Categoria: Síndromes ictéricas

Eventos adversos após exsanguineotransfusão para hiperbilirrubinemia neonatal: Um estudo prospectivo

Eventos adversos após exsanguineotransfusão para hiperbilirrubinemia neonatal: Um estudo prospectivo

Chacham S, Kumar J, Dutta S, Kumar P. Adverse events following blood exchange transfusion for neonatal hyperbilirubinemia: A prospective study. J Clin Neonatol [serial online] 2019 [cited 2019 May 20];8:79-84. Available from: http://www.jcnonweb.com/text.asp?2019/8/2/79/257144

Apresentação: R3 Neonatologia Tatiane Martins Barcelos.Coordenação: Dra Miza Vidigal

Segundo os autores, o  estudo é capaz de fornecer taxas de eventos adversos para vários grupos de neonatos submetidos à exsanguineotransfrusão  (ET) sob a a indicação primária de hiperbilirrubinemia. Tais índices podem ser usados para melhoria da qualidade, bem como comparação com qualquer outra opção de tratamento para hiperbilirrubinemia crítica. Concluindo,  embora a exsanguineotransfusão seja um procedimento comum no manejo da hiperbilirrubinemia, é alta a frequência de eventos adversos associados a ela. Tais ocorrem mais em prematuros de baixo peso e previamente doentes.´Um protocolo claro de monitorização desses eventos permitiria detecção e tratamento mais  precoce dessas complicações.

Hiperbilirrubinemia Neonatal-2021

Hiperbilirrubinemia Neonatal-2021

Paulo R. Margotto.

Capitulo do Livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, 4a Edição, Brasília, 2o21.

Icterícia é a coloração amarelada da pele, mucosas e escleróticas devido a uma elevação da concentração de bilirrubinas séricas que surge em decorrência da incapacidade do fígado em conjugar toda bilirrubina produzida.

Apresenta etiologias diversas, sendo a manifestação clínica mais freqüente do período neonatal, e as conseqüências podem ser graves uma vez que pode levar a lesão  do sistema nervoso central (SNC).

A icterícia clínica é altamente prevalente  no período neonatal, afetando até 84% de recém-nascidos saudáveis ≥ 35 semanas de gestação na primeira semana de vida. Anualmente, grave hiperbilirrubinemia, definida como total bilirrubina total sérica > 20 mg/dL, afeta 1,1 milhão de bebês, e hiperbilirrubinemia extrema (bilirrubina total séria >25 mg /dL) afeta 481 000 lactentes. Em países de alta renda, kernicterus foi virtualmente eliminado com maior acesso ao rastreio precoce e tratamento com fototerapia de alta intensidade. No entanto, em  países de renda média, acesso a triagem, monitoramento e tratamento de hiperbilirrubinemia é limitado. Nesses cenários, cerca de 6 milhões bebês que precisam de fototerapia não o fazem. Aproximadamente um terço de bebês com extrema hiperbilirrubinemia morrem e 44% desenvolvem encefalopatia grave.

“O kernicterus é somente prevenível, mas a  severa hiperbilirrubinemia é prevenível e tratável.”

QUANDO SUSPENDER A FOTOTERAPIA

 (mg% de bilirrubina total abaixo do nível que indicou)

   RN38 semanas: 2mg%

   RN <38 semanas: 5,5 mg%

Convulsões na Infância Após Fototerapia

Convulsões na Infância Após Fototerapia

Childhood Seizures After Phototherapy.Newman TB, Wu YW, Kuzniewicz MW, Grimes BA, McCulloch CE.Pediatrics. 2018 Oct;142(4). pii: e20180648. doi: 10.1542/peds.2018-0648.PMID: 30249623.Similar articles.

Apresentação: Alex Minoru, Débora Fulgêncio, Gleycon Alves. Coordenação: Paulo R. Margotto.

 

