Categoria: Distúrbios Neurológicos

Avaliação Ultrassonográfica do Parênquima Cerebral em Bebês Prematuros com Exposição Pré-Natal aos Opioides

Avaliação Ultrassonográfica do Parênquima Cerebral em Bebês Prematuros com Exposição Pré-Natal aos Opioides

Ultrasound evaluation of brain parenchyma in preterm infants with prenatal opioid exposure. Tivnan P, Setty BN, Howard E, Agarwal J, Farris CW, Wachman EM, Castro-Aragon I.J Perinatol. 2023 Oct 20. doi: 10.1038/s41372-023-01804-3. Online ahead of print.PMID: 37863985. Estados Unidos.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O  estudo mostrou tamanhos diminuídos do cérebro (diâmetro biparietal) e do cerebelo (transcerebelar), bem como outras medidas que incorporaram diversas estruturas, incluindo o comprimento dos gânglios da base até a ínsula, além  diferenças volumétricas parenquimatosas reduzidas. Esses bebês têm perímetro cefálico menor em relação aos bebês não expostos ao nascer. Esse volumes cerebrais reduzidos persistem mais tarde na vida, com volumes reduzidos mostrados em crianças em idade escolar com exposição pré-natal, bem como em adultos jovens. aumentando potencialmente o risco de anomalias do desenvolvimento neurológico.

Fatores Associados com a Ocorrência de Paralisia Cerebral em Recém-Nascidos Prematuros Extremos

Fatores Associados com a Ocorrência de Paralisia Cerebral em Recém-Nascidos Prematuros Extremos

Alessandra de Cássia Gonçalves Moreira, Ariadne Bueno de Almeida, Fabiana Moreira Pontes, Joseleide Gomes de Castro, Marta David Rocha de Moura, Rebecca Santana Alonso, Sérgio Henrique Veiga (Hospital Materno Infantil de Brasília, SES/DF) Tema Livre Apresentado no 26º Congresso Brasileiro de Perinatologia  ocorrido em Florianópolis, SC, entre os dias 11 e 14 de outubro de 2023.

Estudo realizado na Unidade Neonatal do HMIB mostrou que a Hemorragia intraventricular grave e/ou leucomalácia periventricular associaram-se significativamente com paralisia cerebral   (OR 59,3, IC95% 3,9-901, p<0,01)

NOVEMBRO ROXO:UTI NEONATAL HUJM/UFMT/CUIABÁ/MT: Importância do Neonatologista na Neurossonografia na UTI Neonatal-Lesão Cerebral no Pré-termo-

NOVEMBRO ROXO:UTI NEONATAL HUJM/UFMT/CUIABÁ/MT: Importância do Neonatologista na Neurossonografia na UTI Neonatal-Lesão Cerebral no Pré-termo-

Paulo R. Margotto .

Live do dia 8 de novembro de 2023.

  • O ultrassom é uma ferramenta útil de cabeceira de leito, segura e acessível.
  • Deve ser realizada de forma sequencial com interpretação em TEMPO REAL
  • Deve constituir um segundo estetoscópio no exame do prematuro, tal como o ecocárdio funcional na decisão inteligente do uso de drogas vasoativas
  • Muito me honra em poder participar na mudança desse paradigma na abordagem cerebral na UTI Neonatal
  • O mês do prematuro são todos os meses
  • O MAIOR RESPEITO COM O PREMATURO É TRATÁ-LO COM CONHECIMENTO
  • E nas nossas Unidades Neonatais não fazemos nada mais do que isso!
  • Abordá-los com conhecimento com bases na evidência e experiência
Valor Clínico do Exame Placentário para Pediatras

Valor Clínico do Exame Placentário para Pediatras

Clinical value of placental examination for paediatricians.Cromb D, Hall M, Story L, Shangaris P, Al-Adnani M, Rutherford MA, Fox GF, Gupta N.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023 Sep 26:fetalneonatal-2023-325674. doi: 10.1136/archdischild-2023-325674. Online ahead of print.

Realizado  por Paulo R. Margotto.

