Categoria: Distúrbios Respiratórios

Sessão de Anatomia Clínica: Hemorragia Pulmonar / Hematoma Subdural

Sessão de Anatomia Clínica: Hemorragia Pulmonar / Hematoma Subdural

Maria Eduarda Canelas de Castro. Residente  do 2ºano de Neonatologia do HMIB/SES/DF

Coordenação: Paulo R. Margotto, Marta D. Rocha de Moura, Patologista: Telma Pereira

Trata-se de um bebê de 34 semanas sem parto traumático, que viveu por 18 horas (possivelmente o quadro hemorrágico se deveu à vasculite que ocorre na patologia da sífilis congênita foi o desencadeante do mecanismo que levou à coagulopatia de consumo; também discutimos sobre o pH eucapnico, ou seja, o pH corrigido excluindo o componente respiratório do metabólico, a partir do estudo francês de Racinet C, de 2013:basta adicionar 0,08 unidades ao pH por excedente de 10mmHg da PaCO2 comparativamente ao valor normal no recém-nascido de 50mmHg).

Exposição ao mecônio e risco de autismo

Exposição ao mecônio e risco de autismo

Meconium exposure and autism riskMiller KM, Xing G, Walker CK. J Perinatol. 2017 Feb;37(2):203-207. doi: 10.1038/jp.2016.200. Epub 2016 Nov 3. PMID: 7809298. Free PMC Article. Similar articles

Apresentação:  Bárbara Stephane de Medeiros Jerônimo, Marine Gontijo Freitas, Henrique Freitas Araújo, Paulo R. Margotto.

O distúrbio do espectro autista (DEA) é um conjunto de condições neurológicas crônicas caracterizadas por déficits persistentes na comunicação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades que se manifestam na primeira infância e prejudicam a função. Nas últimas três décadas, a incidência de autismo aumentou mais de 10 vezes  e os estudos mais recentes mostram um aumento de 30% nos últimos 2 anos, com uma incidência atual de 1 em 68. Os presentes autores analisaram 9.945.896 crianças nascidas na Califórnia entre 1991e 2008, das quais 47277 foram diagnosticadas com autismo.Nesta análise, a variável preditora foi a exposição meconial com dois níveis de gravidade, Síndrome de Aspiração Meconial (SAM) e Líquido amniótico tinto de mecônio (LATM). A exposição fetal ao LATM foi associada a um risco aumentado de 18% de ser diagnosticado com autismo em análises de regressão logística controlando  os confundidores (risco relativo ajustado [aRR] 1,18, intervalo de confiança de 95% [IC] 1,12 a 1,25), com  ligeiro aumento no risco de autismo que não conseguiu alcançar significância entre as crianças diagnosticadas com SAM (aRR 1. 08, IC 95%: 0,98 a 1,20). Em conjunto, houve um risco aumentado de 16% de ser diagnosticado com autismo em crianças com LATM ou SAM (aRR 1,16, IC 95% 1,10 a 1,22). Este estudo é único ao focar apenas na relação da exposição meconial e do autismo e em seus confundidores. A falta de relação entre  dose resposta em SAM e LATM e autismo suscitam hipóteses que não é o mecônio que leva ao dano neurológico, mas algum estressor que também leva a eliminação de mecônio (insultos sutis, hipoxia leve intermitente, podem levar ao trauma celular e a liberação de mecônio, sendo difíceis de serem detectados e tratados, podendo levar à consequências no neurodesenvolvimento). A hipoxia, dependente da dose e duração,  retarda a maturação dos neurônios GABAérgicos do córtex cerebral, levando à desrregulação neuronal(crianças com DEA possuem crescimento neuronal desorganizado, com muitas ou poucas conexões entre as diversas regiões do cérebro). Os presentes resultados atribuem o  papel do mecônio como uma sentinela, tanto para adversidade in útero como para o aumento do risco de autismo (este pequeno risco, quando ampliado em toda a população, pode ter um impacto substancial e justificar a revisão dos esforços de prevenção originalmente concebidos para limitar os efeitos adversos evidentes a curto prazo. Com certeza a elucidação dos mecanismos moleculares subjacentes a estressores clínicos específicos que promovem a passagem de mecônio no útero servirá para focalizar as estratégias de prevenção primária. Nos links, entre os fatores associados com screening positivo para autismo em pré-termos extremos, chama a atenção a corioamnionite (16 vezes mais!)

