Mês: setembro 2024

HOJE (21/9/2024) COMEMORAMOS 6 MIL PUBLICAÇÕES: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM CRIANÇAS EXPOSTAS À INFECÇÃO POR SARS-COV-2 DURANTE O PERÍODO FETAL

HOJE (21/9/2024) COMEMORAMOS 6 MIL PUBLICAÇÕES: AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM CRIANÇAS EXPOSTAS À INFECÇÃO POR SARS-COV-2 DURANTE O PERÍODO FETAL

Felipe Motta.

Tese  apresentada como requisito parcial para a obtenção  do título  de Doutor em Ciências Médicas pelo Programa de Pós-0graduação em Ciências Médicas  da Universidade de Brasília. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Anderson de Souza Munhoz Soares. Banca Examinadora: Prof. Dr. Pedro Sudbrack Oliveira, Profa. Dra. Marta David Rocha de Moura, Prof. Dr. Paulo R. Margotto.

Pessoalmente, Felipe  Motta, agradeço por ter participado na sua Banca de Doutorado, pelo conhecimento que tive sobre o desenvolvimento neuropsicomotor nas crianças exposta à COVID-19 no período fetal  e pelo belo GESTO do COMPARTILHAMENTO com os colegas ! COM esse estudo passamos hoje mais de 6000 Publicações na página neonatal www.paulomargotto.com.br  aos 20 anos!

Duzentos e sessenta e sete crianças foram avaliadas aos 6 e 12  meses, a maioria nascida a termo e com peso ao nascimento adequado para a idade gestacional. Nesse cenário, atrasos no desenvolvimento foram observados em 26% das crianças em pelo menos um domínio. O DOMÍNIO DA LINGUAGEM (motor para os demais domínios) foi particularmente afetado, com prejuízos observados em crianças expostas ao SARS-CoV-2 mais próximas do momento do parto, assim como aquelas que tiveram sintomas graves durante a gravidez devido à exposição ao vírus. Filhos de mães com menor grau de instrução – mães que não possuíam diploma universitário – também apresentaram pior desempenho na avaliação com escala de desenvolvimento neuropsicomotor. Esses achados foram estatisticamente significativos (p < 0,05). O diagnóstico de atraso do desenvolvimento neuropsicomotor foi mais comum no grupo exposto ao vírus, com resultado estatisticamente significativo especialmente no grupo exposto no 3º trimestre da gestação. Imagens de ressonância magnética mostraram alteração de espessura na área cerebral responsável pela linguagem. Faz-se importante o acompanhamento contínuo e a intervenção precoce em crianças expostas ao SARS-CoV-2 durante a gestação, para diagnosticar e diminuir os possíveis impactos no desenvolvimento a longo prazo, especialmente em habilidades de linguagem, que são fundamentais para o desenvolvimento infantil e posterior vida adulta. Essas descobertas abrem um espectro de possibilidades de pesquisa sobre os efeitos na saúde fetal e infantil. A descrição das consequências da infecção no acompanhamento de longo prazo fornece uma melhor compreensão da doença e sua influência no sistema nervoso central.

 

Suporte Ventilatório não Invasivo em Neonatos Prematuros na Sala de Parto e na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: Uma Breve Revisão Narrativa do que Sabemos em 2024

Suporte Ventilatório não Invasivo em Neonatos Prematuros na Sala de Parto e na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: Uma Breve Revisão Narrativa do que Sabemos em 2024

NonInvasive Ventilatory Support in Preterm Neonates in the Delivery Room and the Neonatal Intensive Care Unit: A Short Narrative Review of What We Know in 2024.Roehr CC, Farley HJ, Mahmoud RA, Ojha S. Neonatology. 2024 Aug 22:1-8. doi: 10.1159/000540601. Online ahead of print.PMID: 39173610 Review. Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto

