Categoria: Nutrição do Recém-nascido

Suplementos Nutricionais Na Melhora Dos Resultados Dos Prematuros

Suplementos Nutricionais Na Melhora Dos Resultados Dos Prematuros

Palestra administrada pelo Dr. Ravi Mangal Patel (EUA) ocorrida no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023, sob Coordenação dos Dr. Renato Procianoy e Rita Silveira.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

VITAMINA A: devidosua importância potencial no crescimento epitelial e desenvolvimento de órgãos que tem bastante epitélio, o  seu uso intramuscular de 5000 UI 3 vezes por semanas por 4 semanas teve uma redução absoluta de apenas 7% na Displasia broncopulmonar (DBP) sem alteração na mortalidade, uma das razões porque mais de 80% dos neonatologistas americanos não usam a Vitamina A com esse objetivo. Estudos posteriores mostraram que  redução foi mais importante nos bebês de menor risco para DBP. VITAMINA D: embora o leite humano seja crítico para a saúde de bebês prematuros, é pobre nesse nutriente em relação às necessidades dos lactentes durante o crescimento. A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda uma dose de 200–400 UI de vitamina D por dia para bebês prematuros  e a Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN) recomenda 800–1.000 UI (essa deficiência bioquímica é reduzida no dia 28 pela suplementação com 200 UI/dia e evitada com 800 UI/dia!). Mesmo com fórmula os bebês não recebem quantidade suficiente de Vitamina D! Em casos de raquitismo, considerar avaliar a concentração de 25-OH-D, com alvo de uma concentração sérica >20ng/ml (50 nml/L). Muitas crianças não estão recebendo quantidade adequada de Vitamina D, nos Estados Unidos (87 a 95% das crianças em amamentação e 63-80% dos que recebem fórmulas). A Vitamina D pode também afetar a imunidade  e a função respiratória e deficiente status de Vitamina D associou-se com aumento de: risco de diabetes tipo 1, chiado durante a infância precoce e  risco de  infecção pelo vírus sincicial respiratório. VITAMINA E: as evidências não suportam o uso rotineiro de suplementação de vitamina E por via intravenosa em altas doses  ou visando níveis séricos de tocoferol superiores a 3,5 mg/dl (aumenta o risco de sepse e hemorragia cerebral parenquimatosa). FERRO: O tratamento com ferro após a anemia pode não reverter déficits neurológicos e cognitivos associados. A deficiência crônica grave de ferro na infância identifica crianças que continuam em risco de desenvolvimento e comportamento > 10 anos após o tratamento com ferro. Como o ferro é necessário para a mielinização normal, a via de transmissão nesses sistemas sensoriais pode ser afetada pela deficiência precoce de ferro. Uma fonte exógena de 2-4 mg/kg/dia de ferro é recomendada durante o período de crescimento estável, começando em 4-8 semanas e continuando até 12-15 meses de idade. É improvável que a suplementação enteral e intravenosa de ferro contribua significativamente para a patogênese da DBP. Altas doses de ferro podem afetar a saúde intestinal por meio do microbioma. ACIDO DOCOSAHEXANOICO (DHA) pode aumentar o risco de DBP, mas melhora o QI. – ZINCO pode reduzir a mortalidade e melhorar o crescimento linear e  ARGININA pode diminuir a enterocolite necrosante  em pequenos ensaios (esses achados necessitam de confirmação!).

O componente do leite humano mio-inositol promove conectividade neuronal

O componente do leite humano mio-inositol promove conectividade neuronal

The human milk component myoinositol promotes neuronal connectivity. Paquette AF, Carbone BE, Vogel S, Israel E, Maria SD, Patil NP, Sah S, Chowdhury D, Kondratiuk I, Labhart B, Morrow AL, Phillips SC, Kuang C, Hondmann D, Pandey N, Biederer T.Proc Natl Acad Sci U S A. 2023 Jul 25;120(30):e2221413120. doi: 10.1073/pnas.2221413120. Epub 2023 Jul 11.PMID: 37433002. Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Este estudo revela benefícios substanciais do componente do leite humano mio-inositol para o desenvolvimento de sinapses entre espécies, inclusive em neurônios humanos (o mio-inositol promove a conectividade neuronal e pode orientar as recomendações dietéticas em todas as fases da vida. O mio-inositol promove a conectividade neuronal e pode orientar as recomendações dietéticas em todas as fases da vida. Esse componente  é mais proeminente durante os estágios iniciais da lactação, quando as conexões neuronais se formam rapidamente no cérebro infantil.

