Mês: julho 2020

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Toxoplasmose Congênita-como evoluem as calcificações

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Toxoplasmose Congênita-como evoluem as calcificações

Paulo R. Margotto.

Recém-nascido (RN) prematuro tardio (36 semanas e 4 dias), peso de 2.435g, AIG, com 2 dias de vida, veio á ecografia transfontanelar para investigar comprometimento cerebral pela Toxoplasmose congênita (mãe IgM+). O exame de fundo de olho evidenciou coriorretinite. Exame realizado pela Dr. Joseleide de Castro que mostrou  hidrocefalia (VD=24,4 mm e VE=20,3 mm), com presença de calcificações cerebrais.

Artigo 5.345: Importância da avaliação e treinamento em USG de crânio para a avaliação do bebê prematuro

Artigo 5.345: Importância da avaliação e treinamento em USG de crânio para a avaliação do bebê prematuro

Paulo R. Margotto.

Live do Lançamento da Plataforma Educacional PBSF: INOVAR COM QUALIDADE EM NEONATOLOGIA (29 de julho de  2020).

A beleza do US craniano vai além do exame, pois ao seu lado há quem espera de você um diálogo franco que possa manter a construção de um futuro programado desde a concepção para aquele bebê. Tudo é em tempo real!

  • Devemos saber dialogar com os pais que esperam atentamente uma palavra que os orientem nesses difíceis momentos.
  • Os pais observam todos os nossos gestos ao realizar o exame.
  • Manter a calma e a serenidade são estratégias que aprendi ao longo desses mais de 30 anos que realizamos US cranianos.
  • Não devemos ficar calados e na surdez ao clamor, emitir friamente laudos (às vezes, remoto)

 

Suspensão da cafeína em neonatos prematuros: quanto tempo para o nível cair abaixo da faixa terapêutica?

Suspensão da cafeína em neonatos prematuros: quanto tempo para o nível cair abaixo da faixa terapêutica?

Stopping caffeine in premature neonates: how long does it take for the level of caffeine to fall below the therapeutic range?Chung J, Tran Lopez K, Amendolia B, Bhat V, Nakhla T, Slater-Myer L, Saslow J, Aghai ZH.J Matern Fetal Neonatal Med. 2020 Feb 20:1-5. doi: 10.1080/14767058.2020.1729117. Online ahead of print.PMID: 32079435.

Apresentação: Jamille Coutinho Alves. Coordenação: Paulo R. Margoto e Marta David Rocha de Moura.

A cafeína é usada no tratamento de apneia em recém-nascidos prematuros por seu baixo efeito colateral, dosagem única diária e maior estabilidade farmacológica.  É eficaz na redução de episódios de apneia.  Aumenta a taxa de sobrevida, reduz a incidência de displasia broncopulmonar e melhora resultados do desenvolvimento neurológico.  A dose recomendada é 20-25 mg/kg com manutenção de 5-10 mg/kg/dia. Período de monitoramento de recorrência de apneia é uma das considerações para alta hospitalar segura, geralmente este período é de 5-7 dias após a suspensão da cafeína. A concentração sérica de cafeína é mantida de 5-20 mg/L em prematuros.

Os autores realizaram análise retrospectiva de todos os recém-nascidos (RN) de muito baixo peso (definido pelos autores ≤1500g) admitidos na UTI nível III, tendo como objetivo primário a proporção de RN com níveis terapêuticos de cafeína 5 dias após a descontinuação (nível baixo [subterapêutico]: <5mg/L versos nível alto: ≥ 5m/L). A cafeína foi usada para todos os prematuros com idade gestacional ≤ 30 semanas e sintomáticos>30 semanas. A dose usada: ataque de 20mg/Kg e dose de manutenção de 5 mg/kg/dia (podendo ser aumentado até 10mg/kg), doses habitualmente usadas por todos nós. A droga foi suspensa na idade gestacional pós-menstrual de 34 semanas e não houver apneia ou eventos relacionados à apneia por 3-4 dias.

Os autores relataram que os bebês que receberam uma dose de manutenção mais alta de cafeína (> 5 mg/kg/dia) têm maior chance de ter um nível de cafeína de ≥ 5 mg/L (2,3 vezes mais com intervalo de confiança de 1,28-4,13 – p<0,05). Bebês prematuros devem ser monitorados quanto à recorrência da apneia por mais de 5 a 7 dias após a interrupção da cafeína ou os médicos podem considerar verificar os níveis de cafeína antes da alta (difícil de realizar no nosso meio!). Nos complementos, comentamos essa preocupação quanto ao nível sérico da cafeína devido ao risco da ocorrência da Hipoxia Intermitente do Prematuro.  Dobson NR et al sugerem o aumento da dose e tempo da cafeína devido a provavelmente insuficiência de concentrações de cafeína devido ao aumento progressivo do metabolismo da cafeína após 36 semanas de idade gestacional pós-menstrual, indicando que estes episódios de hipoxia intermitentes sejam devidos a imaturidade do sistema respiratório. Koch G et al, com bases em simulações, sugerem aumentar a dose de cafeína 1mg/kg a  cada 1-2 semanas nas primeiras 8 semanas (6 mg / kg / dia na segunda semana, 7 mg / kg / dia na terceira à quarta semana e 8 mg / kg / dia na quinta à oitava semana, garante concentrações estáveis de cafeína com um concentração alvo mínima de 15 mg / L evitando assim  episódio de hipoxia intermitente)

