Autor: Paulo Margotto

Este site tem por objetivo a divulgação do que há mais de novo na Medicina Neonatal através de Artigos (Resumidos, Apresentados, Discutidos e Originais), Monografias das Residências Médicas, principalmente do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB/SES/DF), Apresentações de Congresso e Simpósios (aulas liberadas para divulgação, aulas reproduzidas). Também estamos disponibilizando dois livros da nossa autoria (Assistência ao Recém-Nascido de Risco, 3a Edição, 2013 e Neurossonografia Neonatal, 2013) em forma de links que podem ser baixados para os diferentes Smartphone de forma inteiramente gratuita. A nossa página está disponível para você também que tenha interesse em compartilhar com todos nós os seus conhecimentos. Basta nos enviar que após análise, disponibilizaremos. O nome NEONATOLOGIA EM AÇÃO nasceu de uma idéia que talvez venha se concretizar num futuro não distante de lançarmos um pequeno livro (ou mesmo um aplicativo chamado Neonatologia em Ação) para rápida consulta à beira do leito. No momento estamos arduamente trabalhando com uma excelente Equipe na elaboração da 4a Edição do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, que conterá em torno de mais 100 capítulos, abordando diferentes temas do dia a dia da Neonatologia Intensiva, com lançamento a partir do segundo semestre de 2018. O site também contempla fotos dos nossos momentos na Unidade (Staffs, Residentes, Internos). Todo esforço está sendo realizado para que transportemos para esta nova página os 6000 artigos do domínio www.paulomargotto.com.br, aqui publicados ao longo de 13 anos.Todas as publicações da página são na língua portuguesa. Quando completamos 30 anos do nosso Boletim Informativo Pediátrico com Enfoque Perinatal (1981- 2011), o berço do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, escrevemos e que resumo todo este empenho no engrandecimento da Neonatologia brasileira: nestes 30 anos, com certeza, foram várias as razões que nos impulsionam seguir adiante, na conquista do ideal de ser sempre útil, uma doação constante, na esperança do desabrochar de uma vida sadia, que começa em nossas mãos. Este mágico momento não pode admitir erro, sob o risco de uma cicatriz perene. É certamente emocionante fazer parte desta peça há tantos anos! "Não importa o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos"
Exposição pré-natal a opioides e risco de resultados cerebrais e motores adversos em bebês nascidos prematuros

Exposição pré-natal a opioides e risco de resultados cerebrais e motores adversos em bebês nascidos prematuros

Prenatal Opioid Exposure and Risk for Adverse Brain and Motor Outcomes in Infants Born Premature. Mahabee-Gittens EM, Priyanka Illapani VS, Merhar SL, Kline-Fath B, Harun N, He L, Parikh NA.J Pediatr. 2024 Apr;267:113908. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.113908. Epub 2024 Jan 12.PMID: 38220065.

Realizado por Letícia Perci (R3 em Neonatologia ). Coordenação: Paulo R. Margotto.

Quando os bebês são expostos a opioides no útero, eles podem apresentar efeitos adversos no desenvolvimento neurológico a curto e longo prazo. Nessa coorte regional de 395 bebês nascidos prematuros, os autores relatam  que bebês prematuros expostos aos opioides no pré-natal tinham um risco 4 vezes maior de ter graves lesões pontilhadas da substância branca presente na ressonância magnética estrutural equivalente a termo, mesmo após ajuste para fatores de confusão pré-natais frequentemente encontrados em bebês prematuros. Estes resultados indicam que os resultados de lesões pontilhadas da substância branca observados não foram causados ​​por nascimento prematuro precoce em crianças expostas a opiáceos, mas em grande parte pelo efeito adverso direto dos opiáceos no desenvolvimento do cérebro.

