Categoria: Nutrição do Recém-nascido

A trajetória de peso mais rápida leva a melhores resultados de desenvolvimento neurológico em bebês com baixo peso ao nascer com displasia broncopulmonar?

A trajetória de peso mais rápida leva a melhores resultados de desenvolvimento neurológico em bebês com baixo peso ao nascer com displasia broncopulmonar?

Does faster weight trajectory lead to improved neurodevelopmental outcomes in ELBW infants with bronchopulmonary dysplasia?

Munoz FA, Carter EH, Edwards EM, Jerome M, Litt JS.J Perinatol. 2023 Oct 28. doi: 10.1038/s41372-023-01808-z. Online ahead of print.PMID: 37898685.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Esse estudo analisou o efeito no pós-natal das trajetórias de peso nos resultados do neurodesenvolvimento, especificamente naqueles bebês com displasia broncopulmonar (DPB). Já é do nosso conhecimento que bebês nascidos em idades gestacionais mais precoces e com menor peso ao nascer apresentaram DBP mais grave. Este estudo sugere que em bebês com baixo peso ao nascer, uma trajetória de peso mais rápida está significativamente associada a uma diminuição do risco de comprometimento moderado a grave do desenvolvimento neurológico em bebês com DBP de grau 1–2, mas a um risco aumentado de comprometimento do desenvolvimento neurológico naqueles com DBP de grau 3. É possível que o DBP de Grau 3 represente um fenótipo distinto da doença. é possível que o ganho de peso tenha sido desproporcional ao ganho linear e tenha resultado em excesso de massa gorda nesses bebês, um fenômeno que tem sido associado ao aumento do risco de desenvolver DBP, crescimento cerebral anormal e desenvolvimento neurológico adverso em prematuros e com baixo peso ao nascer.

 

Nutrição enteral do pré-termo: incertezas e controvérsias (26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023)

Nutrição enteral do pré-termo: incertezas e controvérsias (26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023)

Palestra administrada por Neena Modi (Reino Unido) no 26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Entre as incertezas, o aporte proteico e o uso de leite pasteurizado de doadora. A ingesta proteica de 3,5 a 4,5 g/kg/dia é excessiva e perigosa para os prematuros. A própria fortificação do leite humano, em alguns  bebês pode excede 5g/kg/dia. A alta ingesta de proteína é muito perigosa. Quanto ao neurodesenvolvimento, comparando uma oferta proteica de 3,4 x 2,6 g/kg de proteína, o grupo com maior oferta proteica  teve, significativamente  mais neurodesabilidade moderada a severa (RR ajustado de 1,95), mais moderado a severo atraso cognitivo (RR ajustado de 3,81) e menor escore Bayley III de linguagem (89,4 versus 92,5). Esse estudo representa uma evidência mais recente de alta qualidade que nos sugere ter o cuidado de dar proteína extra aos bebês. Há evidência de que exceder um aporte proteico acima de 2,5g/kg/dia de aminoácidos na primeira semana de vida pós-natal coloca em risco o neurodesenvolvimento e deve ser provavelmente evitado. Ureia sanguínea abaixo de 2 mmol/L sugere aporte inadequado de proteína. Acima de 5,7mmol/L, na ausência de lesão renal ou hemorragia gastrointestinal sugere uma ingesta proteica muito alta. O segundo ponto polêmico: leite pasteurizado de doadoras: o leite da própria mãe é o melhor para os bebês, principalmente os prematuros mas frequentemente há um volume inadequado disponível. O aleitamento materno é a medicina personalizada. Há evidências de qualidade moderada de que a alimentação com fórmula, particularmente fórmula para prematuros, em comparação com leite materno de doadora aumenta as taxas de ganho de peso, crescimento linear e crescimento da cabeça em bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer hospitalizados. No entanto, o risco de enterocolite necrosante é maior com fórmula (1,87, IC 95% 1,23 a 2,85). Quanto ao neurodesenvolvimento: mais crianças no grupo de leite doado (27,2%) apresentavam pontuações compostas cognitivas indicativas de neurocomprometimento (<85) em comparação com o grupo de fórmula (16,2%). Estudo a ser publicado mostrou chance de sobrevida a 34 semanas de idade gestacional pós menstrual foi maior naqueles que receberam leite  da própria mãe e/ou fórmula (n=7058) versos aqueles que receberam leite da própria mãe  e /leite pasteurizado de doadora (n=967). Ficamos muito surpresos com esses dados, mas não podemos ignorá-los. Também não houve diferença na composição corporal entre fortificantes do leite materno com a proteína do leite de vaca versus a proteína do leite humano. Termina a Palestra abordando a comercialização industrial de leite pasteurizado de doadoras (caríssimo). A comercialização do leite humano está perpetuando a diferenças socioeconômicas (mulheres ricas podem pagar por esse produto caro de mulheres que não se beneficiam desse produto para o crescimento de seus bebês!). Esses fatos não são nada edificantes e éticos! Na nossa Unidade priorizamos SEMPRE o leite da própria mãe e caso insuficiente, pelo menos inicialmente, usamos leite materno pasteurizado de doadoras. As fórmulas devem ser evitadas na UTI Neonatal por várias razões entre as quais o risco maior de abundância significativa de genes de resistência a antibióticos (aumento de 70% em relação aos bebês alimentados apenas com leite materno ou alimentados com leite  pasteurizado de doadoras suplementado com fortificante tanto com a proteína do leite humano como a proteína bovina). Nos casos em que os bebês precisam de nutrição suplementar, a adição de fortificante ao leite humano pasteurizado pode ter menos impacto no potencial de resistência a antibióticos do que a mudança para a fórmula.