Diretrizes de Consenso Europeu de Síndrome do desconforto respiratório (SDR) recomendam que “CPAP ou NIPPV devem ser iniciados desde o nascimento em todos os bebês em risco de SDR, como aqueles com <30 semanas de gestação que não precisam de intubação para estabilização”. Quando usada como o modo primário de suporte, a ventilação não invasiva pode ser combinada com reposição de surfactante exógeno menos invasivo e administração precoce de cafeína. Os autores discutem 7 modalidades diferentes de ventilação não invasisa. Um desafio adicional para a administração de pressões adequadas de nCPAP ocorre quando a boca do bebê está aberta (esse vazamento pela boca com interfaces nasais pode ser resolvido usando uma tira de queixo suave ou chupeta para manter a boca fechada). São sugeridos níveis iniciais de 6-8 cm H2O e para extubação 7-9cmH2O. Os autores descobriram que nIPPV é mais eficaz para prevenir falha do tratamento de VNI e diminuir a necessidade de ventilação mecânica (VM) quando comparado a cânula de alto fluxo e CPAP e para suporte pós-extubação, nIPPV sincronizado é ligeiramente mais do que não sincronizado. nCPAP é atualmente a modalidade de VNI primária e secundária mais comumente usada para bebês prematuros. No entanto, há evidências crescentes sobre a superioridade do nIPPV sobre  nCPAP. Nos complementos: a ventilação mecânica também causa danos ao cérebro por meio de flutuações no fluxo sanguíneo cerebral e neuroinflamação de citocinas liberadas sistemicamente.

Administração de Surfactante Menos Invasiva Para Bebês Prematuros – Estado Da Arte

Administração de Surfactante Menos Invasiva Para Bebês Prematuros – Estado Da Arte

Less Invasive Surfactant Administration for Preterm Infants – State of the Art. Härtel C, Kribs A, Göpel W, Dargaville P, Herting E.Neonatology. 2024 Sep 3;121(5):584-595. doi: 10.1159/000540078. Online ahead of print.PMID: 39226881 Review. Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

As diretrizes de consenso europeias, britânicas e canadenses agora reconhecem o método LISA (less invasivo surfactante administration) como o modo preferido de administração de surfactante para bebês prematuros com SDR tratados com CPAP (é o método é reconhecido como sendo potencialmente preferível à administração de do surfactante pelo tubo endotraqueal em uma declaração de consenso dos EUA). O conceito científico de LISA é baseado principalmente na administração intratraqueal de surfactante sem exposição à ventilação com pressão positiva, prevenindo assim a lesão pulmonar. O USO DE UM CATETER DE INTRODUÇÃO MUITO MAIS FINO DO QUE UM TUBO ENDOTRAQUEAL PERMITE QUE A FUNÇÃO GLÓTICA SEJA PRESERVADA. O surfactante é disperso da traqueia para os espaços aéreos distais sob o efeito da respiração espontânea, em vez de ventilação por pressão positiva! A profundidade de inserção além das cordas vocais pode ser ajustada de acordo com a idade gestacional, com uma abordagem pragmática sendo: <27 semanas: 1,5 cm; ≥27 semanas: 2 cm. O uso de pré-medicação pode reduzir a dor/desconforto, conforme avaliado por pontuações como COMFORT-Neo, mas aumenta o risco de efeitos adversos, como dessaturação, apneia e falha em manter o conceito de respiração espontânea.

 

Mudança nos Volumes e Localização da Lesão da Substância Branca (WMI) do Prematuro ao Longo de Um Período de 15 Anos

Mudança nos Volumes e Localização da Lesão da Substância Branca (WMI) do Prematuro ao Longo de Um Período de 15 Anos

Change in Volumes and Location of Preterm White Matter Injury over a Period of 15 Years.Selvanathan T, Guo T, Ufkes S, Chau V, Branson HM, Synnes AR, Ly LG, Kelly E, Grunau RE, Miller SP.J Pediatr. 2024 Sep;272:114090. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114090. Epub 2024 May 15.PMID: 38754774 Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto

Houve uma diminuição nos volumes da WMI em 2 coortes de bebês muito prematuros (2006 a 2012 e 2014 a 2019)  abrangendo um período de 15 anos (34% versos 27%), bem como uma mudança de distribuição central para distribuição predominante mais posterior,  podendo refletir a diminuição da imaturidade cerebral no momento da lesão. As chances de WMI na coorte 2 foram significativamente menores do que na coorte 1 (OR = 0,6, IC de 95% [0,4, 0,9], P  = 0,02. bem como uma mudança de distribuição central para distribuição predominante mais posterior. Isso pode estar potencialmente relacionado a mudanças nas práticas de cuidados clínicos, pois houve uma diminuição na prevalência de fatores de risco para WMI, como hipotensão e infecções ao longo do tempo, incluindo menos ventilação mecânica.

