Categoria: Nutrição do Recém-nascido

Estratégias nutricionais atualizadas para otimizar o desenvolvimento do cérebro

Estratégias nutricionais atualizadas para otimizar o desenvolvimento do cérebro

2º Internacional de Neuromonitorização da PBSF  em Neuroproteção e Neuromonitorização Neonatal. Nicholas Embleton (Inglaterra).

Realizado por Paulo R. Margotto.

O crescimento do cérebro  é muito mais expressivo nos bebês em relação aos macacos ( de 24 semanas a 2 anos o cérebro cresce 90% em volume no bebês!). O cérebro humano é 10-20 maior do que o dos animais, porque nos temos a capacidade de crescer o cérebro. O aumento do suprimento nutricional para o recém-nascido de muito baixo peso associou-se com melhora da maturação da substância branca e crescimento da cabeça. A baixa ingesta de energia durante as primeira 4 semanas de vida aumenta o risco de severa retinopatia da prematuridade (ROP). DHA (ácido ducosahexanoico) e ARA (ácido aracdônico) diminui a ROP e melhora a inteligência aos 5 anos de idade. Quanto ao leite materno, de preferência  sempre o da própria mãe, os que o receberam apresentaram maiores volumes cerebrais, amígdala-hipocampo, cerebelo e organização da substância branca (corpo caloso, braço posterior da cápsula interna e cerebelo). O leite da própria mãe reduz doença como displasia broncopulmonar, enterocolite necrosante, levando a menos inflamação e melhor cérebro (maior crescimento cerebral  com maior conectividade à ressonância magnética).

Monografia da Neonatologia-2024 (HMIB/SES/DF):APRESENTAÇÃO:Avaliação nutricional dos recém-nascidos com idade gestacional menor que 28 semanas e sua associação com o desenvolvimento da displasia broncopulmonar

Monografia da Neonatologia-2024 (HMIB/SES/DF):APRESENTAÇÃO:Avaliação nutricional dos recém-nascidos com idade gestacional menor que 28 semanas e sua associação com o desenvolvimento da displasia broncopulmonar

Amanda Silva Franco Molinari. Orientadora:  Miza Maria Barreto de Araújo Vidigal. Co-orientação: Profª. Dra. Alessandra de Cássia Gonçalves Moreira.

Não houve diferenças significativas entre os grupos com e sem displasia broncopulmonar (DBP) quanto ao estado nutricional,  deficiente em ambos os grupos. A incidência de DBP: 31% (1 em cada, 3 DBP grave). Houve um risco aumentado de 2,9 vezes para retinopatia da prematuridade  e de 1,5 vezes para mortalidade nos  bebês com DBP grave, assim como maior tempo de ventilação mecânica, maior número de transfusões e maior tempo de internação nos bebês com DBP.

Monografia da Neonatologia-2024 (HMIB/SES/DF):Avaliação nutricional dos recém-nascidos com idade gestacional menor que 28 semanas e sua associação com o desenvolvimento da displasia broncopulmonar

Monografia da Neonatologia-2024 (HMIB/SES/DF):Avaliação nutricional dos recém-nascidos com idade gestacional menor que 28 semanas e sua associação com o desenvolvimento da displasia broncopulmonar

Amanda Silva Franco Molinari. Orientadora: Dra. Miza Maria Barreto de Araújo
Vidigal. Co-orientação: Profª. Dra. Alessandra de Cássia Gonçalves Moreira

Não houve diferenças significativas entre os grupos com e sem displasia broncopulmonar (DBP) quanto ao estado nutricional,  deficiente em ambos os grupos. A incidência de DBP: 31% (1 em cada, 3 DBP grave). Houve um risco aumentado de 2,9 vezes para retinopatia da prematuridade  e de 1,5 vezes para mortalidade nos  bebês com DBP grave, assim como maior tempo de ventilação mecânica, maior número de transfusões e maior tempo de internação nos bebês com DBP.

 

Os efeitos da nutrição enteral e parenteral precoce na retinopatia da prematuridade: uma revisão sistemática

Os efeitos da nutrição enteral e parenteral precoce na retinopatia da prematuridade: uma revisão sistemática

The Effects of Early Enteral and Parental Nutrition on Retinopathy of Prematurity: A Systematic Review.Mandala VK, Urakurva AK, Gangadhari S, Kotha R Sr.Cureus. 2023 Nov 18;15(11):e49029. doi: 10.7759/cureus.49029. eCollection 2023 Nov.PMID: 38116356 . Review. ARTIGO GRÁTIS!

