Categoria: Assistência ao Recém-nascido na Sala de Parto

Decisões relativas à ressuscitação e cuidados de fim de vida em neonatos. Aspectos Bioéticos

Decisões relativas à ressuscitação e cuidados de fim de vida em neonatos. Aspectos Bioéticos

Decisions concerning resuscitation and endoflife care in neonates. Bioethical aspects (Part I).

Mariani G, Arimany M.Arch Argent Pediatr. 2023 Feb 1;121(1):e202202635. doi: 10.5546/aap.2022-02635.eng. Epub 2022 Oct 13.PMID: 36227176 Artigo Gratis! English, Spanish

Apresentação: Loyanne Vilela (R4 Neonaologia-HMIB) e Nathalia Predes (R5 UTI Ped-HMIB). Coordenação: Marta David Rocha de Moura

Lidar com a morte de um recém-nascido requer treinamento e reflexão sobre o processo de tomada de decisão de fim de vida, comunicação com a família e o cuidado a ser prestado. O objetivo deste artigo é analisar em profundidade os aspectos salientes da bioética neonatal aplicada a situações de fim de vida em recém-nascidos. Os autores descrevem  noções de futilidade terapêutica, redirecionamento de critérios de cuidado, direitos do paciente e da família e conceitos sobre o valor da vida.

Concentração Inicial de Oxigênio para Ressuscitação de Bebês Nascidos com Menos de 32 Semanas de Gestação-Uma Revisão Sistemática e Metanálise de Rede de dados de Participantes Individuais

Concentração Inicial de Oxigênio para Ressuscitação de Bebês Nascidos com Menos de 32 Semanas de Gestação-Uma Revisão Sistemática e Metanálise de Rede de dados de Participantes Individuais

Initial Oxygen Concentration for the Resuscitation of Infants Born at Less Than 32 Weeks‘ Gestation: A Systematic Review and Individual Participant Data Network Meta-Analysis. Sotiropoulos JX, Oei JL, Schmölzer GM, Libesman S, Hunter KE, Williams JG, Webster AC, Vento M, Kapadia V, Rabi Y, Dekker J, Vermeulen MJ, Sundaram V, Kumar P, Kaban RK, Rohsiswatmo R, Saugstad OD, Seidler AL. JAMA Pediatr. 2024 Aug 1;178(8):774-783. doi: 10.1001/jamapediatrics.2024.1848.PMID: 38913382. Austrália

Realizado por Paulo R. Margotto.

Através de uma metanálise (1003 pacientes em 12 estudos) combinando dados individuais dos participantes e metanálise de rede, com o objetivo de avaliar a eficácia relativa da FiO2 inicial na redução da mortalidade, morbidades graves e saturações de oxigênio (São 2, como recomendado para prematuros), em recém-nascidos PREMATUROS NASCIDOS COM MENOS DE 32 SEMANAS DE GESTAÇÃO, os autores do presente estudo  mostraram que FiO2 inicial alta (≥0,90 ) em comparação com baixa (≤0,30) para a ressuscitação na Sala de Parto desses bebês prematuros pode estar associada à mortalidade reduzida (certeza baixa) e que FiO2 alta em comparação com intermediária (0,5-0,65) possivelmente reduziu a mortalidade (certeza muito baixa). A saturação de oxigênio em 5 minutos foi maior no grupo de FiO2 inicial alta em comparação com a baixa. Explicações mecanicistas potenciais para respostas variadas à baixa FiO2 inicial em bebês a termo em comparação com bebês prematuros nascidos com menos de 32 semanas de gestação podem resultar de diferenças na resposta à hipóxia. Bebês prematuros têm sinalização hipóxica alterada, o que pode levar a um esforço respiratório ruim. Isso torna o modo mais comum de suporte respiratório na sala de parto, a ventilação não invasiva, menos eficaz para esses bebês.  A alta Fio 2 inicialmente pode aumentar a estabilidade e o esforço respiratório, aumentando assim a eficácia da ventilação não invasiva na sala de parto. Além disso, a alta Fio2 pode auxiliar na redução inicial da resistência vascular pulmonar e na transição para uma circulação pulmonar de baixa pressão ou superar a troca gasosa reduzida no pulmão prematuro. No entanto, esses autores   sugerem que mais evidências ainda são necessárias. Nos complementos, o estudo de Bowditch SP (2024), a alta FIO2 inicial teve maiores chances em comparação com a baixa FiO2 de atingir Saturação de O2  ≥ 80% em 5 minutos. Por quê? Esses bebês <26 semanas estão numa fase canalicular, a vasculatura pulmonar em bebês prematuros é menos sensível ao oxigênio e a hipóxia por troca gasosa inadequada pode então contribuir potencialmente para a depressão respiratória e menor ventilação. Enquanto os estudos prosseguem, Bowditch et al  sugerem  que os médicos podem, se concentrar na titulação dos níveis de oxigênio para atingir uma SpO2 mínima de 80% em 5 minutos após o nascimento nesses prematuros extremos,

