Categoria: Idade Gestacional

Limite de viabilidade: onde estamos e onde podemos chegar

Limite de viabilidade: onde estamos e onde podemos chegar

Paulo R. Margotto. Apresentado na Reunião Multidisciplinar da Unidade de Neonatologia do HMIB/SES, ocorrida no dia 25 de novembro de 2024.

 Considera-se o limite da viabilidade como a idade gestacional na qual um recém-nascido prematuro apresenta 50% ou mais de chance de sobrevida fora do útero materno. Na “zona cinzenta”, a linha entre a autonomia do  paciente e futilidade médica torna-se TURVA e se estende no intervalo proposto de idade gestacional. Na Unidade de Neonatologia do HMIB, o limite de viabilidade tem sido considerado ≥ 25 semanas, considerando 24 sem a 24 semanas 6 dias, a zona cinzenta. Abaixo de 24 semanas, muito imaturos para ter qualquer razoável chance de sobrevivência sem déficits grave e os cuidados se restringem ao conforto (manuseio mínimo, monetarização gentil, manutenção da temperatura, alimentação e tratamento da dor). A partir de uma busca ativa nos bebês prematuros extremos que receberam  tratamento intensivo, nos anos 2019-2020, passamos a nossa zona cinzenta para 23 semanas a 23 semanas 6 dias, com taxas de sobrevivência aos 28 dias de 55.6%, 47.1%, 70,8% e 85,7%  nos bebês de 24 semanas, 25,26 e 27 semanas. As taxas de corticosteróide pré-natal e sulfato de magnésio, na idade gestacional de  24 e 25 semanas foram, respectivamente de 55.5% e 71% e de sulfato de magnésio, respectivamente, 44,4% e 64,5%. O tecido pulmonar  de fetos entre 12-24 semanas respondem aos corticosteróides com um aumento na maturação do epitélio e o aparecimento de corpos lamelares, de forma que o  American College of Obstetricians and Gynecologists e a Society for Maternal-Fetal Medicine orientam considerar o uso de esteróide pré-natal a partir de 22 semanas e RECOMENDAM o seu uso a partir de 24 semanas (há um aumento de 3x mais no tratamento intensivo ativo nesses bebês!). O sulfato de magnésio diminui a mortalidade, a intubação na sala de parto, a hemorragia intraventricular e hemorragia cerebelar de forma significativa, além  de não aumentar a morbidade gastrintestinal. Quanto à cesariana, nos bebês ≥ 24 semanas considerar a nos casos de sofrimento fetal, com o consentimento dos pais. Discutimos a necessidade de conhecermos os resultados do neurodesenvolvimento desses bebês de 24 semanas para uma conversa mais segura ao envolver as famílias na tomada de decisão, um dado que esta faltando na nossa Unidade, pois não basta sobreviver. O importante é COMO sobreviver. O diálogo deve ser construtivo, contendo informações precisas e atualizadas, respeitando as  necessidades, desejos e direito dos pais que esperam atuar da melhor forma no interesse da criança. O neonatologista ético deve empregar uma dose generosa de humildade ao usar uma bola de cristal! Na tomada de decisão, vá além da idade gestacional e considere o sexo, o peso ao nascer, o peso ao nascer em relação à idade gestacional, o uso do esteróide e sulfato e magnésio pré-natais e a possibilidade de cesariana. Sempre em primeiro lugar a FAMILIA.Para resultados imediatos e alongo prazo, na basta somente a excelência da Equipe multiprofissional na Sala de Parto, mas um trabalho conjunto com a Obstétrica. Esperamos que possamos ter  mais informações sobre o seguimento desses bebês para que possamos, obstetras e neonatologista aconselhar as famílias sobre incertezas do prognóstico do bebê.O objetivo deve estar focado no melhor interesse dos bebês

Decisões relativas à ressuscitação e cuidados de fim de vida em neonatos. Aspectos Bioéticos

Decisões relativas à ressuscitação e cuidados de fim de vida em neonatos. Aspectos Bioéticos

Decisions concerning resuscitation and endoflife care in neonates. Bioethical aspects (Part I).

