Categoria: Distúrbios Respiratórios

Neurodesenvolvimento de recém-nascidos com displasia broncopulmonar

Neurodesenvolvimento de recém-nascidos com displasia broncopulmonar

Palestra administrada por Sara B DeMauro (EUA), ocorrida no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A morbidade Displasia Broncopulmonar (DBP) é a mais frequente da prematuridade e a  incidência de DBP está aumentando. As crianças com DBP tem risco maior de não ir bem no Bayley (Bayley-II- MDI (índice de desenvolvimento mental )<70 e PDI (índice de desenvolvimento motor)<70, maiores riscos de anomalias neurológicas e do ponto de vista funcional, falha em caminhar independente, assim como falha de se alimentar independente. A DBP foi um preditor independente significativo de pior evolução motora aos 3 anos de idade. A DBP explicou 65% da variância no QI. A nível individual, A DBP associou-se com 15 pontos menos no QI. Esses achados são mais expressivos naqueles bebês em ventilação + oxigênio  as 36  semanas de idade  pós-menstrual. Metanálise com  11 estudos mostrou  a DBP foi significativamente associada à paralisia cerebral (OR 2,10; IC 95% 1,57 a 2,82) em prematuros. Assim, a ventilação mecânica  as 36 semanas é um marcador importante para essas crianças. 40% das crianças com DBP tem problemas  de coordenação  motora ampla e fina  aos 8 anos de idade. Estas dificuldades escolares têm o potencial de se tornarem mais graves ao longo do tempo, à medida que aumentam as exigências acadêmicas. Na adolescência, 3,4 vezes mais de necessidades especiais na Escola e 2,7 vezes mais de necessidade de repetir a Escola. 12%  do que tem DBP grau 3 (ventilador +oxigênio as 36 semanas de IGPM) não vão caminhar sem ajuda (1 em cada 8 crianças!!!). Infelizmente ainda não descobrimos, exceto a cafeína, qual é a intervenção correta que pode  evitar ou tratar a DBP e melhorar os desfechos  do neurodesenvolvimento (O2 suplementar em domicílio não melhorou o Bayley, assim como na taxa de paralisia cerebral, disfunção motora ampla e problemas no comportamento. A mobilização do bebê intubado assim que for possível deve ser feita! Colocar sentado, em cadeiras, balanços, pele a pele, fora da cama segurando, terapia dentro e fora da superfície do berço, posicionamento em dispositivos de acento, posição prona. Observamos que as crianças adquiriram habilidades mais rapidamente quando nos tirávamos  dos leitos. Não tivemos evidência de eventos adversos e extubação. Então é possível sim fazer isso (E DEVEMOS FAZER!!!). Esses bebês se beneficiam de saturações um pouco mais altas. Pense diferente para aqueles bebês que estão intubados as 36 semanas de idade pós-menstrual (IGPM). Comece a conversar com as famílias. Esses bebês têm significante risco de problemas no neurodesenvolvimento.

Um estudo de fase I com CAFEÍNA para avaliar a segurança em lactentes com encefalopatia hipóxico-isquêmica

Um estudo de fase I com CAFEÍNA para avaliar a segurança em lactentes com encefalopatia hipóxico-isquêmica

phase I trial of caffeine to evaluate safety in infants with hypoxic-ischemic encephalopathy. Jackson W, Gonzalez D, Greenberg RG, Lee YZ, Laughon MM.J Perinatol. 2023 Aug 16. doi: 10.1038/s41372-023-01752-y. Online ahead of print.PMID: 37587184.

Realizado pro Paulo R. Margotto

Entre os bebês que receberam hipotermia no estudo NICHD, 24/69 (35%) tiveram ressonâncias magnéticas pontuadas 2B ou 3, enquanto em nosso grupo de cafeína mais hipotermia, apenas 2/15 (13%) tiveram ressonâncias magnéticas pontuadas 2B e nenhuma com pontuação 3. As pontuações na RM são um biomarcador importante para lesão cerebral e podem ajudar a prever os resultados do neurodesenvolvimento em ensaios de fase inicial de terapias adjuvantes para EHI. Nenhum efeito adverso  foi determinado pelos investigadores como relacionado ao medicamento do estudo A administração de cafeína foi bem tolerada. Um estudo maior é necessário para determinar a dose ideal e avaliar a segurança e eficácia do medicamento.

