Mês: julho 2023

Consulta a Dra. Hélida Adelina Maia a respeito do artigo POR QUE TEMOS MEDO DE MAMADEIRAS E CHUPETAS

Consulta a Dra. Hélida Adelina Maia a respeito do artigo POR QUE TEMOS MEDO DE MAMADEIRAS E CHUPETAS

Why do we fear bottles and pacifiers? Kuitunen I.Acta Paediatr. 2023 Jul;112(7):1392-1394. doi: 10.1111/apa.16780. Epub 2023 Apr 7.PMID: 37277973 No abstract available. Finlândia.

Consulta à Fonoaudióloga Clínica da Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF, Especialista  em Linguagem e Tutora do Método Canguru, Dra.  Hélida Adelina Maia.

As mamadeiras e chupetas são grandes aliados para solucionar vários problemas, em situações diferentes. Não deveriam ser tão radicalmente abomináveis porque tem suas devidas recomendações. Talvez os maiores problemas encontrados estão exatamente na hora da interrupção do seu uso.

Lesão Renal Aguda Neonatal em 2023 – o que sabemos, o que precisamos aprender?

Lesão Renal Aguda Neonatal em 2023 – o que sabemos, o que precisamos aprender?

Palestra proferida pelo David J Askenazi (EUA) no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023. Coordenação Geral: Drs. Renato Procianoy e Rita Silveira (RS).

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

É comentado o estudo AWAKEN (Assessment, Worldwide, Acute, Kidney, Epidemiology Neonates – Avaliação Mundial da Epidemiologia da Lesão Renal Aguda em Neonatos): Trata-se de um estudo multicêntrico retrospectivo envolvendo 24 UTIs Neonatais de nível 2-4, que compõem o Neonatal Kidney Collaborative (NKC), envolvendo 4 países com 2022   bebês estudados.A incidência de LRA foi em torno de 30%, com importante impacto na idade gestacional e mortalidade de 9,7% (  4,6 vezes mais em relação aos que não apresentaram LRA) prolongamento da internação hospitalar ( em torno de 9 dias a  mais). Usando dados da coorte do estudo PENUT(Preterm Erythropoietin Neuroprotection Trial), os bebês<28 semanas aos 2 anos, 18% dos RN tiverem doença renal crônica, 36% tiveram albuminúria, 22% tiveram elevada pressão sistólica e 44% elevada pressão diastólica. Outros relataram que 65% dos bebes com LRA apresentaram disfunção renal aos 5 meses. É recomendado que pacientes com história de LRA tenham uma avaliação de DRC três meses após o evento de LRA. A prematuridade e baixo peso ao nascer impactaram na lesão renal aguda quando inclusive nas idades de  50-60-80 anos de idade (baixo peso ao nascer é um fator de risco para toda a vida para doença renal crônica-eles têm número inferior de néfrons). A sobrecarga hídrica é a razão pela qual muitos pacientes neonatais e pediátricos recebem Terapia de Suporte Renal. O balanço hídrico positivo tem sido associado a desfechos ruins (4,95 vezes maior de mortalidade).Interessante: a creatinina sérica não é uma medida de lesão e sim de função. Pode ter um paciente com uma lesão renal e não ter mudança na função e ao contrário também, mudança na função renal sem lesão. Então os biomarcadores vão nos permitir fazer o diagnóstico de LRA de forma melhor. Quanto às xantinas: a adenosina atua como metabólito que causa vasoconstricção no rim após hipoxia causando queda na filtração glomerular e fator de filtração. As metilxantinas o são antagonistas não específicos do receptor de adenosina. Os bebês que receberam cafeína foram menos propensos a desenvolver LRA em estágio 2 ou 3 (odds ratio ajustado, 0,20; IC 95%, 0,12-0,34). Na Encefalopatia hipóxico isquêmica, a teofilina reduziu a LRA em 60% (RR: 0.40 (0,30-0,54), estudo feito sem hipotermia terapêutica (HT). Devemos usar xantina nesses bebês em HT? Ainda faltam estudos. Quanto a Enterocolite necrosante (ECN): A severa LRA ocorreu em 32,6% (66/202) após o diagnóstico de ECN e em 58% (61/104) da ECN com diagnóstico cirúrgico. A avaliação do débito urinário é importante para pacientes com ECN. Sem ela, 11% daqueles com LRA grave teriam sido diagnosticados erroneamente usando apenas creatinina sérica. Nos complementos, o maior risco de hemorragia intraventricular grave nos bebês com LRA

Lesão cerebral em bebês avaliados, mas não tratados com hipotermia terapêutica

Lesão cerebral em bebês avaliados, mas não tratados com hipotermia terapêutica

Brain Injury in Infants Evaluated for, But Not Treated with, Therapeutic HypothermiaThiim KR, Garvey AA, Singh E, Walsh B, Inder TE, El-Dib M.J Pediatr. 2023 Feb;253:304-309. doi: 10.1016/j.jpeds.2022.09.027. Epub 2022 Sep 27.PMID: 36179889 . Artigo Livre! Estados Unidos.

