ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO ARTERIAL PERINATAL

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO ARTERIAL PERINATAL

Paulo R. Margotto

São apresentados dois casos recentes na nossa prática clínica  com as principais características: principal causa de convulsões neonatais após as primeiras 24-72 h em RN a termo com Apgar normal, território mais comum: artéria cerebral média (ACM) – ramo principal ou ramos corticais/lentículo-estriados, Apresentação típica: convulsões focais (70-90%), hipotonia, apneia (pode ser convulsão subclínica) e Muitos casos só são reconhecidos tardiamente (após 4-6 meses) como hemiparesia (AVC isquêmico presumido).Achados de imagens:US craniano precoce (1-3 primeiros dias): detecta anormalidade em ~68% dos casos; após o 4º dia sobe para ~87%. Padrão típico na US: área hiperecogênica triangular (cunha) no território da ACM. Muitas lesões são focais/não típicas ou só nos gânglios da base → US pode ser normal inicialmente. RM com difusão (DWI) é o exame ouro – detecta quase 100% das lesões nas primeiras 72 h.Entre os fatores de risco (FIQUEM ATENTOS!):estudo caso-controle 2020: Corioamnionite (OR 9,89 – maior risco!), Parto múltiplo, PIG, Sexo masculino,Prematuridade. Toda convulsão neonatal de início após 24 h → US craniano urgente + aEEG/EEG.. Se US normal ou duvidoso → RM com sequência de difusão nas primeiras 72-96 h. D-dímero elevado sugere trombose ativa → avaliar anticoagulação (enoxaparina 1 mg/kg 12/12 h).Investigar trombofilia materna/paterna quando indicado.Prognóstico:Alta chance de hemiplegia unilateral, epilepsia e déficits cognitivos.Diagnóstico precoce + reabilitação intensiva melhora desfecho funcional.Conclusão: AVC isquêmico neonatal é subdiagnosticado. Toda convulsão focal em RN a termo com Apgar normal deve levantar suspeita – US ajuda, mas RM precoce é essencial (pode inclusive não diagnosticar inicialmente!).