Mariani G, Arimany M.Arch Argent Pediatr. 2023 Feb 1;121(1):e202202635. doi: 10.5546/aap.2022-02635.eng. Epub 2022 Oct 13.PMID: 36227176 Artigo Gratis! English, Spanish

Apresentação: Loyanne Vilela (R4 Neonaologia-HMIB) e Nathalia Predes (R5 UTI Ped-HMIB). Coordenação: Marta David Rocha de Moura

Lidar com a morte de um recém-nascido requer treinamento e reflexão sobre o processo de tomada de decisão de fim de vida, comunicação com a família e o cuidado a ser prestado. O objetivo deste artigo é analisar em profundidade os aspectos salientes da bioética neonatal aplicada a situações de fim de vida em recém-nascidos. Os autores descrevem  noções de futilidade terapêutica, redirecionamento de critérios de cuidado, direitos do paciente e da família e conceitos sobre o valor da vida.

MON0GRAFIA NEONATOLOGIA DO HMIB-2024 (Apresentação):Estudo de limite de viabilidade em uma UTI neonatal terciária do Distrito Federal (Coorte 2019-2020)

MON0GRAFIA NEONATOLOGIA DO HMIB-2024 (Apresentação):Estudo de limite de viabilidade em uma UTI neonatal terciária do Distrito Federal (Coorte 2019-2020)

Gabrielly Nascimento Ferreira. Orientação: Evely Mirela S. França.

Entre os fatores cruciais para uma abordagem perinatal ativa são, tanto obstétricos (esteroide pré-natal sulfato de magnésio, parto cesariano quando indicado, partos em hospitais especializados) como neonatais (Cuidado Ativo). O aconselhamento pré-natal adequado, com tomada de decisão personalizada e consistente com os desejos dos pais, é a abordagem preferida. Na coorte de 2019-2020, a taxa de sobrevivência no grupo 24 semanas foi de 55%. Análise da  base de dados desse estudo mostrou que nessa faixa de idade gestacional, os usos de esteroide pré-natal e sulfato de magnésio foram respectivamente 55.5% e 44.4%. Esse cenário pode possibilitarmos estender a reanimação a esses bebes, no entanto, quando HOUVER PARTICIPAÇÃO  PERINATAL ATIVA (OBSTETRAS, NEONATOLOGISTAS E FAMÍLIA). Esse tema será discutido na Reunião Perinatal (Obstetrícia/Neonatologia) da Unidade no dia 25 de novembro, dentro do mês da prematuridade. O maior respeito com os prematuros  é abordá-los com conhecimento, sempre envolvendo a família, fulcro em torno do qual giram todas as nossas decisões nessas faixas de idades gestacionais mais tenras.

Nanoprematuros-Cuidados Essenciais com prematuros

Nanoprematuros-Cuidados Essenciais com prematuros

Felipe Motta.

Na América Latina, o limite de viabilidade está entre 25-26 semanas de idade gestacional  Nos Canadá, Japão, Suécia , a sobrevivência de bebês  com 24 semanas está acima de 60%, chegando a 77% no Japão. Mais recentemente, entre os nano prematuros, no Japão a sobrevivência está em 82% com qualidade de vida. Há uma abordagem selecionada para esse bebês periviaveis (assistência na Sala de Parto, surfactante, hemodinâmica, oferta hídrica,ventilação). A nossa Unidade de Neonatologia do HMIB está Reconstruindo o nosso Limite de  viabilidade, discussão que ocorrerá ainda esse mês.

LIMITE DE VIABILIDADE –REFLEXÕES BIOÉTICAS

LIMITE DE VIABILIDADE –REFLEXÕES BIOÉTICAS

Márcia Pimentel de Castro.

Apresentação o ocorrida no CRM-DF. Devido a grande variabilidade de práticas adotadas por diferentes serviços, que variam de instituição para instituição, é recomendado como melhor caminho discutir a complexidade de um nascimento tão prematuro, ouvindo as perspectivas dos pais (quanto a sobrevida e desabilidades futuras) e a importância que eles atribuem a isso,        sem interferência de valores pessoais e preferências de qualquer natureza.Tanto os médicos obstetras  como os neonatologistas devem estar preparados para aconselhar a família sobre a incerteza do prognóstico dos bebês. Conhecer suas preferência e valores e fornecer informações médicas complexas de uma forma que a família possa entender a fim de formar uma decisão  informada e compartilhadas, tendo como objetivo estar focado no melhor interesse do recém-nascido.