  • A partir de um estudo recente dinamarquês que mostrou aumento significativo de epilepsia na infância confinada aos meninos, os presentes autores investigaram a associação entre fototerapia e o desenvolvimento de convulsões e epilepsia (após 60 dias de vida) numa coorte da LIGHT (Late Impacto of Getting Hyperbilirubinemia or photo Therapy) envolvendo, após exclusões,   496632 crianças (≥35 semanas), fazendo o controle dos níveis de bilirrubina e fatores confundidores. Dessa, 37683 (7,6%) receberam fototerapia e 3153 (0,63%) indivíduos apresentaram pelo menos um episódio de convulsão e pelo menos uma prescrição de drogas anti-epilépticas. As taxas brutas de incidência por 1000 pessoas-ano foi de 1,24 para as expostas à fototerapia e  0,76 para as não expostas à fototerapia. Com o ajuste para os níveis de bilirrubina e outras covariáveis, a razão de risco para convulsões diminuiu para Não se encontrou associação entre fototerapia e convulsões febris. 1,22 (IC a 95% de 1,05-1,42), mas permaneceu estatisticamente significativa. O sexo masculino foi associado a aproximadamente 20% de aumento no risco de convulsões. Como a fototerapia pode aumentar o risco de convulsões futuras não está claro.  A bilirrubina não é a única molécula que pode ser afetada pela aplicação da luz.  A fototerapia causa danos ao DNA,  gera radicais livres e estresse oxidativo,  altera os níveis de citocinas.  Esses fatores podem de favorecer a lesão de células neurais ou gliais, que podem predispor a convulsões. A aparente maior suscetibilidade nos meninos, tanto lesões induzidos por fototerapia ou para desenvolver epilepsia como um resultado deles, é consistente com diferenças sexuais na suscetibilidade à lesão perinatal e para vários tipos de epilepsia induzidos experimentalmente relatada em animais de laboratório. Interessante que embora alguns pesquisadores sugeriram a possibilidade de neurotoxicidade devido a níveis moderados de hiperbilirrubinemia, os resultados deste estudo sugerem que usando fototerapia para tratar níveis inferiores aos indicados de bilirrubina para evitar exsanguineotransfusão pode realmente aumentar o risco de neurotoxicidade.
  • Nos links discutimos a relação entre fototerapia e câncer infantil: há consistente associação, relevância clínica (maiores limites do intervalo de confiança)  e significância  significância estatística entre múltiplas admissões para fototerapia e leucemia mielóide, sugerindo ser prudente evitar fototerapia desnecessária, especialmente em crianças com Síndrome de Down (elevado risco-45,95 vezes- de leucemia), sugerindo ser prudente evitar fototerapia desnecessária, especialmente em crianças com Síndrome de Down.Estes dados sugerem que a fototerapia pode não ser inofensiva, e que os riscos, bem como os benefícios devem ser pesados ​​antes de ligar a fototerapia (principalmente se níveis de bilirrubina abaixo das diretrizes de tratamento atuais). Para os prematuros extremos devemos ter cuidado: Os neonatos imaturos e muito pequenos possuem pele gelatinosa e fina, onde a luz vai penetrando facilmente e alcançando mais profundamento o subcutâneo, podendo causar  lesão oxidativa nas membranas celulares e DNA do prematuro, com aumento da mortalidade nos RN entre 5001-750g (risco relativo de 1,19 com IC a 95% de 1,01-1,39), com probabilidade de 99% de mortalidade! A hemoglobina possui um espectro de absorção que coincide com o da bilirrubina e assim, compete pela luz com a bilirrubina (RN com hematócritos mais baixos, mais luz estará disponível para a penetração). Nestes RN pré-termos extremos cuidado com o uso de fototerapia de alta irradiância (inicie com níveis mais baixos de irradiância e conheçam o hematócrito!). Pense na fototerapia como uma droga que deve ser administrada na dose adequada.
Caso Anátomo-Clínico:Kernicterus, Hemorragia pulmonar (intra-alveolar) e Lesão pela transfusão sanguínea (TRALI)

Caso Anátomo-Clínico:Kernicterus, Hemorragia pulmonar (intra-alveolar) e Lesão pela transfusão sanguínea (TRALI)

Apresentação : Deyse Costa residente de Neonatologia do HMIB. Coordenação : Joseleide de Castro e Paulo R. Margotto

¢Trata-se de um bebê que saiu de alta em um Hospital do Interior, com 35 semanas de idade gestacional, retornando  com 2 dias de vida com sinais de encefalopatia bilirrubínica  e bilirrubina total de 30,4 mg% (indireta de 28,2mg%).Mãe:A-/RN:O+/CD negativo. Evoluiu grave, reação a transfusão com convulsões, sepse,  três paradas cardiorrespiratórias, agravamento do quadro pulmonar, coma. Na discussão, ênfase na hemorragia pulmonar hemorragia pulmonar, principalmente na intra-alveolar como evidenciado pela autópsia (sem evidência de sangue no tubo endotraqueal)  e na lesão pulmonar induzida pela transfusão sanguínea (TRALI), principalmente pelo relato de Maria A et al que relataram  um caso de TRALI em um neonato prematuro (31 semanas; 1135 gramas, referido ao Hospital com 6 dias de vida; apresentou sepse, perfuração intestinal; recebeu 10 mL/kg de concentrado de hemácias (devido ao hematócrito,18%) que desenvolveu dificuldades respiratória aguda dentro de 6 h de transfusão de sangue na ausência de doença pulmonar preexistente. Foi instituído apoio ventilatório e manuseio de suporte. O bebê apresentou melhora clínica e radiológica dentro de 12 h; no entanto, ele sucumbiu à morte por hemorragia;  pulmonar maciça aguda 36 h depois. A possibilidade de TRALI deve ser pensada se ocorrer uma deterioração súbita da função pulmonar após a transfusão de sangue

