Hipotermia terapêutica no mundo real para encefalopatia hipóxico isquêmica neonatal: resultados e preditores do neurodesenvolvimento

Hipotermia terapêutica no mundo real para encefalopatia hipóxico isquêmica neonatal: resultados e preditores do neurodesenvolvimento

RealWorld Therapeutic Hypothermia for Neonatal HIE: Neurodevelopmental Outcomes and Predictors. Bedetti L, Lugli L, Guidotti I, Roversi MF, Muttini EDC, Pugliese M, Bertoncelli N, Spaggiari E, Todeschini A, Ancora G, Grandi S, Gargano G, Gallo C, Motta M, Catenazzi P, Corvaglia LT, Paoletti V, Solinas A, Ballardini E, Perrone S, Moretti S, Stella M, Berardi A, Ferrari F.Acta Paediatr. 2025 Nov;114(11):2874-2884. doi: 10.1111/apa.70186. Epub 2025 Jun 18.PMID: 40533883. Itália.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Este estudo observacional prospectivo italiano (Rede Neuronat, 2016–2021: oito UTINs italianas), avaliou os resultados do neurodesenvolvimento de dois anos e os preditores de desfechos desfavoráveis em neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica(EHI) de qualquer grau tratados com hipotermia terapêutica (HT) fora de ensaios clínicos randomizados (ECRs). As taxas de mortalidade geral (3,8%) e de Incapacidade Funcional Grave (IFG/SFD) (11,6%) foram significativamente menores do que as relatadas em Ensaios Clínicos Randomizados (ECRs) e na maioria dos estudos de coorte anteriores. Preditores de Desfecho Desfavorável: Os fatores mais fortes associados à IFG foram:  Convulsões confirmadas por cEEG/aEEG durante a HT (OR = 12,9)  e   Anomalias graves na Ressonância Magnética (RM) cerebral. Quanto à EHI Leve: nenhuma criança (12,9% da coorte) com EHI leve que recebeu HT desenvolveu desabilidade funcional severa. O estudo destaca a tendência clínica de expandir o uso da HT para casos leves, mas ressalta que o benefício da HT nessa população de baixo risco permanece questionável na ausência de um grupo de controle.  Os achados reforçam a eficácia da HT no atendimento de rotina e a importância da monitorização (cEEG/aEEG) e da RM como ferramentas cruciais para o prognóstico.NO ENTANTO… Embora a HT reduza morte e incapacidades graves, déficits cognitivos persistem, especialmente na transição para a escola, quando as exigências cognitivas aumentam. Estudo observacional prospectivo de Vincent IN et al  com 58 recém-nascidos (≥36 semanas) internados na UTIN de um hospital de referência em Portugal (2011-2019) para HT devido a EHI mostrou que o acompanhamento a longo prazo é essencial para crianças com EHI tratadas com HT, pois déficits cognitivos leves, muitas vezes associados a lesões na substância branca, podem surgir na idade escolar. A RM neonatal é um preditor robusto para incapacidades moderadas a graves, mas não para déficits leves. Programas de seguimento e intervenções precoces são cruciais para apoiar a transição escolar e minimizar impactos a longo prazo.