Categoria: Distúrbios Respiratórios

Tumores do Sistema Nervoso Central em Neonatos: O Que o Neonatologista Precisa Saber?

Tumores do Sistema Nervoso Central em Neonatos: O Que o Neonatologista Precisa Saber?

Central nervous system tumours in neonates: what should the neonatologist know? Toniutti M, et al. Eur J Pediatr. 2024. PMID: 38206395 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

A maioria dos autores define as neoplasias como definitivamente congênitas se os sintomas aparecerem no período pré-natal ou no nascimento, provavelmente congênitas se os sintomas aparecerem na primeira semana de vida, e possivelmente congênitas se os sintomas aparecerem dentro de seis meses após o nascimento. O primeiro sinal de um tumor congênito com início pré-natal é geralmente polidrâmnio, mais comumente no segundo e terceiro trimestre, secundário à disfunção hipotalâmica e ao alto débito cardíaco. Mesmo no início neonatal, o principal sinal de um tumor cerebral neonatal é a macrocefalia (50-60%). No período neonatal, a ultrassonografia transfontanelar costuma ser a principal etapa diagnóstica. a ultrassonografia pode observar diretamente massas intracranianas ou indicar sua presença por meio de sinais indiretos, como a hidrocefalia. No entanto, o padrão-ouro diagnóstico continua sendo a ressonância magnética. O prognostico dos tumores neonatais do SNC costuma ser ruim, sobretudo devido às opções terapêuticas limitadas. .  Os neonatologistas desempenham um papel fundamental na detecção precoce, avaliação diagnóstica, manejo e cuidados de suporte desses neonatos.

Maior ingestão de líquidos e menor ingestão calórica: risco associado de displasia broncopulmonar grave em bebês com baixo peso ao nascer

Maior ingestão de líquidos e menor ingestão calórica: risco associado de displasia broncopulmonar grave em bebês com baixo peso ao nascer

Higher fluid and lower caloric intakesassociated risk of severe bronchopulmonary dysplasia in ELBW infants. Kolitz D, Przystac L, Tucker R, Oh W, Stonestreet BS.J Perinatol. 2024 Mar 8. doi: 10.1038/s41372-024-01928-0. Online ahead of print.PMID: 38459372.

Realizado por Paulo R. Margotto

A ingestão total cumulativa de líquidos (ml/kg) foi significativamente maior em bebês que desenvolveram DBP grave nas primeiras duas semanas de vida do primeiro dia até a semana 12, em comparação com bebês que não desenvolveram DBP grave. O aumento da ingestão calórica até a semana 12 reduziu as chances de desenvolver DBP grave em aproximadamente quatro por cento para cada kcal/kg. O presente estudo também demonstrou associação entre o desenvolvimento de DBP grave e trajetórias reduzidas de crescimento de peso, comprimento e perímetro cefálico. Há muito se reconhece que bebês com DBP demonstram baixo crescimento pós-natal

Tolerância diurética à furosemida em doses repetidas em bebês nascidos muito prematuros com displasia broncopulmonar

Tolerância diurética à furosemida em doses repetidas em bebês nascidos muito prematuros com displasia broncopulmonar


Diuretic Tolerance to RepeatedDose Furosemide in Infants Born Very Preterm with Bronchopulmonary Dysplasia.
Bamat NA, Huber M, Shults J, Li Y, Zong Z, Zuppa A, Eichenwald EC, Laughon MM, DeMauro SB, McKenna KJ, Laskin B, Lorch SA.J Pediatr. 2024 Mar;266:113813. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113813. Epub 2023 Nov 2.PMID: 37918519.

Realização por Paulo R. Margotto.

A tolerância é descrita como uma resposta diurética inicial que diminui de magnitude ao longo do tempo. A magnitude da resposta diurética inicial foi reduzida aproximadamente para metade no segundo dia de exposição e novamente reduzida para metade no terceiro dia. O aumento inicial nas taxas de fluxo urinário diminuiu com as doses subsequentes, aproximando-se dos valores basais e atingindo significância estatística após a terceira dose. Interessante que a tolerância ao diurético furosemida não foi modificada pela coadministração de diuréticos tiazídicos. Os médicos devem observar que os efeitos diuréticos da furosemida diminuem rapidamente durante exposições a doses repetidas. São necessárias pesquisas que caracterizem a farmacologia da furosemida na displasia broncopulmonar (DBP) estabelecida e que avaliem os efeitos comparativos de estratégias de dosagem alternativas nos desfechos renais e pulmonares.

