Categoria: Assistência ao Recém-nascido na Sala de Parto

Ressuscitação com cordão intacto versus cordão pinçado em prematuros tardios e recém-nascidos a termo: um estudo controlado randomizado

Ressuscitação com cordão intacto versus cordão pinçado em prematuros tardios e recém-nascidos a termo: um estudo controlado randomizado

Resuscitation with Intact Cord Versus Clamped Cord in Late Preterm and Term Neonates: A Randomized Controlled Trial. Raina JS, Chawla D, Jain S, Khurana S, Sehgal A, Rani S.J Pediatr. 2023 Mar;254:54-60.e4. doi: 10.1016/j.jpeds.2022.08.061. Epub 2022 Oct 18.PMID: 36265571.

Realizado por Paul R. Margotto.

O International Liaison Committee on Resuscitation recomenda que o clampeamento do cordão deva ser adiado por pelo menos 30 a 60 segundos em neonatos a termo e prematuros vigorosos, enquanto a Organização Mundial da Saúde recomenda um atraso de 60 a 180 segundos antes de clampear o cordão.  No entanto, em neonatos que não respiram ao nascer, não há evidências suficientes sobre ressuscitação com cordão intacto e, portanto, início de ventilação com pressão positiva (VPP ) tem precedência sobre o clampeamento tardio do cordão. O clampeamento imediato do cordão e a transferência de um recém-nascido que não respira para um leito separado para priorizar o início da VPP priva o recém-nascido do sangue remanescente na placenta e pode atrasar o estabelecimento de uma troca gasosa pulmonar bem-sucedida e circulação neonatal. Se a circulação placentária puder continuar durante a ressuscitação, pode haver atenuação da hipóxia, hipoglicemia e acidose que ocorrem durante o período de asfixia. O presente estudo randomizado e controlado, incluindo bebê de cesariana,   comparando o efeito da ressuscitação com cordão intacto versus cordão pinçado na transição fisiológica de recém-nascidos recebendo ventilação com pressão positiva (VPP) no nascimento mostrou: a proporção de recém-nascidos que receberam VPP foi menor no grupo de ressuscitação com cordão intacto (28,7% vs 36,5%, P = 0,05; risco relativo, 0,79; IC 95%, 0,61-1,01). Recém-nascidos no grupo de ressuscitação de cordão intacto apresentaram melhores escores de Apgar, frequência cardíaca e saturação de oxigênio em cada subgrupo. Assim, , a ressuscitação com cordão intacto resulta em melhor transição fisiológica pós-natal do que a prática padrão de ressuscitação após clampeamento imediato do cordão.

CUIDADO INTEGRAL AO RECÉM-NASCIDO ASFIXIADO NA UNIDADE NEONATAL (1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal, 30/11 a 1/12/2022)

CUIDADO INTEGRAL AO RECÉM-NASCIDO ASFIXIADO NA UNIDADE NEONATAL (1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal, 30/11 a 1/12/2022)

Katti Randall (EUA).