 

MÉTODOS CANGURU E O SEU IMPACTO NA NEUROPROTEÇÃO

MÉTODOS CANGURU E O SEU IMPACTO NA NEUROPROTEÇÃO

Palestra proferida pelo Dr. Sérgio Marba (Campinas, SP) por ocasião do NEOBRAIN BRASIL-2024 entre  8-9 março, São Paulo.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Na UTI Neonatal dos anos 80,  havia muita tecnologia e não havia família presente. Mesmo nas UTIs mais modernas observa-se  ainda o cuidado mais centrado  na equipe e no recém-nascido, muita tecnologia e não se observa  a família. A proposta do Método Canguru vem portanto somar a essa tecnologia outra tecnologia que é o contato pele a pele. Os bebês   expostos ao Método Canguru apresentam  mais estabilidade na frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação de oxigênio e temperatura e menos flutuação do fluxo sanguíneo cerebral como menos hemorragia peri/intraventricular. Há segurança para a realização do contato pele a pele  o mais precoce possível, sugerindo que mães de recém-nascidos prematuros não devem ser separadas ao nascimento, o que pode exigir mudança nas rotinas de atendimento ao parto. Assim, sugere-se  a mudança do  conceito de manuseio mínimo nas primeiras 72 horas para CUIDADO ESSENCIAL NAS PRIMEIRAS 72 HORAS incluindo assim a contato a pele a pele. Não se trata do que eu quero, eu acho. Devemos ter o apoio da literatura as nossas condutas. As evidências mostram que o cuidado canguru deve se preferencialmente iniciado dentro de 24 horas após o nascimento e fornecido por pelo menos 8 horas diárias. Estudo recente mostrou que o cuidado mãe canguru teve efeito protetor no volume das estruturas cerebrais nos jovens adultos nascidos prematuros, propiciando maior inteligência, atenção, memória e coordenação. A UTI que queremos hoje  é aquela  com toda a tecnologia apresentada nesse Congresso, tão importante,  colocando  a MÃE NO CENTRO dessa questão, pele a  pele, mesmo  intubado! A família é agora considerada uma parte central da equipe da UTIN, havendo aumento significativo nos pontos de QI aos cinco anos de idade! Introduzimos o “Sistema Canguru” na   Unidade Neonatal do HMIB em fevereiro de 1989 no “Setor Intermediário” localizado no Alojamento Conjunto, após Reunião de Trabalho ocorrida em novembro de 1988 em Montevidéu, com a presença do Drs. Robert Usher, Caldeyro-Barcia, Hector  Martinez, Granzoto, Diaz-Rossello e outros. Tive a oportunidade de estar presente por ocasião do Doutorado em Perinatologia no CLAP, Montevideu.

FALTA DE ALIMENTAÇÃO ENTERAL ASSOCIADA À MORTALIDADE NA PREMATURIDADE E ENTEROCOLITE NECROSANTE (ECN)

FALTA DE ALIMENTAÇÃO ENTERAL ASSOCIADA À MORTALIDADE NA PREMATURIDADE E ENTEROCOLITE NECROSANTE (ECN)

Lack of Enteral Feeding Associated with Mortality in Prematurity and Necrotizing Enterocolitis. Jeziorczak PM, Frenette RS, Aprahamian CJ.J Surg Res. 2022 Feb;270:266-270. doi: 10.1016/j.jss.2021.09.028. Epub 2021 Oct 26.PMID: 34715538.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O objetivo principal deste estudo é avaliar o impacto da alimentação enteral na sobrevivência de neonatos prematuros entre 22-29 semanas e ECN. Houve um AUMENTO significativo na taxa de ECN para o grupo incapaz de obter alimentação enteral em comparação com aqueles capazes de obter alimentação enteral (nenhum um único paciente que conseguiu receber alimentação enteral morreu!). A diferença na taxa de infecção bacteriana é de 40,5%, enquanto a diferença na taxa cirúrgica é de 29,4%, sendo os neonatos incapazes de receber alimentação enteral mais altos em ambas as categorias. Existe uma associação significativa entre alimentação enteral e NEC, sobrevivência e taxas de infecção em neonatos prematuros. Estas descobertas apoiam a importância da imunidade intestinal e da microbiota na ECN.Nos complementos, segundo Josep Neu: alimentação trófica precoce não aumenta o risco de ECN ou mortalidade. Então:iniciar a alimentação trófica o mais rápido possível.No entanto, a nutrição parenteral associa-se a maior probabilidade de ECN (devido ao aumento da permeabilidade intestinal  facilitando  a translocação de bactérias devido ao malfuncionamento das junções de oclusões e da maior permeabilidade do trato gastrointestinal!!!). É a nutrição enteral que  faz o intestino crescer. Assim, não devemos ficar parados no 20ml/kg//dia por 5-10 dias. Uma progressão mais rápida da alimentação reduz o uso de nutrição parenteral, reduz o número de dias com acesso central permanente e reduz o tempo para atingir a nutrição enteral completa.  Portanto  o avanço mais rápido da alimentação tem sido  seguro tanto em bebês de baixo peso quanto de muito baixo peso.