A placenta tem sido descrita como o “diário” ou “caixa preta” da gravidez. Os autores  encorajam a ideia de que os pediatras não devem apenas fazer um esforço para obter os resultados do exame histopatológico da placenta, mas assumir ativamente a responsabilidade pela realização da inspeção macroscópica da placenta quando assistem aos partos e, quando apropriado, solicitar eles próprios investigações histopatológicas. Uma descrição da placenta e do peso placentário aparado deve ser incluída no registro de nascimento neonatal para qualquer parto assistido por um pediatra ou após uma admissão na unidade neonatal. A nossa Unidade dispõe de Curvas apropriadas para a classificação da placenta com cordão e membranas, podendo ser usadas já na Sala de Parto!

Concentração de Glicose Cerebral na Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica Neonatal Durante a Hipotermia Terapêutica (HT).

Concentração de Glicose Cerebral na Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica Neonatal Durante a Hipotermia Terapêutica (HT).

Cerebral Glicose Concentration in Neonatal Hypoxic-Ischemic Encephalopathy during Therapeutic HypothermiaTetarbe M, Wisnowski JL, Geyer E, Tamrazi B, Wood T, Mietzsch U, Blüml S, Wu TW.J Pediatr. 2023 Oct;261:113560. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113560. Epub 2023 Jun 14.PMID: 37321289.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os valores de glicose cerebral foram mais elevados durante do que após a hipotermia, provavelmente refletindo a redução da demanda metabólica cerebral durante a hipotermia. Houve uma correlação significativa entre a glicemia e a glicose cerebral durante a HT (gânglios da base: r = 0,42, tálamo : r = 0,42, substância cinzenta cortical: r = 0,39, substância branca: r = 0,39, todos P  < 0,01). Tanto a  hipoglicemia como  a hiperglicemia neonatal estão associadas a um risco aumentado de morte ou resultado adverso do neurodesenvolvimento na encefalopatia neonatal.

Aspectos importantes no seguimento neonatal

Aspectos importantes no seguimento neonatal

Palestra administrada por Sara B DeMauro (EUA), ocorrida no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023. 

Realizado por Paulo R. Margotto.

Nessa Palestra é enfocado o seguimento do prematuro, principalmente os extremos prematuros. Dados dos Estados Unidos, Austrália e Suíça mostram que 15-20% dos  prematuros extremos apresentam um coeficiente de desenvolvimento  (um escore cognitivo) mais ou menos  de 2 desvios padrões  abaixo do esperado. À medida que essas crianças avançam, na idade escolar, começamos então a medir a inteligência e observamos que ao longo do tempo esses bebês  tendem a ter um QI  quase 1 desvio padrão abaixo da média   esperada e nos últimos 20 anos  não melhoramos muito esses  desfechos. A avaliação da criança deve ser sempre seriada, sendo fundamental nos primeiros anos de vida. Sabemos que as crianças crescem, mudam e  evoluem e temos que checá-las muitas e muitas vezes para entendermos  como estão crescendo e desenvolvendo. É importante lembrarem  que temos que dar apoio as famílias  e ajudá-las a antecipar que as coisas podem  piorar, mas também que há chance delas melhorarem e dar todo o apoio necessário para as crianças melhorarem. Adoramos e odiamos o Bayley que  é quantitativo e não qualitativo.Ele diz o que a crianças está fazendo  (direito ou não, fazendo uma forma atípica ou típica) e a qualidade  dos movimentos no primeiros não de vida é fundamental. Então não é suficiente fazer o Bayley e relatar os resultados. É fundamental incorporar  avaliação neuromotora  padronizada para  olhar a qualidade dos movimentos também e essas são as avaliações que nos dizem se a criança  tem risco de paralisia cerebral (GMA [General  Movements Assesment]:  0-5 meses que permite discutirmos com os familiares em relação a esses resultados  e decidir como vamos manejar esses bebês; Hammersmith Infant Neurologic: 6-12 anos.   A Paralisia cerebral (PC) é permanente, s não muda, mas a má disfunção muda ao longo do tempo (é permanente, mas não imutável). A incidência é de 10,5% nos bebês < 27 semanas na Suécia e 12% nos bebês < 27 semanas nos Estados Unidos. Usamos com mais frequência  o GMFCS (Gross Motor Function Classification System). Aqui diz o que a criança pode fazer e não o que não pode fazer! O escore vai de I a V. O mais cedo que conseguimos diagnosticar o distúrbio do desenvolvimento da coordenação motora é com 5 anos. Entre as crianças muito prematuras, aproximadamente metade tem o diagnóstico de déficit de coordenação motora (DCM) aos 5 anos, diferente da paralisia cerebral que pode ser diagnosticada aos 5 meses. A ferramenta que mais usamos é a M-ABC- Movement Assesment Battery for Children.Tem outras, mas a M-ABC é ótima. O déficit de atenção não é decisivo isoladamente, mas  associa-se a aumentado risco de  vários problemas (problemas emocionais, linguagem , comportamento). Como referido é essencial avaliação repetida longitudinalmente em todos os domínios para corretamente identificar e classificar os atrasos e as deficiências, para dar a família o suporte necessário para que essas crianças tenha sucesso na vida. Ao lermos estudo de seguimento é importante que conheçamos qual é a versão da Escala Bayley que foi usada.

