Categoria: Distúrbios Neurológicos

HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR NO PRÉ-TERMO:PODEMOS PREVENIR! 2023 (Reunião com a Residência de Neonatologia/HMIB/SES/DF em 10/9/2023)

HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR NO PRÉ-TERMO:PODEMOS PREVENIR! 2023 (Reunião com a Residência de Neonatologia/HMIB/SES/DF em 10/9/2023)

Paulo R. Margotto.

Então, falando francamente!: 1meiros 3-4dias de vida, os 12 Mandamentos!

  • Evitar aspirações de cânulas de rotina
  • Evitar o manuseio excessivo (Punção lombar), evitar o barulho
  • Aconchegar o recém-nascido
  • Avaliar a presença de dor; Evitar punções de calcanhares; Agrupar tarefas;
  • RN no respirador: avaliar a assincronia; evitar PaCO2>52mmHg (primeiros 3dias vida)
  • Evitar excessivas aspirações traqueais
  • Ao usar o surfactante: nas primeiras 2 horas de vida /cafeína precocemente (1as 24 h)
  • Priorizar o uso de CPAP nasal
  • Evitar pneumotórax
  • Evitar infusão rápida de volumes/ altas cargas de sódio,
  • Uso consciencioso de drogas vasoativas
  • Identificar RN com persistência do canal arterial que necessita de tratamento
Impacto da hemorragia intraventricular de baixo grau no resultado do desenvolvimento neurológico em bebês muito prematuros aos dois anos de idade

Impacto da hemorragia intraventricular de baixo grau no resultado do desenvolvimento neurológico em bebês muito prematuros aos dois anos de idade

Impact of lowgrade intraventricular hemorrhage on neurodevelopmental outcome in very preterm infants at two years of age. Périsset A, Natalucci G, Adams M, Karen T, Bassler D, Hagmann C. Early Hum Dev. 2023 Mar;177-178:105721. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2023.105721. Epub 2023 Feb 7.PMID: 36841201

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

O presente estudo acrescenta mais um conhecimento à questão de até que ponto a HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR (HIV) de baixo grau representa um fator de risco independente para resultados adversos no desenvolvimento neurológico. Juntamente com um número crescente de outros estudos, mostramos que a presença de HIV de baixo grau – e especialmente HIV de grau II – não deve ser subestimada, uma vez que o resultado do desenvolvimento neurológico a longo prazo pode ser pior do que se pensava anteriormente. Conseguimos demonstrar que a HIV grau II está associada a uma taxa mais elevada de PC, anormalidades neuromotoras não-paralisia cerebral e comprometimento neurossensorial e, portanto, justifica uma avaliação de acompanhamento detalhada e personalizada, uma vez que essas anormalidades influenciam o desempenho acadêmico posterior. Investigaremos mais detalhadamente o efeito da HIV de baixo grau em nossa coorte após cinco anos de acompanhamento. Em última análise, um grande estudo multicêntrico prospectivo com protocolo implementado para ultrassonografia cerebral  e ressonância magnética com acompanhamento de longo prazo de bebês prematuros com HIV de baixo grau até a idade escolar e adolescência deve ser elaborado a fim de lançar mais luz sobre os impactos da baixa grau HIV no resultado do neurodesenvolvimento além da infância.

A regressão logística multivariada mostrou uma associação positiva independente de HIV grau II e paralisia cerebral (PC)  e comprometimento do desenvolvimento neurológico nesta coorte após ajuste para possíveis fatores de confusão, como IG, peso ao nascer, duração da ventilação mecânica, sepse, displasia broncopulmonar , retinopatia da prematuridade , enterocolite necrosante  e status sócio-econômivo.

A  odds ratio (OR) ajustada para PC foi de 4,36 (IC 95% 1,45–13,12) no grupo de prematuros com HIV grau II em comparação com nenhum HIV, e a OR ajustada para comprometimento do desenvolvimento neurológico foi de 3,25 (IC 95% 1,55–6,83) em comparação com o grupo de prematuros sem HIV. 