Apresentação: Iago Silva de Almeida | R4 Terapia Intensiva Pediátrica – HMIB. Coordenação: Carlos Zaconeta

 

O manejo de recém-nascidos prematuros deve considerar o grave problema da retinopatia da prematuridade (ROP). Uma revisão sistemática foi conduzida para reconhecer efetivamente como a nutrição enteral e parenteral precoce afeta o crescimento e a progressão da ROP. O estudo resume descobertas recentes de várias fontes para fornecer informações sobre a relação entre práticas alimentares e riscos de ROP. Quando não tratada, a retinopatia da prematuridade (ROP) pode causar perda grave de visão ou cegueira em recém-nascidos prematuros. As duas últimas fases da progressão da ROP são as mais graves. A nutrição precoce de uma criança, tanto por via oral como intravenosa, tem impacto significativo na gravidade e progressão da ROP. Esta revisão sistemática tem como objetivo examinar as evidências que ligam a nutrição precoce à ROP em bebês prematuros. O estudo utilizou Embase, Scopus e PubMed para conduzir nossa pesquisa. ROP, recém-nascidos prematuros e nutrição foram palavras-chave utilizadas para encontrar artigos relevantes. Nove estudos de pesquisa passaram pelo processo de triagem e ofereceram informações importantes sobre o impacto da dieta na ROP. Estes estudos apoiam a ideia de que a má nutrição é uma força motriz por trás do início da ROP. O risco de ROP tem sido associado ao desenvolvimento pós-natal, hiperglicemia, níveis de ácidos graxos poliinsaturados e presença de leite materno. Descobriu-se também que as perspectivas para a ROP são afetadas pelo período de tempo que o paciente recebeu alimentação parenteral. A incidência e gravidade da ROP podem ser atenuadas proporcionando melhor nutrição aos recém-nascidos prematuros. Este estudo abrangente conclui que a nutrição precoce, tanto enteral quanto parenteral, influencia substancialmente o desenvolvimento e a progressão da ROP em recém-nascidos prematuros. A importância da nutrição nos cuidados neonatais é realçada pela possibilidade de que métodos dietéticos melhorados possam ajudar na prevenção e no tratamento desta doença que ameaça a visão

Ingestão adequada de fósforo na nutrição parenteral previne a doença metabólica óssea da prematuridade em bebês de extremo baixo peso

Ingestão adequada de fósforo na nutrição parenteral previne a doença metabólica óssea da prematuridade em bebês de extremo baixo peso

Appropriate Phosphorus Intake by Parenteral Nutrition Prevents Metabolic Bone Disease of Prematurity in Extremely Low-Birth-Weight Infants. Motokura K, Tomotaki S, Hanaoka S, Yamauchi T, Tomotaki H, Iwanaga K, Niwa F, Takita J, Kawai M.JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2021 Aug;45(6):1319-1326. doi: 10.1002/jpen.1993. Epub 2020 Sep 8.PMID: 32789876.

Apresentação: Karoline Silva de Araujo (R4 Neonatologia/HMIB/SES/DF. Coordenação: Nathalia Bardal.

A doença óssea metabólica (DMO) é um distúrbio comum em bebês com peso extremamente baixo ao nascer (EBPN). No entanto,nenhum estudo investigou se a suplementação de altas doses de cálcio (Ca) e fósforo (P) por nutrição parenteral (NP)previne DMO em bebês com baixo peso ao nascer. Este estudo teve como objetivo identificar o efeito da NP sobre o DMO em bebês com baixo peso ao nascer. Métodos: Nós analisamos retrospectivamente bebês com EBP que foram internados entre abril de 2011 e março de 2017. Os bebês com EBP foram divididos em grupo com baixo P (n = 22) e o grupo com alto P (n = 26) de acordo com a dose de P parenteral. Marcadores bioquímicos e radiológicos de DMO e tratamentos foram analisados. Resultados: A ingestão parenteral média diária de Ca e P na primeira semana foi significativamente maior no grupo com alto P do que no grupo com baixo P (ambos P ≤ 0,001). Os níveis séricos de fosfatase alcalina (ALP) foram significativamente maior no grupo com baixo P do que no grupo com alto P no primeiro mês. Bebês com baixo peso de baixo peso no grupo com baixo teor de P receberam alfacalcidol muito com mais frequência do que aqueles no grupo com alto P. Houve uma tendência de maior taxa de alterações radiográficas no grupo com baixo teor de P do que no grupo com baixo teor de P. Nenhum bebê desenvolveu fraturas ósseas. Conclusão: A ingestão adequada de P pelo NP é necessária para garantir alta ingestão de Ca, reduz os níveis de fosfatase alcalina no primeiro mês e previne DMO por hiperparatireoidismo e não piora os achados radiográficos em bebês​ EBPN.