Hemorragias intracranianas em bebês de mães diabéticas: um estudo de coorte nacional

Hemorragias intracranianas em bebês de mães diabéticas: um estudo de coorte nacional


Intracranial hemorrhages in infants of diabetic mothers: A national cohort study.
Farghaly MAA, Qattea I, Ali MAM, Saker F, Mohamed MA, Aly H.Early Hum Dev. 2023 Aug;183:105796. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2023.105796. Epub 2023 Jun 4.PMID: 37300990.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A partir de dados nacionais dos EUA (11.318.691 bebês), em comparação com os controles, os recém-nascidos de diabéticas apresentaram prevalência aumentada de hemorragia intraventricular (HIV) de 1,18 vezes mais ( p  < 0,001) e outras hemorragias intracranianas (subracnoideas e cerebelares) de  1,18vezes mais  p  = 0,001). No entanto: sem aumento da HIV grau IV.  O diabetes mellitus (DM)  Gestacional não foi associado ao aumento da HIV, porém, houve aumento de hemorragia subaracnoide (1,60 vezes mais- p  = 0,01). O DM materno associa-se à policitemia  fetal e à trombose (tal associação pode aumentar plausivelmente o risco de hemorragia nesses bebês). Interessante: A deficiência da proteína C foi relatada em pacientes com DM, especialmente com glicemia não controlada; esse pode ser outro mecanismo para explicar a HIV no bebê de diabética. Portanto,  veja a possibilidade do ultrassom cerebral pelo menos nesses grupos selecionados de diabetes materno.

 

Hemorragia Intraventricular no Recém – Nascido à termo /RN de Diabética/ uso de ClexaneR

Hemorragia Intraventricular no Recém – Nascido à termo /RN de Diabética/ uso de ClexaneR

Paulo R. Margotto. Reunião com os Residentes da Neonatologia do HMIB/SES/DF em 18 de setembro de 2023.

Em Resumo:

-É importante que saibamos que a sua patogênese é diferente do que ocorre nos pré-termos, incluindo inclusive estudo genético.

-Os livros textos disponíveis escrevem pouco sobre o tema altamente angustiante para os Pediatras e Neonatologistas: RN a termo, de parto normal, Apgar de 9/10 que se apresenta com quadro neurológico grave ao Pronto Socorro, com 7-14 dias de vida!

-mpulsionados pela necessidade de melhor compreender esta condição, escrevemos um capítulo específico sobre o tema nos nossos 2 livros Assistência ao Recém-Nascido de Risco, ESCS, Brasília, 4ª Edição, 2021 e Neurossonografia Neonatal, 2a ESCS, Brasília, 2021.

z-Em uma coorte de 2.397 recém nascidos com idade gestacional média de 38,3 semanas e peso médio ao nascer de 3 Kg, Wu et al relataram a ocorrência  da HIV em 29 RN (1,2%) , com a determinação da causa  e a apresentação clínica.

-A trombose no seio venoso cerebral esteve presente em 31%, sendo a origem mais comum do sangramento no tálamo.

-Descrevemos 5 casos, sendo que nos 2 últimos fizemos estudo protrombótico e inclusive genético na determinação da causa.

-A propedêutica nestes casos, sem fatores clássicos conhecidos, deve incluir, sempre a ressonância magnética e o Doppler de alta resolução no diagnóstico de trombose de seios venosos cerebrais, além de angiografia cerebral para excluir malformação arteriovenosa.

-Também deve ser feita uma investigação laboratorial para distúrbios protrombóticos, incluindo estudos genéticos.