O Efeito da Administração de Colostro Orofaríngeo nos Resultados Clínicos de Bebês Prematuros: Uma Metanálise

O Efeito da Administração de Colostro Orofaríngeo nos Resultados Clínicos de Bebês Prematuros: Uma Metanálise

The effect of oropharyngeal colostrum administration on the clinical outcomes of premature infants: A meta-analysis. Fu ZY, Huang C, Lei L, Chen LC, Wei LJ, Zhou J, Tao M, Quan MT, Huang Y.Int J Nurs Stud. 2023 Aug;144:104527. doi: 10.1016/j.ijnurstu.2023.104527. Epub 2023 May 19.PMID: 37295286.Review. Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

A administração de colostro orofaríngeo pode reduzir a incidência de enterocolite necrosante, sepse tardia, intolerância alimentar e mortalidade, encurtar o tempo para alimentação enteral completa e levar a uma recuperação mais rápida do peso ao nascer em bebês prematuros. A frequência apropriada de administração de colostro orofaríngeo pode ser a cada 4 horas e a duração ideal pode ser de 8 a 10 dias. Portanto, recomenda-se que a equipe médica clínica implemente a administração de colostro orofaríngeo para bebês prematuros com base nas evidências existentes.

A nutrição enteral durante a hipotermia terapêutica aumenta o risco de enterocolite necrosante?

A nutrição enteral durante a hipotermia terapêutica aumenta o risco de enterocolite necrosante?

Does enteral nutrition during therapeutic hypothermia increase the risk for necrotizing enterocolitis? Gillen MC, Patel RM. J Perinatol. 2023 Sep 6. doi: 10.1038/s41372-023-01771-9. Online ahead of print.PMID: 37673941 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A introdução da nutrição enteral durante a hipotermia terapêutica não foi associada a um risco aumentado de enterocolite necrosante e foi associada a uma melhor sobrevida, menor tempo de internação e diminuição da duração da nutrição parenteral

 

Associações entre amamentação e mortes infantis pós-perinatal nos Estados Unidos

Associações entre amamentação e mortes infantis pós-perinatal nos Estados Unidos

Associations Between Breastfeeding and Postperinatal Infant Deaths in the U.S.Ware JL, Li R, Chen A, Nelson JM, Kmet JM, Parks SE, Morrow AL, Chen J, Perrine CG.Am J Prev Med. 2023 May 21:S0749-3797(23)00239-8. doi: 10.1016/j.amepre.2023.05.015. Online ahead of print.PMID: 37220859.

