Categoria: Infecções Prinatais Crônicas

Diagnóstico de toxoplasmose congênita: abordagens atuais e novos insights

Diagnóstico de toxoplasmose congênita: abordagens atuais e novos insights

Congenital Toxoplasmosis DiagnosisCurrent Approaches and New Insights.

Márquez-Mauricio A, Caballero-Ortega H, Gómez-Chávez F.Acta Parasitol. 2023 Sep;68(3):473-480. doi: 10.1007/s11686-023-00693-y. Epub 2023 Jun 27.PMID: 37368128 Review.

 

Embora os métodos de diagnóstico já estabelecidos para TC possam ser suficientes em algumas regiões, ainda existe uma procura persistente para desenvolver testes com maior rendimento, custos e redução de tempo nos países em desenvolvimento, onde a prevalência é elevada. Avanços em diferentes técnicas abrem a possibilidade de inovação no diagnóstico da toxoplasmose; novas abordagens, como as TIC, e o uso de proteínas recombinantes específicas do estágio, como SAG1 e BAG1, para diagnosticar a toxoplasmose específica do estágio, têm grande potencial de implementação, pois sua relativa simplicidade de execução pode ser facilmente implementada em quase qualquer contexto socioeconômico . A implementação de um novo teste diagnóstico deve considerar não apenas a especificidade e a sensibilidade, mas também o contexto da localização geográfica onde o diagnóstico é mais necessário e as cepas do parasita circulante. Os critérios POC podem servir de orientação para a tomada de decisões nestes casos, embora alguns impedimentos relativos ao investimento, regulamentação e garantia de qualidade ainda precisem de ser resolvidos.

PROTOCOLO DE VACINAÇÃO DE PREMATUROS NA UTIN E UCIN DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DE BRASÍLIA

PROTOCOLO DE VACINAÇÃO DE PREMATUROS NA UTIN E UCIN DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DE BRASÍLIA

Carlos Moreno Zaconeta, Ludmylla Beleza, Priscila Rabelo Guimarães, Aldo Roberto Ferrini Filho, Gabriela Oliveira Alves, Vitória Mendes de Lima Unidade de Neonatologia do Hospital Materno Infantil de Brasília Dr. Antônio Lisboa.

Os recém nascidos prematuros são imunodeficientes por definição. A imunidade inata é repleta de deficiências. A pele é fina e imatura, incapaz de produzir ácidos graxos. As secreções são pobres em IgA e lisozima. O mecanismo mucociliar é ineficiente e a tosse é fraca. Não é infrequente que utilizem inibidores da bomba de prótons. Os níveis de complemento permanecem baixos até o último trimestre, pois não existe passagem transplacentária, a reserva de neutrófilos equivale a 20% da do RN a termo e são menos deformáveis e os macrófagos são ineficientes na apresentação de antígenos. A imunidade adaptativa também é deficitária pois recebe poucos estímulos da imunidade inata, os linfócitos T tem resposta mais lenta, a produção de IgM e IgG é deficitária, mas em compensação, a imunidade adaptativa responde muito bem ao estímulo com vacinas, mesmo considerando a idade cronológica.

Considerando então a imunodeficiência, que é a  imunidade adaptativa que melhor funciona no prematuro e que esta responde bem ao estímulo com vacinas, era de se esperar que os prematuros fossem considerados população prioritária para receber imunizantes. No entanto, na realidade as taxas de atraso vacinal nos prematuros  são surpreendentemente baixas no mundo inteiro,  variando de 30-70%, com tempo de atraso de 6 a 40 semanas para as diferentes vacinas . Em 2021 foi realizada uma pesquisa na Unidade de Neonatologia do HMIB que mostrou que de 22 prematuros com mais de 60 dias de vida internados na UTI neonatal, apenas um tinha o calendário vacinal completo (4,5%). Em fevereiro de 2022 foi criado um grupo de estudos composto por médicos, enfermeiras e farmacêuticas (incluindo residentes das três áreas) com a finalidade de criar  um protocolo de vacinação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e Unidade de Cuidado Intensivo (UCIN) e que resultou no protocolo aqui apresentado.

Toxoplasmose congênita: ainda devemos nos preocupar com o rastreamento? (Congenital toxoplasmosis: Should we still care about screening?)

Toxoplasmose congênita: ainda devemos nos preocupar com o rastreamento? (Congenital toxoplasmosis: Should we still care about screening?)

