Categoria: Infeccções Perinatais Crônicas: Discussão com a Dra. Liu Campello Porto

Valor Clínico do Exame Placentário para Pediatras

Valor Clínico do Exame Placentário para Pediatras

Clinical value of placental examination for paediatricians.Cromb D, Hall M, Story L, Shangaris P, Al-Adnani M, Rutherford MA, Fox GF, Gupta N.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023 Sep 26:fetalneonatal-2023-325674. doi: 10.1136/archdischild-2023-325674. Online ahead of print.

Realizado  por Paulo R. Margotto.

A placenta tem sido descrita como o “diário” ou “caixa preta” da gravidez. Os autores  encorajam a ideia de que os pediatras não devem apenas fazer um esforço para obter os resultados do exame histopatológico da placenta, mas assumir ativamente a responsabilidade pela realização da inspeção macroscópica da placenta quando assistem aos partos e, quando apropriado, solicitar eles próprios investigações histopatológicas. Uma descrição da placenta e do peso placentário aparado deve ser incluída no registro de nascimento neonatal para qualquer parto assistido por um pediatra ou após uma admissão na unidade neonatal. A nossa Unidade dispõe de Curvas apropriadas para a classificação da placenta com cordão e membranas, podendo ser usadas já na Sala de Parto!

Doença neonatal: uma visão geral após 2 anos de pandemia de COVID-19 (Neonatal Disease: An Overview After Two Years of COVID-19 Pandemic)-1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal, 30/11 a 1 de dezembro de 2022

Doença neonatal: uma visão geral após 2 anos de pandemia de COVID-19 (Neonatal Disease: An Overview After Two Years of COVID-19 Pandemic)-1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal, 30/11 a 1 de dezembro de 2022

Pablo J. Sanches (EUA).

Embora a transmissão vertical seja rara, Pablo Sánchez acredita que seja uma possibilidade, podendo também ocorrer pós-natal (a maioria  teve bom prognóstico e a morte associou-se a outras comorbidades). Preocupa à Equipe de Sánchez a positividade  posterior de  bebês assintomáticos que se associaram com displasia broncopulmonar. Outro ponto de preocupação é a reação inflamatória que uma  a criança com COVID-19 apresenta, geralmente entre  2-3 semanas   depois da primeira infecção pela COVID-19, mesmo assintomática. O SARS-CoV-2 materno pode potencialmente causar uma síndrome hiperinflamatória nos recém-nascidos, semelhante às crianças,  devido à transferência transplacentária de anticorpos (esses duram até 18 meses nos bebês). A síndrome inflamatória multissistêmica em neonatos (MIS-N) relacionada à síndrome respiratória aguda grave coronavírus-2 (SARS-CoV-2) tem sido cada vez mais relatada em todo o mundo em meio à disseminação da pandemia de SARS-CoV-2, com comprometimento cardiovascular importante- disfunção do miocárdio, dilatação coronariana (77%) e respiratório(55%). É interessante frisar que a febre pode não estar presente  nos neonatos com     infecção ou condição inflamatória, diferente de crianças maiores  que apresentam febre nessas condições febre. Portanto, a maioria dos neonatos  que nascem de mães com COVID-19  estão bem, poucos desenvolvem febre, sepse e pequenos casos de pneumonias mais severas, incluindo também síndrome inflamatória sistêmica. Os bebês não são separados das mães com COVID-19, permitindo a amamentação com todos os cuidados  de higiene preconizados  e os estudos mais recentes respaldam essa conduta. A pasteurização mata o SARS-CoV-2 (não o congelamento). Eficácia da vacina à gestante  contra hospitalização foi de  52% (Intervalo de confiança-IC: 33-65). No geral, 80% (IC de 95%, 60 a 90) durante o período Delta e 38% (IC de 95% de 8 a 58) durante o período Omicron. A eficácia contra a hospitalização associada à COVID-19 para qualquer variante entre bebês foi de 69% (95% CI, 50 a 80) quando a vacinação materna ocorreu após 20 semanas de gravidez, em comparação com 38% (95% CI, 3 a 60) quando a vacinação materna ocorreu durante as primeiras 20 semanas de gravidez.

