxo de cálcio , reduzindo assim a morte das células neuronais. Nessa metanálise, foram incluídos 20 estudos controlados randomizados  com um tamanho total de amostra de 1.485, dos quais 16 eram provenientes de locais onde a hipotermia terapêutica (TH) não era oferecida. A terapia com MgSOpode melhorar os resultados neurológicos intra-hospitalares (redução da carga de convulsões, redução do EEG anormal e melhora do estado neurológico na alta) sem afetar a mortalidade em locais onde a HT não é oferecida. A qualidade da evidência foi baixa ou muito baixa para todos os desfechos,

A trajetória de peso mais rápida leva a melhores resultados de desenvolvimento neurológico em bebês com baixo peso ao nascer com displasia broncopulmonar?

A trajetória de peso mais rápida leva a melhores resultados de desenvolvimento neurológico em bebês com baixo peso ao nascer com displasia broncopulmonar?

Does faster weight trajectory lead to improved neurodevelopmental outcomes in ELBW infants with bronchopulmonary dysplasia?

Munoz FA, Carter EH, Edwards EM, Jerome M, Litt JS.J Perinatol. 2023 Oct 28. doi: 10.1038/s41372-023-01808-z. Online ahead of print.PMID: 37898685.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Esse estudo analisou o efeito no pós-natal das trajetórias de peso nos resultados do neurodesenvolvimento, especificamente naqueles bebês com displasia broncopulmonar (DPB). Já é do nosso conhecimento que bebês nascidos em idades gestacionais mais precoces e com menor peso ao nascer apresentaram DBP mais grave. Este estudo sugere que em bebês com baixo peso ao nascer, uma trajetória de peso mais rápida está significativamente associada a uma diminuição do risco de comprometimento moderado a grave do desenvolvimento neurológico em bebês com DBP de grau 1–2, mas a um risco aumentado de comprometimento do desenvolvimento neurológico naqueles com DBP de grau 3. É possível que o DBP de Grau 3 represente um fenótipo distinto da doença. é possível que o ganho de peso tenha sido desproporcional ao ganho linear e tenha resultado em excesso de massa gorda nesses bebês, um fenômeno que tem sido associado ao aumento do risco de desenvolver DBP, crescimento cerebral anormal e desenvolvimento neurológico adverso em prematuros e com baixo peso ao nascer.

 

Explorando modelo de predição e estratégias de sobrevivência para hemorragia pulmonar em prematuros: um estudo retrospectivo unicêntrico  

Explorando modelo de predição e estratégias de sobrevivência para hemorragia pulmonar em prematuros: um estudo retrospectivo unicêntrico  

 

Exploring prediction model and survival strategies for pulmonary hemorrhage in premature infants: a single-center, retrospective study.Li J, Xia H, Ye L, Li X, Zhang Z.Transl Pediatr. 2021 May;10(5):1324-1332. doi: 10.21037/tp-21-64.PMID: 34189090. Artigo Grátis!

Apresentação: Aldo Ferrini (R5 de Neonatologia do HMIB/SES/DF). Coordenação: Mirian Leal

 

O estudo indica que a hemorragia pulmonar maciça (HPM) está associada à persistência do canal arterial (PCA), distúrbios de coagulação e Apgar baixo aos 10 minutos, resultando em maior mortalidade e DBP. A PCA combinada com distúrbios de coagulação tem alto valor preditivo de HPM. Quando ocorre hemorragia pulmonar, ,níveis suficientes de PEEP podem reduzir a mortalidade em prematuros com HPM.

Tratamentos e resultados da coagulação intravascular disseminada neonatal com e sem asfixia neonatal: um estudo retrospectivo utilizando dados nacionais no Japão

Tratamentos e resultados da coagulação intravascular disseminada neonatal com e sem asfixia neonatal: um estudo retrospectivo utilizando dados nacionais no Japão

Treatments and outcomes of neonatal disseminated intravascular coagulation with and without neonatal asphyxia: A retrospective study using nationwide data in Japan.Kitaoka H, et al. Pediatr Neonatol. 2023. PMID: 37659900. Artigo Gratis!

Apresentação: Amanda Batista. R4 Neonatologia da Unidade Neonatal do HMIB/SES/DF. Coordenação: Miriam Leal.

Entre os pacientes com CIVD neonatal, aqueles com asfixia demonstraram resultados desfavoráveis em comparação com aqueles sem asfixia. A antitrombina e a trombomodulina solúvel humana recombinante (rTM) são os regimes preferíveis no tratamento da CIVD neonatal. Os médicos devem reconhecer a gravidade da CIVD neonatal com asfixia e monitorar sangramentos graves.