 

Consulta a Dra. Hélida Adelina Maia a respeito do artigo POR QUE TEMOS MEDO DE MAMADEIRAS E CHUPETAS

Consulta a Dra. Hélida Adelina Maia a respeito do artigo POR QUE TEMOS MEDO DE MAMADEIRAS E CHUPETAS

Why do we fear bottles and pacifiers? Kuitunen I.Acta Paediatr. 2023 Jul;112(7):1392-1394. doi: 10.1111/apa.16780. Epub 2023 Apr 7.PMID: 37277973 No abstract available. Finlândia.

Consulta à Fonoaudióloga Clínica da Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF, Especialista  em Linguagem e Tutora do Método Canguru, Dra.  Hélida Adelina Maia.

As mamadeiras e chupetas são grandes aliados para solucionar vários problemas, em situações diferentes. Não deveriam ser tão radicalmente abomináveis porque tem suas devidas recomendações. Talvez os maiores problemas encontrados estão exatamente na hora da interrupção do seu uso.

Por que temos medo de mamadeiras e chupetas?

Por que temos medo de mamadeiras e chupetas?

Why do we fear bottles and pacifiers? Kuitunen I.Acta Paediatr. 2023 Jul;112(7):1392-1394. doi: 10.1111/apa.16780. Epub 2023 Apr 7.PMID: 37277973 No abstract available. Finlândia

Realizado por Paulo R. Margotto.

As chupetas demonstraram melhorar a função oral. A metanálise de 2022 relatou que a introdução de chupetas em recém-nascidos prematuros encurtou a duração da sonda nasogástrica até a alimentação oral e o tempo total de hospitalização. Revisões Cochrane anteriores também relataram que a sucção não nutritiva era benéfica para neonatos prematuros. Evidências de melhor qualidade de estudos randomizados sugerem que chupetas não prejudicam a amamentação.

A suplementação enteral de zinco afeta o crescimento e o neurodesenvolvimento em bebês prematuros?

A suplementação enteral de zinco afeta o crescimento e o neurodesenvolvimento em bebês prematuros?

Does enteral zinc supplementation affect growth and neurodevelopment in preterm infants? Creed PV, Rose RS.J Perinatol. 2023 Jun;43(6):823-826. doi: 10.1038/s41372-023-01698-1. Epub 2023 May 18.PMID: 37202445 No abstract available. Estados Unido

Realizado por Paulo R. Margotto.

Esta metanálise mostrou que em bebês prematuros, a suplementação de zinco está associada à melhora do peso e comprimento aos 3-6 meses de idade com evidência moderada de certeza. O efeito da suplementação de zinco no perímetro cefálico foi estatisticamente significativo apenas para bebês PIG com evidência de certeza moderada. A suplementação com zinco melhorou os escores motores em bebês aos seis meses de idade, mas a certeza da evidência foi muito baixa.

 

Dilemas no estabelecimento da alimentação enteral pré-termo: por onde começamos e com que rapidez avançamos?

Dilemas no estabelecimento da alimentação enteral pré-termo: por onde começamos e com que rapidez avançamos?

Dilemmas in establishing preterm enteral feeding: where do we start and how fast do we go?Assad M, Jerome M, Olyaei A, Nizich S, Hedges M, Gosselin K, Scottoline B.J Perinatol. 2023 May 11. doi: 10.1038/s41372-023-01665-w. Online ahead of print.PMID: 37169912 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto

Uma questão diária enfrentada pelos neonatologistas que cuidam de bebês prematuros é como iniciar, avançar e atingir a nutrição enteral completa suficiente para satisfazer as necessidades de nutrientes, energia e líquidos de bebês de muito baixo peso, minimizando o risco. Nesta perspectiva, os autores fornecem  uma visão geral das abordagens e dados de apoio para iniciar e avançar a alimentação enteral em bebês prematuros, particularmente bebês com muito baixo peso ao nascer e discutem as lacunas significativas no conhecimento que acompanham as abordagens atuais

Alimentação de lactentes com encefalopatia hipóxico-isquêmica durante hipotermia terapêutica

Alimentação de lactentes com encefalopatia hipóxico-isquêmica durante hipotermia terapêutica

Feeding infants with hypoxic ischemic encephalopathy during therapeutic hypothermia. Ravikumar C, Pandey R.J Perinatol. 2022 Sep 24. doi: 10.1038/s41372-022-01520-4. Online ahead of print.PMID: 36153408 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A enterocolite necrosante é rara em bebês que recebem hipotermia terapêutica. A nutrição enteral em lactentes que recebem hipotermia terapêutica pode estar associada a resultados benéficos, embora a confusão residual não possa ser completamente descartada. Os autores deste estudo relatam que suas descobertas apoiam o início da alimentação com leite durante a hipotermia terapêutica em recém-nascidos a termo ou próximo ao termo com EHI. No entanto, pesquisas futuras devem se concentrar na identificação das características dos bebês que podem se alimentar com segurança durante a hipotermia terapêutica. O desenvolvimento de um escore de pontuação de gravidade clínica usando fatores de risco clínicos e monitoramento de perfusão intestinal pode orientar os médicos na identificação de bebês para alimentação durante a hipotermia terapêutica.

