Mês: março 2023

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL-compartilhando imagens: HIDROCEFALIA-DVP-INFECÇÃO

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL-compartilhando imagens: HIDROCEFALIA-DVP-INFECÇÃO

Paulo R. Margotto

                                                                                                              DVP-INFECÇÃO

A derivação ventrículo-peritoneal (DVP) é um dos procedimentos mais realizados em neurocirurgia. No entanto, a incidência de infecção secundária ao shunt V-P é um problema sério com uma taxa de infecção variando de 0,3% a 40%. A recorrência de infecção pelo shunt ocorreu em 27,27%. Todos os pacientes com infecção do shunt foram tratados com drenagem ventricular externa (DVE) e antibióticos. Staphylococcus epidermidis, Enterococcus fecium e Escherichia coli foram os organismos mais frequentemente identificados. S. epidermidis, E. fecium e E. coli foram freqüentemente detectados em pacientes com shunt associado à mielomeningocele.

Shunts inseridos para o tratamento de hidrocéfalos são mais vulneráveis à infecções bacterianas. No estudo de Arslan et al, as infecções de shunt ocorreram a uma taxa de 19,39%.

Com base na etiologia do hidrocéfalo, vários estudos foram realizados. A incidência de infecção de shunt é de 16 a 40% para crianças com mielomeningocele, 11 a 33% para aquelas com hemorragia intraventricular, 6 a 35% para pacientes com hidrocéfalo por obstrução congênita e 27 a 45% para crianças com infecção recorrente de shunt.

A hemorragia da matriz germinativa é o tipo mais comum de hemorragia intraventricular em bebês prematuros, particularmente bebês com muito baixo peso ao nascer. Crianças com hidrocéfalo secundário à hemorragia intraventricular são mais vulneráveis a desenvolver infecções de shunt devido à deficiência imunológica congênita. Portanto, a hemorragia intraventricular de recém-nascidos é um fator de risco potencial.

A colocação precoce de shunt para hidrocefalia  pós-hemorrágica é amplamente ineficaz e associada a um risco aumentado de infecção. Um estudo que incluiu 19 prematuros com hidrocefalia  pós-hemorrágica revelou uma taxa de infecção do shunt de aproximadamente 21%.

Medidas temporárias, como drenagem extraventricular ou punção ventricular, podem ser realizadas até que a tolerância do paciente aumente.

No estudo de Arslan et al a  incidência de infecção pelo shunt ventrículo-peritoneal ocorreu em 14,5% dos bebês com hemorragia intraventricular.

A perfuração intestinal tardia após a operação de DVP é uma causa de meningite recorrente, ocorrendo com uma incidência de 43%-48%. Para pacientes com meningite recorrente frequente, a perfuração intestinal deve ser considerada.

Sciubba et al, citados por Arslan et al,  relataram que a colocação de shunt V-P em neonatos prematuros foi associada a um aumento de aproximadamente cinco vezes no risco de infecções do shunt.

Uma revisão retrospectiva de Vinchon et al (citados por Arslan et L). sobre a incidência de infecções de shunt em neonatos prematuros levantou a recomendação de que punções ventriculares  e drenagem ventricular externa nessas crianças são eficazes até o tratamento mais definitivo com colocação de shunt.

 

Ventilação oscilatória de alta frequência versus ventilação convencional no manejo respiratório de recém-nascidos a termo com hérnia diafragmática congênita: um estudo de coorte retrospectivo

Ventilação oscilatória de alta frequência versus ventilação convencional no manejo respiratório de recém-nascidos a termo com hérnia diafragmática congênita: um estudo de coorte retrospectivo

Highfrequency oscillatory ventilation versus conventional ventilation in the respiratory management of term neonates with a congenital diaphragmatic hernia: a retrospective cohort study.Semama C, Vu S, Kyheng M, Le Duc K, Plaisant F, Storme L, Claris O, Mur S, Butin M.Eur J Pediatr. 2022 Nov;181(11):3899-3906. doi: 10.1007/s00431-022-04590-w. Epub 2022 Aug 22.PMID: 35994123.

                                                                                        Realizado por Paulo R. Margotto

O objetivo deste estudo retrospectivo foi comparar ventilação oscilatória de alta frequência (VOAF) com pressão média das vias aéreas (MAP ) abaixo de 12 cmH2O e ventilação mecânica convencional (VMC) em recém-nascidos com HDC em termos de morbidade respiratória de curto prazo quantificada pela duração da oxigenoterapia.

 

Comparando ventilação de alta frequência com pressão de vias aéreas (PAM) baixa de 12 cmH2O e ventilação convencional nesses recém-nascidos (RN) como modo inicial de ventilação nesses pacientes  não foi associado a diferenças na duração da oxigenoterapia ou na sobrevida do paciente.

Os resultados deste estudo sugerem que a VOAF continua sendo uma escolha válida para a ventilação inicial de pacientes com HDC. Esse estudo enfatiza a importância da estratégia geral de ventilação em relação ao modo inicial de ventilação, incluindo a escolha da pressão das vias aéreas, critérios para extubação e experiência no manejo desses pacientes. Seja para VOAF ou VMC, equipes experientes ajustam com precisão as pressões das vias aéreas para reduzir o risco de hiperdistensão. O presente estudo prepara o terreno para trabalhos futuros na melhoria da gestão e resultados de recém-nascidos com HDC.

 

Função ventricular na hérnia diafragmática congênita: revisão sistemática e metanálise

Função ventricular na hérnia diafragmática congênita: revisão sistemática e metanálise

Ventricular function in congenital diaphragmatic hernia: a systematic review and meta-analysis. Prasad R, Saha B, Kumar A.Eur J Pediatr. 2022 Mar;181(3):1071-1083. doi: 10.1007/s00431-021-04303-9. Epub 2021 Nov 1.PMID: 34725730.

Realizado por Paulo R. Margotto

Essa revisão sistemática mostrou que as funções ventriculares direita e esquerda foram preditores promissores de sobrevida e necessidade de  oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) em recém-nascidos com hérnia diafragmática congênita (HDC). Marcadores ecocardiográficos específicos da função ventricular podem ser valiosos na determinação do prognóstico.  Na fisiopatologia da HDC é de primordial importância o conhecimento do envolvimento cardíaco  para a mais racional abordagem farmacológica (o manejo pós-natal concentra-se na estabilização cardiopulmonar!).