 

Neuromonitoramento em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal — Uma Necessidade Importante para Cuidados Neuroprotetores Individualizados

Neuromonitoramento em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal — Uma Necessidade Importante para Cuidados Neuroprotetores Individualizados

Neuromonitoring in neonatal intensive care units-an important need towards individualized neuroprotective care.Schettler KF.Eur J Pediatr. 2024 Sep;183(9):3647-3653. doi: 10.1007/s00431-024-05642-z. Epub 2024 Jun 11.PMID: 38858228.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Esta revisão fornece uma visão geral sobre o neuromonitoramento em neonatologia e analisa mais de perto as duas ferramentas atualmente mais comuns para o neuromonitoramento, o EEG de amplitude integrada (aEEG) e a espectroscopia de infravermelho próximo (NIRS).Uma das nossas ferramentas de neuromonitoramento mais comumente usadas nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal é o ultrassom. O uso do aEEG para identificar e verificar convulsões é altamente valioso, pois há uma alta dissociação entre as convulsões clínicas e eletrofisiológicas observadas. Em apenas cerca de 70% das convulsões observadas clinicamente, um correlato eletrofisiológico pode ser encontrado.Por outro lado, muitas vezes é possível provar convulsões eletrofisiologicamente sem descobri-las clinicamente. É possível demonstrar convulsões eletrofisiológicas em andamento, mesmo que os sintomas clínicos cessem após a administração de medicamentos antiepiléticos. Seja qual for o futuro do neuromonitoramento, o autor tem a profunda convicção de que o uso multimodal seletivo e individualizado de técnicas de neuromonitoramento, como aEEG e NIRS, permitirá aos cuidadores um melhor atendimento individualizado com alto potencial de melhores resultados.

Terapias de Substituição Renal em Neonatos – Questões e Ética.

Terapias de Substituição Renal em Neonatos – Questões e Ética.

Renal replacement therapies in neonates: issues and ethicsRees L.Semin Fetal Neonatal Med. 2017 Apr;22(2):104-108. doi: 10.1016/j.siny.2016.11.001. Epub 2016 Nov 11.PMID: 27843077 Artigo Gratis!  Review.

Apresentação: Amanda Batista Alves (R5) e Loyanne Vilela Menezes (R4)

                                                                         Coordenação: Marta David Rocha de Moura

A Decisão de iniciar diálise envolve questões éticas complexas, particularmente na criança com comorbidades que também afetam sua sobrevivência e qualidade de vida, e em partes do mundo com recursos limitados. Em uma pesquisa com equipes de nefrologia pediátrica no Canadá, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos em 2010, 30% dos nefrologistas pediátricos disseram que ofereceriam Terapia de Reposição Renal (TRR) a todos os recém-nascidos e 50% a todos os bebês de um a 12 meses. 50% acreditavam que os pais nunca podem recusar a TRR para crianças de 1 a 12 meses, em comparação com 27% para bebês mais novos. O fator mais influente na rejeição da TRR para bebês foi a comorbidade. Nos complementos 3 excelentes Palestras do Dr. David J Askenazi (EUA) (2023) ocorridas no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.