 

NEUROLOGIA NEONATAL: VISÃO DE VOLPE – EXPOSIÇÃO À MÚSICA EM BEBÊS PRETERMOS LEVA AO MELHOR DESENVOLVIMENTO CORTICAL E DA SUBSTÂNCIA BRANCA

NEUROLOGIA NEONATAL: VISÃO DE VOLPE – EXPOSIÇÃO À MÚSICA EM BEBÊS PRETERMOS LEVA AO MELHOR DESENVOLVIMENTO CORTICAL E DA SUBSTÂNCIA BRANCA

Joseph J. Volpe, MD

May, 2024: MUSIC EXPOSURE IN PRETERM INFANTS LEADS TO ENHANCED CEREBRAL CORTICAL AND WHITE MATTER DEVELOP.

Go to Volpe’s View

Realizado por Paulo R. Margotto

Esse comentário ocorre a partir do estudo de Sa de Almeida J et al (2023) intitulado “A música impacta a maturação microestrutural cortical do cérebro em bebês muito prematuros: um estudo de imagem por ressonância magnética de difusão longitudinal”. A amostra de bebês muito prematuros (idade gestacional média de 29 semanas) sem lesões cerebrais evidentes foi alocada aleatoriamente para um grupo controle (n = 19) (sem intervenção musical) ou um grupo de intervenção musical (n = 21). A intervenção musical foi realizada duas vezes ao dia. A ressonância magnética  com técnicas avançadas, foi realizada durante a 33ª semana de idade gestacional (IG) e na idade equivalente a termo (TEA). A intervenção musical leva a uma maior maturação das estruturas da substância branca e da substância cinzenta . Assim, este estudo e trabalhos anteriores deste grupo mostraram desenvolvimento aprimorado de vários tratos de substância branca  consistente com crescimento/organização axonal aprimorado e, potencialmente, diferenciação oligodendroglial. A intervenção musical também melhorou a maturação de diversas regiões corticais da substância cinzenta , especialmente aquelas envolvidas no processamento auditivo, cognitivo e socioemocional. O papel da intervenção musical no contexto da internação prematura na UTIN pode ser substancial a longo prazo. Contudo, tal como acontece com qualquer intervenção na UTIN, é importante prestar atenção cuidadosa ao momento da atividade . A perturbação dos estados benéficos do sono  não seria desejável. Qual música foi usada? A música era composta por “um fundo calmante, sinos, harpa e punji (flauta de cobra encantadora) criando interativamente uma melodia” de 8 minutos de duração.

 

Ventilação de alta frequência em bebês prematuros e neonatos

Ventilação de alta frequência em bebês prematuros e neonatos

Highfrequency ventilation in preterm infants and neonates.Ackermann BW, Klotz D, Hentschel R, Thome UH, van Kaam AH.Pediatr Res. 2023 Jun;93(7):1810-1818. doi: 10.1038/s41390-021-01639-8.Epub 2022 Feb 8.PMID: 35136198 Free PMC article. Review.

Apresentação: Gabriela Muniz Taham Carvelo (R5). Coordenação: Diogo Pedroso.

É um modo de ventilação mecânica invasiva, caracterizado pela entrega de volumes correntes muito pequenos em frequências suprafisiológicas (evita a hiperinsuflação inspiratória e o colapso pulmonar expiratório), sendo considerada um modo de ventilação que protege os pulmões. O conhecimento de como funciona a ventilação de alta frequência, como influencia a fisiologia cardiorrespiratória e como aplicá-la na prática clínica diária tem se mostrado essencial para seu uso ideal e seguro. Esse é o objetivo desse estudo e nos complementos, apresentamos, como fazemos.