TOXOPLASMOSE CONGÊNITA

TOXOPLASMOSE CONGÊNITA

Liú Campello Porto.

Capítulo do livro Assistência ao Recém-nascido de Risco, 4a Edição, HMIB/SES/DF, Brasília, 2021

O protozoário Toxoplasma gondii é um parasita de distribuição mundial com as mais altas prevalências registradas na Europa, América e África Centrais(80%)  e Brasil (60%), devido ao clima quente e úmido e hábitos alimentares e de higiene. Na  América Latina, as manifestações clínicas são muito mais prevalentes e severas, especialmente em relação à coriorretinite pela predominância de cepas mais virulentas do parasito (tipos I e III).

No Brasil, mais de 20% da população apresenta coriorretinite por toxoplasmose, sendo a maior causa de cegueira na Améerica Latina .Entre as gestantes, a incidência de infecção é de 1 a 8 por 1000 entre as gestantes suscetíveis e, entre os nascidos vivos, varia entre 1:1.000 e 1:10.000.

A toxoplasmose adquirida caracteriza-se por ser autolimitada e benigna, exceto em pacientes imunossuprimidos. A infecção aguda entre as gestantes poderá resultar em transmissão transplacentária e infecção fetal com graves sequelas neurológicas e oculares de manifestação precoce ou tardia. Porém, diferentemente da maioria das infecções congênitas, a toxoplasmose é tratável e as graves sequelas podem ser evitadas em caso de diagnóstico e tratamento precoces.

Sofrimento psicológico materno durante a pandemia de COVID-19 e mudanças estruturais do cérebro fetal humano

Sofrimento psicológico materno durante a pandemia de COVID-19 e mudanças estruturais do cérebro fetal humano

Lu, YC., Andescavage, N., Wu, Y. et ai. Maternal psychological distress during the COVID-19 pandemic and structural changes of the human fetal brain. Commun Med 2, 47 (2022). https://doi.org/10.1038/s43856-022-00111-w 

Maternal psychological distress during the COVID-19 … – Nature

Realizado por Paulo R. Margotto.

O objetivo desta investigação foi determinar os efeitos da saúde mental materna no desenvolvimento in vivo do cérebro fetal humano durante a pandemia de COVID-19 avaliado pela ressonância magnética, em GESTANTES SEM EXPOSIÇÃO À COVID-19, comparando dois períodos, durante a pandemia e pré-pandemia. Em cada ressonância magnética, o sofrimento materno foi avaliado usando escalas validadas de estresse, ansiedade e depressão. Estudos mostraram que a exposição pré-natal ao sofrimento psíquico materno resulta em mudanças estruturais e funcionais no desenvolvimento cerebral de crianças pequenas até a idade escolar, incluindo mudanças regionais na área de superfície, massa cinzenta e volumes da amígdala, juntamente com afinamento cortical. Durante a pandemia, foram relatados níveis elevados de depressão, ansiedade, estresse pós-traumático e sofrimento psíquico.  Os escores de estresse e depressão são significativamente maiores na coorte pandêmica, em comparação com a coorte pré-pandemia. Os volumes de substância branca fetal, hipocampo e cerebelar estão diminuídos na coorte pandêmica. A área de superfície cortical e o índice de girificação local também estão diminuídos em todos os quatro lobos. A profundidade do sulco é menor nos lobos frontal, parietal e occipital na coorte pandêmica, indicando girificação cerebral atrasada. Assim os autores sugerem que os efeitos cumulativos na pandemia de COVID-19 aumentaram o sofrimento psicológico materno pré-natal, podendo contribuir ainda mais para o desenvolvimento alterado de estruturas em regiões-chave do cérebro fetal. As potenciais consequências de longo prazo no desenvolvimento neurológico do desenvolvimento cerebral fetal alterado nas gestações da era COVID merecem um estudo mais aprofundado. E mais: informações recentes do Congresso Europeu de Psiquiatria no dia 7/6/2022 mostrando que bebês nascidos de mulheres que tiveram COVID – 19 (21 bebês) apresentaram maiores dificuldades e relaxar e adaptar o corpo quando estavam no colo, além de dificuldades de controlar os movimentos da cabeça e ombros, em relação aos bebês de mães que não tiveram COVID-19 (21 bebês). Essas alterações foram detectadas na 6ª semana após o parto e foram mais acentuadas se a mãe tivesse sido infectada no final da gestação.