Reconhecimento do Diagnóstico de Lesão Renal Aguda (LRA) na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Reconhecimento do Diagnóstico de Lesão Renal Aguda (LRA) na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Recognition of acute kidney injury diagnosis in the neonatal intensive care unit.Vincent K, Laney Z, Rutledge A, Newman JC, Selewski DT, Steflik HJ.J Perinatol. 2024 Aug 22. doi: 10.1038/s41372-024-02095-y. Online ahead of print.PMID: 39174727 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A lesão renal aguda (LRA) ocorre frequentemente na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), mas muitas vezes não é detectada. A LRA ocorreu em ~40% dos bebês de muito baixo peso ao nascer, mas foi registrada no resumo de alta em apenas 13,5% dos sobreviventes. Um único episódio de LRA neonatal está agudamente associado ao aumento da mortalidade e pode levar à doença renal crônica (DRC) com persistência da disfunção renal na primeira infância. Sem o reconhecimento precoce, o acompanhamento ambulatorial adequado não pode ocorrer. Após até mesmo um episódio de LRA, os neonatos correm o risco de desenvolver hipertensão, hiperfiltração, proteinúria e/ou outros sinais de doença renal crônica. A melhoria no reconhecimento e diagnóstico da LRA  continua sendo um próximo passo importante na redução da morbidade e mortalidade, tanto na UTIN quanto mais tarde na vida. Considere o balanço hídrico como um sinal vital, monitorem a pressão arterial, a função renal e a proteinúria nos prematuros extremos. A avaliação da sua resposta está no débito urinário e na creatinina.

MANEJO DA HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA EM NEONATOS (FOLDER)

MANEJO DA HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA EM NEONATOS (FOLDER)

Paulo R. Margotto, Fabiano  unha Gonçalves, Priscila Guimarães

O objetivo dessa discussão com a Equipe Neonatal do HMIB foi Como devemos gerenciar a hiperbilirrubinemia em recém-nascidos a termo e prematuros tardios quando os níveis de bilirrubina total sérica (BTS)  e bilirrubina direta (BD) estão acentuadamente elevados? Entre as causas do aumento da bilirrubina direta (uso de fluconazol, nutrição parenteral [pelas evidências atuais, não há indicação do uso do ácido ursodeoxicólico como profilático da colestase pela nutrição parenteral!], infecção, atresia de vias biliares, causas genéticas), enfocamos  na colestase e doença hemolítica do feto e do recém-nascido. Por quê? Devido à preocupação  com a NEUROTOXICIDADE. A doença hemolítica do feto e do recém-nascido pode causar colestase grave com concentrações de bilirrubina direta (BD) atingindo até 50 vezes o limite superior do normal! É causada principalmente pela sobrecarga de ferro no fígado e é mais frequente em neonatos que necessitam de transfusão intrauterina. Outros autores: bile viscosa  pela intensa hemólise. O deslocamento da bilirrubina indireta (BI) da albumina pela BD NÃO FOI CONFIRMADO e assim, na síndrome do bebê bronzeado, não há aumento do risco de neurotoxicidade pela bilirrubina. Recente revisão de Watchko e Maisels orientam: na hiperbilirrubinemia total grave no bebê colestático quando a BD é <50% da bilirrubina total,  basear as decisões de fototerapia e exsanguineotransfusão na bilirrubina total, conforme estabelecido nas diretrizes atuais (não substraia da bilirrubina total a bilirrubina direta). Já no caso   quando a fração da BD e ≥50% da bilirrubina total, a exsanguineotransfusão estará indicada se a bilirrubina indireta (BI) for ≥ 18-20mg%, tendo o objetivo de manter a BI entre 17-19mg%. Todos os bebês com colestase que desenvolveram kernicterus tinham uma condição hemolítica. Suspeita dessa condição quando a BI>10mg%.

DIRETO AO PONTO: HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA :Interpretação e Conduta

DIRETO AO PONTO: HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA :Interpretação e Conduta

Paulo R. Margotto, Fabiano Cunha Gonçalves, Priscila Rabelo Guimarães (2024).