Artigo 5.379: Além da Prematuridade extrema: tratamento e resultados de bebê periviáveis que nasceram entre 22-23 semanas em um Único Centro que envolve uma abordagem filosófica proativa positiva

Artigo 5.379: Além da Prematuridade extrema: tratamento e resultados de bebê periviáveis que nasceram entre 22-23 semanas em um Único Centro que envolve uma abordagem filosófica proativa positiva

Jonathan M. Klein (University of Iowa (EUA).  12º Simpósio Internacional de Neonatologia do Rio de Janeiro, online, 31 de outubro de 2020.  Realizado por Paulo R. Margotto.

A Conferência de Jonathan Klein (Estados Unidos) sobre Além da Prematuridade extrema: tratamento e resultados de bebê periviáveis que nasceram entre 22-23 semanas em um Único Centro que envolve uma abordagem filosófica proativa positiva, por ocasião do bem sucedido 12º Simpósio Internacional de Neonatologia online com tradução simultânea. Jonathan Kein trás impressionantes números de sobrevivência (58%!) e de resultados de neurodesenvolvimento (11% de incapacidade severa e/ou paralisia cerebral entre 18-24meses!) desses bebês periviáveis 22-23 semanas. Eles acreditam que não é algo impossível (são pacientes difíceis, com certeza, mas não impossíveis). Trata-e de uma filosofia envolvida na medicina para cuidar desses pequeninos pacientes conquistada pela EXCELÊNCIA, comparável à chegada do homem à lua! Estão envolvidos 3 pilares: Competência (preparação total e completa dedicação), Trabalho em Equipe (respeitando e utilizando a capacidade dos outros; o sucesso depende do esforço de todos) e Identificação de Diferenças nesses Bebês Periviáveis (são bebês diferentes daqueles de 25-26 semanas). É difícil, mas não é impossível! Na Unidade eles têm um lugar separado com uma equipe médica e enfermagem separada, atendendo esses bebês mais críticos (75% trabalham nessa Unidade e o restante na outra Unidade). Há sempre um fellow, residentes, nutricionistas, farmacêuticos, terapeutas respiratórios e intensivistas neonatais. Além da decisão de reanimar, o mais importante é o tipo de cuidado. A principal causa de óbito nesses bebês periviáveis é a infecção e a hemorragia intraventricular. A abordagem desses bebês começa com os esteróides antenatais (dobra a sobrevida!). Evitar a hiperoxemia e a hipoxemia (iniciam a reanimação com 50% de oxigênio, atingindo Saturações de O2 entre 80-85% com 5-10 minutos de vida). Como esses bebês nascem na faze canalicular do desenvolvimento pulmonar e os segmentos cranianos amadurecem mais rápido do que os caudais, você pode ter algumas áreas do pulmão que são maduras o suficiente para a sobrevivência, mesmo com 22 semanas se você não danificar os pulmões. Essa é a razão pela qual esses bebês periviáveis ficam em ventilação de alta frequência por 66 dias (saem ao redor de 30 semanas de idade pós-menstrual!). Extubamos somente no momento em que os bebês estão prontos para terem um drive respiratório sustentável. Não pressionamos para falhar. A falha de extubação aumenta a mortalidade. Outra estratégia é a repetição do surfactante entre o 7º e 10º dia de vida para evitar o slump pós-surfactante (queda do surfactante) que ocorre em 20% nos bebês <1000 (fique atento naqueles que necessitam inicialmente de 2 ou mais doses de surfactante, pois esses tem o risco de 2 vezes mais de apresentar slump pós-surfactante!).Iniciam aminoácidos ao nascer até 4g/kg,  glicose na taxa de 4mg/kg/min, maiores taxas hídricas e lipídios após 12 horas iniciando com  0,5-1g/kg no máximo de 2g/kg ( maiores taxas associam-se com hemorragia pulmonar e maior mortalidade). Usam com frequência hidrocortisona na dose de estresse por dias, semanas ou meses dependendo da estabilidade e óxido nítrico inalatório se precisarem de mais de 70% de oxigênio. A sobrevida entre 22-23 semanas de idade gestacional é extremamente difícil, mas não é impossível. Não são casos sem esperanças! Na Unidade de Neonatologia do HMIB, a partir de nossos dados, o limite de viabilidade é ≥ 25 semanas, havendo uma possibilidade de atuação na zona cinzenta (24-24 sem 6 dias) na qual a abordagem obstétrica (esteroide pré-natal, tocólise, cesariana) tem importante impacto na decisão do neonatologista. Associado a esta interação obstetra-neonatologista, fatores que devem ser levados em conta na melhor decisão principalmente naqueles no limite da periviabilidade (próximos à viabilidade que é 25 semanas de idade gestacional), são: o sexo feminino, o nascimento único e o peso ao nascer. “Para reconhecer que o maior erro não é tentar e falhar, mas ao tentar, não fazer o máximo possível porque ao tentar, não demos o nosso melhor” Gene Kranz, NASA Flight Director.