Realizado por Paulo R. Margotto

 

O uso de hipotermia terapêutica na encefalopatia neonatal leve tem sido mais controverso, no entanto há evidências crescentes de que esses bebês correm risco de lesão cerebral e resultados adversos do neurodesenvolvimento.  Este estudo examinou os resultados da ressonância magnética de 39 bebês que foram avaliados e não resfriados usando critérios que incluem encefalopatia leve (12 lactentes (31%) tiveram uma ressonância magnética anormal e 5 (13%) tiveram achados sugestivos de lesão cerebral aguda. Nenhum dos bebês teve envolvimento da substância cinzenta nuclear profunda. No entanto, 2 crianças apresentaram lesão significativa da substância branca nas regiões occipitoparietal (a incapacidade de detectar essa lesão cerebral focal posterior destaca as limitações do exame clínico e do aEEG na detecção dessas lesões). Nos complementos (vale a pena consultar!), boa discussão sobre esses bebês. Segundo Chalak existe uma necessidade urgente de entender e elucidar melhor o enigma chamado “encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) leve”.

Por que temos medo de mamadeiras e chupetas?

Por que temos medo de mamadeiras e chupetas?

Why do we fear bottles and pacifiers? Kuitunen I.Acta Paediatr. 2023 Jul;112(7):1392-1394. doi: 10.1111/apa.16780. Epub 2023 Apr 7.PMID: 37277973 No abstract available. Finlândia

Realizado por Paulo R. Margotto.

As chupetas demonstraram melhorar a função oral. A metanálise de 2022 relatou que a introdução de chupetas em recém-nascidos prematuros encurtou a duração da sonda nasogástrica até a alimentação oral e o tempo total de hospitalização. Revisões Cochrane anteriores também relataram que a sucção não nutritiva era benéfica para neonatos prematuros. Evidências de melhor qualidade de estudos randomizados sugerem que chupetas não prejudicam a amamentação.

APRESENTAÇÃO:HIPOTERMIA TERAPÊUTICA (HT) PARA RECÉM-NASCIDOS COM COLAPSO PÓS-NATAL SÚBITO E INESPERADO

APRESENTAÇÃO:HIPOTERMIA TERAPÊUTICA (HT) PARA RECÉM-NASCIDOS COM COLAPSO PÓS-NATAL SÚBITO E INESPERADO

Therapeutic hypothermia for neonates with sudden unexpected postnatal collapse.Mackay CA, O’Dea MI, Athalye-Jape G.Arch Dis Child. 2023 Mar;108(3):236-239. doi: 10.1136/archdischild-2022-324916. Epub 2022 Dec 5.PMID: 36600300 No abstract available.Correspondência para Dra. Gayatri Athalye-Jape, Diretoria de Neonatologia, King Edward Memorial Hospital for Women Perth, Subiaco, Austrália Ocidental, Austrália; Gayatri.Jape@health.wa.gov.au.]

Apresentação:Camila Luz, MR4 Neonatologia/SES/DF. Coordenação:  Carlos Alberto Moreno Zaconeta.

COLAPSO PÓS-NATAL SÚBITO E INESPERADO (SUPC) é definido como ‘uma criança a termo ou quase-termo que está bem ao nascer, designada para cuidados pós-natais de rotina e que desmaia inesperadamente nos primeiros 7 dias de vida, exigindo ressuscitação com positividade intermitente ventilação sob pressão, e se não  morre, requer cuidados intensivos contínuos ou desenvolve uma encefalopatia com consequência terríveis. (2,6 a 38 por 100.000 nascidos vivos).Os autores relataram sucesso com a hipotermia terapêutica (após autorização da família e exclusões como infecção, hemorragia intracraniana, hipertensão pulmonar), apesar de evidência limitadas . HT provavelmente seria de maior benefício em casos de SUPC após obstrução das vias aéreas.

