Categoria: Farmacologia Neonatal

A Associação de Dexametasona e Hidrocortisona com Crescimento Cerebelar em Bebês Prematuros

A Associação de Dexametasona e Hidrocortisona com Crescimento Cerebelar em Bebês Prematuros


The Association of Dexamethasone and Hydrocortisone with Cerebellar Growth in Premature Infants.
v/Warmerdam LA, van Wezel-Meijler G, de Vries LS, Groenendaal F, Steggerda SJ.Neonatology. 2023;120(5):615-623. doi: 10.1159/000531075. Epub 2023 Jun 28.PMID: 37379806 Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R Margotto

Esse estudo mostrou uma relação estatisticamente significativa entre o diâmetro transcerebelar (TCD) e o tratamento com dexametasona e hidrocortisona. Durante a segunda metade da gestação, o cerebelo cresce mais rapidamente do que qualquer outra estrutura cerebral. Também contém o maior número de receptores de glicocorticoides no cérebro em desenvolvimento, localizados na camada granular externa. Estudos pré-clínicos mostraram que tratamento sistêmico com glicocorticoides resultou na diminuição da proliferação e aumento da apoptose das células granulares da camada granular externa e isso pode impactar negativamente o crescimento cerebelar.  No entanto, o crescimento cerebral não foi afetado. Portanto, as políticas restritivas relativas à administração de corticosteroides parecem apropriadas. Além disso, os efeitos dose-dependentes merecem atenção.

DIRETO AO PONTO: Corticosteroide Pós-Natal na Displasia Broncopulmonar

DIRETO AO PONTO: Corticosteroide Pós-Natal na Displasia Broncopulmonar

Paulo R. Margotto, Fabiano Cunha Gonçalves, Joseleide de Castro, Priscila Guimarães.

 

Discussão ocorrida com A Equipe Neonatal do HMIB/SES/DF com a Implementação de novo Esquema, iniciando sempre após a primeira semana de vida, com a dexametasona nas doses (endovenoso): Dose acumulativa: 1,8 mg/kg (0,3 mg/kg: 3 dias (12/12 h); 0,2 mg/kg: 3 dias (12/12 h);  0,1 mg/kg: 3 dias  (12/12 h), repetindo, se necessário após 14 dias (no máximo 3 esquemas). Na DBP>36 semanas s idade gestacional pós-menstrual, Esquema de Bandari et al: Prednisolona por 14 dias (2 mg/kg/dia  12/12 h ×5 dias e 1 mg/kg/dia diariamente × 3 dias e 1 mg/kg/dia em dias alternados  ×3 doses).

DIRETO AO PONTO: Uso de Dexmedetomidina/Delirium Neonatal e Ketamina na Neonatologia

DIRETO AO PONTO: Uso de Dexmedetomidina/Delirium Neonatal e Ketamina na Neonatologia

Paulo R. Margotto, Priscila Guimarães e Fabiano Cunha Gonçalves (13/12/2023)

Discussão ocorrida com a equipe neonatal do HMIB/SES/DF com a Implementação de dose da dexmedetomidina, medicação não aprovada pelo FDA para recém-nascidos, principalmente prematuros! (dose efetiva média em torno de 0,3–0,7 mcg/kg/hora-dose máxima:  Dose máxima: 1,2 mcg/kg/h e por via nasal, em nebulização, 1 a 1,5mcg/kg.Doses maiores associam-se a bradicardia e hipotensão arterial). Desmame, principalmente após 96 horas de uso: 0,1 mcg/kg a cada 12 a 24 horas, conforme tolerado. Em  casos de abstinência (taquicardia, hipertensão, tremor e agitação), excepcionalmente clonidina, após a Avaliação da Escala de Abstinência (escore>4 da pontuação de Lipsitz PJ). Não usamos a dexmedetomidina como neuroprotetora. Pensar em DELIRIUM em situações de  longo uso de sedoanalgesia apresentando períodos de agitação, choro, sudorese, taquicardia e irritabilidade intensa  e após análise pela Equipe , usar a Quetiapina. A Ketamina não deve ser usada no período neonatal, devido a danos neurais, além de hipertensão arterial, aumento da pressão intracraniana, aumento da resistência vascular pulmonar em bebês com hipertensão pulmonar persistente, aumento da quantidade de secreção brônquica e salivar e alucinações.