Cuidado Perinatal Ativo de Bebês Prematuros na Rede Neonatal Alemã

Cuidado Perinatal Ativo de Bebês Prematuros na Rede Neonatal Alemã

der Wense A, Weller U, Active perinatal care of preterm infants in the German Neonatal Network.Humberg A, Härtel C, Rausch TK, Stichtenoth G, Jung P, Wieg C, Kribs A, von Höhn T, Olbertz DM, Felderhoff-Müser U, Rossi R, Teig N, Heitmann F, Schmidtke S, Bohnhorst B, Vochem M, Segerer H, Möller J, Eichhorn JG, Wintgens J, Böttger R, Hubert M, Dördelmann M, Hillebrand G, Roll C, Jensen R, Zemlin M, Mögel M, Werner C, Schäfer S, Schaible T, Franz A, Heldmann M, Ehlers S, Kannt O, Orlikowsky T, Gerleve H, Schneider K, Haase R, Böckenholt K, Linnemann K, Herting E, Göpel W.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2020 Mar;105(2):190-195. doi: 10.1136/archdischild-2018-316770. Epub 2019 Jun 27.PMID: 31248963.

Apresentação: Flávia Moura (R3 em Neonatologia/HMIB). Coordenação: Marta David Rocha de Moura. Revisão e Complementação: Paulo R. Margotto

uO cuidado perinatal ativo de bebês prematuros melhora a sobrevida, especialmente na fronteira da viabilidade. As diretrizes atuais na Alemanha recomendam cuidados perinatais ativos para bebês ≥ 24 semanas de gestação. O cuidado perinatal ativo em 22 semanas é recomendado somente após aconselhamento e consentimento dos pais. Na  GNN, a hemorragia intracraniana de alto grau ainda é uma das principais causas de óbito. A hemorragia pulmonar o é causa relevante de óbito em todas idades gestacionais. As taxas de sobrevida específica da idade gestacional em 24 semanas foram altas no Japão (84%), Finlândia (71%) e Suécia (70%), mas muito baixas em muitas outras redes, com uma taxa de sobrevida total de 64%. Nessa Rede Alemã de Neonatologia a sobrevida na mesma idade gestacional foi de 75% de 1165 bebês durante os anos de 2011-2016. Mortalidade de bebês no limite da viabilidade é um bom marcador para a qualidade do atendimento. No entanto, a qualidade de vida relacionada à saúde após a alta é um fator importante para a participação na vida adulta. Foi encontrado um aumento significativo do uso de esteroides pós-natal em Centros com alta sobrevida. Uma abordagem proativa de cuidado perinatal diminui a mortalidade, especialmente em idades gestacionais mais baixas. Além do  mais, a participação em uma rede de Centros Perinatais diminui a mortalidade, em particular em centros com sobrevida inicial mais baixa. Esses dados podem influenciar as futuras recomendações nacionais, sugerindo que bebês prematuros NÃO devem ser excluídos do cuidado perinatal ativo devido aos limites definidos com base na idade gestacional e recomendações de apoio com ênfase no aconselhamento dos pais, levando em consideração a experiência específica da UTI Neonatal.

Cuidados paliativos para prematuros extremos com idade gestacional menor que o limite de viabilidade: reflexão bioética sobre a prática em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Cuidados paliativos para prematuros extremos com idade gestacional menor que o limite de viabilidade: reflexão bioética sobre a prática em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Marília Aires de Oliveira

Tese de Dissertação:  UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOÉTICA, 2020.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioética da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos para a obtenção do  do Título de Mestre em Bioética. Orientadora: Profa. Dra. Eliane Maria Fleury Seidl.