Uso de diuréticos no manejo da displasia broncopulmonar em prematuros: uma revisão sistemática

Uso de diuréticos no manejo da displasia broncopulmonar em prematuros: uma revisão sistemática

Diuretics use in the management of bronchopulmonary dysplasia in preterm infants: A systematic review.Ó Briain E, Byrne AO, Dowling J, Kiernan J et al.Acta Paediatr. 2024 Mar;113(3):394-402. doi: 10.1111/apa.17093. Epub 2024 Jan 12.PMID: 38214373 Review. Irlanda.Email: obriee32@tcd.ie.  ARTIGO GRATIS!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os diuréticos são usados ​​na displasia broncopulmonar (DBP) para melhorar a mecânica pulmonar e as trocas gasosas. Uma minoria dos estudos não encontrou melhorias pulmonares após terapia diurética ( para  crianças com menos de 3 semanas de idade, a administração de furosemida tem efeitos pequenos ou inconsistentes). A presente revisão enfatiza a necessidade de mais pesquisas para otimizar estratégias de tratamento e desenvolver diretrizes baseadas em evidências (há poucos estudos controlados e randomizados). Assim,  eficácia dos diuréticos no tratamento da displasia broncopulmonar permanece incerta. Na nossa prática clínica reservamos o uso de diuréticos para casos de edema pulmonar (a furosemida diminui o edema pulmonar, diminuindo a resistência vascular pulmonar: furosemida na dose de 1m/kg/dia).

Monografia da Neonatologia-2024 (HMIB/SES/DF):Avaliação nutricional dos recém-nascidos com idade gestacional menor que 28 semanas e sua associação com o desenvolvimento da displasia broncopulmonar

Monografia da Neonatologia-2024 (HMIB/SES/DF):Avaliação nutricional dos recém-nascidos com idade gestacional menor que 28 semanas e sua associação com o desenvolvimento da displasia broncopulmonar

Amanda Silva Franco Molinari. Orientadora: Dra. Miza Maria Barreto de Araújo
Vidigal. Co-orientação: Profª. Dra. Alessandra de Cássia Gonçalves Moreira

Não houve diferenças significativas entre os grupos com e sem displasia broncopulmonar (DBP) quanto ao estado nutricional,  deficiente em ambos os grupos. A incidência de DBP: 31% (1 em cada, 3 DBP grave). Houve um risco aumentado de 2,9 vezes para retinopatia da prematuridade  e de 1,5 vezes para mortalidade nos  bebês com DBP grave, assim como maior tempo de ventilação mecânica, maior número de transfusões e maior tempo de internação nos bebês com DBP.

 

Manejo da hérnia diafragmática congênita no Sydney Children´s Hospital Network

Manejo da hérnia diafragmática congênita no Sydney Children´s Hospital Network

Congenital Diaphragmatic Hernia Management 17 Follow-up. 17 References. 18. Guideline No20149056 v2 Guideline: Congenital Diaphragmatic Hernia Management. … See Figure 2. Guideline No20149056 v2 Guideline: Congenital Diaphragmatic Hernia Management. Guideline | Sydney Children’s Hospital Network. https://resources.schn.health.nsw.gov.au/policies/policies/2014-9056.pdf. 

Data da Publicação: Date of Publishing: 22 April 2021

Apresentação: Amanda Silva Franco Molinari. Coordenação: Diogo Pedroso

                                                          Residência em Neonatologia do HMIB/SE/DF (Ano 34)

  • A ventilação de alta frequência (VAF) é uma estratégia de proteção pulmonar para reduzir a lesão pulmonar associada ao ventilador.
  • A justificativa fisiológica para o uso da VAF deriva de sua capacidade de preservar o volume pulmonar expiratório final, evitando lesão pulmonar.
  • Nos complementos: os resultados do estudo recente de Semama C et al  sugerem que a VAF continua sendo uma escolha válida para a ventilação inicial de pacientes com hérnia diafragmática congênita
Hérnia diafragmática congênita: 25 anos de conhecimento compartilhado; e a sobrevivência?

Hérnia diafragmática congênita: 25 anos de conhecimento compartilhado; e a sobrevivência?

Congenital diaphragmatic hernia25 years of shared knowledge; what about survival? Lakshminrusimha S, Vali P.J Pediatr (Rio J). 2020 Sep-Oct;96(5):527-532. doi: 10.1016/j.jped.2019.10.002. Epub 2019 Oct 17.PMID: 31629706 Free PMC article. No abstract available. Artigo Gratis!