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Sabemos que procedimento Hipotermia Terapêutica (HT) é seguro, efetivo, mas nem sempre sem consequência! No entanto, o risco vale o benefício! Mesmo nos EUA nem todos os Centros oferecem hipotermia e temos que separar o bebê da família, enviando-o a um Centro preparado para o seu resfriamento. E isso constitui para o bebê um estresse tóxico. Essa separação é estressante para o bebê e a família. E assim, combinamos dano cerebral + estresse. É de grande importância que saiamos aplicar os CUIDADOS DO DESENVOLVIMENTO a esses bebês submetidos à HT ( proteger o sono, a dor e o estresse  e atividades de apoio na vida diária [alimentação, posicionamento, cuidado centrado na família]) e depois o ambiente, que não seja barulhento, cheio de muito superestímulo.  Como podemos aplicar aos recém-nascidos que estão sendo resfriados os Cuidados de Desenvolvimento. Aplicando as seis letras COOLME (Conter e oferecer um bom suporte postural: apoiar o corpo do bebê prematuro o mais próximo  possível da posição em que o bebê estaria no útero; Ofereça um ambiente sensorial de cura, observando o sono e procurar ataques epilépticos no EEG de amplitude (o cérebro danificado não pode organizar os padrões de sono: lactentes resfriados com resultados ruins tiveram retorno do ciclo sono-vigília após 48 horas; lactentes normotérmicos com bons resultados eram mais propensos a ter retorno do ciclo sono vigília antes de 24 horas); Otimize a nutrição e talvez ofereça alimentação; Look (olhe para a pele com frequência; Minimizar a dor e o sofrimento (há uma tendência nos  Estados Unidos  ao uso de analgesia no resfriamento (em  estudo sobre  uso da dexmedetomidina durante o resfriamento [DICE TRIAL, com previsão de término em 2024) e finalmente  a última letra (E) que é  Encorajar o abraço e conectar com o bebê. Segundo Katti Randall  esse é o seu preferido. A Experiência Emocional foi dividida em 3 categorias principais a partir dos pais: Experiência traumática (“quero dizer, foi horrível vê-lo tremer e sentir frio”); Perda da normalidade (incapacidade de fornecer cuidados básicos ao bebê, como  troca de fraldas, alimentação) e  Separação do bebê (a separação física imposta pela hipotermia afetou negativamente sua capacidade de se relacionar com o bebê). Então para minimizar esses sentimentos  devemos mudar a nossa atitude, nessas 72 de resfriamento, incorporando os pais nos cuidados da UTIN, recuperando a paternidade (de segurar para defender) e apoiando outras família com casos de hipotermia. A Equipe de Randall avaliou a segurança da família EM SEGURAR O BEBÊ EM HIPOTERMIA TERAPÊUTICA (28 a 200 minutos, média de 82 horas). Não houve mudanças na temperatura  ritmo cardíaco,  saturação de O2 e outros dados. Sabemos então  que podíamos fazer isso seguramente. Os bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) não têm a chance de ter essas experiências iniciais de vínculo. É importante lembrar que os bebês com EHI resfriados não tem a mesma experiência dos demais outros recém-nascidos. Então temos  reassumir  o mais rapidamente possível e quando fazemos o reaquecimento é quase uma segunda chance  da experiência do nascimento (contato pele a pele, amamentar, banho). Façam essas coisas o mais rapidamente possível para conectá-los aos pais. Nos complementos, Renato Procianoy (RS) realça a importância de se evitar a hipertermia nesses bebês (3,6 a 4 vezes para cada grau acima de 37oC!)  aos 6 a 7 anos de idade morte. Morte, QI < 70 e paralisia cerebral ocorreram em maior número no grupo que teve temperatura mais alta, ou seja, a hipertermia é mais deletéria do que a proteção dada pela hipotermia terapêutica. E agora, o que você vai escolher fazer? Sou apenas um (a). Não posso fazer tudo. Não dá para fazer tudo de uma vez, mas posso fazer algo! Com absoluta certeza, podemos sim!

Clampeamento precoce x tardio do cordão umbilical e resultados maternos e neonatais

Clampeamento precoce x tardio do cordão umbilical e resultados maternos e neonatais

Early versus delayed umbilical cord clamping on maternal and neonatal outcomes.Qian Y, Ying X, Wang P, Lu Z, Hua Y.Arch Gynecol Obstet. 2019 Sep;300(3):531-543. doi: 10.1007/s00404-019-05215-8. Epub 2019 Jun 15.PMID: 31203386 Free PMC article. Review. Artigo Livre!

Apresentação: Lucas do Carmo (R4 em Neonatologia). Coordenação: Miza Vidigal. Residência em Neonatologia do HMIB/SES/DF.

                         Nos complementos: Reanimação Neonatal com o cordão umbilical intacto versos clampeado!

(outubro de  2022)

Estudo de superioridade randomizado controlado, aberto, de grupos paralelos, foi realizado em um hospital terciário na Índia. Os recém-nascidos nascidos com ≥ 34 semanas de gestação após uma gravidez complicada ou trabalho de parto foram randomizados imediatamente antes do nascimento para receber reanimação de acordo com o algoritmo do Programa de Reanimação Neonatal com um cordão intacto (reanimação de cordão intacto ou grupo ICR) ou após clampeamento precoce do cordão (reanimação do cordão ou grupo ECR). A intervenção do estudo alocada foi administrada se o neonato precisasse de VPP ao nascimento. O desfecho primário foi “escore de Apgar expandido” aos 5 minutos após o nascimento.

Resultados

Peso ao nascer, gestação e incidência de complicações na gravidez foram semelhantes nos dois grupos de estudo. A proporção de neonatos que receberam VPP foi menor no grupo ICR (28,7% vs 36,5%, P=0,05, RR: 0,79; IC 95%: 0,61 a 1,01). Entre os recém-nascidos que receberam VPP, o escore de Apgar expandido em 5 minutos foi significativamente maior no grupo ICR (mediana: 15; IQR: 14 a 15 vs 14; 13 a 15; P <0,001). O escore de Apgar expandido em 10 minutos, os escores de Apgar em 5 e 10 minutos e a saturação de oxigênio em 1, 5 e 10 minutos também foram maiores no grupo ICR.

