Nutrição Pós-Alta: Aleitamento Materno, Alimentos Complementares, Comportamento Alimentar e Problemas Alimentares / Cuidados Nutricionais do Prematuro na Transição para a Alta Hospitalar
Nadja Haiden (Áustria) /Rita Silveira (RS).
25o Congresso Brasileiro de Perinatologia, entre os dias 1 a 4 de dezembro de 2021, ONLINE.
Realizado por Paulo R. Margotto.
Os bebês prematuros têm uma grande necessidade de nutrientes e por outro lado, apresentam imaturidade dos órgãos, o que contribui para a dificuldade de alcançar a ingesta alimentar adequada capaz de permitir que essas crianças tenham um crescimento adequado. Apresentam mais sono do que um bebê a termo, têm dificuldade na coordenação para manter sucção e deglutição, além de comorbidades persistentes. Há quatro padrões pós-natal ou padrões de crescimento pós-alta (ESPGHAM): AIG (ao nascer) /AIG (alta); PIG/AIG; AIG/PIG e PIG/PIG, ou seja, no momento da alta existem dois padrões: o crescimento apropriado correspondendo ao grupo 1 e 2 e esses bebês têm alta acima do percentil 10 e o segundo padrão é o de bebês que precisam de um catch-up growth, eles recebem alta abaixo do percentil 10 e correspondem aos grupos 3 e 4. Eles têm requisitos muito mais elevados, de tal forma que se em uso de leite materno, precisa de aditivação (50% aditivação é possível atender perfeitamente aos requisitos dos bebês pós-alta), além de que leite materno aditivado no pós-alta, melhora função pulmonar aos 6 anos com melhores parâmetros antropométricos no grupo especial de prematuros com peso abaixo de 1250g até 1 ano de vida e uma melhor função visual. Os bebês amamentados não crescem tanto durante a sua permanência na UTI Neonatal, mas apresentam um crescimento melhor depois, especialmente no quesito perímetro cefálico. Também há uma correlação entre o resultado do neurodesenvolvimento e a amamentação (esse achado e conhecido como paradoxo da amamentação aparente). Como não temos disponível fortificante do leite humano pós-alta, na prática clínica temos intercalado fórmula de transição com o leite humano, com o objetivo de alcançar os objetivos propostos. Os dados disponíveis sugerem que não há um momento específico para a introdução de sólidos que se aplique com segurança a todos os bebês prematuros que constituem uma população de nível extremamente variado em termos do desenvolvimento de habilidades motoras e habilidades orais. Ter em mente que prematuros que desenvolveram disfunção oral necessitam de uma intervenção individualizada conduzida por uma Equipe multidisciplinar que deve incluir clínicos, nutricionistas e fonoaudiólogos especializados na função oral. Nos complementos trouxemos Parte da Palestra proferida pela Dra. Rita Silveira (RS) sobre Cuidados Nutricionais Do Prematuro na Transição para a Alta Hospitalar, ocorrida por ocasião do 25º Congresso Brasileiro de Perinatologia. Na prevenção dos fatores que dificultam a via oral e geram intolerância alimentar, temos que trabalhar na prevenção dessa situação e é por isso que temos o que se chama atualmente de “Feeding Program” que é uma intervenção com treino de deglutição que melhora na habilidade de alimentação. O objetivo é o início da alimentação via oral e obtenção da alimentação exclusiva via oral em um curto período de tempo com prontidão para via oral em idades gestacionais mais precoces. Esse Programa de Estimulação Motora Oral começa com estimulação tátil extra, peri e intra-oral uma vez ao dia por 15 minutos por 10 dias, iniciando ao redor de 31 semanas. É enfatizado o papel do ZINCO que afeta o crescimento e o desenvolvimento cerebral de forma particular entre 24-54 semanas pós-menstrual que é um período muito crítico para a neuronutrição. A fórmula de transição pós-alta do prematuro tem um teor mais adequado de DHA e ARA, proporciona maior crescimento linear, ganho de peso e minerilização óssea. A fórmula de transição já tem um teor adequado de zinco e não precisa acrescentar o zinco (leite humano aditivado precisa de suplementação de zinco: iniciar a partir de 36 semanas de idade corrigida nas crianças em uso de leite materno: 1 mg/kg/dia e aumentamos até o máximo de 5mg/dia aos 6 meses de idade corrigida). No entanto, precisa acrescentar ferro. Fórmula de transição está recomendada para aqueles prematuros que não estão em alimentação com leite materno com idade <34 semanas e peso ao nascer <2000g, até 52 semanas (se nasce com 28 semanas, vai receber até 6 meses de vida) Para aqueles com DBP ou outras comorbidades, é sugerido usar até 9-12 meses de idade corrigida. A indicação pode muitas vezes começar já dentro da UTI para o prematuro <1800g quando o prematuro estiver pronto para alta hospitalar com peso aproximado de 1800g. Lembrar sempre que o leite materno é o padrão ouro nutricional (não devemos nos esquecer jamais!). O segmento do prematuro é uma extensão do cuidado neonatal. Temos que ter manejo adequado na nutrição nas fases precoces da vida, pois isso vai impactar na qualidade de vida do nosso prematuro.