Biometria cerebral revela crescimento cerebral prejudicado em recém-nascidos prematuros com hemorragia intraventricular

Biometria cerebral revela crescimento cerebral prejudicado em recém-nascidos prematuros com hemorragia intraventricular

Brain Biometry Reveals Impaired Brain Growth in Preterm Neonates with Intraventricular Hemorrhage. Steiner M, Schwarz H, Kasprian G, Rittenschober-Boehm J, Schmidbauer V, Fuiko R, Olischar M, Klebermass-Schrehof K, Berger A, Goeral K.Neonatology. 2023;120(2):225-234. doi: 10.1159/000528981. Epub 2023 Feb 20.PMID: 36805535 . Artigo Livre! Áustria.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O presente  estudo expande a compreensão da lesão cerebral e do crescimento cerebral prejudicado em bebês muito prematuros com hemorragia intraventricular (HIV) usando análise biométrica baseada em ressonância magnética convencional na idade equivalente ao termo. As análises de regressão linear multivariada confirmaram que os resultados cognitivos, de linguagem e motores estão altamente associados ao grau de HIV, tamanhos cerebrais e cerebelares reduzidos e tamanhos ventriculares aumentados. Correlações globais mais fortes ( 2 mais alto ) foram observadas para os escores de resultados motores quando comparados aos resultados cognitivos e de linguagem. Essa informação tem enorme impacto, uma vez que  a Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais, avaliando 18 Centros Universitários do país, englobando 6.420 recém-nascidos de 18 Centros incluídos para análise (<1500g ente 23 semanas e 33 semanas e 6 dias), mostrou a ocorrência da HIV em 1.951/30,4%, com preocupante alta taxa de HIV grave. Todos esses bebês com HIV necessitam de acompanhamento, inclusive de estimulação precoce.

Paracetamol profilático de baixa dose para fechamento ductal e resultado do neurodesenvolvimento em bebês muito prematuros

Paracetamol profilático de baixa dose para fechamento ductal e resultado do neurodesenvolvimento em bebês muito prematuros

Prophylactic lowdose paracetamol for ductal closure and neurodevelopmental outcome in very preterm infants. Höck M, Sappler M, Hammerl M, Griesmaier E, Ndayisaba JP, Schreiner C, Pupp-Peglow U, Kiechl-Kohlendorfer U, Neubauer V.Acta Paediatr. 2023 Aug;112(8):1706-1714. doi: 10.1111/apa.16806. Epub 2023 May 12.PMID: 37103481. Áustria.

Realizado por Paulo R. Margotto.

249 lactentes Bebês <32 semanas de gestação que receberam paracetamol endovenoso (10mg/kg a cada 8 horas) no período neonatal  versos controle (292 que não receberam), não apresentaram, na idade corrigida de 24 meses, diferença significativa na taxa de atraso no neurodesenvolvimento (desenvolvimento psicomotor e mental. Inclusive Na idade corrigida de 12 meses, a taxa de atraso psicomotor foi menor no grupo do paracetamol (OR 2,22, IC 95% 1,28–3,94, p  = 0,004).

PÉROLAS DE EPSTEIN PENIANAS NO RECÉM-NASCIDO

PÉROLAS DE EPSTEIN PENIANAS NO RECÉM-NASCIDO

Penile Pearls in a Newborn.

Rustogi D, Khare C, Khareb N.J Pediatr. 2023  Jul;258:113329. doi: 10.1016/j.jpeds.2022.12.037. Epub 2023 Jan 26.PMID: 36708873 No abstract available. Índia

Realizado por Paulo R. Margotto

 

A criança tinha 2 pápulas brancas peroladas brilhantes distintas de 5 a 7 mm na ponta do pênis  e sobre a glande peniana  e eram aderentes, limitando a inspeção do meato uretral, mas a criança urinava bem. A aparência visual dessas lesões foi diagnóstica de pérolas de Epstein penianas.  As pápulas descamaram na primeira semana de vida e não deixaram sinais de inflamação ou cicatrização, confirmando sua natureza inócua. O restante do exame físico geral foi normal. Ocorre em 7,3/1000 pacientes.

HIPOTERMIA TERAPÊUTICA PARA RECÉM-NASCIDOS COM COLAPSO PÓS-NATAL SÚBITO E INESPERADO

HIPOTERMIA TERAPÊUTICA PARA RECÉM-NASCIDOS COM COLAPSO PÓS-NATAL SÚBITO E INESPERADO

Therapeutic hypothermia for neonates with sudden unexpected postnatal collapse. Mackay CA, O’Dea MI, Athalye-Jape G.Arch Dis Child. 2023 Mar;108(3):236-239. doi: 10.1136/archdischild-2022-324916. Epub 2022 Dec 5.PMID: 36600300 No abstract available.                                                      Austrália.

