Aspectos importantes no seguimento neonatal
Palestra administrada por Sara B DeMauro (EUA), ocorrida no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.
Realizado por Paulo R. Margotto.
Nessa Palestra é enfocado o seguimento do prematuro, principalmente os extremos prematuros. Dados dos Estados Unidos, Austrália e Suíça mostram que 15-20% dos prematuros extremos apresentam um coeficiente de desenvolvimento (um escore cognitivo) mais ou menos de 2 desvios padrões abaixo do esperado. À medida que essas crianças avançam, na idade escolar, começamos então a medir a inteligência e observamos que ao longo do tempo esses bebês tendem a ter um QI quase 1 desvio padrão abaixo da média esperada e nos últimos 20 anos não melhoramos muito esses desfechos. A avaliação da criança deve ser sempre seriada, sendo fundamental nos primeiros anos de vida. Sabemos que as crianças crescem, mudam e evoluem e temos que checá-las muitas e muitas vezes para entendermos como estão crescendo e desenvolvendo. É importante lembrarem que temos que dar apoio as famílias e ajudá-las a antecipar que as coisas podem piorar, mas também que há chance delas melhorarem e dar todo o apoio necessário para as crianças melhorarem. Adoramos e odiamos o Bayley que é quantitativo e não qualitativo.Ele diz o que a crianças está fazendo (direito ou não, fazendo uma forma atípica ou típica) e a qualidade dos movimentos no primeiros não de vida é fundamental. Então não é suficiente fazer o Bayley e relatar os resultados. É fundamental incorporar avaliação neuromotora padronizada para olhar a qualidade dos movimentos também e essas são as avaliações que nos dizem se a criança tem risco de paralisia cerebral (GMA [General Movements Assesment]: 0-5 meses que permite discutirmos com os familiares em relação a esses resultados e decidir como vamos manejar esses bebês; Hammersmith Infant Neurologic: 6-12 anos. A Paralisia cerebral (PC) é permanente, s não muda, mas a má disfunção muda ao longo do tempo (é permanente, mas não imutável). A incidência é de 10,5% nos bebês < 27 semanas na Suécia e 12% nos bebês < 27 semanas nos Estados Unidos. Usamos com mais frequência o GMFCS (Gross Motor Function Classification System). Aqui diz o que a criança pode fazer e não o que não pode fazer! O escore vai de I a V. O mais cedo que conseguimos diagnosticar o distúrbio do desenvolvimento da coordenação motora é com 5 anos. Entre as crianças muito prematuras, aproximadamente metade tem o diagnóstico de déficit de coordenação motora (DCM) aos 5 anos, diferente da paralisia cerebral que pode ser diagnosticada aos 5 meses. A ferramenta que mais usamos é a M-ABC- Movement Assesment Battery for Children.Tem outras, mas a M-ABC é ótima. O déficit de atenção não é decisivo isoladamente, mas associa-se a aumentado risco de vários problemas (problemas emocionais, linguagem , comportamento). Como referido é essencial avaliação repetida longitudinalmente em todos os domínios para corretamente identificar e classificar os atrasos e as deficiências, para dar a família o suporte necessário para que essas crianças tenha sucesso na vida. Ao lermos estudo de seguimento é importante que conheçamos qual é a versão da Escala Bayley que foi usada.