Persistência do Canal Arterial em Pré-Termos Extremos: Tratar Precocemente? (26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023)

Persistência do Canal Arterial em Pré-Termos Extremos: Tratar Precocemente? (26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023)

Palestra administrada por  Adrianne Rahde Bischoff (EUA) no 26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Inicialmente são colocados impressionantes resultados de sobrevivência dos recém-nascidos em tenras idades gestacionais (a sobrevida dos bebês de 22  a 24 semanas entre 2006-2019 foi de 60%, com 22 semanas, 77% e com 23 semanas  e 85% com 24 semanas e a seguir, de 25 a 27 semanas 90 a 95%) com importantes dados de  qualidade de vida. Em relação à PCA: todos os bebês ≤26 semanas fazemos uma ecocardiografia nas primeiras 12-18 horas de vida. É um screening hemodinâmico, não é especificamente para PCA. Classificamos os pacientes  em: 1-Tem cardiopatia congênita: referenciar  a cardiologia 2- Tem disfunção miocárdica (VE/VD): TRATAR COM DOBUTAMINA (2,5-10 mcg/kg/min como Primeira linha e outros agentes poderão ser necessários. 3- Hipertensão pulmonar: ÓXIDO NÍTRICO (20ppm) 4- PCA com shunt moderado/alto: TYLENOL EV de 15mg/kg/dose de 6/6 horas por 12-16 doses, na dependência do tempo em que inicia. Repetir o eco funcional dentro de 12 horas após no mínimo 12 doses de Tylenol 5- PEQUENA PCA OU PCA COM SHUNT DE BAIXO VOLUME: OBSERVAR: repetir o eco funcional como indicado clinicamente. Se o baixo volume do shunt for devido a alta resistência vascular pulmonar  seguir com o eco funcional cada 1-2 dias até normalizar a resistência vascular pulmonar ou após iniciar o iNO por Insuficiência respiratória hipóxia. Na decisão de tratar o canal arterial foi desenvolvido um escore de PCA em Iowa (é uma abordagem multiparamétrica; cada medida na ecocardiografia tem suas limitações da técnica e de outros confundidores; assim uma abordagem olhando por vários marcadores é mais precisa e dá mais segurança para a ecografia que está sendo realizada. ; são dados pontos para esses marcadores de circulação pulmonar  e marcadores de perfusão sistêmica. Escore >6: TRATAMENTO. Comparando Épocas (antes e depois da aplicação do Escore Hemodinâmico) foram relatadas grandes melhorias nos desfechos com o uso do escore nos bebês. 22 +0 -23 +6

Protocolo para o Uso de Dexametasona na Displasia broncopulmonar na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF

Protocolo para o Uso de Dexametasona na Displasia broncopulmonar na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF

Paulo R. Margotto, Fabiano Cunha Gonçalves, Joseleide de Castro, Priscila Guimarães.

A maioria das Diretrizes contra-indica o uso precoce de corticosteroides (na primeira semana de vida), havendo maior consenso para o uso de CPN em baixas doses após a primeira semana de vida naqueles que permanecem ventilados com necessidades crescentes de oxigênio e agravamento da doença pulmonar.

Esquema farmacoterapêutico: DEXAMETASONA (uso endovenoso)

0,3 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

0,2 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

0,1 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

             Dose acumulativa: 1,8 mg/kg

– Intervalo entre ciclos, caso necessário: 14 dias

– Número máximo de ciclos: 3

Uso de Vasopressores para Choque Séptico em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Uso de Vasopressores para Choque Séptico em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Use of vasopressors for septic shock in the neonatal intensive care unit.Foote HP, Benjamin DK, Greenberg RG, Clark RH, Hornik CP.J Perinatol. 2023 Oct;43(10):1274-1280. doi: 10.1038/s41372-023-01667-8. Epub 2023 Apr 13.PMID: 37055478.

Realizado por Paulo R. Margotto

Bebês prematuros têm fisiologia única, incluindo massa cardíaca diminuída e imatura com menos inervação adrenérgica e menos reserva vascular que pode exigir estratégias distintas de suporte vasopressor no choque séptico. O presente  estudo incluiu quase 1.600 bebês em 175 locais, representando uma coorte substancialmente maior do que a publicada anteriormente. Os bebês que receberam hidrocortisona adjuvante para o tratamento de choque séptico tiveram chances reduzidas de mortalidade. Em comparação com os bebês tratados apenas com dopamina, as chances ajustadas de mortalidade foram significativamente maiores para aqueles tratados apenas com epinefrina (aOR 4,7 [IC 95%: 2,3–9,2]) A epinefrina é recomendada como terapia de primeira linha preferida para choque séptico em crianças mais velhas.

 

Avaliação Ultrassonográfica do Parênquima Cerebral em Bebês Prematuros com Exposição Pré-Natal aos Opioides

Avaliação Ultrassonográfica do Parênquima Cerebral em Bebês Prematuros com Exposição Pré-Natal aos Opioides

Ultrasound evaluation of brain parenchyma in preterm infants with prenatal opioid exposure. Tivnan P, Setty BN, Howard E, Agarwal J, Farris CW, Wachman EM, Castro-Aragon I.J Perinatol. 2023 Oct 20. doi: 10.1038/s41372-023-01804-3. Online ahead of print.PMID: 37863985. Estados Unidos.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O  estudo mostrou tamanhos diminuídos do cérebro (diâmetro biparietal) e do cerebelo (transcerebelar), bem como outras medidas que incorporaram diversas estruturas, incluindo o comprimento dos gânglios da base até a ínsula, além  diferenças volumétricas parenquimatosas reduzidas. Esses bebês têm perímetro cefálico menor em relação aos bebês não expostos ao nascer. Esse volumes cerebrais reduzidos persistem mais tarde na vida, com volumes reduzidos mostrados em crianças em idade escolar com exposição pré-natal, bem como em adultos jovens. aumentando potencialmente o risco de anomalias do desenvolvimento neurológico.