Categoria: Farmacologia Neonatal

Resultados de neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica tratados com sulfato de magnésio: uma revisão sistemática com metanálise

Resultados de neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica tratados com sulfato de magnésio: uma revisão sistemática com metanálise

Outcomes of Neonates with HypoxicIschemic Encephalopathy Treated with Magnesium Sulfate: A Systematic Review with Metaanalysis. Gowda BB, Rath C, Muthusamy S, Nagarajan L, Rao S.J Pediatr. 2023 Nov;262:113610. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113610. Epub 2023 Jul 17.PMID: 37468038.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Embora a hipotermia terapêutica (HT) tenha melhorado os resultados do desenvolvimento neurológico de crianças com EHI em países de alta renda, 30% a 50% dos bebês com EHI moderada a grave tratados com HT ainda sofrem morte ou deficiências significativas, Assim, há uma necessidade urgente de outras intervenções neuroprotetoras, seja como terapia única ou como adjuvante da HT. Modelos animais mostraram uma abundância de glutamato, um neurotransmissor  excitatório em cérebros hipóxicos que resulta em morte neuronal mediada por cálcio através da via do receptor NMDA. Como os íons magnésio controlam os receptores NMDA, aumentar a disponibilidade do íon magnésio pode prevenir o influxo de cálcio , reduzindo assim a morte das células neuronais. Nessa metanálise, foram incluídos 20 estudos controlados randomizados  com um tamanho total de amostra de 1.485, dos quais 16 eram provenientes de locais onde a hipotermia terapêutica (TH) não era oferecida. A terapia com MgSOpode melhorar os resultados neurológicos intra-hospitalares (redução da carga de convulsões, redução do EEG anormal e melhora do estado neurológico na alta) sem afetar a mortalidade em locais onde a HT não é oferecida. A qualidade da evidência foi baixa ou muito baixa para todos os desfechos,

Protocolo para o Uso de Dexametasona na Displasia broncopulmonar na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF

Protocolo para o Uso de Dexametasona na Displasia broncopulmonar na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF

Paulo R. Margotto, Fabiano Cunha Gonçalves, Joseleide de Castro, Priscila Guimarães.

A maioria das Diretrizes contra-indica o uso precoce de corticosteroides (na primeira semana de vida), havendo maior consenso para o uso de CPN em baixas doses após a primeira semana de vida naqueles que permanecem ventilados com necessidades crescentes de oxigênio e agravamento da doença pulmonar.

Esquema farmacoterapêutico: DEXAMETASONA (uso endovenoso)

0,3 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

0,2 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

0,1 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

             Dose acumulativa: 1,8 mg/kg

– Intervalo entre ciclos, caso necessário: 14 dias

– Número máximo de ciclos: 3

Uso de Vasopressores para Choque Séptico em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Uso de Vasopressores para Choque Séptico em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Use of vasopressors for septic shock in the neonatal intensive care unit.Foote HP, Benjamin DK, Greenberg RG, Clark RH, Hornik CP.J Perinatol. 2023 Oct;43(10):1274-1280. doi: 10.1038/s41372-023-01667-8. Epub 2023 Apr 13.PMID: 37055478.

Realizado por Paulo R. Margotto

Bebês prematuros têm fisiologia única, incluindo massa cardíaca diminuída e imatura com menos inervação adrenérgica e menos reserva vascular que pode exigir estratégias distintas de suporte vasopressor no choque séptico. O presente  estudo incluiu quase 1.600 bebês em 175 locais, representando uma coorte substancialmente maior do que a publicada anteriormente. Os bebês que receberam hidrocortisona adjuvante para o tratamento de choque séptico tiveram chances reduzidas de mortalidade. Em comparação com os bebês tratados apenas com dopamina, as chances ajustadas de mortalidade foram significativamente maiores para aqueles tratados apenas com epinefrina (aOR 4,7 [IC 95%: 2,3–9,2]) A epinefrina é recomendada como terapia de primeira linha preferida para choque séptico em crianças mais velhas.

 

DIRETO AO PONTO (Respostas a questionamentos): CORTICOSTEROIDE PÓS-NATAL (Displasia Broncopulmonar)

DIRETO AO PONTO (Respostas a questionamentos): CORTICOSTEROIDE PÓS-NATAL (Displasia Broncopulmonar)

Paulo R. Margotto.