AVANÇOS RECENTES NA FISIOPATOLOGIA E TRATAMENTO DA TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA EM RECÉM-NASCIDOS (TTRN).

AVANÇOS RECENTES NA FISIOPATOLOGIA E TRATAMENTO DA TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA EM RECÉM-NASCIDOS (TTRN).

Recent Advances in Pathophysiology and Management of Transient Tachypnea of NewbornAlhassen Z, Vali P, Guglani L, Lakshminrusimha S, Ryan RM.J Perinatol. 2021 Jan;41(1):6-16. doi: 10.1038/s41372-020-0757-3. Epub 2020 Aug 4.PMID: 32753712 Review.

Apresentação: Amanda Batista Alves. R5 Neonatologia do HMIB/SES/DF. Coordenação: Carlos A. M  Zaconeta.

A TTRN é um distúrbio respiratório que se acredita ser devido à depuração inadequada ou retardada do fluido pulmonar fetal após o nascimento. A falha na eliminação desse líquido resulta em uma síndrome clínica de desconforto respiratório com amplo diagnóstico diferencial. O volume de líquido pulmonar presente nas vias aéreas ao nascimento pode exacerbar os sintomas, pois parte do líquido do tecido pulmonar intersticial pode reentrar nos alvéolos no final da expiração. Evidências recentes também sugerem que a TTRN pode estar associada a síndromes de sibilância mais tarde na infância. mecanismos direcionados para prevenir a reentrada de fluido no pulmão, como o CPAP, provavelmente melhorarão a função respiratória e prevenirão o agravamento do TTRN. Nos complementos, excelente discussão de como passar de um pulmão cheio de líquido para um pulmão cheio de ar (“A sombra do vale do nascimento” como chamou Clement Smith em 1951)  pelo Dr. Kirpalani (EUA) e o papel do uso da pressão positiva nesses bebês por  Stuart Hoope (Austrália).

MONOGRAFIA UTI PEDIÁTRICA-2024 (HMIB)-APRESENTAÇÃO: ESTUDO OBSERVACIONAL DA MECÂNICA VENTILATÓRIA (VM) EM CEIANÇAS INTERNADAS COM BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA (BVA) EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA.

MONOGRAFIA UTI PEDIÁTRICA-2024 (HMIB)-APRESENTAÇÃO: ESTUDO OBSERVACIONAL DA MECÂNICA VENTILATÓRIA (VM) EM CEIANÇAS INTERNADAS COM BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA (BVA) EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA.

Thaís Mendonça Barbosa. Orientador: Alexandre Peixoto Serafim.

O objetivo desse estudo foi descrever o perfil dos pacientes e características da mecânica ventilatória de lactentes na fase aguda de BVA grave submetidos à VM atendidos na UTI do HMIB entre abril e julho de 2023. Foram identificados históricos clínicos, como prematuridade (14%), quadro prévio de BVA (32%) e intubação prévia (25%). A mediana de tempo de VM foi de 6 dias (5-8) e tempo de internação de 9,5 dias (7-14).Em relação aos aspectos da VM, os pacientes apresentaram valores elevados de resistência dinâmica (Rdyn) 73 (58-86), e reduzidos de complacência estática pelo peso (Cs/P) 0.47 (0.36-0,52). Histórico de intubação prévia apresentou diferença significativa no tempo de VM, tempo de internação e nos valores de Rdyn.

Práticas de pré-medicação para intubação traqueal neonatal: resultados do estudo de coorte prospectivo EPIPPAIN 2 e comparação com EPIPPAIN 1

Práticas de pré-medicação para intubação traqueal neonatal: resultados do estudo de coorte prospectivo EPIPPAIN 2 e comparação com EPIPPAIN 1

Premedication practices for neonatal tracheal intubation: Results from the EPIPPAIN 2 prospective cohort study and comparison with EPIPPAIN 1.Walter-Nicolet E, Marchand-Martin L, Guellec I, Biran V, Moktari M, Zana-Taieb E, Magny JF, Desfrère L, Waszak P, Boileau P, Chauvin G, de Saint Blanquat L, Borrhomée S, Droutman S, Merhi M, Zupan V, Karoui L, Cimerman P, Carbajal R, Durrmeyer X.Paediatr Neonatal Pain. 2021 Apr 4;3(2):46-58. doi: 10.1002/pne2.12048. eCollection 2021 Jun.PMID: 35547594 Free PMC article. Artigo Gratis!