Congenital toxoplasmosis: Should we still care about screening?Petersen E, Meroni V, Vasconcelos-Santos DV, Mandelbrot L, Peyron F.Food Waterborne Parasitol. 2022 May 11;27:e00162. doi: 10.1016/j.fawpar.2022.e00162. eCollection 2022 Jun.PMID: 35782022 Free PMC article. Artigo Livre!

Apresentação: Anna Amélia Varela. Coordenação: Diogo Pedroso

Rastreamento da Toxoplasmose Congênita na Secretaria de Estado de Saúde no DF
Danielle Nardi

  • Sabe-se que as cepas do Toxoplasma são mais virulentas no Brasil e diante da falha da profilaxia primária (as gestantes não recebem orientação quanto aos fatores de risco) e secundária ( as gestantes não são diagnosticadas, nem tratadas na gestação) para toxoplasmose, foi instituído o Projeto Piloto no DF de Triagem Neonatal para toxoplasmose congênita em 25/5/2012, desde então cerca de 20-25 casos novos no ano são diagnosticados dessa forma.
  • Salienta-se que esses pacientes diagnosticados pelo teste do pezinho não seriam diagnosticados de outra forma, uma vez que em sua maioria, as mães não foram diagnosticadas com toxoplasmose gestacional e na Sala de Parto essa sorologia não é coletada de forma rotineira como deveria ocorrer para que houvesse um diagnóstico precoce do recém-nascido.

Desde a implantação do exame para avaliação de toxoplasmose congênita no teste do pezinho, os pacientes são direcionados de forma imediata para o ambulatório, onde realizam, na primeira consulta, avaliação com oftalmologista, avaliação clínica e laboratorial e iniciam uso de medicação tríplice(sulfadiazina+ pirimetamina+ ácido folínico), além de realizarem exame de imagem para adequada avaliação cerebral.

Nota Técnica que apresenta fluxograma de diretriz Nacional, para a condução clínica do diagnóstico e tratamento da Toxoplasmose Gestacional e Congênita.

Nota Técnica que apresenta fluxograma de diretriz Nacional, para a condução clínica do diagnóstico e tratamento da Toxoplasmose Gestacional e Congênita.

Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Ações Programácas Estratégicas
Coordenação-Geral de Ciclos da Vida
Coordenação de Saúde das Mulheres

NOTA TÉCNICA Nº 14/2020-COSMU/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS (22/5/2020)

Monkeypox (Varíola dos Macacos): 1) Correspondence: Infecção neonatal pelo vírus Monkeypox 2) Monkeypox na gravidez: virologia, apresentação clínica e manejo obstétrico)

Monkeypox (Varíola dos Macacos): 1) Correspondence: Infecção neonatal pelo vírus Monkeypox 2) Monkeypox na gravidez: virologia, apresentação clínica e manejo obstétrico)

Neonatal Monkeypox Virus Infection. Ramnarayan P, Mitting R, Whittaker E, Marcolin M, O’Regan C, Sinha R, Bennett A, Moustafa M, Tickner N, Gilchrist M, Kershaw A, Rampling T.N Engl J Med. 2022 Oct 12. doi: 10.1056/NEJMc2210828. Online ahead of print.PMID: 36223535 No abstract available. Imperial College London, London, United Kingdom.                                                              e-mail: p.ramnarayan@imperial.ac.uk

A infecção pelo vírus Monkeypox deve ser considerado no diagnóstico diferencial de uma erupção vesicular neonatal. Nos complementos trouxe também o   artigo de Dashraath P et al (2022) que trás possíveis mecanismos e risco de transmissão in-utero da varíola dos macacos e Protocolo de parto para uma paciente grávida com varíola dos macacos. A doença será um desafio para as gestantes, que representam uma população vulnerável durante qualquer emergência de saúde pública de interesse internacional. Por enquanto, grande parte da gestão obstétrica será baseada em consenso e recomendações de melhores práticas.