Uso de epinefrina endotraqueal inicial versus epinefrina intravenosa durante a ressuscitação cardiopulmonar neonatal na sala de parto: revisão de um banco de dados nacional

Uso de epinefrina endotraqueal inicial versus epinefrina intravenosa durante a ressuscitação cardiopulmonar neonatal na sala de parto: revisão de um banco de dados nacional

Use of Initial Endotracheal Versus Intravenous Epinephrine During Neonatal Cardiopulmonary Resuscitation in the Delivery Room: Review of a National Database.Halling C, Conroy S, Raymond T, Foglia EE, Haggerty M, Brown LL, Wyckoff MH; American Heart Association’s Get With The Guidelines–Resuscitation Investigators.J Pediatr. 2024 Aug;271:114058. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114058. Epub 2024 Apr 16.PMID: 38631614.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O presente  estudo multicêntrico retrospectivo relata dados de 408 recém-nascidos que receberam epinefrina durante a reanimação cardiopulmonar na Sala de Parto (RCP-SALA DE  PARTO). Desde 2006, o Programa de Reanimação Neonatal  recomenda a administração de epinefrina preferencialmente pela veia umbilical com a ET listada como uma rota alternativa. Este estudo sugere que o uso inicial de epinefrina ET é razoável durante RCP-SALA DE PARTO, pois houve maiores taxas de retorno da circulação espontânea (ROSC) em comparação com a administração inicial de epinefrina IV (grupo de epinefrina ET inicial, no entanto, inclui bebês que também receberam epinefrina IV). NO ENTANTO, a administração de epinefrina IV não deve ser adiada em bebês que não respondem a uma dose inicial de epinefrina ET, pois quase metade desses bebês posteriormente recebeu epinefrina IV antes de atingir o ROSC. Atenção! 58,3% dos bebês atingiram ROSC após epinefrina IV sozinha (inclui doses únicas e múltiplas), enquanto 47,0% dos bebês atingiram ROSC com epinefrina ET sozinha (doses únicas e múltiplas), sugerindo que os bebês têm maior probabilidade de atingir ROSC após a administração de epinefrina IV. Devido a essa incerteza e apoiado por nossas descobertas, é razoável administrar pelo menos uma dose intravenosa (ou intraóssea se via cordão umbilical  não puder ser obtida) de epinefrina antes da cessação dos esforços de ressuscitação. Os bebês que atingiram ROSC, isso ocorreu mais rápido se eles inicialmente receberam epinefrina IV (9 minutos) em comparação com epinefrina ET (12 minutos). Isso é importante, pois a ressuscitação prolongada (mais de 10 minutos) foi associada a maiores taxas de mortalidade e maior risco de neurodeficiência!

 

Bebês Prematuros Não São Bebês Pequenos: A Ressuscitação de um Bebê Prematuro com Menos de 26 Semanas Deve Ser Iniciada com Oxigênio A 100%?

Bebês Prematuros Não São Bebês Pequenos: A Ressuscitação de um Bebê Prematuro com Menos de 26 Semanas Deve Ser Iniciada com Oxigênio A 100%?

Preterm infants are not small term infants: Should the resuscitation of a <26-week preterm infant be initiated with 100% oxygen? Bowditch SP, et al. J Perinatol. 2024. PMID: 39080404 No abstract available.

Realizado por Paulo R.Margotto.