Efeito da voz materna na proporção de alimentação oral em prematuros

Efeito da voz materna na proporção de alimentação oral em prematuros

Effect of maternal voice on proportion of oral feeding in preterm infants. Chhikara A, Hagadorn JI, Lainwala S.J Perinatol. 2022 Aug 18. doi: 10.1038/s41372-022-01493-4. Online ahead of print.PMID: 35982244

Realizado por Paulo R. Margotto.

Já é do nosso conhecimento que o atraso na obtenção de uma alimentação oral bem-sucedida é comum em bebês prematuros e pode prolongar sua internação hospitalar. Uma dessas potenciais intervenções é expor os prematuros na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) à voz da mãe (tem um efeito estimulador: proporciona maior estabilidade cardiorrespiratória, melhor tolerância alimentar, desenvolvimento de um córtex auditivo maior e melhores resultados de neurodesenvolvimento. A exposição vocal (leitura) ocorreu por ≥20 min começando 20-30 min antes da alimentação oral, duas vezes ao dia, uma vez durante cada turno do dia e da noite, geralmente com 12 h de intervalo. Essa intervenção ocorreu até alcançar a nutrição enteral plena. Em comparação com a linha de base anterior, os alimentos de intervenção foram associados a um aumento ajustado de 7,1 pontos percentuais na ingestão oral (p  = 0,036) e na análise post-hoc um aumento de 71% na probabilidade de ter a maior pontuação de prontidão alimentar (p  = 0,003). É possível incluir a voz materna como parte do fluxo de trabalho da UTIN, encorajando as mães a ler ou falar antes das mamadas.

 

A alimentação com fórmula no início da vida está associada a alterações na microbiota intestinal infantil e a um aumento da carga de resistência a antibióticos

A alimentação com fórmula no início da vida está associada a alterações na microbiota intestinal infantil e a um aumento da carga de resistência a antibióticos

Earlylife formula feeding is associated with infant gut microbiota alterations and an increased antibiotic resistance load.Pärnänen KMM, Hultman J, Markkanen M, Satokari R, Rautava S, Lamendella R, Wright J, McLimans CJ, Kelleher SL, Virta MP.Am J Clin Nutr. 2022 Feb 9;115(2):407-421. doi: 10.1093/ajcn/nqab353.PMID: 34677583 Free PMC article. Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Já é do nosso conhecimento que o uso de antibióticos tem um papel bem estabelecido na formação do resistoma dos bebês e que  o número e a extensão dos tratamentos com antibióticos na infância afetam a abundância dos genes de resistência a antibióticos. No entanto, há conhecimento limitado sobre outros fatores que afetam a carga de resistência aos antibióticos do intestino infantil e entre esses, a alimentação com fórmulas no início da vida, que foi o objetivo desse estudo. O presente estudo  foi desenhado para eliminar o efeito do uso de antibióticos Foram coletados dados metagenômicos de amostras fecais transversais colhidas na idade de 7 a 36 dias de 46 bebês nascidos prematuros entre 27 e 37 semanas de gestação (21 lactentes foram alimentados com fórmula infantil comercial (Neosure), 20 foram alimentados com leite materno com fortificante de leite humano (Similac) e 5 foram alimentados apenas com leite humano (mãe ou doadora). Os bebês alimentados com qualquer fórmula tiveram abundâncias de genes de resistência a antibióticos significativamente aumento de 70%!) em relação aos bebês alimentados apenas com leite materno ou alimentados com leite suplementado com fortificante. Nesse contexto  não foram observadas  diferenças entre bebês alimentados com fortificante em comparação com bebês alimentados apenas com leite materno.  Além disso, não houve diferenças entre fortificantes derivados de leite humano ou derivados de leite bovino. Assim, esses resultados sugerem que, nos casos em que os bebês precisam de nutrição suplementar, a adição de fortificante ao leite humano pode ter menos impacto no potencial de resistência a antibióticos do que a mudança para a fórmula. Enterobacteriaceae (abrigam vários genes de resistência aos antibióticos, incluindo genes SHV que codificam o fenótipo betalactamase de espectro estendido [ESBL] em Klebsiella) foram mais abundantes em bebês alimentados com qualquer fórmula (3 vezes mais) do que em bebês alimentados com leite humano. Em conclusão, esses dados sugerem que uma dieta contendo apenas leite humano nos primeiros meses de vida reduz a carga de genes resistência aos antibióticos ao modular a comunidade microbiana para favorecer bactérias não portadoras de genes de resistência aos antibióticos.