Realizado por Paulo R. Margotto

Este estudo de uma grande coorte de aproximadamente 10 milhões de bebês nascidos nos Estados Unidos (EUA) durante 2016–2018 encontrou uma forte associação entre o início da amamentação e a redução da mortalidade infantil pós-perinatal em todas as 7 regiões geográficas e na maioria dos estados individuais. A promoção e o apoio ao aleitamento materno podem ser uma estratégia para reduzir a mortalidade infantil nos EUA.

Suplementos Nutricionais Na Melhora Dos Resultados Dos Prematuros

Suplementos Nutricionais Na Melhora Dos Resultados Dos Prematuros

Palestra administrada pelo Dr. Ravi Mangal Patel (EUA) ocorrida no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023, sob Coordenação dos Dr. Renato Procianoy e Rita Silveira.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

VITAMINA A: devidosua importância potencial no crescimento epitelial e desenvolvimento de órgãos que tem bastante epitélio, o  seu uso intramuscular de 5000 UI 3 vezes por semanas por 4 semanas teve uma redução absoluta de apenas 7% na Displasia broncopulmonar (DBP) sem alteração na mortalidade, uma das razões porque mais de 80% dos neonatologistas americanos não usam a Vitamina A com esse objetivo. Estudos posteriores mostraram que  redução foi mais importante nos bebês de menor risco para DBP. VITAMINA D: embora o leite humano seja crítico para a saúde de bebês prematuros, é pobre nesse nutriente em relação às necessidades dos lactentes durante o crescimento. A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda uma dose de 200–400 UI de vitamina D por dia para bebês prematuros  e a Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN) recomenda 800–1.000 UI (essa deficiência bioquímica é reduzida no dia 28 pela suplementação com 200 UI/dia e evitada com 800 UI/dia!). Mesmo com fórmula os bebês não recebem quantidade suficiente de Vitamina D! Em casos de raquitismo, considerar avaliar a concentração de 25-OH-D, com alvo de uma concentração sérica >20ng/ml (50 nml/L). Muitas crianças não estão recebendo quantidade adequada de Vitamina D, nos Estados Unidos (87 a 95% das crianças em amamentação e 63-80% dos que recebem fórmulas). A Vitamina D pode também afetar a imunidade  e a função respiratória e deficiente status de Vitamina D associou-se com aumento de: risco de diabetes tipo 1, chiado durante a infância precoce e  risco de  infecção pelo vírus sincicial respiratório. VITAMINA E: as evidências não suportam o uso rotineiro de suplementação de vitamina E por via intravenosa em altas doses  ou visando níveis séricos de tocoferol superiores a 3,5 mg/dl (aumenta o risco de sepse e hemorragia cerebral parenquimatosa). FERRO: O tratamento com ferro após a anemia pode não reverter déficits neurológicos e cognitivos associados. A deficiência crônica grave de ferro na infância identifica crianças que continuam em risco de desenvolvimento e comportamento > 10 anos após o tratamento com ferro. Como o ferro é necessário para a mielinização normal, a via de transmissão nesses sistemas sensoriais pode ser afetada pela deficiência precoce de ferro. Uma fonte exógena de 2-4 mg/kg/dia de ferro é recomendada durante o período de crescimento estável, começando em 4-8 semanas e continuando até 12-15 meses de idade. É improvável que a suplementação enteral e intravenosa de ferro contribua significativamente para a patogênese da DBP. Altas doses de ferro podem afetar a saúde intestinal por meio do microbioma. ACIDO DOCOSAHEXANOICO (DHA) pode aumentar o risco de DBP, mas melhora o QI. – ZINCO pode reduzir a mortalidade e melhorar o crescimento linear e  ARGININA pode diminuir a enterocolite necrosante  em pequenos ensaios (esses achados necessitam de confirmação!).