Apresentação: Sylvia, R4 em Neonatologia do HMIB/SES/DF. Coordenação: Digo Pedroso.

Apesar dessa orientação aos médicos, da conscientização da equipe sobre a dor e suas consequências no período neonatal e da publicação nos últimos anos de vários estudos sobre as possíveis combinações de medicamentos a serem utilizados para esse procedimento, muitas unidades de terapia intensiva neonatais e pediátricas (UTIN /UTIP) não incorporaram o uso rotineiro de pré-medicação neonatal em suas práticas. Estudo realizado em 16 centros de cuidados terciários, incluindo 13 unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) e três unidades de terapia intensiva pediátricos (UTIP) na região da França mostrou que um quarto dos neonatos deste estudo foram submetidos a esse procedimento doloroso sem qualquer forma de analgesia! As taxas de pré medicação foram baixas em cada Centro,  a taxa mais alta foi de 45,8% e a mais baixa foi de 12,5%. A taxa de IT sem nenhuma forma de sedação ou analgesia foi elevada: 29% (26/91) em 2005 e 25% (30/121) em 2011. As taxas de pré-medicação específica diminuíram de 56% para 47% entre 2005 e 2011. Nossa Unidade tem um Protocolo de pré-medicação discutido e implantado em 2024 devendo ser monitorizado com educação contínua para garantir sua eficácia 5)VENTILAÇÃO DE ALTA FREQUÊNCIA EM BEBÊS PREMATUROS E NEONATOS. É um modo de ventilação mecânica invasiva, caracterizado pela entrega de volumes correntes muito pequenos em frequências suprafisiológicas (evita a hiperinsuflação inspiratória e o colapso pulmonar expiratório), sendo considerada um modo de ventilação que protege os pulmões. O conhecimento de como funciona a ventilação de alta frequência, como influencia a fisiologia cardiorrespiratória e como aplicá-la na prática clínica diária tem se mostrado essencial para seu uso ideal e seguro. Esse é o objetivo desse estudo e nos complementos, apresentamos como fazemos.

MONOGRAFIA UTI PEDIÁTRIA-HMIB(2024): ESTUDO OBSERVACIONAL DESCRITIVO DA MECÂNICA VENTILATÓRIA EM CRIANÇAS INTERNADAS COM BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA

MONOGRAFIA UTI PEDIÁTRIA-HMIB(2024): ESTUDO OBSERVACIONAL DESCRITIVO DA MECÂNICA VENTILATÓRIA EM CRIANÇAS INTERNADAS COM BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA

Thaís Mendonça Barbosa. Orientador:  Alexandre Peixoto Serafim.


Introdução: A Bronquiolite Viral Aguda (BVA) é uma doença respiratória comum, autolimitada, que acomete as vias aéreas em crianças menores de 2 anos. A maioria dos bebês apresenta uma forma clínica leve, porém a doença costuma ser mais grave em lactentes jovens, recém-nascidos prematuros e em crianças com doenças de base. Os desafios reais nesta situação estão relacionados à redução da morbidade, especialmente por lesões induzidas pela ventilação mecânica (VM).

Objetivo: Descrever o perfil dos pacientes e características da mecânica ventilatória de lactentes na fase aguda de BVA grave submetidos à VM.

Métodos: Revisão de dados do prontuário de pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de um Hospital Terciário, no período de abril a julho de 2023 com diagnóstico de BVA, definido por critérios clínicos e que necessitaram de ventilação mecânica.