Devido a frequente necessidade de repetição do esquema DART(Dexamethasone: A Randomized Trial) de  2006  (as vezes 3 vezes com ma dose cumulativa de dexametasona de 2,67mg/kg no final, optamos pelo esquema do Hospital de Clínicas de Porto Alegre  (Dose cumulativa: 1.8 mg/kg em 9 dias: 0.3 mg/kg/dia por 3 dias, 0.2 mg/kg/dia por 3 dias, 0.1 mg/kg/dia por 3 dias , duas doses diárias) A provável “bala de prata” para a displasia broncopulmonar pode vir com os resultados do estudo PLUSS TRIAL (corticosteroide intrapulmonar(budesonida + surfactante 200 mg/kg): corticosteroide intrapulmonar-budesonida (0,25mg/kg]) + surfactante (200 mg/kg). A budesonida (0,25 mg/kg) é MISTURADA com poractante alfa (200 mg/kg na primeira intervenção, 100 mg/kg na segunda intervenção), administrada por via intratraqueal através de um tubo endotraqueal ou cateter fino. ATENÇÃO: NÃO E SURFACTANTE + INSTILAÇÃO DE BUDESONIDA INTRAQUEAL! O estudo completou com o  envolvimento da amostra planejada de 1060 prematuros extremos. Até que mais dados sejam produzidos e uma preparação combinada de corticosteroide/surfactante seja disponível comercialmente, a adoção dessa abordagem é desencorajadora

QUANDO INICIAR O CORTICOSTEROIDE PÓS-NATAL (DEXAMETASONA)

A decisão de iniciar o corticosteroide deve ser sempre discutida em Equipe e não decidida em plantões. A infecção entra como critério de exclusão

-nunca antes de 7 dias

– >10 dias:

1- ventilação mecânica  com FiO2 acima de 30%,  pressão média das vias aéreas (MAP) >9cmH2O

                                                               e/ou

2-Estimativa do risco de DBP: Estimativa do risco de DBP: BPD Outcome Estimator  (Vai abrir uma calculadora) (DIAS PÓS-NATAL :14 DIAS):  >60% CONSIDERAR CORTICOTERAPIA

 

A dexametasona doses maiores  diminuiu o risco para o desfecho composto de morte ou DBP em comparação com todos os outros tratamentos (controle, RR 0,69, IC 95% 0,59 a 0,80, evidência de alta qualidade (Susanne Hay et al, Cocharane, 2023)

1-Em face à necessidade de repetição do esquema DART (Dexamethasone: A Randomized Trial, 2006), às vezes 2 a 3 vezes com uma dose acumulativa de 2,67 mg/kg), a Equipe de Neonatologia do HMIB em Reunião do dia 8 de novembro de 2023, sob a Coordenação do Dr. Fabiano, Chefe da Unidade de Neonatologia, optamos pelo seguinte Esquema, já em uso há mais de 5 anos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS). O uso é endovenoso. Não usar se infecção.

         Dose acumulativa: 1,8 mg/kg

0,3 mg/kg: 3 dias (12/12 h)

0,2 mg/kg: 3 dias (12/12 h)

  0,1 mg/kg: 3 dias  (12/12 h)

                                        Caso haja necessidade, repetir o esquema 14 dias após.

Para pensar….os corticosteróides pós-natais são “foguetes equivocados” (Cochrane, 2017)!

Eventos cardiovasculares adversos são comuns durante a administração de dexmedetomidina em neonatos e lactentes durante cuidados intensivos

Eventos cardiovasculares adversos são comuns durante a administração de dexmedetomidina em neonatos e lactentes durante cuidados intensivos


Adverse cardiovascular events are common during dexmedetomidine administration in neonates and infants during intensive care.
Tyrone M, Cajuns J, Kellie M, Huhtamaki H, Pokka T, Polonium Exacta Paediatr. 2023 Nov;112(11):2338-2345. doi: 10.1111/apa.16933. Epub 2023 Aug 11.PMID: 37531450.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os efeitos adversos mais frequentemente observados da dexmedetomidina são hipotensão e bradicardia, ocorrendo principalmente nos neonatos, os quais devem ser usadas doses menores. Como os efeitos analgésicos da dexmedetomidina são limitados, ela é normalmente usada em combinação com opiáceos devido à sua capacidade de potencializar seus efeitos analgésicos. Não usamos dexmedetomedina na aplicação de surfactante minimamente invasivo e nem como neuroprotetora na hipotermia terapêutica (faltam evidências seguras!) 