A PLACENTA PROTEGE: Síndrome Respiratória Aguda Grave por Infecção por Coronavírus 2 na gravidez está associada à liberação da enzima conversora de angiotensina 2 placentária

A PLACENTA PROTEGE: Síndrome Respiratória Aguda Grave por Infecção por Coronavírus 2 na gravidez está associada à liberação da enzima conversora de angiotensina 2 placentária

Acute Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 Infection in Pregnancy Is Associated with Placental Angiotensin-Converting Enzyme 2 Shedding Elizabeth S. Taglauer, Elisha M. Wachman, Lillian Juttukonda, Timothy Klouda, Jiwon Kim, Qiong Wang, Asuka Ishiyama, David J. Hackam, Ke Yuan, Hongpeng Jia. Am J Pathol. 2022 Apr; 192(4): 595–603. doi: 10.1016/j.ajpath.2021.12.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Como a placenta impede que a mãe contaminada pela COVID-19  transmita a infecção para o bebê? Resposta: Receptor ACE2 ( A enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) é o principal receptor para SARS-CoV-2 [facilita a entrada do coronavírus na célula], sendo regulada por uma enzima de clivagem de metaloprotease, um domínio de desintegrina e metaloprotease 17 (ADAM17).

Achados dos autores: -a expressão de ACE2 placentária vilositária é diminuída em infeccções maternas agudas por SARS-CoV-2  na gravidez;     -Infecções maternas agudas por SARS-CoV-2 no terceiro trimestre estão associadas a aumentos na atividade placentária de ADAM17 e soro materno circulante ACE2, Sugerindo  uma clivagem de ACE2 do tecido placentário viloso

As descobertas atuais sugerem que as alterações na expressão da proteína ACE2 são o resultado do derramamento placentário de ACE2 mediado por ADAM17 em resposta ao SARS-CoV-2 materno.

Assim os autores acreditam que nas mulheres grávidas infectadas pela Covid 19, a placenta elimina o ACE2 (permite a entrada do novo coronavírus  nas células humanas),  atuando assim como uma forma de impedir que  o SARS-CoV-2 passe para o feto

Em entrevista à mídia, a autora  Elisabeth S. Taglauer, Pequisadora da Universidade de Boston diz  que a placenta  é uma das “poucas histórias de sucesso” da pandemia. Se  compreendermos totalmente como  ela protege  naturalmente os bebês da COVID-19, isso pode fornecer informações importante para a terapias e estratégias futuras

 

 

Doenças Maternas Infecciosas e Amamentação

Doenças Maternas Infecciosas e Amamentação

Doenças maternas infecciosas e amamentação
Departamento Científico de Aleitamento Materno

Presidente: Elsa Regina Justo Giugliani
Secretária: Graciete Oliveira Vieira

Conselho Científico: Carmen Lúcia Leal Ferreira Elias, Claudete Teixeira Krause Closs,
Roberto Mário da Silveira Issler, Rosa Maria Negri Rodrigues Alves,
Rossiclei de Souza Pinheiro, Vilneide Maria Santos Braga Diégues Serva

Apresentação: Thalita Ferreira MR5 de Neonatologia. Coordenação: Maria Luiza.

Está bem fundamentado que o leite materno é a forma mais completa de nutrição dos lactentes, incluindo os recém-nascidos pré-termo. No entanto, existe um número limitado de doenças infecciosas maternas em que a amamentação está contraindicada, como na infecção pelo HIV-1 e HIV-2 (em países como o Brasil) e pelo HTLV-1 e HTLV-2. Em outras doenças infecciosas, intervenções preventivas podem ser tomadas com o intuito de garantir a manutenção do aleitamento materno, como o uso de imunoglobulina sérica, vacinação ou medicação antimicrobiana profilática, que protegem as crianças contra a transmissão
vertical de doenças. Em algumas circunstâncias, a avaliação caso a caso pode ajudar o médico a decidir se a exposição a determinados vírus ou bactérias através do leite materno justifica a interrupção do aleitamento materno. O profissional de saúde deve despender esforços para que não seja realizada a interrupção desnecessária do aleitamento materno.