Uma regra de previsão clínica para hiperbilirrubinemia de rebote após a fototerapia nos pacientes internados

Uma regra de previsão clínica para hiperbilirrubinemia de rebote após a fototerapia nos pacientes internados

A Clinical Prediction Rule for Rebound Hyperbilirubinemia Following Inpatient Phototherapy.

Chang PW, Kuzniewicz MW, McCulloch CE, Newman TB.Pediatrics. 2017 Mar;139(3). pii: e20162896. doi: 10.1542/peds.2016-2896. Epub 2017 Feb 14.PMID: 28196932.Free Article.Similar articles. Artigo Integral! Consulte-o Agora!

Apresentação:Ana Carolina Franco Cabral, Natália da Silva Araújo Borges, Polyana de Oliveira Santana. Internato-6ª Série-Neonatologia Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília. Coordenação: Paulo R. Margotto. www.paulomargotocom.br Brasília, 9 de junho de 2018.

Não há consenso da literatura quanto ao momento da suspensão da fototerapia, assim como na definição do rebote (níveis de bilirrubina pós-fototerapia que necessitam de reinstituição da fototerapia; retorno ao tratamento dentro de 72 horas de descontinuação do primeiro tratamento fototerápico), gerando incidências que variam entre 0% a 13,3% (a incidência recente de 24,95% se deve por ser o Centro onde o estudo ocorreu ser um Centro de Referência para hiperbilirrubinemia grave). O manuseio da hiperbilirrubinemia em recém-nascidos é baseado no princípio de evitar níveis potencialmente “neurotóxicos“ de bilirrubina. O nível neurotóxico da bilirrubina pode variam com a idade pós-natal, a maturidade da barreira  hematoencefálica, taxa de aumento da bilirrubina sérica, nível sérico de albumina sérica, presença de hemólise e comorbidades.Assim, os níveis neurotóxicos da hiperbilirrubinemia de rebote  no período neonatal constitui um tema para investigação mais aprofundada. A avaliação  de rotina de rebote da bilirrubina pode aumentar a carga de trabalho, aumentar as despesas e prolongar a internação hospitalar. Em 2004, as recomendações da Academia Americana de Pediatria (AAP) sugerem que a alta hospitalar não deve ser atrasada para observar uma criança por rebote. O Subcomitê da AAP sobre Hiperbilirrubinemia agora recomenda uma medida de seguimento de bilirrubina dentro de 24 horas APÓS A ALTA para os casos em que a fototerapia foi usada para neonatos com doenças hemolíticas, iniciados precocemente, ou descontinuado antes do lactente ter 3-4 dias de idade. No entanto, medida de rebote de bilirrubina após interromper a fototerapia está se tornando uma prática comum. Esta prática não deveria tornar-se rotina para todo o bebê que sai da fototerapia. Critérios devem ser levados em conta, como: nascimento com < 38 semanas de idade gestacional,  peso ao nascer <2000, início da icterícia com <48h de idade, raça asiática, amamentação exclusiva, doença hemolítica, uso de imunoglobulina, exposição à fototerapia intensiva. Para estes RN ao suspender a fototerapia, deveriam ser revistos em 24 horas após. Interessante que o rebote de hiperbilirrubinemia foi muito menor nas crianças que saíram da fototerapia com níveis de bilirrubina ≤14 mg% , como orientou a  AAP em 2004 (não atrasar a alta hospitalar para monitorização dos níveis de bilirrubina). Então como prever o rebote. Chang et al (estudo aqui resumido) a partir d 105 808 recém-nascidos nascidos com ≥35 gestação de semanas em 1 de 17 Hospitais  do  Kaiser   Permanente Northern  Califórnia entre 2012 e 2014, identificaram uma coorte de 7048 recém-nascidos tratados com fototerapia. Um rico conjunto de dados eletrônicos possibilitaram a criação de uma pontuação que poderia prever a probabilidade de rebote e ajudar os profissionais a decidir a descontinuação da fototerapia. No entanto o cálculo da pontuação previsora foram consideradas 3 variáveis: idade gestacional (<38 semanas; >38 semanas é protetor)), idade de início da fototerapia e bilirrubina total sérica relativa (nível na suspensão menos o limiar de fototerapia da AAP) gerando a seguinte Equação: Pontuação = 15 (se idade gestacional <38 semanas) – 7 × (idade em dias no início da fototerapia) – 4 × (limiar de fototerapia AAP – BT no término da fototerapia) + 50. Na Apresentação foram criados 5 exemplos. Em e-mail ao Dr. Jeffrey Maisels (Director Academic Affairs Beaumont Children’s, Professor Department of Pediatrics Oakland University William Beaumont School of Medicine), nos informou consultar o importante estudo d Chang et al e  outra abordagem: descontinuar a fototerapia com nível de bilirrubina 2-3mg% abaixo do nível que foi iniciado.Para as crianças readmitidas para fototerapia é raro a ocorrência do rebote. Informou-nos também que não usa fototerapia intermitente e não reduz a irradiância e que previsão de publicação da nova Diretriz da American Academy of Pediatrics para hiperbilirrubinemia está em andamento, mas não podendo dizer quando isso será feito. Portanto o rebote tem maior probabilidade de ocorrer em certos grupos específicos e que estes deveriam ser revisto em 24 horas e não 48 horas como comumente orientamos, enquanto novas Diretrizes da AAP sejam publicadas.