Tendências, características e resultados de bebês prematuros que receberam corticosteroide pós-natal: um estudo de coorte de 7 países de alta renda

Tendências, características e resultados de bebês prematuros que receberam corticosteroide pós-natal: um estudo de coorte de 7 países de alta renda

TrendsCharacteristic, and Outcomes of Preterm Infants Who Received Postnatal Corticosteroid: A Cohort Study from 7 High-Income Countries. Parikh S, Reichman B, Kusuda S, Adams M, Lehtonen L, Vento M, Norman M, San Feliciano L, Isayama T, Hakansson S, Helenius K, Bassler D, Yang J, Shah PS, Gellineo L; International Network for Evaluation of Outcomes (iNeo) of neonates investigators.Neonatology. 2023;120(4):517-526. doi: 10.1159/000530128. Epub 2023 Apr 25.PMID: 37166345. Artigo Livre! 

Canadá, Israel, Japão, Suíça. Suécia, Finlândia, Espanha. Rede Internacional para Avaliação de Resultados (iNeo)

Realizado por Paulo R. Margotto

Dados da Rede Internacional para Avaliação de Resultados (iNeo) de neonatos envolvendo Redes neonatais de 11 países/regiões de alta renda avaliou e comparou a tendência temporal do uso sistêmico de corticosteroides neonatais (PNS) entre bebês de 24 a 28 semanas de idade gestacional (1º de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2018), envolvendo 47.401 bebês (81% desses receberam PNS). Os prováveis ​​efeitos da exposição ao DBP e ao PNS nos resultados do neurodesenvolvimento são de uma magnitude de razão de chances entre 1,5 e 2,5 para ambos e, portanto, expor os neonatos a um duplo golpe pode colocá-los em maior risco de adversidades no desenvolvimento neurológico. A associação entre a exposição ao PNS e o transtorno do espectro autista também foi relatada. O uso do PNS continua a ser uma estratégia em grande parte “informada por não evidências” para a prevenção ou tratamento da DPB. Segundo a Vermon Oxford Network sobre PNS, 2022, há DESESPERADAMENTE um apelo para avaliar a eficácia e segurança do uso de PNS em neonatos extremamente prematuros (todo Cuidado é Cuidado com o Cérebro). Metanálise de rede (2021) concluiu que um regime de PNS iniciado moderadamente precocemente (8–14 dias após o nascimento) de uma dose cumulativa de 2–4 mg/kg de dexametasona sistêmica pode ser o regime de PNS mais benéfico para prevenir DBP ou mortalidade em 36 semanas idade pós-menstrual.

Desenvolvimento de um modelo de primata para avaliar os efeitos da ketamina e do estresse cirúrgico no cérebro neonatal

Desenvolvimento de um modelo de primata para avaliar os efeitos da ketamina e do estresse cirúrgico no cérebro neonatal

Development of a primate model to evaluate the effects of ketamine and surgical stress on the neonatal brain. Wang C, Bhutta A, Zhang X, Liu F, Liu S, Latham LE, Talpos JC, Patterson TA, Slikker W Jr.Exp Biol Med (Maywood). 2023 Apr;248(7):624-632. doi: 10.1177/15353702231168144. Epub 2023 May 19.PMID: 37208914

Realizado por Paulo R. Margotto.