O desenvolvimento técnico-científico na área de saúde melhorou a qualidade do atendimento ao recém-nascido prematuro. Entretanto, para aqueles nascidos com o arcabouço orgânico muito imaturo, a possibilidade de sobrevida é ínfima e a presença de sequelas futuras é grande. Para eles a implementação dos cuidados paliativos (CP) é fundamental, porém suas características específicas dificultam manejos mais basilares, como controle de dor e nutrição. Neste contexto, a busca por ferramentas multidisciplinares, como as da bioética, que possibilitem a reflexão sobre o cuidado habitualmente oferecido é muito importante. O objetivo geral deste trabalho foi analisar, sob os referenciais da bioética de Intervenção, de Proteção e da Declaração Universal sobre Bioética de Direitos Humanos (DUBDH), os CPs oferecidos a bebês nascidos com idade gestacional (IG) inferior ao limite de viabilidade, em um hospital da rede pública do Distrito Federal, a partir de levantamento de dados secundários obtidos de prontuários (Estudo 1) e da percepção de profissionais de saúde que atuam na área (Estudo 2). No Estudo 1 foi feito levantamento das informações sobre 25 neonatos nascidos entre 01 de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2018, com IG entre 20 semanas e 23 semanas e 6 dias. Foram descritas características como peso, IG, tempo de sobrevivência e cuidados recebidos até o óbito, evidenciando-se a pouca clareza dos registros encontrados. No Estudo 2 foram feitas entrevistas semiestruturadas com nove
profissionais de saúde, sendo aplicada análise quantitativa e qualitativa. Dos resultados obtidos, destaca-se que no prontuário dos neonatos estavam omitidas informações sobre o pré-natal em 56% dos casos e sobre a descrição dos cuidados ofertados em 32%. O peso dos recém-nascidos variou entre 115g e 725g, e 16% receberam manobras de reanimação cardiopulmonar. O tempo de vida oscilou de 5 a 21715 minutos, com mediana de 100 minutos, sendo que nenhum paciente sobreviveu. Sobre os cuidados ofertados até o óbito, 24% receberam alguma forma de oxigenioterapia e 12% suporte intensivo em leito de UTI. Não houve nenhuma anotação em prontuário eletrônico sobre atendimento espiritual e o psicológico só foi registrado em 12% dos casos. Nas entrevistas realizadas observou-se que 44% dos profissionais sabiam qual era a IG considerada limite de viabilidade no serviço em questão, e 66% afirmaram que é ofertado oxigenioterapia para os prematuros extremos inviáveis. Na análise de conteúdo emergiram quatro eixos temáticos principais: cuidados paliativos, sofrimento dos profissionais de saúde, dificuldades de comunicação e demandas dos profissionais. O preenchimento inadequado dos prontuários, com a consequente falta de informação, a não implantação do preconizado pelos CPs e o irregular apoio psicológico e espiritual para a família ferem os princípios da autonomia, da beneficência e da não maleficência. Estando em condição de vulnerabilidade acrescida, é necessário que o
prematuro e sua família sejam protegidos e tenham seus direitos garantidos. As recomendações da DUBDH contribuem para assegurar um cuidado humanizado e ético, beneficiando o paciente e sua família. Conclui-se que a implantação plena dos CPs para o prematuro com IG menor que o limite de viabilidade é adequada e firmemente embasada pela bioética, porém há necessidade de que seus conceitos sejam mais divulgados, debatidos e aprendidos pelas equipes de saúde e pela comunidade a fim de propiciarem benefício mútuo.

 

 

Crescimento e desenvolvimento dos recém-nascidos a termo pequenos para a idade gestacional simétrico e assimétrico

Crescimento e desenvolvimento dos recém-nascidos a termo pequenos para a idade gestacional simétrico e assimétrico

E Maciejewsk , I Hamon, J Fresson and J-M Hascoet.
J Perinatol. 2016 Mar 24. doi: 10.1038/jp.2016.48. [Epub ahead of print].

Apresentação:  Caroline Matsuura. 
Coordenação: Paulo R. Margotto. 
Unidade de Neonatologia do HRAS/HMIB/SES/DF