 

O componente do leite humano mio-inositol promove conectividade neuronal

O componente do leite humano mio-inositol promove conectividade neuronal

The human milk component myoinositol promotes neuronal connectivity. Paquette AF, Carbone BE, Vogel S, Israel E, Maria SD, Patil NP, Sah S, Chowdhury D, Kondratiuk I, Labhart B, Morrow AL, Phillips SC, Kuang C, Hondmann D, Pandey N, Biederer T.Proc Natl Acad Sci U S A. 2023 Jul 25;120(30):e2221413120. doi: 10.1073/pnas.2221413120. Epub 2023 Jul 11.PMID: 37433002. Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Este estudo revela benefícios substanciais do componente do leite humano mio-inositol para o desenvolvimento de sinapses entre espécies, inclusive em neurônios humanos (o mio-inositol promove a conectividade neuronal e pode orientar as recomendações dietéticas em todas as fases da vida. O mio-inositol promove a conectividade neuronal e pode orientar as recomendações dietéticas em todas as fases da vida. Esse componente  é mais proeminente durante os estágios iniciais da lactação, quando as conexões neuronais se formam rapidamente no cérebro infantil.

 

Alta com medicação anticonvulsivante em bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI): um estudo observacional

Alta com medicação anticonvulsivante em bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI): um estudo observacional

Antiseizure medication at discharge in infants with hypoxicischaemic encephalopathy: an observational study.Sewell EK, Shankaran S, McDonald SA, Hamrick S, Wusthoff CJ, Adams-Chapman I, Chalak LF, Davis AS, Van Meurs K, Das A, Maitre N, Laptook A, Patel RM; National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network.

Correspondência para Dra. Elizabeth K Sewell, Pediatria, Escola de Medicina da Universidade Emory, Atlanta, GA 30306, EUA; elizabeth.sewell@emory.edu

Apresentação: Luciana Melara (UTI Pediatria do HMIB/SES/DF). Andre (UTI Pediátrica do Hospital Paranoá/SES/DF). Coordenação: Marta David Rocha de Moura e   Paulo R. Margotto.

Entre os bebês com EHI tratados com hipotermia com convulsões clínicas ou eletrográficas, a alta anticonvulsivante  (13 A 100% DOS Centros) foi associada a um maior risco de morte pós-alta ou incapacidade moderada a grave. Morte ou incapacidade moderada ou grave ocorreu em 44% dos bebês com anticonvulsivante  na alta, em comparação com 28% daqueles que tiveram alta sem anticonvulsivante (OR ajustado [aOR] 2,14; IC 95% 1,13 a 4,05)

Editorial Convulsões neonatais. Tratar! Mas quando, com o quê e por quanto tempo?

Editorial Convulsões neonatais. Tratar! Mas quando, com o quê e por quanto tempo?

Neonatal seizures. Treat! But when, with what and for how long? Hunt RW. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023. PMID: 37527943 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto

Claramente, o uso de ASMs após a alta hospitalar requer uma forte justificativa. O caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos também é longo e desafiador, mas existem recomendações recentes para o fenobarbital como terapia de primeira linha, em parte porque faltam evidências de algo mais seguro e eficaz. Sewell et al 1 concluem que ‘são necessários mais estudos sobre a eficácia e os efeitos a longo prazo do tratamento de ASM’… eles são absolutamente. No tratamento das convulsões neonatais, temos que continuar nos esforçando para melhorar.

Medicação anticonvulsivante na alta de lactentes com encefalopatia hipóxico-isquêmica: um estudo observacional

Medicação anticonvulsivante na alta de lactentes com encefalopatia hipóxico-isquêmica: um estudo observacional

Antiseizure medication at discharge in infants with hypoxicischaemic encephalopathy: an observational studySewell EK, Shankaran S, McDonald SA, Hamrick S, Wusthoff CJ, Adams-Chapman I, Chalak LF, Davis AS, Van Meurs K, Das A, Maitre N, Laptook A, Patel RM; National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023 Jul;108(4):421-428. doi: 10.1136/archdischild-2022-324612. Epub 2023 Feb 2.PMID: 36732048.

