Resultado de prematuros com leucomalácia cística periventricular transitória na imagem craniana seriada até a idade a termo equivalente
Outcome of Preterm Infants with Transient Cystic Periventricular Leukomalacia on Serial Cranial Imaging Up to Term Equivalent Age.Sarkar S, Shankaran S, Barks J, Do BT, Laptook AR, Das A, Ambalavanan N, Van Meurs KP, Bell EF, Sanchez PJ, Hintz SR, Wyckoff MH, Stoll BJ, Carlo WA; Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network. Pediatr. 2018 Apr;195:59-65.e3.
doi: 10.1016/j.jpeds.2017.12.010. Epub 2018 Feb 2.PMID: 29398046.Similar articles.
Apresentação:Juliana Esper, Breno Borges e Thalita Sá. Coordenação: Paulo R. Margotto. Internato em Neonatologia na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF. Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília
Vamos juntos entender o comportamento das lesões císticas da substância branca cerebral dos pré-termos, que conhecemos como leucomalácia periventricular (LPV). Em termos de neurodesenvolvimento o que ocorre com os cistos que “desaparecem” (now you see, now you don´t-agora você vê, agora você não vê, como se expressa Fisher PG em seu Editorial) ou com os cistos que aparecem mais tarde em relação com os cistos persistentes? Respostas são dadas no estudo de Sarkar S et al (National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network, EUA, 2018):Resultado de prematuros com leucomalácia cística periventricular transitória na imagem craniana seriada até a idade a termo equivalente. A partir de 7063 RN (22-26sem6dia) que preencheram os critérios, 433 apresentação LPV cística (6,1%), sendo que em 76 os cistos desapareceram, 87 os cistos persistiram e 270 os cistos apareceram tardiamente (assim, 6630 não apresentaram cistos).O desfecho composto primário de morte tardia ou comprometimento do neurodesenvolvimento foi mais comum em crianças com LPV desaparecida em comparação com lactentes sem LPV (Odds Ratio:2,89, IC 95% 1,82-4,61). Entre todos os lactentes com LPV, a incidência do desfecho primário composto não diferiu entre os lactentes com LPV desaparecida e persistente (P = .74), ou entre os lactentes com LPV desaparecida e os lactentes que apresentavam leucomalácia periventricular detectada apenas na 36ª semana em imagem craniana. Estes resultados persistiram mesmo com a odds ratio ajustada para os Centros. Ment L et al e De Vries et al, citados pelos autores, afirmam que o ultrassom (US) craniano constitui a técnica de neuroimagem de escolha para o screening de rotina para a leucomalácia cística no pré-termo de extremo baixo peso, havendo boa correlação com a neuropatologia e melhor marcador de prevenção de paralisia cerebral nos pré-termo extremos. O presente estudo mostrou cistos”desaparecidos”, persistentes e tardios foram independentemente associados ao comprometimento do neurodesenvolvimento, reforçando a importância do rastreio sequencial tardio de neuroimagem para o diagnóstico de casos adicionais de LPV.Nos links, trouxemos a discussão da ventriculomegalia que pode traduzir perda de substância branca, afetando negativamente o neurodesenvolvimento (medidas lineares dos ventrículos laterais no US na idade corrigida a termo correlacionam-se com as anormalidades vistas na ressonância magnética). Grandes ventrículos laterais na região parietal na idade de 1 mês associam-se com pior resultado motor aos 2 anos). Trouxemos também o entendimento da hiperecogenicidade periventricular: à luz do neurodesenvolvimento e ressonância magnética, na nossa prática clínica não consideramos a hiperecogenicidade como leucomalácia, diferente de outros autores. Ela pode ser transitória, quando detectada nos primeiros 14 dias de vida (principalmente nos primeiros 6 dias de vida). A persistência depois de 14 dias implica em acompanhamento, pela possibilidade de detecção de leucomalácia cística. Quando a hiperecogenicidade vem acompanhada de dilatatação biventricular, a nossa atenção é maior e se estes achados persistirem na alta do bebê, encaminhamos à Terapia Ocupacional, pois pode traduzir lesão cerebral difusa.