A trajetória de peso mais rápida leva a melhores resultados de desenvolvimento neurológico em bebês com baixo peso ao nascer com displasia broncopulmonar?

A trajetória de peso mais rápida leva a melhores resultados de desenvolvimento neurológico em bebês com baixo peso ao nascer com displasia broncopulmonar?

Does faster weight trajectory lead to improved neurodevelopmental outcomes in ELBW infants with bronchopulmonary dysplasia?

Munoz FA, Carter EH, Edwards EM, Jerome M, Litt JS.J Perinatol. 2023 Oct 28. doi: 10.1038/s41372-023-01808-z. Online ahead of print.PMID: 37898685.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Esse estudo analisou o efeito no pós-natal das trajetórias de peso nos resultados do neurodesenvolvimento, especificamente naqueles bebês com displasia broncopulmonar (DPB). Já é do nosso conhecimento que bebês nascidos em idades gestacionais mais precoces e com menor peso ao nascer apresentaram DBP mais grave. Este estudo sugere que em bebês com baixo peso ao nascer, uma trajetória de peso mais rápida está significativamente associada a uma diminuição do risco de comprometimento moderado a grave do desenvolvimento neurológico em bebês com DBP de grau 1–2, mas a um risco aumentado de comprometimento do desenvolvimento neurológico naqueles com DBP de grau 3. É possível que o DBP de Grau 3 represente um fenótipo distinto da doença. é possível que o ganho de peso tenha sido desproporcional ao ganho linear e tenha resultado em excesso de massa gorda nesses bebês, um fenômeno que tem sido associado ao aumento do risco de desenvolver DBP, crescimento cerebral anormal e desenvolvimento neurológico adverso em prematuros e com baixo peso ao nascer.

 

Nutrição enteral do pré-termo: incertezas e controvérsias (26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023)

Nutrição enteral do pré-termo: incertezas e controvérsias (26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023)

Palestra administrada por Neena Modi (Reino Unido) no 26º  Congresso de Perinatologia ocorrido em  Florianópolis (SC)  entre os dia 11-14 de outubro de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Entre as incertezas, o aporte proteico e o uso de leite pasteurizado de doadora. A ingesta proteica de 3,5 a 4,5 g/kg/dia é excessiva e perigosa para os prematuros. A própria fortificação do leite humano, em alguns  bebês pode excede 5g/kg/dia. A alta ingesta de proteína é muito perigosa. Quanto ao neurodesenvolvimento, comparando uma oferta proteica de 3,4 x 2,6 g/kg de proteína, o grupo com maior oferta proteica  teve, significativamente  mais neurodesabilidade moderada a severa (RR ajustado de 1,95), mais moderado a severo atraso cognitivo (RR ajustado de 3,81) e menor escore Bayley III de linguagem (89,4 versus 92,5). Esse estudo representa uma evidência mais recente de alta qualidade que nos sugere ter o cuidado de dar proteína extra aos bebês. Há evidência de que exceder um aporte proteico acima de 2,5g/kg/dia de aminoácidos na primeira semana de vida pós-natal coloca em risco o neurodesenvolvimento e deve ser provavelmente evitado. Ureia sanguínea abaixo de 2 mmol/L sugere aporte inadequado de proteína. Acima de 5,7mmol/L, na ausência de lesão renal ou hemorragia gastrointestinal sugere uma ingesta proteica muito alta. O segundo ponto polêmico: leite pasteurizado de doadoras: o leite da própria mãe é o melhor para os bebês, principalmente os prematuros mas frequentemente há um volume inadequado disponível. O aleitamento materno é a medicina personalizada. Há evidências de qualidade moderada de que a alimentação com fórmula, particularmente fórmula para prematuros, em comparação com leite materno de doadora aumenta as taxas de ganho de peso, crescimento linear e crescimento da cabeça em bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer hospitalizados. No entanto, o risco de enterocolite necrosante é maior com fórmula (1,87, IC 95% 1,23 a 2,85). Quanto ao neurodesenvolvimento: mais crianças no grupo de leite doado (27,2%) apresentavam pontuações compostas cognitivas indicativas de neurocomprometimento (<85) em comparação com o grupo de fórmula (16,2%). Estudo a ser publicado mostrou chance de sobrevida a 34 semanas de idade gestacional pós menstrual foi maior naqueles que receberam leite  da própria mãe e/ou fórmula (n=7058) versos aqueles que receberam leite da própria mãe  e /leite pasteurizado de doadora (n=967). Ficamos muito surpresos com esses dados, mas não podemos ignorá-los. Também não houve diferença na composição corporal entre fortificantes do leite materno com a proteína do leite de vaca versus a proteína do leite humano. Termina a Palestra abordando a comercialização industrial de leite pasteurizado de doadoras (caríssimo). A comercialização do leite humano está perpetuando a diferenças socioeconômicas (mulheres ricas podem pagar por esse produto caro de mulheres que não se beneficiam desse produto para o crescimento de seus bebês!). Esses fatos não são nada edificantes e éticos! Na nossa Unidade priorizamos SEMPRE o leite da própria mãe e caso insuficiente, pelo menos inicialmente, usamos leite materno pasteurizado de doadoras. As fórmulas devem ser evitadas na UTI Neonatal por várias razões entre as quais o risco maior de abundância significativa de genes de resistência a antibióticos (aumento de 70% em relação aos bebês alimentados apenas com leite materno ou alimentados com leite  pasteurizado de doadoras suplementado com fortificante tanto com a proteína do leite humano como a proteína bovina). Nos casos em que os bebês precisam de nutrição suplementar, a adição de fortificante ao leite humano pasteurizado pode ter menos impacto no potencial de resistência a antibióticos do que a mudança para a fórmula.