Tratamento materno com inibidores seletivos da recaptação de serotonina durante a gravidez e adaptação neonatal tardia: um estudo de coorte de base populacional

Tratamento materno com inibidores seletivos da recaptação de serotonina durante a gravidez e adaptação neonatal tardia: um estudo de coorte de base populacional

Maternal treatment with selective serotonin reuptake inhibitors during pregnancy and delayed neonatal adaptation: a population-based cohort study. Cornet MC, Wu YW, Forquer H, Avalos LA, Sriram A, Scheffler AW, Newman TB, Kuzniewicz MW.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023 Nov 29:fetalneonatal-2023-326049. doi: 10.1136/archdischild-2023-326049. Online ahead of print.PMID: 38071585.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A análise multivariada mostrou associação significativa com maiores probabilidade de atraso na adaptação neonatal ao nascer e admissão na UTI Neonatal nos bebês cujas mães foram expostas a inibidores seletivos de recaptação da serotonina-ISRS(Apgar aos 5 minutos, reanimação neonatal com ventilação por pressão positiva, intubação ao nascer, admissão ao suporte respiratório, ventilação mecânica, maior tempo de internação, transferência para cuidados de alto nível). NO ENTANTO, diferente de outros estudos, não houve associação com hipertensão pulmonar. Assim, os efeitos neonatais adversos da exposição pré-natal aos ISRS devem ser equilibrados com os benefícios do tratamento de saúde mental materna, tanto para a mãe como para o bebê.

 

PROTOCOLO DE USO DE CORTICOSTEROIDE PÓS-NATAL NA UNIDADE DE NEONATOLOGIA DO HMIB

PROTOCOLO DE USO DE CORTICOSTEROIDE PÓS-NATAL NA UNIDADE DE NEONATOLOGIA DO HMIB

Paulo R. Margotto, Fabiano Cunha Gonçalves, Joseleide de Castro, Priscila Guimarães.

Discussão com a Equipe, sob Coordenação do Dr. Fabiano Cunha Gonçalves, no dia 8 de novembro de 2023.

Apesar da melhoria considerável nos resultados para bebês prematuros, as taxas de displasia broncopulmonar (DBP) permanecem elevadas, afetando cerca de 33% dos bebês de muito baixo peso ao nascer, com correspondentes problemas respiratórios e neurossensoriais a longo prazo.

Os corticosteroides sistêmicos podem tratar a inflamação subjacente à DBP, mas o regime ideal para a prevenção desta doença, equilibrando os benefícios com os riscos potencialmente significativos dos corticosteroides sistêmicos, continua a ser um dilema médico.

Nas últimas décadas, houve uma melhora significativa na sobrevivência de bebês com idade gestacional (IG) extremamente baixa, mas morbidades como DBP não diminuíram, principalmente entre os bebês de 24-28 semanas.

Os esteroides pré-natais e a terapia de reposição de surfactante pós-natal melhoraram a sobrevida, acelerando a maturação pulmonar fetal e prevenindo ou tratando a síndrome do desconforto respiratório, mas seu impacto geral na redução da DBP tem sido menos impressionante.

Os corticosteroides pós-natais (CPN) são usados na DBP, uma vez que essa possa ser devida a um desequilíbrio entre inflamação e reparo.

A incidência de DBP variou de 10,2% a 24,8% em 10 regiões europeias, e o uso de CPN variou de 3% a 50% entre neonatos de 19 regiões em 11 países europeus.

Há muita diferença entre as Diretrizes para o uso de CPN e dentro de uma única UTI.

A maioria das Diretrizes contra-indicia o uso precoce de corticosteroides (na primeira semana de vida), havendo maior consenso para o uso de CPN em baixas doses após a primeira semana de vida naqueles que permanecem ventilados com necessidades crescentes de oxigênio e agravamento da doença pulmonar.