Nos complementos, Vacinação da  Gestante e Amamentação:

  • O Departamento Científico de Imunizações da Sociedade de Pediatria (2021) para grávidas e puérperas recomenda para as mulheres pertencentes ao grupo de risco e nestas condições, a vacinação poderá ser realizada após avaliação cautelosa dos riscos e benefícios e com decisão compartilhada, entre a mulher e seu médico prescritor.
  • Até o momento não existe documentação de transmissão pelo leite materno
  • Afim com o CDC norte americano e o RCOG de Londres, a SBP recomenda a amamentação em mães suspeitas ou infectadas e orienta   que  ao amamentar a mãe deve lavar AS MÃOS antes de tocar no bebê na hora da mamada, USAR MÁSCARA FACIAL DURANTE A AMAMENTAÇÃO
  • O Aleitamento Materno deve ser a primeira opção de alimentação para RN de mãe com suspeita ou confirmação de COVID 19
Pacientes pediátricos com COVID-19 internados em unidades de terapia intensiva no Brasil: um estudo multicêntrico prospectivo

Pacientes pediátricos com COVID-19 internados em unidades de terapia intensiva no Brasil: um estudo multicêntrico prospectivo

Pediatric patients with COVID19 admitted to intensive care units in Brazil: a prospective multicenter study.

Prata-Barbosa A, Lima-Setta F, Santos GRD, Lanziotti VS, de Castro REV, de Souza DC, Raymundo CE, de Oliveira FRC, de Lima LFP, Tonial CT, Colleti J Jr, Bellinat APN, Lorenzo VB, Zeitel RS, Pulcheri L, Costa FCMD, La Torre FPF, Figueiredo EADN, Silva TPD, Riveiro PM, Mota ICFD, Brandão IB, de Azevedo ZMA, Gregory SC, Boedo FRO, de Carvalho RN, Castro NAASR, Genu DHS, Foronda FAK, Cunha AJLA, de Magalhães-Barbosa MC; Brazilian Research Network in Pediatric Intensive Care, (BRnet-PIC).J Pediatr (Rio J). 2020 Aug 4:S0021-7557(20)30192-3. doi: 10.1016/j.jped.2020.07.002. Online ahead of print.PMID: 32781034 Free PMC article .Artigo Livre!

Apresentação: Antonio Batista de Freitas Neto (HMIB – UTI Pediátrica). Coordenação: Alexandre P. Serafim. Revisão: Paulo R. Margotto.

■Até onde sabemos, este é o primeiro estudo sobre o COVID-19 em pacientes de UTIP no Brasil.

■Foi demonstrado que as características desta doença em locais tropicais e subtropicais são semelhantes às de outros países.

■Nessa coorte, a letalidade foi baixa e as doenças crônicas e outras comorbidades desempenharam um papel importante no desenvolvimento das formas graves da doença.

■Ao contrário de outros estudos, a idade inferior a 1 ano não foi associada a um pior prognóstico.

■ Pacientes com MIS-C apresentaram sintomas mais graves, biomarcadores inflamatórios mais elevados e maior predominância do sexo masculino.

Alojamento Conjunto em tempos de COVID-19

Alojamento Conjunto em tempos de COVID-19

Carlos Moreno Zaconeta.

Até o momento não existe documentação de transmissão pelo leite materno. Afim com o CDC norte americano e o RCOG de Londres, a SBP recomenda a amamentação em mães suspeitas ou infectadas e orienta   que  ao amamentar a mãe deve lavar AS MÃOS antes de tocar no bebê na hora da mamada, USAR MÁSCARA FACIAL DURANTE A AMAMENTAÇÃO. O Aleitamento Materno deve ser a primeira opção de alimentação para RN de mãe com suspeita ou confirmação de COVID 19