O Efeito da Administração de Colostro Orofaríngeo nos Resultados Clínicos de Bebês Prematuros: Uma Metanálise

O Efeito da Administração de Colostro Orofaríngeo nos Resultados Clínicos de Bebês Prematuros: Uma Metanálise

The effect of oropharyngeal colostrum administration on the clinical outcomes of premature infants: A meta-analysis. Fu ZY, Huang C, Lei L, Chen LC, Wei LJ, Zhou J, Tao M, Quan MT, Huang Y.Int J Nurs Stud. 2023 Aug;144:104527. doi: 10.1016/j.ijnurstu.2023.104527. Epub 2023 May 19.PMID: 37295286.Review. Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

A administração de colostro orofaríngeo pode reduzir a incidência de enterocolite necrosante, sepse tardia, intolerância alimentar e mortalidade, encurtar o tempo para alimentação enteral completa e levar a uma recuperação mais rápida do peso ao nascer em bebês prematuros. A frequência apropriada de administração de colostro orofaríngeo pode ser a cada 4 horas e a duração ideal pode ser de 8 a 10 dias. Portanto, recomenda-se que a equipe médica clínica implemente a administração de colostro orofaríngeo para bebês prematuros com base nas evidências existentes.

A nutrição enteral durante a hipotermia terapêutica aumenta o risco de enterocolite necrosante?

A nutrição enteral durante a hipotermia terapêutica aumenta o risco de enterocolite necrosante?

Does enteral nutrition during therapeutic hypothermia increase the risk for necrotizing enterocolitis? Gillen MC, Patel RM. J Perinatol. 2023 Sep 6. doi: 10.1038/s41372-023-01771-9. Online ahead of print.PMID: 37673941 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A introdução da nutrição enteral durante a hipotermia terapêutica não foi associada a um risco aumentado de enterocolite necrosante e foi associada a uma melhor sobrevida, menor tempo de internação e diminuição da duração da nutrição parenteral

 

Associações entre amamentação e mortes infantis pós-perinatal nos Estados Unidos

Associações entre amamentação e mortes infantis pós-perinatal nos Estados Unidos

Associations Between Breastfeeding and Postperinatal Infant Deaths in the U.S.Ware JL, Li R, Chen A, Nelson JM, Kmet JM, Parks SE, Morrow AL, Chen J, Perrine CG.Am J Prev Med. 2023 May 21:S0749-3797(23)00239-8. doi: 10.1016/j.amepre.2023.05.015. Online ahead of print.PMID: 37220859.

Realizado por Paulo R. Margotto

Este estudo de uma grande coorte de aproximadamente 10 milhões de bebês nascidos nos Estados Unidos (EUA) durante 2016–2018 encontrou uma forte associação entre o início da amamentação e a redução da mortalidade infantil pós-perinatal em todas as 7 regiões geográficas e na maioria dos estados individuais. A promoção e o apoio ao aleitamento materno podem ser uma estratégia para reduzir a mortalidade infantil nos EUA.