Mês: março 2020

PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL

PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL

Paulo R. Margotto, Viviana I. Sampietro Serafin.

Capítulo do Livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, Hospital de Ensino Materno Infantil de Brasília, 4a Edição, 2021

PCA não é o mesmo que um canal arterial hemodinamicamente significativo (CAHS). A falta de uma abordagem padronizada para definir CAHS faz o seu impacto clínico e contribuição para morbidades neonatais difíceis de definir. Há falta de um consenso internacional na definição do CAHS.

O achado ecocardiográfico de importante shunt transductal da esquerda para a direita com efeitos hemodinamicamente mensuráveis levando a instabilidade clínica é a base para a definição do CAHS. O fenômeno do CAHS é um continuum de normalidade fisiológica a um estado patológico de doença com instabilidade clínica e efeitos variados em órgãos corporais.

Em resumo, as morbidades associadas ao canal arterial, como hemorragia pulmonar, hipotensão arterial refratária, hemorragia intraventricular, displasia broncopulmonar, enterocolite necrosante levar-nos-iam a conduta simplicista de fechar todos os canais. No entanto, as evidências mostram que os resultados desta conduta podem ser piores com o tratamento agressivo, principalmente com o tratamento cirúrgico precoce, levando ao aumento de enterocolite necrosante, displasia broncopulmonar, além de outras complicações relacionadas ao neurodesenvolvimento. A identificação precoce de canais arteriais hemodinamicamente significativos em recém-nascidos pré-termos extremos (RN<28 semanas), associados a achados clínicos relevantes, possibilita selecionar os recém-nascidos com maior possibilidade de tratamento e com menor risco de morbidades, principalmente, com menores taxas de hemorragia pulmonar e possivelmente, menor incidência de displasia broncopulmonar. No tratamento farmacológico, surge nova opção quando não é possível o uso de antiinflamatórios não-esteroidais (indometacina, ibuprofeno), como o paracetamol, que atua inibindo o sítio da peroxidase do complexo prostaglandina H2 sintetase, sem os efeitos adversos daqueles. No pós-operatório da ligação cirúrgica do canal arterial, o neonatologista deve estar atento às complicações hemodinâmicas associadas a síndrome cardíaca pós-ligação, conhecendo a fisiopatologia para a melhor opção terapêutica. Evidências de vários estudos retrospectivos sugerem que o manejo pode ser modificado com o aumento do uso de tratamento conservador. Uma mudança de paradigma resultou em diminuição do uso de tratamentos para fechamento da PCA em alguns Centros. Esta abordagem cita a falta de melhora nos desfechos respiratórios e neurodesenvolvimento de curto e longo prazo como um argumento. A falta de evidências que apóiam as estratégias terapêuticas destinadas a alcançar o fechamento da PCA levou à adoção generalizada de um tratamento conservador com o objetivo de atenuar o impacto do volume do shunt sem alcançar o fechamento do ducto.

 

Monografia-UTI Pediátrica (HMIB) 2020: Avaliação da atrofia diafragmática de pacientes em ventilação mecânica na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica em Hospital de Referência no Distrito Federal

Monografia-UTI Pediátrica (HMIB) 2020: Avaliação da atrofia diafragmática de pacientes em ventilação mecânica na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica em Hospital de Referência no Distrito Federal

Thaynara Leonel Bueno.

INTRODUÇÃO: Uma grande porcentagem das crianças internadas em UTI Pediátrica necessita de Ventilação Mecânica (VM), portanto o desmame e o sucesso da extubação são sempre um grande desafio. Vários estudos sugerem que a VM leva a atrofia e disfunção diafragmática, principalmente em adultos. OBJETIVO: Avaliar a diferença na espessura da musculatura do diafragma em pacientes pediátricos submetidos a VM, e algumas variáveis possivelmente envolvidas. ESTUDO: Realizado em UTIP terciária com 16 leitos, longitudinal, prospectivo e observacional. MÉTODO: Foram realizadas medidas da espessura do diafragma, utilizando a ultrassonografia, de pacientes submetidos a VM nas primeiras 24horas, em 48horas e no quarto dia. Os dados foram analisados e considerou-se atrofia significante aqueles cuja redução fosse superior a ponto crítico do intervalo de confiança de 95% para a atrofia entre dois tempos. Para a avaliação dos fatores correlatos, utilizou-se o teste t de comparação de médias. RESULTADOS: Obtiveram 36 pacientes, desses 61,1% apresentaram atrofia diafragmática entre o primeiro e segundo dia de VM e 82,4% apresentaram atrofia no quarto dia. Espessura em média do músculo de 1,08mm no primeiro dia. A taxa de atrofia média foi de – 4,8% por dia de VM. CONCLUSÃO: A avaliação ultrassonográfica do diafragma fornece medidas não invasivas da espessura diafragmática e seu grau de atrofia. Os dados mostram atrofia já nas primeiras 48horas de VM, em uma taxa semelhante aos trabalhos em adultos. Além disso, encontramos associação entre o uso de BNM e atrofia, e maior tendência ao afinamento diafragmático na população em uso de corticoide.