Trombose Venosa Cerebral Neonatal após Infecção Materna por SARS-CoV-2 na Gravidez

Trombose Venosa Cerebral Neonatal após Infecção Materna por SARS-CoV-2 na Gravidez

Neonatal Cerebral Venous Thrombosis following Maternal SARS-CoV-2 Infection in Pregnancy. Campi F, Longo D, Bersani I, Savarese I, Lucignani G, Haass C, Paolino MC, Vadalà S, De Liso P, Di Capua M, Luciani M, Esposito G, Amante PG, Vigevano F, Dotta A.Neonatology. 2022;119(2):268-272. doi: 10.1159/000520537. Epub 2022 Feb 25.PMID: 35220305 Free article. Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Uma possível consequência da infecção por coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) é o desenvolvimento de um estado trombofílico exacerbado e a trombose venosa cerebral (TVC) é uma complicação rara, mas possível, da infecção por SARS-CoV-2 relatada tanto em adultos e em crianças. O presente relato de caso descreve o curso clínico de um recém-nascido a termo com TVC estendida de origem incerta, cuja mãe desenvolveu infecção por SARS-CoV-2 durante o terceiro trimestre de gravidez. Especulamos que o estado pró-trombótico induzido pela infecção materna por SARS-CoV-2 pode ter desempenhado um papel fisiopatológico no desenvolvimento dessa complicação neonatal grave. Mais investigações são necessárias para confirmar tal hipótese.

 

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Leucomalácia multicística periventricular pré-natal e Toxoplasmose

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Leucomalácia multicística periventricular pré-natal e Toxoplasmose

Paulo R. Margotto.

CASO CLÍNICO

 

Recém-nascido (RN) de 34 sem+ 2 dias, peso de 1905g, comprimento de 44 cm e perímetro cefálico de 28 cm (abaixo do percentil 5 da Curva de Crescimento Intrauterina de Margotto, adotada na Unidade), chorou ao nascer, sem necessidade de reanimação, liquido amniótico claro.

Diagnóstico por ultrassom obstétrico pré-natal de ventriculomegalia + hepatoesplenomegalia. Sorologias maternas: testes rápidos para sífilis e HIV não reagentes / Demais sorologias do primeiro trimestre não reagentes / CMV imune e  Toxoplasmose suscetível. Investigação clínica laboratorial mostrou IgM PARA TOXOPLASMOE REAGENTE,  IgM e IgG não reativos para   citomegalovírus. Líquor céfalo-raquidino com 962 mg de proteínas. Fundo de olho mostrou uveíte/vitreíte em ambos os olhos, sem  coriorretinite, devendo ser revisto. Iniciado tratamento com corticosteroide (devido à hiperproteinorraquia) e sufadiazina+ pirimetamina+ ácido fólico. RM fetal (33 semanas): dilatação do sistema ventricular supratentorial periventricular e outro subcortical no centro semioval esquerdo podendo representa calcificações ou componente hemático.

Mortalidade por Síndrome Congênita do Zika – Estudo de Coorte Nacional no Brasil

Mortalidade por Síndrome Congênita do Zika – Estudo de Coorte Nacional no Brasil

Mortality from Congenital Zika Syndrome – Nationwide Cohort Study in Brazil.Paixao ES, Cardim LL, Costa MCN, Brickley EB, de Carvalho-Sauer RCO, Carmo EH, Andrade RFS, Rodrigues MS, Veiga RV, Costa LC, Moore CA, França GVA, Smeeth L, Rodrigues LC, Barreto ML, Teixeira MG.N Engl J Med. 2022 Feb 24;386(8):757-767. doi: 10.1056/NEJMoa2101195.PMID: 35196428.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Análises de dados do registro nacional brasileiro mostraram que as taxas de mortalidade entre crianças com síndrome congênita do Zika até 3 anos de idade foram mais de 11 vezes maiores do que entre aquelas sem a síndrome. Entre as crianças nascidas vivas com síndrome congênita do Zika, o risco de morte não diferiu materialmente de acordo com o status de microcefalia ou o momento e a presença ou ausência de erupção cutânea relatada pela mãe. O risco de morte entre os bebês menores foi semelhante, independentemente do status da síndrome congênita do Zika; no entanto, as crianças com síndrome congênita do Zika que nasceram a termo ou que tiveram um peso normal ao nascer tinham mais de 12 vezes mais chances de morrer do que suas contrapartes sem a síndrome. Por fim, observamos que as condições classificadas como malformações congênitas, doenças do sistema nervoso e certa doenças infecciosas  eram mais comuns causas de morte entre crianças com síndrome congênita da Zika do que aquelas sem a síndrome.

Esses achados chamam a atenção para a importância da prevenção primária da infecção em mulheres em idade fértil contra picadas de Aedes aegypti.

