Mês: julho 2020

Malformações congênitas do pulmão: problemas não resolvidos e questões não respondidas

Malformações congênitas do pulmão: problemas não resolvidos e questões não respondidas

Congenital Lung Malformations: Unresolved Issues and Unanswered Questions. Federica Annunziata 1Andrew Bush 2Francesco Borgia 3Francesco Raimondi 1Silvia Montella 1Marco Poeta 1Melissa Borrelli 1Francesca Santamaria 1. Affiliations PMID: 31249823. PMCID: PMC6584787. DOI: 10.3389/fped.2019.00239. Artigo Livre!

Apresentação: Maria Eduarda Canellas – R4 Neonatologia HMIB/SES/DF. Coordenação: Dr. Carlos Zaconeta

Uso do Paracetamol (ou Acetaminofeno) em Recém-Nascidos: benefício e efeitos hemodinâmicos colaterais

Uso do Paracetamol (ou Acetaminofeno) em Recém-Nascidos: benefício e efeitos hemodinâmicos colaterais

Live do XXVII Encontro Internacional de Neonatologia da Santa Casa de São Paulo 923/5/2020) com o Dr. Jaques Belik (Canadá).

Realizado por Paulo R. Margotto.

A partir de uma enquete inicial, constatou-se que a maior parte dos neonatologistas não usa o paracetamol para o tratamento da dor e sim a novalgina. Em torno de 77% dos neonatologistas não relataram alterações na pressão arterial. Aqui no Brasil, o Paracetamol tem sido mais usado na neonatologia para o tratamento da persistência do canal arterial. A novalgina tem efeito analgésico semelhante ao Paracetamol, porém esse tem menor efeito na febre e não tem efeito anti-inflamatório. O Paracetamol atua inibindo a atividade das peroxidases das prostaglandinas. O mecanismo da toxicidade do paracetamol está ligado à formação do composto NAPQI (quando esse se combina com a glutationa endógena, é eliminado por via renal sem levar a efeitos tóxicos). A menor toxicidade hepática do Paracetamol no recém-nascido (RN) provavelmente deva-se ao aumento da capacidade do fígado e do recém-nascido de sintetizar glutationa. Se toxicidade, o antídoto é a N-acetilcisteína (a L-cisteína é um precursor da glutationa). Quanto aos efeitos hemodinâmicos do paracetamol: em adulto e crianças  causa vasodilatação com queda da pressão arterial, assim como em crianças gravemente doentes com doença cardíaca subjacente. A dipirona causa 3,5 vezes mais hipotensão arterial. Quanto aos efeitos vasculares do Paracetamol no recém-nascido (estudo em animais): vasoconstrição arterial pulmonar e sistêmica principalmente no sexo feminino. Tanto em adultos como crianças, o paracetamol induz vasodilatação, ou seja, HIPOTENSÃO! Mecanismo: o paracetamol leva a formação de NAPQI a nível também vascular, não somente em nível de rim e fígado como vimos. Esse é convertido em superóxido que combina com o óxido nítrico, formando o peroxinitrito levando o efeito vasomotor dependente da idade. Assim, evitar o uso indiscriminado do paracetamol como analgésico devido aos efeitos vasculares sistêmicos e pulmonares. Nos complementos, um Linha de Tempo (de 8 anos) do uso do Paracetamol na Neonatologia, pioneiramente usado na UTI Neonatal do HMIB no fechamento do canal arterial (2012-2020)

Diuréticos no recém-nascido: mais controvérsias do que indicações (diuretics in the newborn: more controversies than indications)

Diuréticos no recém-nascido: mais controvérsias do que indicações (diuretics in the newborn: more controversies than indications)

Paulo R. Margotto.

Brasília Med. VOLUME 55; ANO 2018: 1-11

DOI – 10.5935/2236-5117.2018v55a01

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A furosemida tem sido o sétimo medicamento entre os mais usados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Mais de 8% dos pacientes são
expostos a esse agente. Importa observar que os diuréticos são frequentemente prescritos off-label. Não há indicação da Food and Drug Administration quanto ao seu uso em recém-nascidos prematuros, particularmente na prevenção ou no tratamento de displasia broncopulmonar. De todas as terapias adjuntas utilizadas no prematuro com essa displasia, a diurética é uma das mais usadas sem evidências de benefícios substanciais. Este artigo expõe o uso do diurético em várias situações, com ênfase na displasia broncopulmonar. À luz de evidências disponíveis, não há espaço para sua utilização nesse distúrbio, ou, ainda, o uso de espirolactona como “poupadora de potássio”. Ora, se o néfron não responde à aldosterona, também não vai responder ao seu inibidor. Antes de usar a furosemida para tratamento da lesão renal oligúrica, devem ser corrigidas a hipotensão arterial e a significante acidose. A literatura voltada aos adultos mostra que não há justificativas para uso rotineiro de furosemida e albumina contra a resistência antidiurética nos pacientes com hipoalbuminemia. Além disso, esse uso traz efeitos nocivos como ototoxicidade e nefrocalcinose. Embora existam desafios a considerar, devem ser realizados estudos adicionais para garantir que os diuréticos sejam seguros e eficazes em bebês prematuros.

