Gemelaridade- Uma Abordagem para o Neonatologista

Gemelaridade- Uma Abordagem para o Neonatologista

Márcia Pimentel de Castro/Paulo R. Margotto

Capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, 4a Edição, 2019 (no prelo)

Francis Galton (1822-1911), que lançou as bases da Biometria cerca de 25 anos antes da redescoberta dos trabalhos do pai da Genética (Gregor Johann Mendel,1822-1884), já participara à Anthropological Society of London que os gêmeos podem ser estudados com a finalidade de avaliar a contribuição do que ele chamou de natura e nurtura na determinação dos caracteres quantitativos (Galton, 1876). Esse binômio passou, mais tarde, a ser designado por genótipo e ambiente, mas o princípio lógico estabelecido por Galton para o estudo de gêmeos com a finalidade de investigar a participação do genótipo na variação fenotípica permaneceu basicamente o mesmo. Os fatores do ambiente que afetam as diferenças intrapar dos gêmeos monozigóticos (oriundos de um único zigoto) seriam comparáveis aos fatores ambientais que afetam as diferenças intrapar dos gêmeos dizigóticos, os quais, do mesmo modo que os pares de irmãos nascidos de gestações sucessivas, são oriundos de dois zigotos.

            Atualmente se sabe que a gemelaridade ocorre em 1,6% das gestações e é um campo importante do conhecimento da reprodução humana. A maior incidência de problemas neonatais em gêmeos comparado a recém-nascidos de gestações únicas dá suporte à noção de que gestação múltipla é um desvio do padrão humano normal. Restrição do crescimento intra-uterino, prematuridade, malformações congênitas e mortalidade perinatal aumentada são mais comuns em gêmeos do que em fetos únicos. O conhecimento sobre a embriologia da gemelaridade auxilia a compreender a ocorrência de algumas destas complicações.