Apresentação: Anna Amélia  e Coordenação: Diogo Pedroso (Residência  de Neonatologia do HMIB/SES/DF).

Artigo do famoso Dr. Lakshminrusimha S. (os desenhos explicativos e educativos são seus). Salienta a importância do atraso do clampeamento do cordão, a ventilação suave com volumes baixos (3-4 mL/kg), pressões médias baixas de vias aéreas e baixa pressão expiratória final positiva (aceitando assim hipercapnia permissiva- os pulmões hipoplásico são sensíveis à ventilação-) e fornecer apoio à função cardíaca (principalmente a disfunção de VE), portanto, pode ser tão crítico quanto o manejo da hipertensão pulmonar em bebês com HDC.

Hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido por acidemia metilmalônica: relato de caso e revisão da literatura

Hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido por acidemia metilmalônica: relato de caso e revisão da literatura

Persistent pulmonary hypertension of the newborn due to methylmalonic acidemia: a case report and review of the literature. Hemmati F, Barzegar H.J Med Case Rep. 2023 Jul 11;17(1):288. doi: 10.1186/s13256-023-04031-8.PMID: 37430309 Free PMC article. Review. Artigo Gratis!

Apresentação: R4 Neonatologia: Paolla Bomfim. Coordenação:. Carlos Alberto  Zaconeta.

A hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido que se manifesta com cianose refratária e grave é consequência da elevada resistência vascular pulmonar causando shunt extrapulmonar da direita para a esquerda. Acidose e hipoxemia produzem vasoconstrição pulmonar. A hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido ocorre devido a inúmeras doenças e raramente foi relatada como manifestação de acidemia metilmalônica. Relatamos um recém-nascido com acidemia metilmalônica que apresentou hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido. Apresentação do caso: Uma menina iraniana de 1 dia de idade apresentou desconforto respiratório e acidose metabólica refratária. Nasceu com 39 + 5 semanas de idade gestacional, com Apgar 8 e 9 no 1º e 5º minutos, respectivamente, e apresentava bom estado de saúde até as 10 horas de vida. Após isso, apresentou cianose, taquipneia, retração e hipotonia. Apesar de receber oxigênio, ela apresentava baixa saturação de oxigênio. A ecocardiografia revelou hipertensão pulmonar grave e shunt direita-esquerda através de persistência do canal arterial e forame oval. Sua acidose piorou apesar de receber total apoio e terapia médica. Então, ela iniciou diálise peritoneal. Infelizmente, ela não respondeu ao tratamento e, após sua morte, os exames bioquímicos confirmaram acidemia metilmalônica. Conclusão: A hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido é uma manifestação muito rara de acidemia metilmalónica. Erros inatos graves do metabolismo podem causar danos irreversíveis com morbidade adversa ao longo da vida, e o diagnóstico precoce pode ajudar a prevenir tais complicações. Além disso, o diagnóstico desses distúrbios auxilia no diagnóstico pré-natal através do uso de cultura de amniócitos ou vilosidades coriônicas para detectar mutações genéticas, bem como análises bioquímicas do líquido amniótico para gestações subsequentes.

Quando dizer não ao óxido nítrico inalado em neonatos?

Quando dizer não ao óxido nítrico inalado em neonatos?

When to say no to inhaled nitric oxide in neonates?Chandrasekharan P, Lakshminrusimha S, Abman SH.Semin Fetal Neonatal Med. 2021 Apr;26(2):101200. doi: 10.1016/j.siny.2021.101200. Epub 2021 Jan 22.PMID: 33509680 Review.

Apresentação: Amanda Batista. (R4 Neonatologia do HMIB).Coordenação: Carlos Zaconeta