Resultados: Amostra com 28 pacientes com BVA grave submetidos à VM, com mediana de idade de 3 meses (1,0-4,25), 54% dos pacientes apresentavam painel viral positivo para VSR. Identificados históricos clínicos, como prematuridade (14%), quadro prévio de BVA (32%) e intubação prévia (25%). A mediana de tempo de VM foi de 6 dias (5-8) e tempo de internação de 9,5 dias (7-14). Foram avaliados parâmetros da VM com Ppico de 22 (21-24,5), PEEP de 6,5 (6-7), FR de 35 (33,7- 35) e FiO2 de 35% (30-41,2); com volume corrente ajustado pelo peso de 6,3 (5,5-6,7) ml/kg e driving pressure de 13,4 (12,2-14,9). Em relação aos aspectos da mecânica ventilatória, verificamos que os pacientes apresentaram valores elevados de resistência dinâmica (Rdyn) 73 (58-86), e reduzidos de complacência estática pelo peso (Cs/P) 0.47 (0.36-0,52). Verificamos ainda que um histórico de intubação prévia apresentou diferença significativa no tempo de VM, tempo de internação e nos valores de Rdyn.

Conclusão:A bronquiolite viral aguda tem apresentado redução de mortalidade, com valores menores que 5%1,8, porém, os desafios atuais estão relacionados à redução da morbidade da doença e à redução das lesões induzidas por ventilação mecânica.Quadros graves de BVA podem apresentar alterações significativas na mecânica ventilatória como aumento do trabalho respiratório, complacência pulmonar reduzida e resistência elevada.Reconhecer fatores de risco para maior gravidade, assim como reconhecer aspectos que possam interferir na mecânica ventilatória de acordo com o perfil de cada paciente pode auxiliar no melhor manejo do quadro.A monitorização da mecânica respiratória pode representar uma ferramenta útil para orientar a estratégia ventilatória a ser adotada em pacientes com BVA grave. A interpretação desses dados pode ajudar a adaptar os parâmetros da ventilação mecânica para melhor corresponder a fisiopatologia da doença de acordo com qual componente está predominantemente comprometido.

A CAFEÍNA E O CÉREBRO

A CAFEÍNA E O CÉREBRO

Palestra realizada pelo Dr. Maurício Magalhães (SP) no NEOBRAIN BRASIL 2024 entre os dia 8/3-9/3/2024 em São Paulo.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

A cafeína bloqueia o receptor da adenosina (principal efeito), inibe a fosfodiesterase, mobiliza a cálcio intracelular (sabemos na asfixia da importância da lesão celular quando há um influxo de cálcio intracelular) e interfere com o receptor GABA. A adenosina é produzida principalmente por neurônios e desempenha um importante papel no desenvolvimento da lesão  cerebral nos lactentes imaturos, como lesão da substancia branca. A cafeína promove a diferenciação e maturação de oligodendrócitos hipóxicos por regular o equilíbrio do Ca2+, exercendo assim um efeito protetor na lesão hipóxica neonatal. No prematuro isso é muito importante! Estudos de ressonância magnética (RM)  mostraram que   a exposição à cafeína estava relacionada à melhora induzida no desenvolvimento da microestrutura da substância branca em prematuros. A administração de cafeína dentro de 48-72 horas após o nascimento reduz a ocorrência de  persistência do canal arterial, normalizando o fluxo sanguíneo cerebral, estabilizando a flutuação da pressão arterial  sistêmica conferindo efeito neuroprotetor no prematuro, desempenhando papel  indireto na neuroproteção. Usando o NIRS demonstrou-se que com a dose de ataque de cafeína houve uma capacidade aguda aumentada de autorregulação cerebral, além de redistribuição  hemodinâmica preferência cerebral e esplâncnica, controlando assim o hiperfluxo sanguíneo cerebral  redistribuindo para órgãos periféricos. Efeito hemodinâmico importante no SNC. Cuidar do cérebro do prematuro  é evitar lesão cerebral (hemorragia cerebral, leucomalácia periventricular ) e esse é cuidar da hemodinâmica cerebral. Assim, estamos estimulando a plasticidade/desenvolvimento cerebral. Em comparação com grupo controle (aminofilina) a cafeína pode melhorar o desenvolvimento cerebral de bebês de baixo peso com apneia melhorando atividade elétrica cerebral e promovendo o desenvolvimento da função e maturidade cerebral.