O Programa de Ressuscitação Neonatal (NRP) sugere que pode ser razoável iniciar a ressuscitação com 21% a 30% de oxigênio, que é então titulado com base na oximetria de pulso. No entanto, a Canadian Neonatal Network relatou maiores taxas de mortalidade e lesão neurológica entre bebês prematuros ≤27 semanas de gestação após a implementação das recomendações de baixo oxigênio! Uma análise de subgrupo não pré-especificada de um ensaio comparando 21% a 100% de oxigênio mostrou menor mortalidade hospitalar em bebês < 29 semanas de gestação quando a ressuscitação foi iniciada com oxigênio a 100% [ 6 ]. Oei et al. mostraram que bebês < 32 semanas de gestação que não atingiram SpO 2  ≥ 80% em 5 minutos após o nascimento tiveram risco aumentado de hemorragia intraventricular (HIV) grave e morte. Metanálise de rede de Sotiropoulous et al (2024) com 1003 pacientes em 12 estudos mostrou que a alta concentração inicial de oxigênio reduziu as chances de morte em comparação com a baixa e possivelmente reduziu a mortalidade. A alta FIO2 inicial teve maiores chances em comparação com a baixa FiO2 de atingir SpO 2  ≥ 80% em 5 minutos. Por quê? Esses bebês <26 semanas estão numa fase canalicular, a vasculatura pulmonar em bebês prematuros é menos sensível ao oxigênio e a hipóxia por troca gasosa inadequada pode então contribuir potencialmente para a depressão respiratória e menor ventilação. As metas atuais de saturação de oxigênio recomendadas pelo NRP são baseadas em bebês nascidos a termo submetidos a clampeamento imediato do cordão umbilical (ICC) e que não necessitam de suporte respiratório. Há estudos em andamento nesse tema, enquanto isso médicos podem, se concentrar na titulação dos níveis de oxigênio para atingir uma SpO2 2mínima de 80% em 5 minutos após o nascimento

 

A Influência da Corioamnionite no Impulso Respiratório e na Respiração Espontânea de Prematuros ao Nascer: uma Revisão Narrativa

A Influência da Corioamnionite no Impulso Respiratório e na Respiração Espontânea de Prematuros ao Nascer: uma Revisão Narrativa

The influence of chorioamnionitis on respiratory drive and spontaneous breathing of premature infants at birth: a narrative review. Panneflek TJR, Kuypers KLAM, Polglase GR, Derleth DP, Dekker J, Hooper SB, van den Akker T, Pas ABT.Eur J Pediatr.     20 24Jun;183(6):2539-2547. doi: 10.1007/s00431-024-05508-4. Epub 2024 Apr 1.PMID: 38558311 Artigo    Gratis!Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A respiração espontânea adequada é, portanto, fundamental para uma ventilação não invasiva eficaz. Bebês prematuros afetados por qualquer tipo de corioamnionite necessitam de reanimação com mais frequência e mais extensivamente ao nascer (esses bebês apresentaram redução do esforço respiratório e da oxigenação). Tal fato ocorre devido a elevada concentração de inibidores da respiração, como adenosina, prostaglandina E2 (PGE2) mediada pela inflamação. Os médicos devem estar cientes de que os bebês prematuros afetados por corioamnionite podem, portanto, necessitar de reanimação com mais frequência e mais extensivamente ao nascer. Como os bebês prematuros já têm dificuldade em respirar espontânea e eficazmente ao nascer, estimular e apoiar a respiração espontânea nestes bebês com uma gestão ótima da oxigenação e possíveis agentes farmacêuticos (como cafeína, um antagonista não seletivo do receptor de adenosina ) pode reduzir a necessidade de ventilação invasiva.

O contato pele a pele na sala de parto para bebês muito prematuros promove a interação e o vínculo mãe-filho

O contato pele a pele na sala de parto para bebês muito prematuros promove a interação e o vínculo mãe-filho

Delivery room skintoskin contact for preterm infants-A randomized clinical trial. Mehler K, Hucklenbruch-Rother E, Trautmann-Villalba P, Becker I, Roth B, Kribs A. Acta Paediatr. 2020 Mar;109(3):518-526. doi: 10.1111/apa.14975. Epub 2019 Sep 16.PMID: 31423649 Clinical Trial. Alemanha.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

O CONTATO PELE A PELE (CPP) NA SALA DE PARTO PARA BEBÊS MUITO PREMATUROS PROMOVE A INTERAÇÃO E O VÍNCULO MÃE-FILHO. O CPP na sala de parto  é iniciado aproximadamente 45 minutos após o nascimento e continua por 60 minutos sob supervisão da equipe neonatal. A separação nas primeiras horas após o nascimento resulta numa interação mãe-filho menos ótima um ano mais tarde. O CPP após o nascimento ativa ainda mais a liberação de ocitocina e níveis mais elevados de oxitocina afetam positivamente a interação entre pais e filhos. Esses autores demonstraram segurança e o benefício do CPP na sala de parto para bebês com mais de 25 semanas de gestação. O CPP na sala de parto  é um esforço de equipe e a implementação bem-sucedida requer uma estreita colaboração dos especialistas que cuidam de ambos, o neonato e a mãe.