Efeito da terapia com hidrocortisona iniciada de 7 a 14 dias após o nascimento na mortalidade ou displasia broncopulmonar entre os bebês muito prematuros que recebem ventilação mecânica.

Efeito da terapia com hidrocortisona iniciada de 7 a 14 dias após o nascimento na mortalidade ou displasia broncopulmonar entre os bebês muito prematuros que recebem ventilação mecânica.

Effect of Hydrocortisone Therapy Initiated 7 to 14 Days After Birth on Mortality or Bronchopulmonary Dysplasia Among Very Preterm Infants Receiving Mechanical Ventilation: A Randomized Clinical Trial.Onland W, Cools F, Kroon A, Rademaker K, Merkus MP, Dijk PH, van Straaten HL, Te Pas AB, Mohns T, Bruneel E, van Heijst AF, Kramer BW, Debeer A, Zonnenberg I, Marechal Y, Blom H, Plaskie K, Offringa M, van Kaam AH; STOP-BPD Study Group.JAMA. 2019 Jan 29;321(4):354-363. doi: 10.1001/jama.2018.21443.PMID:30694322.Similar articles.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF.

Hospital Maternidade Brasília.

pmargotto@gmail.com

Este estudo multicêntrico randomizado não encontrou diferença significativa no desfecho composto primário de morte ou displasia broncopulmonar (DBP) com 36 semanas de idade pós-menstrual entre bebês randomizados para hidrocortisona em comparação com aqueles randomizados para placebo em 7 a 14 dias; os resultados do presente estudo sugerem que a hidrocortisona facilita a extubação, mas, em contraste com a dexametasona, não reduz DBP; esse achado não apoia o uso de hidrocortisona para esta indicação; o único efeito adverso atribuído especificamente ao tratamento com hidrocortisona foi a hiperglicemia requerendo insulina

 

 

 

 

Células-tronco mesenquimais para a displasia broncopulmonar: ensaio clínico fase 1 de escalação de dose

Células-tronco mesenquimais para a displasia broncopulmonar: ensaio clínico fase 1 de escalação de dose

Mesenchymal stem cells for bronchopulmonary dysplasia: phase 1 dose-escalation clinical trial.Chang YS, Ahn SY, Yoo HS, Sung SI, Choi SJ, Oh WI, Park WS.J Pediatr. 2014 May;164(5):966-972.e6. doi: 10.1016/j.jpeds.2013.12.011. Epub 2014 Feb 6.PMID: 24508444. .Free Article. Similar articles. ARTIGO INTEGRAL

Apresentação: Danilo Lima Souza. Coordenação: Paulo R. Margotto

A severidade da DBP foi significativamente menor e a retinopatia da prematuridade com necessidade de cirurgia foi menos prevalente no grupo transplantado de MSCs com grupo controle.  Esses achados indicam que o transplante intratraqueal de até 2×107 células/kg de hUCB-derived MSCs em pré-termos pode ser seguro ou saudável

Uso racional de esteróide pós-natal (Rational Use of Postnatal Steroids)

Uso racional de esteróide pós-natal (Rational Use of Postnatal Steroids)

Alan Jobe

11o Simpósio Internacional de Neonatologia do Rio de Janeiro, 20-23 de junho de 2018

Minha visão do futuro: nos precisamos de

-Resolver o debate sobre o uso de dexametasona versos hidrocortisona para o tratamento tardio da displasia broncopulmonar (DBP)

-Decidir sobre uma opção de tratamento precoce

-Testar se surfactante + budesonida tardia é efetivo para o tratamento da DBP

-Aprender se antiinflamatórios específicos são benéficos

-Estar alerta a respeito dos efeitos colaterais

A pressão positiva contínua nas vias aéreas nasal pode ser usada como suporte respiratório para lactentes com síndrome de aspiração meconial?