A semelhança da fisiologia, farmacologia e sistemas reprodutivos do primata não humano (NHP) com os humanos, especialmente durante a gravidez e o período neonatal, fazem do macaco o modelo animal mais adequado para uso em estudos pré-clínicos (os macacos rhesus são 93% geneticamente semelhantes aos humanos). A ketamina é altamente permeável à barreira hematoencefálica. A ketamina exerce suas ações como antagonista não competitivo do receptor n -metil- d -aspartato (NMDA). Neurônios imaturos no cérebro infantil são mais suscetíveis à morte celular excitotóxica do que no cérebro adulto devido às características específicas de seus receptores NMDA. Os níveis (amostras de sangue) de IL-8, IL-15, MCP-1 e MIP-1β foram notavelmente elevados em macacos expostos à ketamina, sugerindo que exposição à ketamina pode ter estimulado uma reação inflamatória no SNC. Estes resultados indicam claramente que a administração intravenosa de ketamina antes e durante a cirurgia pareceu aumentar a degeneração neuronal e não proporcionou efeitos neuroprotetores. Não temos usado ketamina na nossa  Unidade na sequência rápida de intubação.

Um estudo de fase I com CAFEÍNA para avaliar a segurança em lactentes com encefalopatia hipóxico-isquêmica

Um estudo de fase I com CAFEÍNA para avaliar a segurança em lactentes com encefalopatia hipóxico-isquêmica

phase I trial of caffeine to evaluate safety in infants with hypoxic-ischemic encephalopathy. Jackson W, Gonzalez D, Greenberg RG, Lee YZ, Laughon MM.J Perinatol. 2023 Aug 16. doi: 10.1038/s41372-023-01752-y. Online ahead of print.PMID: 37587184.

Realizado pro Paulo R. Margotto

Entre os bebês que receberam hipotermia no estudo NICHD, 24/69 (35%) tiveram ressonâncias magnéticas pontuadas 2B ou 3, enquanto em nosso grupo de cafeína mais hipotermia, apenas 2/15 (13%) tiveram ressonâncias magnéticas pontuadas 2B e nenhuma com pontuação 3. As pontuações na RM são um biomarcador importante para lesão cerebral e podem ajudar a prever os resultados do neurodesenvolvimento em ensaios de fase inicial de terapias adjuvantes para EHI. Nenhum efeito adverso  foi determinado pelos investigadores como relacionado ao medicamento do estudo A administração de cafeína foi bem tolerada. Um estudo maior é necessário para determinar a dose ideal e avaliar a segurança e eficácia do medicamento.

Alta com medicação anticonvulsivante em bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI): um estudo observacional

Alta com medicação anticonvulsivante em bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI): um estudo observacional

Antiseizure medication at discharge in infants with hypoxicischaemic encephalopathy: an observational study.Sewell EK, Shankaran S, McDonald SA, Hamrick S, Wusthoff CJ, Adams-Chapman I, Chalak LF, Davis AS, Van Meurs K, Das A, Maitre N, Laptook A, Patel RM; National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network.

Correspondência para Dra. Elizabeth K Sewell, Pediatria, Escola de Medicina da Universidade Emory, Atlanta, GA 30306, EUA; elizabeth.sewell@emory.edu

Apresentação: Luciana Melara (UTI Pediatria do HMIB/SES/DF). Andre (UTI Pediátrica do Hospital Paranoá/SES/DF). Coordenação: Marta David Rocha de Moura e   Paulo R. Margotto.

Entre os bebês com EHI tratados com hipotermia com convulsões clínicas ou eletrográficas, a alta anticonvulsivante  (13 A 100% DOS Centros) foi associada a um maior risco de morte pós-alta ou incapacidade moderada a grave. Morte ou incapacidade moderada ou grave ocorreu em 44% dos bebês com anticonvulsivante  na alta, em comparação com 28% daqueles que tiveram alta sem anticonvulsivante (OR ajustado [aOR] 2,14; IC 95% 1,13 a 4,05)

Editorial Convulsões neonatais. Tratar! Mas quando, com o quê e por quanto tempo?

Editorial Convulsões neonatais. Tratar! Mas quando, com o quê e por quanto tempo?

Neonatal seizures. Treat! But when, with what and for how long? Hunt RW. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023. PMID: 37527943 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto

Claramente, o uso de ASMs após a alta hospitalar requer uma forte justificativa. O caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos também é longo e desafiador, mas existem recomendações recentes para o fenobarbital como terapia de primeira linha, em parte porque faltam evidências de algo mais seguro e eficaz. Sewell et al 1 concluem que ‘são necessários mais estudos sobre a eficácia e os efeitos a longo prazo do tratamento de ASM’… eles são absolutamente. No tratamento das convulsões neonatais, temos que continuar nos esforçando para melhorar.