Agentes cardíacos durante a reanimação cardiopulmonar neonatal

Agentes cardíacos durante a reanimação cardiopulmonar neonatal

Cardiac Agents during Neonatal Cardiopulmonary ResuscitationRamsie M, Cheung PY, O’Reilly M, Roberts CT, Polglase GR, Schmölzer GM.Neonatology. 2024;121(2):157-166. doi: 10.1159/000535502. Epub 2024 Jan 16.PMID: 38228124 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A epinefrina (adrenalina) é atualmente o único agente cardíaco recomendado durante a reanimação neonatal. As diretrizes de reanimação de adultos recomendaram anteriormente o uso de vasopressina; no entanto, faltam estudos neonatais necessários para criar diretrizes. Essa revisão resultados conflitantes em relação à eficácia da epinefrina através de diversas vias de acesso (óssea, endovenosa, endotraqueal, nasal, intramuscular e supraglótica). As atuais diretrizes de reanimação neonatal recomendam que a epinefrina seja administrada principalmente por via intravenosa ou intraóssea, sendo a via endotraqueal uma alternativa se essas vias não forem viáveis ​​ou malsucedidas (0,01 e 0,03 mg/kg, que deve ser repetida a cada 3–5 minutos durante as compressões torácicas). A vasopressina pode ser uma alternativa à epinefrina; no entanto, os dados neonatais são escassos.

Efeito do manejo clínico precoce na acidemia metabólica em neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica

Efeito do manejo clínico precoce na acidemia metabólica em neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica

Effect of early clinical management on metabolic acidemia in neonates with hypoxic-ischemic encephalopathy. Thuo E, Lyden ER, Peeples ES.J Perinatol. 2024 May 20. doi: 10.1038/s41372-024-02005-2. Online ahead of print.PMID: 38769336.

Realizado por Paulo R. Margotto

Os neonatos que receberam tratamento com bicarbonato aumentaram o tempo até o pH normal em comparação com o grupo controle. ]. Isto pode ser devido em parte à produção de CO 2 pela administração de bicarbonato, resultando em aumento de CO 2 intracelular e subseqüente acidose intracelular “paradoxal”. Em análises univariadas, a administração de bicarbonato em nossa coorte foi associada a taxas mais altas de ressonância magnética anormal e morte. Essas descobertas são consistentes com preocupações pré-clínicas de que a diminuição do pH no interstício cerebral após asfixia perinatal demonstrou aumentar a lesão neuronal no modelo de leitão. É improvável que haja um papel para a administração de bicarbonato na ressuscitação imediata ou aguda de recém-nascidos com EHI. Nos complementos, uma discussão sobre o bicarbonato, uma Terapia Basicamente INÚTIL!

Ressuscitação com cordão intacto versus cordão pinçado em prematuros tardios e recém-nascidos a termo: um estudo controlado randomizado

Ressuscitação com cordão intacto versus cordão pinçado em prematuros tardios e recém-nascidos a termo: um estudo controlado randomizado

Resuscitation with Intact Cord Versus Clamped Cord in Late Preterm and Term Neonates: A Randomized Controlled Trial. Raina JS, Chawla D, Jain S, Khurana S, Sehgal A, Rani S.J Pediatr. 2023 Mar;254:54-60.e4. doi: 10.1016/j.jpeds.2022.08.061. Epub 2022 Oct 18.PMID: 36265571.

Realizado por Paul R. Margotto.

O International Liaison Committee on Resuscitation recomenda que o clampeamento do cordão deva ser adiado por pelo menos 30 a 60 segundos em neonatos a termo e prematuros vigorosos, enquanto a Organização Mundial da Saúde recomenda um atraso de 60 a 180 segundos antes de clampear o cordão.  No entanto, em neonatos que não respiram ao nascer, não há evidências suficientes sobre ressuscitação com cordão intacto e, portanto, início de ventilação com pressão positiva (VPP ) tem precedência sobre o clampeamento tardio do cordão. O clampeamento imediato do cordão e a transferência de um recém-nascido que não respira para um leito separado para priorizar o início da VPP priva o recém-nascido do sangue remanescente na placenta e pode atrasar o estabelecimento de uma troca gasosa pulmonar bem-sucedida e circulação neonatal. Se a circulação placentária puder continuar durante a ressuscitação, pode haver atenuação da hipóxia, hipoglicemia e acidose que ocorrem durante o período de asfixia. O presente estudo randomizado e controlado, incluindo bebê de cesariana,   comparando o efeito da ressuscitação com cordão intacto versus cordão pinçado na transição fisiológica de recém-nascidos recebendo ventilação com pressão positiva (VPP) no nascimento mostrou: a proporção de recém-nascidos que receberam VPP foi menor no grupo de ressuscitação com cordão intacto (28,7% vs 36,5%, P = 0,05; risco relativo, 0,79; IC 95%, 0,61-1,01). Recém-nascidos no grupo de ressuscitação de cordão intacto apresentaram melhores escores de Apgar, frequência cardíaca e saturação de oxigênio em cada subgrupo. Assim, , a ressuscitação com cordão intacto resulta em melhor transição fisiológica pós-natal do que a prática padrão de ressuscitação após clampeamento imediato do cordão.

