Mês: setembro 2025

Biomarcadores e previsão de resultados na Encefalopatia Neonatal

Biomarcadores e previsão de resultados na Encefalopatia Neonatal

Palestra administrada pela Dra. Nikk Robertson (Reino Unido), no IX Encontro Internacional de Neonatologia, Gramado, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O objetivo dos biomarcadores na encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) inclui identificar bebês elegíveis para terapias neuroprotetoras, auxiliar no prognóstico, aconselhamento e otimização da terapia. A ressonância magnética (RM) é fundamental na EHI. O melhor momento para a RM com imagem ponderada em difusão (DWI) é entre 4 a 6 dias de vida, não sendo recomendado durante o resfriamento, a menos que seja para redirecionar a assistência. Os corpos mamilares (MB- mammillary body) são estruturas pequenas (requerem cortes de 2 mm ou menos na RM) importantes para a memória e podem ser um marcador precoce de problemas cognitivos e de memória em idade escolar. Estudo mostrou corpos mamilares anormais em 40% dos bebês com EHI, independentemente da gravidade da lesão, indicando sua vulnerabilidade à hipóxia. Espectroscopia por Ressonância Magnética (MRS): Oferece uma janela bioquímica contínua do cérebro, com foco em lactato (marcador de falha oxidativa) e NAA (marcador de densidade neuronal). O sinal anormal da MB está presente em um número substancial de bebês, apesar de serem submetidos a tratamento de hipotermia, o que poderia, pelo menos em parte, explicar por que bebês com histórico de encefalopatia neonatal apresentam déficits cognitivos e de memória na idade escolar, apesar de terem sido submetidos a tratamento terapêutico de hipotermia.

Uso do Levetiracetam endovenoso (EV) no controle da Convulsão Neonatal: por quê, quando e como?

Uso do Levetiracetam endovenoso (EV) no controle da Convulsão Neonatal: por quê, quando e como?

Paula Girotto (SP).XXXII Encontro Internacional de Neonatologia da Santa Casa de São Paulo, 16-17 de maio de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

As crises neonatais são muito prevalentes, ocorrendo em 35% dos pacientes com encefalopatia hipóxico-isquêmica e até 55% nos acidentes vasculares isquêmicos. A maioria dessas crises, especialmente em eventos hipóxico-isquêmicos, são subclínicas ou eletrográficas, exigindo monitorização para detecção.  O manejo adequado e a intervenção rápida e eficaz são cruciais para reduzir sequelas neurológicas e proteger o desenvolvimento cerebral. Administrar a medicação dentro da primeira hora da identificação da crise resulta em melhor controle nas 24 horas seguintes.  Atrasos (entre 1 e 2 horas, ou mais de 2 horas) levam a um aumento da carga de crises (“seizure burden”) nas próximas 24 horas, prejudicando a neuroproteção. O levetiracetam tem se mostrado     superioridade em relação à fenitoína na neonatologia ainda seja questionada por falta de estudos robustos, apesar de serem comparáveis na faixa etária pediátrica.  Sua rapidez intrínseca, bom perfil de efeitos colaterais, baixa toxicidade e mínimas interações medicamentosas o tornam uma excelente opção de segunda linha, especialmente para pacientes instáveis. Doses: Ataque: 40 mg/kg, com uma segunda dose de 20 mg/kg após 15 minutos se não houver controle da crise. Há uma tendência atual de uso de doses mais altas: 60 mg/kg, repetidas com 60 mg/kg, com perfil de segurança aceitável, mas aguardam resultados mais robustos. Dose de Manutenção: Varia de 40 a 60 mg/kg/dia, podendo chegar a 80 mg/kg/dia, dividida em três doses diárias.

Pneumonia Associada à Ventilação (PAV)

Pneumonia Associada à Ventilação (PAV)

Paulo Mansoni (Itália).