-Nos RN asfixiados em hipotermia deve ser mantida a estabilidade hemodinâmica, principalmente na fase de reaquecimento

z

Neurodesenvolvimento de recém-nascidos com displasia broncopulmonar

Neurodesenvolvimento de recém-nascidos com displasia broncopulmonar

Palestra administrada por Sara B DeMauro (EUA), ocorrida no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A morbidade Displasia Broncopulmonar (DBP) é a mais frequente da prematuridade e a  incidência de DBP está aumentando. As crianças com DBP tem risco maior de não ir bem no Bayley (Bayley-II- MDI (índice de desenvolvimento mental )<70 e PDI (índice de desenvolvimento motor)<70, maiores riscos de anomalias neurológicas e do ponto de vista funcional, falha em caminhar independente, assim como falha de se alimentar independente. A DBP foi um preditor independente significativo de pior evolução motora aos 3 anos de idade. A DBP explicou 65% da variância no QI. A nível individual, A DBP associou-se com 15 pontos menos no QI. Esses achados são mais expressivos naqueles bebês em ventilação + oxigênio  as 36  semanas de idade  pós-menstrual. Metanálise com  11 estudos mostrou  a DBP foi significativamente associada à paralisia cerebral (OR 2,10; IC 95% 1,57 a 2,82) em prematuros. Assim, a ventilação mecânica  as 36 semanas é um marcador importante para essas crianças. 40% das crianças com DBP tem problemas  de coordenação  motora ampla e fina  aos 8 anos de idade. Estas dificuldades escolares têm o potencial de se tornarem mais graves ao longo do tempo, à medida que aumentam as exigências acadêmicas. Na adolescência, 3,4 vezes mais de necessidades especiais na Escola e 2,7 vezes mais de necessidade de repetir a Escola. 12%  do que tem DBP grau 3 (ventilador +oxigênio as 36 semanas de IGPM) não vão caminhar sem ajuda (1 em cada 8 crianças!!!). Infelizmente ainda não descobrimos, exceto a cafeína, qual é a intervenção correta que pode  evitar ou tratar a DBP e melhorar os desfechos  do neurodesenvolvimento (O2 suplementar em domicílio não melhorou o Bayley, assim como na taxa de paralisia cerebral, disfunção motora ampla e problemas no comportamento. A mobilização do bebê intubado assim que for possível deve ser feita! Colocar sentado, em cadeiras, balanços, pele a pele, fora da cama segurando, terapia dentro e fora da superfície do berço, posicionamento em dispositivos de acento, posição prona. Observamos que as crianças adquiriram habilidades mais rapidamente quando nos tirávamos  dos leitos. Não tivemos evidência de eventos adversos e extubação. Então é possível sim fazer isso (E DEVEMOS FAZER!!!). Esses bebês se beneficiam de saturações um pouco mais altas. Pense diferente para aqueles bebês que estão intubados as 36 semanas de idade pós-menstrual (IGPM). Comece a conversar com as famílias. Esses bebês têm significante risco de problemas no neurodesenvolvimento.

Impacto da hemorragia intraventricular (HIV) de baixo grau no resultado do desenvolvimento neurológico em bebês muito prematuros (32 semanas) aos 2 anos de idade

Impacto da hemorragia intraventricular (HIV) de baixo grau no resultado do desenvolvimento neurológico em bebês muito prematuros (32 semanas) aos 2 anos de idade

Impact of lowgrade intraventricular hemorrhage on neurodevelopmental outcome in very preterm infants at two years of age. Périsset A, Natalucci G, Adams M, Karen T, Bassler D, Hagmann C. Early Hum Dev. 2023 Mar;177-178:105721. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2023.105721. Epub 2023 Feb 7.PMID: 36841201

Apresentação: Amanda do Carmo. Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF. Coordenação: Nathalia Bardal/Paulo R. Margotto

A odds ratio (OR) ajustada para PARALISIA CEREBRAL (PC) foi de 4,36 (IC 95% 1,45–13,12) no grupo de prematuros com HIV grau II em comparação com nenhum HIV, e a OR ajustada para comprometimento do desenvolvimento neurológico foi de 3,25 (IC 95% 1,55–6,83) em comparação com o grupo de prematuros sem HIV! A presença de HIV de baixo grau – e especialmente HIV de grau II – não deve ser subestimada, uma vez que o resultado do desenvolvimento neurológico a longo prazo pode ser pior do que se pensava anteriormente.