 

Uma metanálise de rede de paracetamol intravenoso versus oral para persistência do canal arterial

Uma metanálise de rede de paracetamol intravenoso versus oral para persistência do canal arterial

Network MetaAnalysis of Intravenous Versus Oral Acetaminophen for Patent Ductus Arteriosus. Olowoyeye A, Nnamdi-Nwosu O, Manalastas M, Okwundu C.Pediatr Cardiol. 2023 Apr;44(4):748-756. doi: 10.1007/s00246-022-03053-1. Epub 2022 Nov 24.PMID: 36422654 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O paracetamol está ganhando destaque como uma alternativa de tratamento mais segura. O paracetamol atua inibindo diretamente a prostaglandina sintase em seu local de peroxidase, a fim de facilitar o fechamento da PCA. Na prática, a maioria dos neonatos é tratada com a forma intravenosa (IV) de paracetamol, uma vez que os  neonatos prematuros geralmente recebem pequenos volumes de alimentação devido ao momento da terapia com PCA na UTIN. O fechamento foi definido como um fechamento físico ou uma mudança de uma PCA com repercussão hemodinâmica  (hsPDA) para uma não-hsPDA. Essa metanálise envolveu 21 ensaios clínicos. A rede para o desfecho primário de fechamento da PCA consistiu de 1.902 pacientes, com idade gestacional de 26 a <34 semanas (dose: 15 mg/kg/dose a cada 6 horas durante 3 dias, seguidas por um ciclo repetido se o fechamento não fosse obtido). Em comparação ao placebo, ambos foram eficazes no fechamento da PCA, no entanto, o paracetamol IV mostrou-se superior ao oral. Se possível, devem ser adotadas estratégias para tornar a via oral a via preferida para a administração de paracetamol, uma vez que é a terapia mais eficaz. Nos complementos, a)uma explicação para maior eficácia da via oral: meia-vida de absorção do oral mais prolongada, devido a maior disponibilidade (absorção mais retarda, esvaziamento gástrico lento) b) sem alterações no neurodesenvolvimento até uma idade corrigida de 24 meses (inclusive a taxa de atraso psicomotor foi menor no grupo do paracetamol), diferente do uso do paracetamol pré-natal (a associação entre exposição pré-natal ao paracetamol e sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade TDAH) c) comunicação pessoal com a Dra. Adrianne Bischoff, (IWOA, EUA) com dados de sobrevivência impressionantes nos bebes entre 22-26 semanas de idade gestacional,  nos informou que usam paracetamol endovenoso (muito desses bebês não estão recebendo o suficiente de alimentação enteral para ser seguro dar medicação oral) como primeira linha no tratamento da PCA na primeira semana de vida (menos riscos de insuficiência renal e de perfuração intestinal, já que usam frequentemente hidrocortisona na primeira semana de vida nesses bebês). Paracetamol retal: a formulação oral de acetaminofeno (80 mg/mL) foi administrada através de um enema na dose de 15 mg/kg/dose a cada 6 horas durante 7 dias. Em relação ao grupo controle histórico, O paracetamol retal foi associado à melhora nos índices ecocardiográficos do volume do shunt da PCA, à redução de 50% nas taxas de ligadura da PCA e à redução do desfecho composto de morte ou DBP grave.

Irritabilidade Grave em Prematuro Grave: Um Caso de Delirium na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Irritabilidade Grave em Prematuro Grave: Um Caso de Delirium na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Severe irritability in a critically ill preterm infant: a case of delirium at the neonatal intensive care unit.Moraes LHA, Maropo VLB, I, Falcão MC, de Carvalho WB.Dement Neuropsychol. 2023 Apr 14;17:e20220046. doi: 10.1590/1980-5764-DN-2022-0046. eCollection 2023.PMID: 37223840. Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto

 

Na UTIN o delirium raramente é diagnosticado. Como os critérios diagnósticos sobrepõem entre delirium e síndrome de abstinência de opioides  (taquicardia, agitação psicomotora, tremores, choro excessivo e inconsolável e intolerância alimentar que não melhoram ), pensar em delirium. Apesar de poucos estudos farmacodinâmicos nessas faixas etárias, o uso de quetiapina parece seguro e eficaz na melhora e reversão dos sintomas de delirium (antagonista não seletivo dos receptores de dopamina e serotonina e tem aprovação da Food and Drug Administration [FDA] para o tratamento do transtorno bipolar pediátrico.