Realizado por Paulo R. Margotto

Cenário

Um bebê de 36 semanas de gestação foi entregue por via vaginal a uma primípara com período pré-natal sem complicações. O bebê estava bem após o parto e foi internado na enfermaria pós-natal com a mãe. Com 2 horas de vida, uma enfermeira credenciada atendeu a mãe e o bebê para os cuidados de rotina e encontrou o recém-nascido no peito da mãe, em posição pele a pele, sem respiração espontânea. O bebê estava bradicárdico e precisou de ressuscitação completa, incluindo intubação e massagem cardíaca. A frequência cardíaca normalizou, mas o esforço respiratório permaneceu fraco e a ventilação contínua foi necessária. Ela foi notada como encefalopática com um exame neurológico anormal. A paciente foi transferida para a unidade de terapia intensiva neonatal após estabilização e, após discussão com os pais, iniciada hipotermia terapêutica (HT). Nenhuma causa aparente para o colapso significativo foi encontrada; não havia pneumotórax, o ECG e a ecocardiografia eram normais, os marcadores sépticos e a avaliação metabólica eram normais e o EEG de amplitude integrada não indicava convulsões. O protocolo de HT de 72 horas foi concluído e o paciente estava clinicamente bem após o reaquecimento. A ressonância magnética do cérebro não mostrou anormalidades significativas e o bebê recebeu alta posteriormente. Continua em acompanhamento ambulatorial para avaliação do neurodesenvolvimento.

Transfusão de sangue em recém-nascidos pré-termo

Transfusão de sangue em recém-nascidos pré-termo

Palestra proferida pelo Dr. Ravi Patel (EUA) no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Há diferentes dados sobre a abordagem da transfusão de hemácias e como podem ter impacto nos desfechos do neurodesenvolvimento e em comorbidades de curto prazo. Dois estudos grandes e bem desenhados publicados com semanas de intervalo mostram resultados idênticos e conclusivos, como nos estudos ETTNO  e TOP. Agora é possível saber  que, dentro dos limites de transfusão usados ​​nesses estudos: não há evidência de qualquer vantagem para lactentes  de extremo baixo peso para uma política de manutenção de níveis mais altos de hemoglobina nas primeiras semanas de vida usando limiares de transfusão de hemoglobina ou hematócrito mais altos. Em particular, não há evidências até o momento de qualquer vantagem neurológica em ter níveis mais altos de hemoglobina. Nos Estados Unidos há uma ampla variabilidade nas práticas de transfusão neonatal e sugere que uma alta porcentagem de transfusões administradas a bebês nos EUA pode ser administrada em limites mais altos do que o suportado pelas melhores evidências disponíveis. No entanto há um percentual que toleram níveis mais baixos, como <8g%  e isso é preocupante ! há uma associação significativa entre severa anemia (Hb ≤8g%) e enterocolite necrosante (ECN), explicado pela hipoxia tecidual do intestino, propiciando o aumento da sua permeabilidade via comprometimento dos macrófagos. A gravidade da lesão intestinal associada à transfusão foi claramente relacionada à gravidade e duração da anemia, que provavelmente acentuou as alterações inflamatórias no intestino e, portanto, predispôs à lesão induzida pela transfusão!. Quanto ao doador: transfusão de hemácias de doadoras do sexo feminino, particularmente doadoras mais velhas, foi associada a um menor risco de morte ou morbidade grave em bebês de muito baixo peso que receberam transfusões. Isso sugere  que os doadores realmente importa. Usando a leucorredução e sangue CMV (CITOMEGALOVIRUS) negativo o risco de adquirir CMV é zero! Quanto ao armazenamento, a partir de 10 dias ocorrem diferenças marcantes nos perfis bioquímicos. o uso de sangue fresco (< 7 dias de armazenamento) pode proteger os receptores de receber unidades que são metabolicamente alteradas por irradiação e armazenamento pré-transfusional. Em relação a plaquetas, entre  os prematuros com trombocitopenia grave, o uso de contagem de plaquetas no limiar de 50.000 por milímetro cúbico para  transfusão profilática de plaquetas resultou em taxa de morte ou sangramento maior do que uma restrição para o limiar de 25.000 por milímetro cúbico dentro 28 dias após a randomização. Nos  Estados Unidos o limite para transfusão de plaquetas  na maioria dos Centros fica na faixa de 70 a 100.000 plaquetas/mm3. Ir para um nível menor vão ser necessárias mais evidências para mudar a prática de transfusão de plaquetas nos Estados Unidos.