O PAPEL INTERTEMPORAL DO SUPORTE RESPIRATÓRIO NA MELHORIA DOS RESULTADOS NEONATAIS: UMA REVISÃO NARRATIVA

O PAPEL INTERTEMPORAL DO SUPORTE RESPIRATÓRIO NA MELHORIA DOS RESULTADOS NEONATAIS: UMA REVISÃO NARRATIVA

The Intertemporal Role of Respiratory Support in Improving Neonatal Outcomes: A Narrative Review.Sarafidis K, Chotas W, Agakidou E, Karagianni P, Drossou V.Children (Basel). 2021 Oct 2;8(10):883. doi: 10.3390/children8100883.PMID: 34682148 Free PMC article. Review. ARTIGO LIVRE!

Apresentação: Karoline S. de Araujo e Paolla Bomfim. (R4 de Neonatologia no HMIB/SES/DF). Coordenação: Diogo  Pedroso.

Os autores fazem uma análise nos últimos 60 de suporte respiratório neonatal, demonstrando que houve importantes avanços científicos. No entanto, a displasia broncopulmonar  ainda continua sendo uma complicação clinicamente significativa da prematuridade com importantes consequências a longo prazo.

 

Dexmedetomidine: uma alternativa ao tratamento da dor em neonatologia

Dexmedetomidine: uma alternativa ao tratamento da dor em neonatologia

Dexmedetomidine: An Alternative to Pain Treatment in Neonatology. Mantecón-Fernández L, Lareu-Vidal S, González-López C, Solís-Sánchez G, Suárez-Rodríguez M.Children (Basel). 2023 Feb 25;10(3):454. doi: 10.3390/children10030454.PMID: 36980013.  Review. Artigo Livre!  Espanha, Canadá.

Realizado por Paulo R. Margotto

O manejo da dor neonatal continua sendo um desafio para neonatologistas e pesquisadores. sensação de dor é teoricamente possível em 24 semanas de gestação  e se associa à perda neuronal, problemas no neurodesenvolvimento e crescimento. A avaliação precisa da dor é vital para garantir a eficácia ideal da terapia de controle da dor nesses recém-nascidos que sentiram dor durante a internação na UTIN (uso de opioide sem dor é prejudicial) Entre os opioide, temos  o fentanil e morfina e não opioides (benzodiazepínicos  como o midazolam que atua como  sedativo  e tem pouco efeito analgésico; paracetamol , principalmente no pós-operatório com efeito igual a morfina). Entre os novos tratamentos, temos a dexmedetomedine, pela sua eficácia e perfil de segurança. É um agonista seletivo do alfa -2 (produz ansiólise, sedação e analgesia sem causar depressão respiratória). Tem efeito analgésico é moderado e potencializa o efeito dos opioides quando usados ​​em associação. Tem-se mostrado seguro e tão eficaz quanto o fentanil em bebês prematuros quando administrado em infusão intravenosa contínua. Outro benefício potencial amplamente estudado é a neuroproteção, o que torna esse tratamento uma opção ideal para o paciente neonatal, especialmente os prematuros, que são os mais vulneráveis ​​aos efeitos neurodesenvolvimentais das moléculas tradicionalmente utilizadas na sedoanalgesia. quando administrado por via intravenosa, o tratamento com dexmedetomidina parece ser uma alternativa eficaz e segura para o tratamento da dor e sedação no paciente neonatal. Faltam estudo a longo prazo desses bebês que usaram a dexmedetomidine. Usando >96 horas, considerar a transição com a clonidina.

Alimentação transpilórica na apneia associada ao refluxo em recém-nascidos prematuros: um estudo prospectivo

Alimentação transpilórica na apneia associada ao refluxo em recém-nascidos prematuros: um estudo prospectivo

Transpyloric Feed in Reflux-Associated Apnea in Preterm Newborns: A Prospective Study. Biswas T, Sabui TK, Roy S, Mondal R, Majumdar S, Misra S.HCA Healthc J Med. 2023 Jun 28;4(3):229-234. doi: 10.36518/2689-0216.1417. eCollection 2023.PMID: 37434910. ARTIGO LIVRE!

Apresentação: Júlia de Andrade Figueiredo (R5 em UTI PEDIÁTRICA). Coordenação: Diogo Pedroso.