 

Apneia nos neonatos prematuros: qual é o papel do refluxo gastroesofágico: Uma revisão sistemática

Apneia nos neonatos prematuros: qual é o papel do refluxo gastroesofágico: Uma revisão sistemática

Apnea in preterm neonates: what’s the role of gastroesophageal reflux? A systematic review.Quitadamo P, Giorgio V, Zenzeri L, Baldassarre M, Cresi F, Borrelli O, Salvatore S.Dig Liver Dis. 2020 Jul;52(7):723-729. doi: 10.1016/j.dld.2020.03.032. Epub 2020 May 15.PMID: 32423847 Review.

Apresentação: Marta David  Rocha de Moura/Paulo R. Margotto.

O QUE ESSE ESTUDO ADICIONA

As evidências atuais sobre o papel da RGE no aparecimento de apneias em neonatos prematuros são precárias e controversas.

  • De acordo com os dados disponíveis, não deve ser iniciado um tratamento empírico com medicamentos anti-refluxo em neonatos prematuros com apneia.
  • Em um subgrupo de neonatos prematuros, os episódios de apneia estão significativamente ligados ao RGE, mas ainda é impossível definir se isso acontece por acaso ou por causa de uma relação causal.
    Os médicos devem tentar identificar esses neonatos por meio de MII-pH combinado e polissonografia ou monitoramento cardiorrespiratório.
  • Na opinião dos autores, futuros ensaios multicêntricos com grandes séries de neonatos são necessários para esclarecer a relação entre apneia da emauridade e RGE.
Achados radiológicos associados ao óbito de recém-nascidos com enterocolite necrosante

Achados radiológicos associados ao óbito de recém-nascidos com enterocolite necrosante

Achados radiológicos associados ao óbito de recém-nascidos … (Artigo Integral!).

Isabela Gusson Galdino dos Santos, Maria Aparecida Mezzacappa, Beatriz Regina Alvares.

Radiol Bras. 2018 Mai/Jun;51(3):166–171.

Ainda que longos períodos de ventilação mecânica até o aparecimento da pneumatose intestinal tenham representado um fator de risco clínico para o óbito, a pneumatose extensa, o pneumoperitônio e a presença de ar no sistema porta compuseram o melhor conjunto de fatores associados a esse desfecho. Tal associação corrobora a importância da radiologia convencional no diagnóstico e acompanhamento da enterocolite necrosante em recém-nascidos.

Neuroanatomia ultrassonográfica

Neuroanatomia ultrassonográfica

Paulo R. Margotto.

Capítulo do Livro NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL Editado por Paulo R. Margotto, HMIB/SES/DF, 2ª Edição, 2020 (no Prelo).

O uso do ultrassom (US) craniano é parte da base do Practice Parameter for Neuroimaging of the Newborn em 2002 que recomenda a realização do US em todos os recém-nascidos (RN) abaixo de 30 semanas (incluímos também os RN abaixo de 32 semanas) com 7-14 dias e novamente com 36-40 semanas de idade pós-concepção. A identificação de marcadores de lesão, principalmente as lesões da substância branca, como ventriculomegalia, hiperecogenicidade e ecoluscência tem sido usada como preditores de deficiente desenvolvimento. As crianças com estes marcadores deverão ser submetidas a intervenções para melhorar o neurodesenvolvimento.

O objetivo deste estudo é possibilitar ao neonatologista realizar o US craniano a beira do leito nos RN de risco no intuito de identificar as principais lesões cerebrais para o início precoce da intervenção. Para isto é fundamental a compreensão da fisiopatologia das lesões cerebrais para dar a Equipe e os aos pais uma explicação embasada sobre as perspectivas futuras sobre a importância da intervenção precoce. O maior respeito ao paciente é abordá-lo com conhecimento. Cuidamos de pacientes com um potencial de vida cada vez maior e o que esperamos sempre, é que este cuidado resulte em vidas com qualidade.

Uma pequena viagem de 2006 a 2020 com o tema Refluxo Gastroesofágico e Apneia! Embarquem! AGORA!

Uma pequena viagem de 2006 a 2020 com o tema Refluxo Gastroesofágico e Apneia! Embarquem! AGORA!

Paulo . Margotto.