Resultados de neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica tratados com sulfato de magnésio: uma revisão sistemática com metanálise

Resultados de neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica tratados com sulfato de magnésio: uma revisão sistemática com metanálise

Outcomes of Neonates with HypoxicIschemic Encephalopathy Treated with Magnesium Sulfate: A Systematic Review with Metaanalysis. Gowda BB, Rath C, Muthusamy S, Nagarajan L, Rao S.J Pediatr. 2023 Nov;262:113610. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113610. Epub 2023 Jul 17.PMID: 37468038.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Embora a hipotermia terapêutica (HT) tenha melhorado os resultados do desenvolvimento neurológico de crianças com EHI em países de alta renda, 30% a 50% dos bebês com EHI moderada a grave tratados com HT ainda sofrem morte ou deficiências significativas, Assim, há uma necessidade urgente de outras intervenções neuroprotetoras, seja como terapia única ou como adjuvante da HT. Modelos animais mostraram uma abundância de glutamato, um neurotransmissor  excitatório em cérebros hipóxicos que resulta em morte neuronal mediada por cálcio através da via do receptor NMDA. Como os íons magnésio controlam os receptores NMDA, aumentar a disponibilidade do íon magnésio pode prevenir o influxo de cálcio , reduzindo assim a morte das células neuronais. Nessa metanálise, foram incluídos 20 estudos controlados randomizados  com um tamanho total de amostra de 1.485, dos quais 16 eram provenientes de locais onde a hipotermia terapêutica (TH) não era oferecida. A terapia com MgSOpode melhorar os resultados neurológicos intra-hospitalares (redução da carga de convulsões, redução do EEG anormal e melhora do estado neurológico na alta) sem afetar a mortalidade em locais onde a HT não é oferecida. A qualidade da evidência foi baixa ou muito baixa para todos os desfechos,

Protocolo para o Uso de Dexametasona na Displasia broncopulmonar na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF

Protocolo para o Uso de Dexametasona na Displasia broncopulmonar na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF

Paulo R. Margotto, Fabiano Cunha Gonçalves, Joseleide de Castro, Priscila Guimarães.

A maioria das Diretrizes contra-indica o uso precoce de corticosteroides (na primeira semana de vida), havendo maior consenso para o uso de CPN em baixas doses após a primeira semana de vida naqueles que permanecem ventilados com necessidades crescentes de oxigênio e agravamento da doença pulmonar.

Esquema farmacoterapêutico: DEXAMETASONA (uso endovenoso)

0,3 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

0,2 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

0,1 mg/kg/dia: 3 dias (12/12 h)

             Dose acumulativa: 1,8 mg/kg

– Intervalo entre ciclos, caso necessário: 14 dias

– Número máximo de ciclos: 3

Uso de Vasopressores para Choque Séptico em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Uso de Vasopressores para Choque Séptico em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Use of vasopressors for septic shock in the neonatal intensive care unit.Foote HP, Benjamin DK, Greenberg RG, Clark RH, Hornik CP.J Perinatol. 2023 Oct;43(10):1274-1280. doi: 10.1038/s41372-023-01667-8. Epub 2023 Apr 13.PMID: 37055478.

Realizado por Paulo R. Margotto

Bebês prematuros têm fisiologia única, incluindo massa cardíaca diminuída e imatura com menos inervação adrenérgica e menos reserva vascular que pode exigir estratégias distintas de suporte vasopressor no choque séptico. O presente  estudo incluiu quase 1.600 bebês em 175 locais, representando uma coorte substancialmente maior do que a publicada anteriormente. Os bebês que receberam hidrocortisona adjuvante para o tratamento de choque séptico tiveram chances reduzidas de mortalidade. Em comparação com os bebês tratados apenas com dopamina, as chances ajustadas de mortalidade foram significativamente maiores para aqueles tratados apenas com epinefrina (aOR 4,7 [IC 95%: 2,3–9,2]) A epinefrina é recomendada como terapia de primeira linha preferida para choque séptico em crianças mais velhas.