A pressão positiva contínua nas vias aéreas nasal pode ser usada como suporte respiratório para lactentes com síndrome de aspiração meconial?

Can nasal continuous positive airway pressure be used as primary respiratory support for infants with meconium aspiration syndrome?Montgomery KA, Rose RS.J Perinatol. 2019 Feb;39(2):339-341. doi: 10.1038/s41372-018-0256-y. Epub 2018 Oct 19. No abstract available.PMID:30341405.Similar articles.

Manuscript citation: Pandita A, Murki S, Oleti TP, Tandur B, Kiran S, Narkhede S, et al. Effect of Nasal Continuous Positive Airway Pressure on Infants With Meconium Aspiration Syndrome: A Randomized Clinical Trial. JAMA Pediatr. 2018;172(2):161-5. PMID: 29204652.

Realizado por Paulo R. Margotto

Iniciar precocemente CPAPnasal em vez de oxigênio no Hood em neonatos com desconforto respiratório devido à Síndrome de Aspiração Meconial (SAM) diminui o risco de ventilação mecânica subsequente nos primeiros 7 dias de vida. Para a cada 5 recém-nascidos com desconforto respiratório devido a síndrome de aspiração meconial com o uso precoce de CPAPnasal, 1 criança será protegida de ventilação mecânica subseqüente.

Segundo o Dr. Guilherme Sant´Anna, no Facebook-Neonatologia Brasil:“Meu grande mestre Dr JT Wung – da Columbia em NYC – me ensinou faz uns anos que o melhor tratamento para RNs com síndrome de aspiração meconial é colocar em bubble CPAP e esperar … não importa o quanto de oxigênio… deixa a criança controlar e se ajeitar …. ele me mostrou vários casos que ele tinha tratado e me disse que nem recordava a última vez que havia intubado um neném com SAM. Como bom aluno resolvi que ia fazer o mesmo !!! Tomei coragem e no meu primeiro caso o neném chegou com o time de transporte em CPAP e FiO2 de 100% com SpO2 em torno de 90-92%. Confesso que fiquei taquicárdico em não intubar e fazer surfactante, mas acreditei no Wung e falei para deixar ele quieto em CPAP por algumas horas para ver… todo material de intubação e surfactante preparados ali do lado … em 12 horas o neném estava em 25% de FiO2 !!!! Levou umas 3 horas pra começar a baixar as necessidades … passei a noite do lado dele … mas não tenho como descrever minha felicidade ao ver a evolução e saber que tinha evitado intubação e todas as complicações e dificuldades que são ventilar um mecônio. Desde então nunca mais precisei intubar. Essa noite estava de plantão e de novo !!! Pós-termo com mecônio … Tremendo desconforto respiratório, coloquei em bubble CPAP de 7 e esperei … FiO2 subiu até 75% nas primeiras 3 horas… super taquippneico e com esforço significativo …. pensei que ia acabar com minha estatística …. de repente começou a estabilizar e baixar aos poucos … de manhã estava em FiO2 de 35% !!!! Wung é um gênio !!!!!”. Inclusive mostra o Rx inicial e 9 horas após.