  • O óxido nítrico inalado (iNO) foi aprovado para uso em recém-nascidos a termo e de curto prazo gravemente enfermos (>34 semanas de idade gestacional) em 1999 para insuficiência respiratória hipóxica (IRH) com evidência de hipertensão pulmonar. Em 2011 e 2014, os Institutos Nacionais de Saúde e a Academia Americana de Pediatria, respectivamente, recomendaram contra o uso de iNO em bebês prematuros <34 semanas. No entanto, essas diretrizes foram baseadas em ensaios realizados com critérios de inclusão e resultados variados. Diretrizes recentes da American Thoracic Society/American Heart Association, da Pediatric Pulmonary Hypertension Network (PPHNet) e da European Pediatric Pulmonary Vascular Disease Network recomendam o uso de NOi em neonatos prematuros com IHR com hipertensão pulmonar confirmada. Esta revisão discute as evidências disponíveis para o uso off-label do iNO. Bebês prematuros com ruptura prolongada de membranas e hipoplasia pulmonar parecem responder ao iNO. Da mesma forma, bebês prematuros com fisiologia de hipertensão pulmonar com shunts extrapulmonares da direita para a esquerda podem potencialmente ter uma resposta de oxigenação ao iNO. É fornecida uma visão geral das contraindicações relativas e absolutas para o uso de iNO em neonatos. As contraindicações absolutas ao uso de iNO incluem doença cardíaca congênita dependente de ductal, onde a circulação sistêmica é sustentada por um shunt ductal da direita para a esquerda, disfunção ventricular esquerda grave e metemoglobinemia congênita grave. Em prematuros, não recomendamos o uso rotineiro de iNO na IRC por doença parenquimatosa pulmonar sem hipertensão pulmonar e uso profilático para prevenir displasia broncopulmonar. São necessários futuros ensaios randomizados avaliando o iNO em bebês prematuros com hipertensão pulmonar e/ou hipoplasia pulmonar.

 

UTI PEDIÁTRICA: Metas de oxigenação conservadoras versus liberais em crianças gravemente doentes (Oxy-PICU):um ensaio clínico multicêntrico, aberto, de grupos paralelos e randomizado no Reino Unido

UTI PEDIÁTRICA: Metas de oxigenação conservadoras versus liberais em crianças gravemente doentes (Oxy-PICU):um ensaio clínico multicêntrico, aberto, de grupos paralelos e randomizado no Reino Unido

Conservative versus liberal oxygenation targets in critically ill children (Oxy-PICU): a UK multicentreopenparallelgrouprandomised clinical trial.

Peters MJ, Gould DW, Ray S, Thomas K, Chang I, Orzol M, O’Neill L, Agbeko R, Au C, Draper E, Elliot-Major L, Giallongo E, Jones GAL, Lampro L, Lillie J, Pappachan J, Peters S, Ramnarayan P, Sadique Z, Rowan KM, Harrison DA, Mouncey PR; Oxy-PICU Investigators of the Paediatric Critical Care Society Study Group (PCCS-SG).Lancet. 2023 Dec 1:S0140-6736(23)01968-2. doi: 10.1016/S0140-6736(23)01968-2. Online ahead of print.PMID: 38048787 . Artigo Gratis!

Apresentação:Iago Silva de Almeida. R4 Terapia intensiva Pediátrica – HMIB. Coordenação: Alexandre Serafim

                                    VALOR ACRESCENTADO DESSE ESTUDO

Esse estudo Oxy-PICU é o primeiro ensaio randomizado de uma meta conservadora de oxigenação em crianças gravemente doentes com poder suficiente para informar sobre a efetividade clínica e o custo-benefício. Demonstra uma probabilidade pequena, mas significativa, maior de um melhor resultado, em termos de menos dias de suporte de órgãos ou morte aos 30 dias com uma meta de oxigenação conservadora quando comparada com a prática atual de metas de oxigenação liberais. As estimativas pontuais para cada componente do desfecho primário favoreceram a oxigenação conservadora. Oxy-PICU fornece os primeiros dados de ensaio em apoio à recomendação atual baseada na opinião de especialistas de uma meta conservadora de oxigenação na insuficiência respiratória grave e sugere que essa meta deve ser estendida a todas as internações de emergência na UTIP que estejam recebendo ventilação mecânica invasiva e terapia suplementar com oxigênio

IMPLICAÇÕES DE TODAS AS EVIDÊNCIA DISPONÍVEIS

±Uma meta de saturação de oxigenação periférica de 88-92% pode fornecer uma probabilidade pequena, mas significativamente maior, de um resultado melhor em termos de duração do suporte de órgãos ou morte, em comparação com a prática atual de oxigenação liberal entre crianças admitidas na UTIP como emergência enquanto recebem ventilação mecânica invasiva e oxigênio suplementar.

±O tamanho do efeito observado é pequeno, mas a população que poderia beneficiar desta intervenção é grande.

±Mais pesquisas são necessárias para definir os indivíduos com maior probabilidade de se beneficiarem de metas de oxigenação conservadoras e as vantagens relativas de metas de oxigenação intermediárias e inferiores.