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Lesão cerebral no recém-nascido com cardiopatia congênita crítica (Atresia pulmonar com CIV + PCA + estenose aórtica)

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Lesão cerebral no recém-nascido com cardiopatia congênita crítica (Atresia pulmonar com CIV + PCA + estenose aórtica)

Paulo R. Margotto.

Caso Clínico

 

RN de 38 semanas, com restrição do crescimento intrauterino, parto cesáreo (5/3/2020), Apgar de 8/9. Ecocardiografia: Atresia pulmonar com CIV + PCA + estenose aórtica (iniciado Prostaglandina). Aos 28 dias vida: Blalock Taussig, com necessidade de drogas vasoativas no pós-operatório. Anasarca. 4 dias após: fechamento da caixa torácica. Na evolução: dois episódios de sepse com hemoculturas positivas e trombo cardíaco

DIRETO AO PONTO: Aspiração traqueal nos prematuros extremos ventilados. Qual é a frequência?

DIRETO AO PONTO: Aspiração traqueal nos prematuros extremos ventilados. Qual é a frequência?

Paulo R. Margotto.

Um regime de aspiração de baixa frequência (a cada 8 horas, conforme necessário) pode ser implementado sem aumentar a incidência de infecção hospitalar, pneumonia associada à ventilação mecânica, colonização bacteriana nosocomial das vias aéreas, frequência de reintubação, necessidade de drenagem postural, gravidade da displasia broncopulmonar, mortalidade neonatal, duração ventilação mecânica ou tempo de internação ou seja a uma redução substancial na frequência de aspiração endotraqueal parece ser segura

 

A Fisioterapia na UTI Neonatal

A Fisioterapia na UTI Neonatal

Amanda Torrezan Galigali Pereira da Luz, Ana Carolina Pereira de Oliveira Ziller, Jane Júnia S. Ramos Albernaz, Letícia Martins Narciso, Marcela Soares Silva Ferreira, – Nara Vanessa da Costa Sousa.

Capítulo do livro Assistência o Recém-Nascido de Risco, Editado por Paulo R. Margotto, Brasília, 4a Edição, 2020, no Prelo

A aspiração endotraqueal pode ocasionar uma série de complicações, como hipoxemia, atelectasia, trauma da mucosa, aumento da pressão intracraniana, alterações cardiovasculares diversas, causadas pela hipoxemia e alterações no sistema nervoso autônomo. Portanto, a American Association of Respiratory Care recomenda que as aspirações sejam realizadas de acordo com sinais clínicos e sintomas, como: piora do desconforto respiratório, presença de secreções no interior da cânula, agitação e queda da saturação de oxigênio detectada pela oximetria de pulso.

Pacientes em uso de NO (óxido nítrico), pré-termos extremos, em protocolo de manuseio mínimo e com hemorragia pulmonar devem ser aspirados somente quando for absolutamente necessário. O fisioterapeuta, como parte integrante da equipe multiprofissional, deve garantir que apenas os procedimentos necessários sejam realizados nos recém-nascidos que fazem parte desse tipo de protocolo, especialmente nas primeiras 72h de vida.   

Aspiração: introduzir a sonda correspondente ao tamanho do tubo endotraqueal. (controlar a pressão de sucção (100-120mmHg). Não realize aspiração traqueal com muita frequência (a sucção altera sensivelmente a pressão arterial e o fluxo sanguíneo cerebral com risco de hemorragia intraventricular); por exemplo, observe que o RN com DMH não apresenta muita secreção nas primeiras 48h!”

Discussão Clínica: A antecipação do parto é benéfico na gastrosquise? 140 mmol/L de sódio versos 77 mmol/L de sódio na terapia flúida de manutenção para crianças no Hospital; Tratamento precoce da PCA; Corioamnionite causada por Serratia marcescens em uma gestante

Discussão Clínica: A antecipação do parto é benéfico na gastrosquise? 140 mmol/L de sódio versos 77 mmol/L de sódio na terapia flúida de manutenção para crianças no Hospital; Tratamento precoce da PCA; Corioamnionite causada por Serratia marcescens em uma gestante

Paulo R. Margotto e Equipe Neonatal do Hospital Materno Infantil de Brasília/SES/DF

Apneia Neonatal

Apneia Neonatal

APRESENTAÇÃO: LARISSA ARAÚJO DUTRA DA SILVEIRA. R3 NEONATOLOGIA-HMIB/SES/DF. COORDENAÇÃO: PAULO R.  MARGOTTO.