O componente do leite humano mio-inositol promove conectividade neuronal

O componente do leite humano mio-inositol promove conectividade neuronal

The human milk component myoinositol promotes neuronal connectivity. Paquette AF, Carbone BE, Vogel S, Israel E, Maria SD, Patil NP, Sah S, Chowdhury D, Kondratiuk I, Labhart B, Morrow AL, Phillips SC, Kuang C, Hondmann D, Pandey N, Biederer T.Proc Natl Acad Sci U S A. 2023 Jul 25;120(30):e2221413120. doi: 10.1073/pnas.2221413120. Epub 2023 Jul 11.PMID: 37433002. Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Este estudo revela benefícios substanciais do componente do leite humano mio-inositol para o desenvolvimento de sinapses entre espécies, inclusive em neurônios humanos (o mio-inositol promove a conectividade neuronal e pode orientar as recomendações dietéticas em todas as fases da vida. O mio-inositol promove a conectividade neuronal e pode orientar as recomendações dietéticas em todas as fases da vida. Esse componente  é mais proeminente durante os estágios iniciais da lactação, quando as conexões neuronais se formam rapidamente no cérebro infantil.

 

Consulta a Dra. Hélida Adelina Maia a respeito do artigo POR QUE TEMOS MEDO DE MAMADEIRAS E CHUPETAS

Consulta a Dra. Hélida Adelina Maia a respeito do artigo POR QUE TEMOS MEDO DE MAMADEIRAS E CHUPETAS

Why do we fear bottles and pacifiers? Kuitunen I.Acta Paediatr. 2023 Jul;112(7):1392-1394. doi: 10.1111/apa.16780. Epub 2023 Apr 7.PMID: 37277973 No abstract available. Finlândia.

Consulta à Fonoaudióloga Clínica da Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF, Especialista  em Linguagem e Tutora do Método Canguru, Dra.  Hélida Adelina Maia.

As mamadeiras e chupetas são grandes aliados para solucionar vários problemas, em situações diferentes. Não deveriam ser tão radicalmente abomináveis porque tem suas devidas recomendações. Talvez os maiores problemas encontrados estão exatamente na hora da interrupção do seu uso.

Por que temos medo de mamadeiras e chupetas?

Por que temos medo de mamadeiras e chupetas?

Why do we fear bottles and pacifiers? Kuitunen I.Acta Paediatr. 2023 Jul;112(7):1392-1394. doi: 10.1111/apa.16780. Epub 2023 Apr 7.PMID: 37277973 No abstract available. Finlândia

Realizado por Paulo R. Margotto.

As chupetas demonstraram melhorar a função oral. A metanálise de 2022 relatou que a introdução de chupetas em recém-nascidos prematuros encurtou a duração da sonda nasogástrica até a alimentação oral e o tempo total de hospitalização. Revisões Cochrane anteriores também relataram que a sucção não nutritiva era benéfica para neonatos prematuros. Evidências de melhor qualidade de estudos randomizados sugerem que chupetas não prejudicam a amamentação.

A suplementação enteral de zinco afeta o crescimento e o neurodesenvolvimento em bebês prematuros?

A suplementação enteral de zinco afeta o crescimento e o neurodesenvolvimento em bebês prematuros?

Does enteral zinc supplementation affect growth and neurodevelopment in preterm infants? Creed PV, Rose RS.J Perinatol. 2023 Jun;43(6):823-826. doi: 10.1038/s41372-023-01698-1. Epub 2023 May 18.PMID: 37202445 No abstract available. Estados Unido

Realizado por Paulo R. Margotto.

Esta metanálise mostrou que em bebês prematuros, a suplementação de zinco está associada à melhora do peso e comprimento aos 3-6 meses de idade com evidência moderada de certeza. O efeito da suplementação de zinco no perímetro cefálico foi estatisticamente significativo apenas para bebês PIG com evidência de certeza moderada. A suplementação com zinco melhorou os escores motores em bebês aos seis meses de idade, mas a certeza da evidência foi muito baixa.