Thaís Mendonça Barbosa. Orientador: Alexandre Peixoto Serafim.
Introdução: A Bronquiolite Viral Aguda (BVA) é uma doença respiratória comum, autolimitada, que acomete as vias aéreas em crianças menores de 2 anos. A maioria dos bebês apresenta uma forma clínica leve, porém a doença costuma ser mais grave em lactentes jovens, recém-nascidos prematuros e em crianças com doenças de base. Os desafios reais nesta situação estão relacionados à redução da morbidade, especialmente por lesões induzidas pela ventilação mecânica (VM).
Objetivo: Descrever o perfil dos pacientes e características da mecânica ventilatória de lactentes na fase aguda de BVA grave submetidos à VM.
Métodos: Revisão de dados do prontuário de pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de um Hospital Terciário, no período de abril a julho de 2023 com diagnóstico de BVA, definido por critérios clínicos e que necessitaram de ventilação mecânica.
Resultados: Amostra com 28 pacientes com BVA grave submetidos à VM, com mediana de idade de 3 meses (1,0-4,25), 54% dos pacientes apresentavam painel viral positivo para VSR. Identificados históricos clínicos, como prematuridade (14%), quadro prévio de BVA (32%) e intubação prévia (25%). A mediana de tempo de VM foi de 6 dias (5-8) e tempo de internação de 9,5 dias (7-14). Foram avaliados parâmetros da VM com Ppico de 22 (21-24,5), PEEP de 6,5 (6-7), FR de 35 (33,7- 35) e FiO2 de 35% (30-41,2); com volume corrente ajustado pelo peso de 6,3 (5,5-6,7) ml/kg e driving pressure de 13,4 (12,2-14,9). Em relação aos aspectos da mecânica ventilatória, verificamos que os pacientes apresentaram valores elevados de resistência dinâmica (Rdyn) 73 (58-86), e reduzidos de complacência estática pelo peso (Cs/P) 0.47 (0.36-0,52). Verificamos ainda que um histórico de intubação prévia apresentou diferença significativa no tempo de VM, tempo de internação e nos valores de Rdyn.
Conclusão:A bronquiolite viral aguda tem apresentado redução de mortalidade, com valores menores que 5%1,8, porém, os desafios atuais estão relacionados à redução da morbidade da doença e à redução das lesões induzidas por ventilação mecânica.Quadros graves de BVA podem apresentar alterações significativas na mecânica ventilatória como aumento do trabalho respiratório, complacência pulmonar reduzida e resistência elevada.Reconhecer fatores de risco para maior gravidade, assim como reconhecer aspectos que possam interferir na mecânica ventilatória de acordo com o perfil de cada paciente pode auxiliar no melhor manejo do quadro.A monitorização da mecânica respiratória pode representar uma ferramenta útil para orientar a estratégia ventilatória a ser adotada em pacientes com BVA grave. A interpretação desses dados pode ajudar a adaptar os parâmetros da ventilação mecânica para melhor corresponder a fisiopatologia da doença de acordo com qual componente está predominantemente comprometido.