Apneia no recém-nascido a termo

  • Apneia pode ser a única manifestação de uma convulsão
  • Tramonte e Goodkin: RNT, APGAR 9/9, com 6h de vida iniciou com quadros de apneia
  • Cada convulsão no EEG era acompanhada por manifestações clínicas de apneia e diminuição da saturação de O 2 . Nenhuma atividade clínica convulsiva foi notada durante a observação direta
  • Suspeita de convulsões associadas à apneia poderia ser aventada em recém-nascido a termo quando outras causas de apnEia tivessem sido excluídas. Assim, no recém-nascido a termo, episódios de apneia devem ser vistos como uma manifestação potencial de convulsão e adequadamente avaliadas.
Efeito da aspiração e avaliação de resíduos gástricos no nível de inflamação intestinal, sangramento e peptídeo gastrointestinal

Efeito da aspiração e avaliação de resíduos gástricos no nível de inflamação intestinal, sangramento e peptídeo gastrointestinal

Effect of Aspiration and Evaluation of Gastric Residuals on Intestinal Inflammation, Bleeding, and Gastrointestinal Peptide Level.Parker LA, Weaver M, Murgas Torrazza RJ, Shuster J, Li N, Krueger C, Neu J.J Pediatr. 2020 Feb;217:165-171.e2. doi: 10.1016/j.jpeds.2019.10.036. Epub 2019 Nov 19.PMID: 31757473.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Unidade de Neonatologia do HIB/SES/DF.

 

▪Omitir aspiração e avaliação residual gástrica antes de cada alimentação não alterava os níveis de gastrina e motilina 3 semanas após o nascimento. Embora não significativo, os lactentes submetidos à avaliação residual gástrica apresentaram níveis mais elevados de calprotectina e S100A12 (marcadores de inflamação intestinal), que podem ser clinicamente importantes em lactentes nascidos com muito baixo peso e com risco de intolerância alimentar e doenças inflamatórias intestinais, como enterocolite necrosante.

Assim, esse estudo fornece evidências adicionais para mostrar que avaliar rotineiramente os resíduos gástricos dos bebês antes de cada mamada pode ser desnecessário

Monografia-UTI Pediátrica-Hospital de Base de Brasília,2015:Nível de pressão sonora em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de Brasília – DF

Monografia-UTI Pediátrica-Hospital de Base de Brasília,2015:Nível de pressão sonora em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de Brasília – DF

Paula Jamile Castilho Manzini.

O estudo relatou níveis de pressão sonora que variaram entre 47,70 dB(A) e 70,00 dB(A), com média geral de 60,67 dB(A). Estes resultados estão muito acima dos valores recomendados pela ABNT – 35 a 45 dB(A). Houve discreta elevação dos níveis de pressão sonora nos horários das trocas de plantões, tanto nos períodos diurnos como no período noturno, sem diferenças significativas nestes períodos. As principais fontes de ruído encontradas nos ambientes hospitalares são: conversação entre profissionais e/ou familiares, alarmes sonoros dos equipamentos, alto fluxo de água nas torneiras, corte de papel para enxugar as mãos, uso de enceradeira, fechamento descuidado das portas das unidades. Maior nível de pressão sonora também é encontrado durante as passagens de plantão de médicos e enfermeiros e no transcorrer das visitas médicas. Os efeitos deletérios do nível de pressão aumentado encontrado nessas Unidades são preocupantes, tendo em vista os efeitos fisiológicos que podem causar nos pacientes: aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas, vasoconstrição periférica, dilatação das pupilas, aumento da secreção de adrenalina, aumento da sensação de dor, havendo necessidade de maiores doses de analgesia. Nos links mostramos o quão a UTI Neonatal pode ser dolorosa, estressante e barulhenta. Os neurônios corticais aumentam 10 vezes entre 17-32 semanas (pico entre  28-32 semanas) e assim, o desenvolvimento dos nossos pequeninos ocorre em um ambiente adverso em um momento crítico de suas vidas. O Cuidado Intensivo é uma experiência dolorosa com repercussões no  amanhã para o RN prematuro.  Devemos estar atentos ao intenso desenvolvimento cerebral que está ocorrendo nestes prematuros. Devemos ser facilitadores nesta difícil travessia:-ser menos invasivos; propiciar ambiente sem ruído; sem luz excessiva; menos agressivos nas drogas.