 Conclusão

Em recém-nascidos prematuros e a termo, a ressuscitação com cordão intacto resulta em melhor transição fisiológica pós-natal do que a prática padrão de ressuscitação após clampeamento imediato do cordão.

Ordenha do cordão umbilical x atraso do clampeamento do cordão e desfechos em recém-nascidos prematuros extremos

Ordenha do cordão umbilical x atraso do clampeamento do cordão e desfechos em recém-nascidos prematuros extremos

Umbilical Cord Milking vs Delayed Cord Clamping and Associations with In-Hospital Outcomes among Extremely Premature Infants.Kumbhat N, Eggleston B, Davis AS, DeMauro SB, Van Meurs KP, Foglia EE, Lakshminrusimha S, Walsh MC, Watterberg KL, Wyckoff MH, Das A, Handley SC; Generic Database Subcommittee of the National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network. J Pediatr. 2021 May;232:87-94.e4. doi: 10.1016/j.jpeds.2020.12.072. Epub 2021 Jan 5.PMID: 33417919.

Apresentação:Larissa A. Dutra da Silveira – R5 Neonatologia,  Lays Silveira P. Pimentel – R4 Neonatologia. Coordenação: Paulo R. Margotto, Nathália Bardal.

Sabemos das vantagens do clampeamento tardio do cordão (CTC) (1 minuto para os a termo e 30 segundos para os prematuros, ambos que não necessitam de reanimação sobre o precoce), no entanto, muitos prematuros requerem alguma intervenção para fazer a transição para o ambiente extrauterino, o que pode limitar as oportunidades de clampeamento tardio do cordão nessa população. Para esse grupo, a ordenha de cordão (OC) passou a ser uma possível alternativa para a transfusão placentária com os benefícios semelhantes ao CTC. No presente envolvendo prematuros de 22 sem a 28 sem 6 dias, 432 foram expostos à OC e 1402 ao CTC (pelo menos 30 segundos de atraso). Na faixa entre 25-28sem e 6 dias, as taxas de hemorragia intraventricular (HIV) grave foram 2x maiores para ordenha de cordão (Odds ratio ajustadas de 1.89 com IC a 95% de 1.22-2.95), achados semelhantes a estudos recentes, realçando que o CCT nesses bebês é preferível à OC. A ocorrência da HIV se deve ao aumento do retorno venoso ao átrio direito, mais sangue entrando na aorta e cérebro (frágil matriz germinativa, deficiente autorregulação do fluxo sanguíneo) devido ao shunt D-E. No entanto Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver e o conselho de monitoramento de dados e segurança aprovaram um novo ensaio da ordenha do cordão umbilical em comparação com o clampeamento tardio do cordão umbilical em bebês com idade gestacional maior (30-32 semanas de idade gestacional) e também em Avaliação a OC nos RN≥35 semanas deprimidos ao nascer. A reanimação com o cordão intacto não mostrou benefícios esperados, no entanto são necessários mais estudos. Assim, para os pré-termos <29 semanas, escolher o CCT (30-60 segundos) e evitar a OC.

Avanços recentes na fisiopatologia e tratamento da taquipneia transitória do recém-nascido

Avanços recentes na fisiopatologia e tratamento da taquipneia transitória do recém-nascido

Recent Advances in Pathophysiology and Management of Transient Tachypnea of Newborn.Alhassen Z, Vali P, Guglani L, Lakshminrusimha S, Ryan RM.J Perinatol. 2021 Jan;41(1):6-16. doi: 10.1038/s41372-020-0757-3. Epub 2020 Aug 4.PMID: 32753712 Review.

■Tema antigo descrito em 1966 por Mary Avery. Nos complementos o papel do corticosteroides ante-natais nos bebê prematuros tardios (34 semanas a 36 sem 6 dias), com brilhante exposição da Da. Marta David Rocha de Moura em  2017 alertando  que nesses bebês ao 8 a 15 anos de idade, foi notado uma maior incidência de  mal desempenho escolar no grupo de usou betametasona (17,7% vs 8,5%) p < 0,03). Também trouxemos importantíssima Palestra de Stuart Hooper (Austrália), em 2018  sobre a Transição ao Nascer: translação da fisiologia à clínica para melhor entendermos entender como passar de um pulmão cheio de líquido para um pulmão cheio de ar, chamado por Clement Smith, em 1951 de The valley of the shadow of birth- A sombra do vale do nascimento) e como mantê-lo.