Comparação entre os níveis séricos de vitamina D materna e neonatal em casos a termo ictéricos e anictéricos

Comparação entre os níveis séricos de vitamina D materna e neonatal em casos a termo ictéricos e anictéricos

Seyyed Mohammad Hassan Aletayeb, Masoud Dehdashtiyan, Majid Aminzadeh, Arash Malekyan, Somayeh Jafrasteh.

Apresentação: Hellen Branquinho – R2 Pediatria
Coordenação: Paulo R. Margotto.
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE.
HOSPITAL MATERNO INFANTIL DE BRASÍLIA.
UNIDADE TERAPIA INTENSIVA NEONATOLOGIA

 

Efeito da suplementação de vitamina D, direta ou via leite materno para lactentes à termo, na 25-hidroxivitamina D sérica , bioquímica associada e predisposição à infecção: estudo clínico randomizado controlado com placebo

Efeito da suplementação de vitamina D, direta ou via leite materno para lactentes à termo, na 25-hidroxivitamina D sérica , bioquímica associada e predisposição à infecção: estudo clínico randomizado controlado com placebo

Apresentação: Iara Cristina Arruda do Vale, Monique Almeida Vaz, Nathália Telles da Costa .
Internato de Neonatologia – 6ª Série- HMIB/SES/DF.
Coordenação: Paulo R Margotto.
Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília

Efeito da suplementação de vitamina D, direta ou via leite materno para lactentes à termo, na 25-hidroxivitamina D sérica , bioquímica associada e predisposição à infecção: estudo clínico randomizado controlado com placebo

Efeito da suplementação de vitamina D, direta ou via leite materno para lactentes à termo, na 25-hidroxivitamina D sérica , bioquímica associada e predisposição à infecção: estudo clínico randomizado controlado com placebo

Apresentação: Iara Cristina Arruda do Vale, Monique Almeida Vaz, Nathália Telles da Costa .
Internato de Neonatologia – 6ª Série- HMIB/SES/DF.
Coordenação: Paulo R Margotto.
Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília

TERAPIA COM O ÁCIDO URSODEOXICÓLICO (UDCA) EM NEONATOS DE MUITO BAIXO PESO AO NASCER COM COLESTASE ASSOCIADA À NUTRIÇÃO PARENTERAL

TERAPIA COM O ÁCIDO URSODEOXICÓLICO (UDCA) EM NEONATOS DE MUITO BAIXO PESO AO NASCER COM COLESTASE ASSOCIADA À NUTRIÇÃO PARENTERAL

  Chien-Yi Chen, Po-Nien Tsao, Huey-Ling Chen, Hung-Chieh Chou, Wu-Shiun Hsieh, Mei-Hwei Chang.
J Pediatr 2004; 145: 76-83. 

Supervisão: Dr. Paulo R. Margotto (Intensivista Neonatal  do HRAS –SES-DF / Professor do Curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde /SES/DF)