Realizamos  uma ligeira revisão sobre o tema de 2006 a 2020, com a Apresentação do Dr. Josef Neu, no 110 Simpósio Internacional de Neonatologia no Rio de Janeiro em junho de 2018.  Existe um amplo consenso de que o refluxo gastroesofágico (RGE) é desencadeado por relaxamentos transitórios do esfíncter esofágico inferior, enquanto a apneia, a bradicardia e a dessaturação resultante são desencadeadas pelo controle respiratório imaturo. É possível que, ocasionalmente, esta última seja uma resposta protetora para evitar que o refluxo entre na via aérea. A apneia, como uma resposta protetora, pode compreender o fechamento reflexo das cordas vocais, resultando em apneia obstrutiva, cessação central da produção neural respiratória ou características de ambos (apneia mista).  Há pouca dúvida de que o refluxo atingindo a laringe ou a faringe pode desencadear apneia, no entanto, os casos de refluxo que chegam a orofaringe são muitos baixos (em torno de 3-3,5%). E para criar mais polêmica, a apneia é que pode ocasionar o RGE (a depressão respiratória, induzida por hipoxia, pode diminuir o tônus do esfíncter esofágico inferior, predispondo ao refluxo). Utilizando técnicas mais refinadas para o diagnóstico do RGE, comprovou que menos de 3% dos eventos cardiorrespiratorios ocorrem após um evento de RGE e este não se associa ao aumento da duração ou gravidade do evento cardiorrespiratório. A grande maioria dos neonatologistas fazem o diagnóstico de RGE devido a presença de apneia, dessaturação, bradicardia e intolerância alimenta. A farmacoterapia para o RGE pode aumentar a morbidade sem evidências claras de eficácia. No entanto, 67% dos neonatologistas entrevistados relataram o uso de medicamento para tratar a apnéia dos prematuros e a maioria (74%) iniciam a terapia empiricamente. Entre os medicamentos, os  supressores de ácidos e os procinéticos são os mais usados. Esses medicamentos podem AUMENTAR os eventos associados ao RGE! Não se deve apoiar medicamentos anti-refluxo na apnéia da prematuridade! Estas medicações supressores de ácidos aumentam significativamente o risco de enterocolite necrosante (6,6x mais!), aumento do risco de sepse (5,5 vezes mais e morte, aumento da gastrina sérica com risco de estenose hipertrófica e alteração da digestão como resultado da diminuição da atividade de lipases dependentes de ácido. A acidez gástrica pode se um mecanismo protetor contra a colonização respiratória e gastrintestinal com patógenos nosocomiais e subsequente bacteremia. Considere a posição prona do lado esquerdo (reduz significativamente o RGE (devido a configuração anatômica do estômago e junção gastroesofágica, menor exposição ao ácido esofágico e maiores relaxamentos esofágicos inferiores). Não há vantagem do uso de bebê conforto, pois aumenta a frequência do RGE. Uso de espessante do leite: não há estudos que evidenciem que aumentando a consistência da dieta diminua o RGE, inclusive pode aumentar o risco de enterocolite necrosante tardia. Finalizando, a mensagem: a campanha “Escolhendo com Sabedoria” (Programa Choosing Wisely) colocou o uso rotineiro de medicamentos anti-refluxo para RGE em prematuros no topo de sua lista de práticas na medicina a ser evitada. Se usar a terapia essa deve ser continuada apenas com benefício claro, monitorado de perto e tentativa de descontinuação porque as mudanças maturacionais podem tornar a farmacoterapia desnecessária. lembrem-se: quanto mais prematuro for o recém-nascido (RN) mais apneia ele apresenta, maior imaturidade do trato gastrintestinal e conseqüentemente mais refluxo gastroesofageano (RGE). As evidências atuais sobre o papel da RGE no aparecimento de apneias em prematuros são precárias e controversas. No entanto, são necessários  futuros ensaios multicêntricos com grandes séries de neonatos para esclarecer a relação entre APNEIA DA PREMATURIDADE  e RGE

Doença do Refluxo Gastroesofágico – 2020

Doença do Refluxo Gastroesofágico – 2020

Cristina Targa Ferreira, Elisa de Carvalho.

Capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, Editado por Paulo R. Margotto, 4ª Edição, Brasília, 2020, no Prelo.

 

O refluxo gastroesofágico (RGE) consiste na passagem do conteúdo gástrico para o esôfago, com ou sem exteriorização em forma de regurgitação e/ou vômito.É um evento fisiológico normal que ocorre em todos os indivíduos, principalmente em lactentes, nos quais resolve espontaneamente até os dois anos de idade, na maioria dos casos. Pode ser um processo considerado normal, fisiológico, que ocorre várias vezes ao dia em lactentes, crianças, adolescentes e adultos, quando não ocasiona sintomas.

Os pais muitas vezes procuram seu pediatra, pois a maioria dos lactentes regurgita nos primeiros meses de vida, sem que isso signifique que eles sejam portadores da  doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).  O refluxo fisiológico do lactente raramente inicia antes de 1 semana de vida ou após os 6 meses. Por outro lado, pode também representar uma doença (DRGE), quando causa sintomas ou complicações, que se associam à morbidade e alterações da qualidade de vida do paciente.