O objetivo dessa discussão com a Equipe Neonatal do HMIB foi Como devemos gerenciar a hiperbilirrubinemia em recém-nascidos a termo e prematuros tardios quando os níveis de bilirrubina total sérica (BTS)  e bilirrubina direta (BD) estão acentuadamente elevados? Entre as causas do aumento da bilirrubina direta (uso de fluconazol, nutrição parenteral [pelas evidências atuais, não há indicação do uso do ácido ursodeoxicólico como profilático da colestase pela nutrição parenteral!], infecção, atresia de vias biliares, causas genéticas), enfocamos  na colestase e doença hemolítica do feto e do recém-nascido. Por quê? Devido à preocupação  com a NEUROTOXICIDADE. A doença hemolítica do feto e do recém-nascido pode causar colestase grave com concentrações de bilirrubina direta (BD) atingindo até 50 vezes o limite superior do normal! É causada principalmente pela sobrecarga de ferro no fígado e é mais frequente em neonatos que necessitam de transfusão intrauterina. Outros autores: bile viscosa  pela intensa hemólise. O deslocamento da bilirrubina indireta (BI) da albumina pela BD NÃO FOI CONFIRMADO e assim, na síndrome do bebê bronzeado, não há aumento do risco de neurotoxicidade pela bilirrubina. Recente revisão de Watchko e Maisels orientam: na hiperbilirrubinemia total grave no bebê colestático quando a BD é <50% da bilirrubina total,  basear as decisões de fototerapia e exsanguineotransfusão na bilirrubina total, conforme estabelecido nas diretrizes atuais (não substraia da bilirrubina total a bilirrubina direta). Já no caso   quando a fração da BD e ≥50% da bilirrubina total, a exsanguineotransfusão estará indicada se a bilirrubina indireta (BI) for ≥ 18-20mg%, tendo o objetivo de manter a BI entre 17-19mg%. Todos os bebês com colestase que desenvolveram kernicterus tinham uma condição hemolítica. Suspeita dessa condição quando a BI>10mg%. Veja também a Apresentação realizada por nós!

 

HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA :Interpretação e Conduta (APRESENTAÇÃO!)

HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA :Interpretação e Conduta (APRESENTAÇÃO!)

Paulo R. Margotto. Fabiano Cunha Gonçalves, Priscila Guimarães (2024). Apresentação realizada na Unidade  de Neonatologia do HMIB, no dia 28 de agosto de  2024 por Paulo R. Margotto.

O objetivo dessa discussão com a Equipe Neonatal do HMIB foi Como devemos gerenciar a hiperbilirrubinemia em recém-nascidos a termo e prematuros tardios quando os níveis de bilirrubina total sérica (BTS)  e bilirrubina direta (BD) estão acentuadamente elevados? Entre as causas do aumento da bilirrubina direta (uso de fluconazol, nutrição parenteral [pelas evidências atuais, não há indicação do uso do ácido ursodeoxicólico como profilático da colestase pela nutrição parenteral!], infecção, atresia de vias biliares, causas genéticas), enfocamos  na colestase e doença hemolítica do feto e do recém-nascido. Por quê? Devido à preocupação  com a NEUROTOXICIDADE. A doença hemolítica do feto e do recém-nascido pode causar colestase grave com concentrações de bilirrubina direta (BD) atingindo até 50 vezes o limite superior do normal! É causada principalmente pela sobrecarga de ferro no fígado e é mais frequente em neonatos que necessitam de transfusão intrauterina. Outros autores: bile viscosa  pela intensa hemólise. O deslocamento da bilirrubina indireta (BI) da albumina pela BD NÃO FOI CONFIRMADO e assim, na síndrome do bebê bronzeado, não há aumento do risco de neurotoxicidade pela bilirrubina. Recente revisão de Watchko e Maisels orientam: na hiperbilirrubinemia total grave no bebê colestático quando a BD é <50% da bilirrubina total,  basear as decisões de fototerapia e exsanguineotransfusão na bilirrubina total, conforme estabelecido nas diretrizes atuais (não substraia da bilirrubina total a bilirrubina direta). Já no caso   quando a fração da BD e ≥50% da bilirrubina total, a exsanguineotransfusão estará indicada se a bilirrubina indireta (BI) for ≥ 18-20mg%, tendo o objetivo de manter a BI entre 17-19mg%. Todos os bebês com colestase que desenvolveram kernicterus tinham uma condição hemolítica. Suspeita dessa condição quando a BI>10mg%.