Diurético e Displasia broncopulmonar (uma droga off label) Análise usando Grandes Bases de Dados

Diurético e Displasia broncopulmonar (uma droga off label) Análise usando Grandes Bases de Dados

Off-Label Drugs in Neonatology: Analyses Using Large Data Bases.Jobe AH. J Pediatr. 2019 Feb 26. pii: S0022-3476(19)30126-X. doi: 10.1016/j.jpeds.2019.01.038. [Epub ahead of print] No abstract available. PMID: 30824166. Similar articles.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Alan Jobe faz análise de um estudo  recente sobre o uso frequente, mas não aprovado, de furosemida para displasia broncopulmonar (BPD) que identificou que o uso prolongado pode diminuir a DBP, incluindo 37.000 bebês. Segundo Alan Jobe assim que o tamanho dos conjuntos de dados e o número de variáveis ​​aumentam, o potencial para significância estatística aumenta, mas relevância biológica é questionável. Claramente, não há consenso na comunidade neonatal sobre a eficácia ou segurança da furosemida para curto intervalo ou longo intervalo de uso e nenhuma boa informação sobre dose. Segundo Tin W, Wiswell T, de todas as terapias adjuntas no prematuro com DBP, a terapia diurética é uma das mais abusadas, sem evidência de benefícios substanciais

Nos complementos….

Quando há ampla variabilidade na prática clínica do uso de diurético na DBP e não existe um padrão verdadeiro é uma declaração sobre a falta de profundidade do nosso conhecimento nessa aplicação.

Antes do uso rotineiro de diuréticos sistêmicos na DBP recomendam-se estudos que demonstram efeitos a longo prazo, como sobrevivência, duração da oxigenação, dependência do ventilador e duração da internação, além do estudo das complicações (nefrocalcinose, persistência do canal arterial e alcalose metabólica).

Portanto:Á luz das evidências disponíveis, não há espaço para o seu uso na DBP, principalmente o uso de espironolactona como “poupadora de potássio” (ora se o néfron não responde à aldosterona, também não vai responder ao seu inibidor)

 

QUILOTÓRAX

QUILOTÓRAX

Paulo R. Margotto

Retirado do capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, 4ª Edição, 2019, no prelo

Papel do sildenafil no quilotórax:

Na falha do octreotide, o Sildenafil pode ter benefício, inicialmente descrito nos casos quando foi usado no tratamento da hipertensão pulmonar associada à  à linfangiectasia pulmonar, em que o uso de octreotide foi ineficaz. Um mecanismo pelo qual o sildenafil pode facilitar a resolução de quilotórax congênito e malformações linfáticas envolve a geração de novos vasos linfáticos. O crescimento e a função dos vasos linfáticos são regulados pelo monofosfato cíclico de guanosina (cGMP), que medeia a proliferação de células endoteliais linfáticas, a migração e a formação de tubos. O sildenafil previne a degradação do cGMP pela inibição seletiva da fosfodiesterase-5 e pode, assim, facilitar o crescimento e / ou remodelamento dos vasos linfáticos, permitindo a resolução da obstrução linfática e do quilotórax.

Administração Precoce de Cafeína e Resultados do Neurodesenvolvimento em Bebês Prematuros

Administração Precoce de Cafeína e Resultados do Neurodesenvolvimento em Bebês Prematuros

Early Caffeine Administration and Neurodevelopmental Outcomes in Preterm Infants. 

Abhay Lodha, Rebecca Entz, Anne Synnes, Dianne Creighton, Kamran Yusuf, AnieLapointe, Junmin Yang, Prakesh S. Shah, on behalf of the investigators of the Canadian Neonatal Network (CNN) and the Canadian Neonatal Follow-up Network (CNFUN). Pediatrics Jan 2019, 143 (1) e20181348; DOI: 10.1542/peds.2018-1348.

Preterm neonates who received caffeine (within 2 days of birth) had lower odds of sNDI at 18 to 24 months’ CA.

Realizado por Paulo R. Margotto.

N os bebês <29 semanas de idade gestacional, a terapia precoce com cafeína (≤ 2 dias) foi associada com chances reduzidas de significante deficiência no neurodesenvolvimento e melhor função cognitiva aos 18 até 24 meses de idade corrigida, quando comparado com terapia tardia com cafeína (>2dias). Embora as estimativas foram benéficas em 2 estratégias analíticas, ambas revelaram efeitos benéficos em diferentes domínios. Avaliar a eficácia e segurança da cafeína precoce através de um estudo randomizado controlado será necessário.