CUIDADO INTEGRAL AO RECÉM-NASCIDO ASFIXIADO NA UNIDADE NEONATAL (1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal, 30/11 a 1/12/2022)

CUIDADO INTEGRAL AO RECÉM-NASCIDO ASFIXIADO NA UNIDADE NEONATAL (1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal, 30/11 a 1/12/2022)

Katti Randall (EUA).

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Sabemos que procedimento Hipotermia Terapêutica (HT) é seguro, efetivo, mas nem sempre sem consequência! No entanto, o risco vale o benefício! Mesmo nos EUA nem todos os Centros oferecem hipotermia e temos que separar o bebê da família, enviando-o a um Centro preparado para o seu resfriamento. E isso constitui para o bebê um estresse tóxico. Essa separação é estressante para o bebê e a família. E assim, combinamos dano cerebral + estresse. É de grande importância que saiamos aplicar os CUIDADOS DO DESENVOLVIMENTO a esses bebês submetidos à HT ( proteger o sono, a dor e o estresse  e atividades de apoio na vida diária [alimentação, posicionamento, cuidado centrado na família]) e depois o ambiente, que não seja barulhento, cheio de muito superestímulo.  Como podemos aplicar aos recém-nascidos que estão sendo resfriados os Cuidados de Desenvolvimento. Aplicando as seis letras COOLME (Conter e oferecer um bom suporte postural: apoiar o corpo do bebê prematuro o mais próximo  possível da posição em que o bebê estaria no útero; Ofereça um ambiente sensorial de cura, observando o sono e procurar ataques epilépticos no EEG de amplitude (o cérebro danificado não pode organizar os padrões de sono: lactentes resfriados com resultados ruins tiveram retorno do ciclo sono-vigília após 48 horas; lactentes normotérmicos com bons resultados eram mais propensos a ter retorno do ciclo sono vigília antes de 24 horas); Otimize a nutrição e talvez ofereça alimentação; Look (olhe para a pele com frequência; Minimizar a dor e o sofrimento (há uma tendência nos  Estados Unidos  ao uso de analgesia no resfriamento (em  estudo sobre  uso da dexmedetomidina durante o resfriamento [DICE TRIAL, com previsão de término em 2024) e finalmente  a última letra (E) que é  Encorajar o abraço e conectar com o bebê. Segundo Katti Randall  esse é o seu preferido. A Experiência Emocional foi dividida em 3 categorias principais a partir dos pais: Experiência traumática (“quero dizer, foi horrível vê-lo tremer e sentir frio”); Perda da normalidade (incapacidade de fornecer cuidados básicos ao bebê, como  troca de fraldas, alimentação) e  Separação do bebê (a separação física imposta pela hipotermia afetou negativamente sua capacidade de se relacionar com o bebê). Então para minimizar esses sentimentos  devemos mudar a nossa atitude, nessas 72 de resfriamento, incorporando os pais nos cuidados da UTIN, recuperando a paternidade (de segurar para defender) e apoiando outras família com casos de hipotermia. A Equipe de Randall avaliou a segurança da família EM SEGURAR O BEBÊ EM HIPOTERMIA TERAPÊUTICA (28 a 200 minutos, média de 82 horas). Não houve mudanças na temperatura  ritmo cardíaco,  saturação de O2 e outros dados. Sabemos então  que podíamos fazer isso seguramente. Os bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) não têm a chance de ter essas experiências iniciais de vínculo. É importante lembrar que os bebês com EHI resfriados não tem a mesma experiência dos demais outros recém-nascidos. Então temos  reassumir  o mais rapidamente possível e quando fazemos o reaquecimento é quase uma segunda chance  da experiência do nascimento (contato pele a pele, amamentar, banho). Façam essas coisas o mais rapidamente possível para conectá-los aos pais. Nos complementos, Renato Procianoy (RS) realça a importância de se evitar a hipertermia nesses bebês (3,6 a 4 vezes para cada grau acima de 37oC!)  aos 6 a 7 anos de idade morte. Morte, QI < 70 e paralisia cerebral ocorreram em maior número no grupo que teve temperatura mais alta, ou seja, a hipertermia é mais deletéria do que a proteção dada pela hipotermia terapêutica. E agora, o que você vai escolher fazer? Sou apenas um (a). Não posso fazer tudo. Não dá para fazer tudo de uma vez, mas posso fazer algo! Com absoluta certeza, podemos sim!