Palestra administrada pelo Dr. Paolo Mansoni (Itália), no IX Encontro Internacional de Neonatologia, Gramado, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O meu alerta é que essa entidade não há concordância total em termos dela existir nos recém-nascidos. Eu vou passar pelas evidências, pelas definições, estratégias para evitar, mas o meu alerta é que é difícil falar claramente sobre uma questão que, de uma certa forma é meio incerta. PAV é pneumonia adquirida no hospital, comum em UTIs de adultos, e ocorre em pacientes sob ventilação mecânica por pelo menos 48 horas, com evidência radiográfica nova e persistente de lesão, e isolamento de um patógeno (na UTI Neonatal ocorre , principalmente em prematuros devido ao diâmetro alveolar 20% menor, bronquíolos estreitos que dificultam a limpeza de muco e patógenos). Outros fatores incluem intubação, aspirações frequentes, permanência em UTI, nutrição parenteral total, e infecção prévia da corrente sanguínea. prevenção se beneficia mais de pacotes de intervenções (“bundles”) do que de estratégias isoladas, com a enfermagem desempenhando um papel central. A ultrassonografia pulmonar à beira do leito é uma ferramenta promissora para avaliação dinâmica e não invasiva. Não há indicação clara na literatura para troca rotineira de circuitos do ventilador: apenas quando visivelmente sujos ou quando há piora clínica suspeita.

Implementação de uma estratégia de intervenção precoce para dilatação ventricular pós-hemorrágica (PHVD) em bebês prematuros.

Implementação de uma estratégia de intervenção precoce para dilatação ventricular pós-hemorrágica (PHVD) em bebês prematuros.

Implementation of an early intervention strategy for post hemorrhagic ventricular dilatation in preterm infants.

Wilson D, Breitbart S, DiFonzo L, Kelly E, Diambomba Y, Kajal D, Raghuram K, Wong S, Ng E, Church P, Asztalos E, Glanc P, Cizmeci M, Pais R, Traubici J, Leijser LM., Miller SP, Kulkarni AV, Ly LG.J Perinatol. 2025 Jul 25. doi: 10.1038/s41372-025-02371-5. Online ahead of print.PMID: 4071573.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Um protocolo de intervenção precoce foi implementado em três UTINs em Toronto, Canadá. Bebês com hemorragia intraventricular grave (grau III ou superior) foram monitorados por ultrassonografias cranianas (cUS) para medir o índice ventricular (VI) e a largura do corno anterior (AHW). Dos 100 bebês, 70 sobreviveram, com 46% apresentando resolução espontânea da PHVD. Dos 38 que necessitaram de intervenção, 60% resolveram com punções lombares, 16% com dispositivo de acesso ventricular e 24% com derivação ventrículo-peritoneal. A intervenção precoce para PHVD foi viável e associada a melhores desfechos neurodesenvolvimentais em comparação com a abordagem tardia. A intervenção precoce para PHVD foi viável e associada a melhores desfechos neurodesenvolvimentais em comparação com a abordagem tardia.

Espectro de Kernicterus

Espectro de Kernicterus

Kernicterus on the Spectrum. Kasirer Y, Kaplan M, Hammerman C.Neoreviews. 2023 Jun 1;24(6):e329-e342. doi: 10.1542/neo.24-6-e329.PMID: 37258501 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O kernicterus é a sequela tóxica da hiperbilirrubinemia neonatal extrema, onde o excesso de bilirrubina livre não conjugada (UCB) atravessa a barreira hematoencefálica, causando danos irreversíveis e seletivos a células cerebrais vulneráveis, como os gânglios da base, o cerebelo e o sistema auditivo. A bilirrubina livre (Bf) é a principal responsável pelo dano, embora o manejo clínico se baseie nos níveis de bilirrubina sérica total (TSB). Para clarificar a terminologia confusa e sobreposta usada historicamente, o artigo propõe o conceito de Transtorno do Espectro de Kernicterus (KSD). O KSD abrange a neurotoxicidade por bilirrubina como um contínuo, usando modificadores para especificar subtipos e graus de gravidade (ex: predominantemente auditivo ou motor, agudo ou crônico, grave ou leve) motor deficiente e movimentos anormais, perturbação do processamento auditivo. O artigo traz  Um sistema de pontuação numérica, a pontuação disfunção neurológica induzida por bilirrubina foi desenvolvida para quantificar a extensão a sua extensão. A pontuação consiste em uma escala de 9 pontos que avalia o estado mental, o tônus muscular e os padrões de choro.