Destruição e insuficiência do tecido placentário por COVID-19 causa natimorto e morte neonatal por lesão hipóxico-isquêmica: um estudo de 68 casos com placentite SARS-CoV-2 de 12 países

Destruição e insuficiência do tecido placentário por COVID-19 causa natimorto e morte neonatal por lesão hipóxico-isquêmica: um estudo de 68 casos com placentite SARS-CoV-2 de 12 países

Placental Tissue Destruction and Insufficiency from COVID-19 Causes Stillbirth and Neonatal Death from Hypoxic-Ischemic Injury: A Study of 68 Cases with SARS-CoV-2 Placentitis from 12 Countries. Schwartz DA, Avvad-Portari E, Babál P, Baldewijns M, Blomberg M, Bouachba A, Camacho J et al..Arch Pathol Lab Med. 2022 Feb 10. doi: 10.5858/arpa.2022-0029-SA. Online ahead of print.PMID: 35142798.

Realizado por Paulo  Margotto

                                         

                                           Nesse estudo as mães NÃO foram vacinadas para a COVID-19!

 

Esses autores descobriram que a placentite por SARS-CoV-2 pode causar danos extensos à placenta como resultado de lesões destrutivas e que o dano pode ser ainda mais exacerbado por anormalidades patológicas adicionais. Aumento da fibrina e deposição maciça de fibrina perivilosa, intervilosite histiocítica crônica e a necrose trofoblástica resulta em destruição considerável do leito capilar viloso acompanhada de obstrução do espaço interviloso, causando má perfusão e insuficiência placentária incompatíveis com a sobrevida intrauterina. A hipóxia fetal que se segue pode levar a uma morte fetal hipóxico-isquêmica ou morte neonatal. É uma sorte que essa sequência de eventos se desenvolva em apenas uma pequena porcentagem de mulheres grávidas com COVID-19.

ENTREVISTA A MÍDIA PELO PRINCIPAL AUTOR DA PESQUISA, DR. DAVID SCHWARTZ:

 

David Schwartz, o principal autor da pesquisa, relatou que anteriormente pensava-se que a Covid-19 afetava os fetos, assim como outros vírus fazem no momento da infecção. No entanto, o SARS-CoV-2 age diretamente na placenta, a destruindo amplamente.

“Muitos desses casos tiveram mais de 90% da placenta destruída – muito assustador”, disse Schwartz. “Nunca vimos esse nível de destruição de uma doença infecciosa antes. Isso tornou a placenta imprópria para cumprir suas funções”, completa ainda.

Normalmente, o tecido da placenta é um tom avermelhado, saudável e esponjoso, mas nas amostras analisadas estavam rígidos e com descolorações escuras de tecido morto.  “Não é o feto que está sendo atacado e destruído pelo vírus. É a placenta”, finaliza Schwartz.

 

 

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Calcificações intracranianas

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Calcificações intracranianas

Paulo R. Margotto.

Recém-nascido a termo, paro normal, Apgar de 9,10, idade gestacional 40 sem 6 dias, peso ao nascer de 2700g perímetro cefálico  de 31cm ,comprimento de 47 cm, Pequeno para a idade gestacional (PIG) Simétrico e Microcefalia (Curva de crescimento intrauterino de Margotto,PR 1995- [Intrauterine growth curves: study of 4413 single live births of normal pregnancies].Margotto PR.J Pediatr (Rio J). 1995 Jan-Feb;71(1):11-21. doi: 10.2223/jped.696.PMID: 14689030 Free article. Portuguese). Mãe apresentou exantema com prurido  com 37 semanas de idade gestacional.  Com 5 horas, crise convulsiva motora tônica à esquerda (recebeu fenobarbital- sem novos episódios). EEG mostrou atividade elétrica levemente desorganizada para a idade, transientes com incidência aumentada, uma crise eletrográfica região centro parietal esquerda. Foi associado o levetiracetam. Apresentou rastreio para infecção positivo associado à piora clínica sendo tratado para sepse tardia. Hemocultura positiva par E. coli. Tomografia computadorizada de crânio mostrou extensos focos de calcificações periventriculares. A ultrassonografia transfontanelar mostrou  calcificação na região parietal bilateral. O seguimento conjunto com a Infectologia Pediátrica mostrou: -toxoplasmose: sorologias da mãe e do recém-nascido não reagente, -citomegalovírus: PCR na urina não detectado, -sorologia de arboviroses, dengue e chikungunya: IgG reagente, IgM não reagente; -Zeca vírus: não reagente –Parvovirose B19: IgG reagente e IgM reagente.  Alta hospitalar com acompanhamento com Pediatra, Infectologia Pediátrica, Neurologia Pediátrica.