Correspondência para Dra. Elizabeth K Sewell, Pediatria, Escola de Medicina da Universidade Emory, Atlanta, GA 30306, EUA; elizabeth.sewell@emory.edu

Realizado por Paulo R. Margotto

O QUE JÁ SE SABE SOBRE ESSE TÓPICO

  • A medicação anticonvulsivante (ASM) pode ser neurotóxica, e a duração do tratamento com ASM para convulsões sintomáticas agudas em recém-nascidos varia entre os centros.
  • A descontinuação de ASM antes da alta em neonatos com convulsões resolvidas não aumenta o risco de epilepsia.
  • Um estudo anterior em recém-nascidos com convulsões sintomáticas agudas sugere que a interrupção antes da alta não aumentou o risco de incapacidade funcional.

O QUE ESTE ESTUDO ACRESCENTA

  • Entre as crianças com encefalopatia hipóxico-isquêmica (HIE) e convulsões tratadas com ASM, a alta em ASM pode estar associada a um maior risco de morte ou incapacidade.

COMO ESTE ESTUDO PODE AFETAR PESQUISAS, PRÁTICAS OU POLÍTICAS

  • Dado o baixo risco de epilepsia nessa população em comparação com outras causas de convulsões sintomáticas agudas em neonatos, nossos dados sugerem que algumas crianças com convulsões resolvidas associadas à EHI podem não justificar os riscos potenciais de ASM continuada na alta.
  • Mais estudos são necessários para identificar bebês com alto risco de epilepsia que podem ter um maior benefício do tratamento continuado com ASM após a alta.
Dexmedetomidine: uma alternativa ao tratamento da dor em neonatologia

Dexmedetomidine: uma alternativa ao tratamento da dor em neonatologia

Dexmedetomidine: An Alternative to Pain Treatment in Neonatology. Mantecón-Fernández L, Lareu-Vidal S, González-López C, Solís-Sánchez G, Suárez-Rodríguez M.Children (Basel). 2023 Feb 25;10(3):454. doi: 10.3390/children10030454.PMID: 36980013.  Review. Artigo Livre!  Espanha, Canadá.

Realizado por Paulo R. Margotto

O manejo da dor neonatal continua sendo um desafio para neonatologistas e pesquisadores. sensação de dor é teoricamente possível em 24 semanas de gestação  e se associa à perda neuronal, problemas no neurodesenvolvimento e crescimento. A avaliação precisa da dor é vital para garantir a eficácia ideal da terapia de controle da dor nesses recém-nascidos que sentiram dor durante a internação na UTIN (uso de opioide sem dor é prejudicial) Entre os opioide, temos  o fentanil e morfina e não opioides (benzodiazepínicos  como o midazolam que atua como  sedativo  e tem pouco efeito analgésico; paracetamol , principalmente no pós-operatório com efeito igual a morfina). Entre os novos tratamentos, temos a dexmedetomedine, pela sua eficácia e perfil de segurança. É um agonista seletivo do alfa -2 (produz ansiólise, sedação e analgesia sem causar depressão respiratória). Tem efeito analgésico é moderado e potencializa o efeito dos opioides quando usados ​​em associação. Tem-se mostrado seguro e tão eficaz quanto o fentanil em bebês prematuros quando administrado em infusão intravenosa contínua. Outro benefício potencial amplamente estudado é a neuroproteção, o que torna esse tratamento uma opção ideal para o paciente neonatal, especialmente os prematuros, que são os mais vulneráveis ​​aos efeitos neurodesenvolvimentais das moléculas tradicionalmente utilizadas na sedoanalgesia. quando administrado por via intravenosa, o tratamento com dexmedetomidina parece ser uma alternativa eficaz e segura para o tratamento da dor e sedação no paciente neonatal. Faltam estudo a longo prazo desses bebês que usaram a dexmedetomidine. Usando >96 horas, considerar a transição com a clonidina.