HIPOGLICEMIA NEONATAL: além da Quadriginta Septenm Phobia (representa o número 47)

HIPOGLICEMIA NEONATAL: além da Quadriginta Septenm Phobia (representa o número 47)

Richard A. Polin (EUA).

25º Congresso de  Perinatologia, 1-4 de dezembro de 2021 (ONLINE).

Realizado por Paulo R. Margotto.

O objetivo foi mostrar evidência/ciência no tratamento da hipoglicemia neonatal. Significante hipoglicemia não pode ser definida por um número simples que pode ser universalmente aplicado a todo paciente (varia com o estado da doença, desenvolvimento da maturidade e fisiologia, como por exemplo, substratos alternativos de energia). Não há evidência baseada em estudos que defina os níveis de glicose levando a danos irreversíveis no cérebro dos bebês. Não há evidência que o tratamento da hipoglicemia assintomática melhora o resultado neurológico. Não sabemos em que níveis os Neonatos se tornam neuroglicopênicos.  O efeito a longo prazo da hipoglicemia persistente assintomática é controverso/ desconhecido. Os bebês que mais nos preocupam são aqueles com sinais clínicos de hipoglicemia como convulsões ou encefalopatia. É durante essas primeiras horas após o nascimento que as concentrações de glicose no sangue mostram marcada variabilidade fisiológica e isto representa uma fase de transição normal da fisiologia da glicose. Neonatos termo sadios podem ter glicemias baixas (27 mg% no percentil 5) e normalizar depois de 1-2. Após esse período de hipoglicemia transitória, a glicemia se estabiliza após 3 horas até 72 horas de vida e depois tende aumentar entre 72-120 horas de vida. Os que recebem leite materno têm menores glicemias do que os que recebem fórmula. No entanto temos que lembrar que os que recebem leite materno têm maiores níveis de corpos cetônicos e são uma alternativa importante de energia para o cérebro, nesses bebês que recebem aleitamento materno (cetogênese com o leite humano poupa glicose para o consumo cerebral). Qual valor devemos usar para definir hipoglicemia? 47 mg% não parece um bom valor, pois se escolhermos esse valor vamos ter muitos bebês assintomáticos identificados com baixo nível de glicose. Glicemia inferior a 47 mg% não esteve associada à deficiente neurodesenvolvimento. Atraso cognitivo foi associado com concentração maior de glicose e menor estabilidade da glicose, sugerindo, portanto que o tratamento pode ser pior. Manter o nível mínino de glicose de 50mg% (para os bebês cm hipoglicemia transitória, só deve sair de alta com glicemia superior a 60mg%; os necessitaram de tratamento para a hipoglicemia, os valores pré-alimentação devem estar acima de 70 mg%). Os bebês com hipoglicemia persistente ou de repetição devem ser avaliados pela Endocrinologia. Nos complementos, brilhante palestra de Paulo Manzoni (Itália, 2021) sobre a associação entre hiperglicemia e infecções bacterianas e fúngicas, além do maior risco de retinopatia da prematuridade.