É controversa a associação entre apneia e refluxo gastroesofágico (RGE).  E difícil provar que o refluxo é a causa da apneia.  Esse estudo mostrou, em um grupo selecionado de neonatos prematuros com apneia associada ao refluxo, a alimentação transpilórica iniciado com 2,5 dias mostrou  ser uma modalidade terapêutica eficaz

Decanulação da traqueostomia em crianças: uma proposta de abordagem estruturada para o grupo de trabalho insuficiência respiratória crônica da Sociedade Alemã de Pneumologia Pediátrica

Decanulação da traqueostomia em crianças: uma proposta de abordagem estruturada para o grupo de trabalho insuficiência respiratória crônica da Sociedade Alemã de Pneumologia Pediátrica

Tracheostomy decannulation in children: a proposal for a structured approach on behalf of the working group chronic respiratory insufficiency within the German-speaking society of pediatric pulmonology.

Böschen E, Wendt A, Müller-Stöver S, Piechnik L, Fuchs H, Lund M, Steindor M, Große-Onnebrink J, Keßler C, Grychtol R, Rothoeft T, Bieli C, van Egmond-Fröhlich A, Stehling F; Working Group on Chronic Respiratory Insufficiency in the German speaking society of Pediatric Pulmonology.Eur J Pediatr. 2023 Jul;182(7):2999-3006. doi: 10.1007/s00431-023-04966-6. Epub 2023 May 1.PMID: 37121990 Review.Alemanha, Áustria e Suíça.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Devido à relevante morbidade causada por uma cânula de traqueostomia, a decanulação deve ser sempre considerada e tentada o mais rápido possível. Por outro lado, a falha no fechamento da traqueostomia representa um risco para o paciente; portanto, uma investigação diagnóstica elaborada é obrigatória antes da decanulação. Esta declaração da sociedade alemã de pneumologia pediátrica fornece uma orientação prática especializada sobre o procedimento de decanulação e o valor das válvulas de fala unidirecionais.

 

Associação de taxas de falha de extubação com cânula nasal de alto fluxo, pressão positiva contínua nas vias aéreas e pressão positiva em dois níveis nas vias aéreas versus oxigenoterapia convencional em bebês e crianças pequenas: uma revisão sistemática e metanálise de rede

Associação de taxas de falha de extubação com cânula nasal de alto fluxo, pressão positiva contínua nas vias aéreas e pressão positiva em dois níveis nas vias aéreas versus oxigenoterapia convencional em bebês e crianças pequenas: uma revisão sistemática e metanálise de rede

Association of Extubation Failure Rates With High-Flow Nasal CannulaContinuous Positive Airway Pressure, and Bilevel Positive Airway Pressure vs Conventional Oxygen Therapy in Infants and Young Children: A Systematic Review and Network Meta-Analysis.Iyer NP, Rotta AT, Essouri S, Fioretto JR, Craven HJ, Whipple EC, Ramnarayan P, Abu-Sultaneh S, Khemani RG.JAMA Pediatr. 2023 Jun 5:e231478. doi: 10.1001/jamapediatrics.2023.1478. Online ahead of print.PMID: 37273226. Artigo Livre!

Apresentação: Iago Silva de Almeida.R4 Terapia Intensiva Pediátrica / HMIB-DF. Coordenador: Alexandre Serafim.

Falha de extubação é um importante evento associado a desfechos clínicos desfavoráveis na UTI, tanto pediátrica como neonatal. Ess metanálise com 1421 pacientes desde a idade ao nascer a 18 anos que tenham recebido ventilação mecânica invasiva (VMI) por pelo menos 24h e que tenham recebido algum tipo de suporte pós-extubação (CNAF [cânula de alto fluxo], CPAP, BiPAP [pressão positiva de dois níveis na via aérea]). CPAP teve a maior probabilidade de ser a melhor intervenção para prevenir falha de extubação e de tratamento, seguida pela CNAF (eficácia melhor nos <de 6 meses de idade)

 

Avaliação do levosimendan como opção de tratamento em uma grande série de casos de prematuros com disfunção cardíaca e hipertensão pulmonar

Avaliação do levosimendan como opção de tratamento em uma grande série de casos de prematuros com disfunção cardíaca e hipertensão pulmonar

Evaluation of levosimendan as treatment option in a large case-series of preterm infants with cardiac dysfunction and pulmonary hypertension.Schroeder L, Holcher S, Leyens J, Geipel A, Strizek B, Dresbach T, Mueller A, Kipfmueller F.Eur J Pediatr. 2023 Jul;182(7):3165-3174. doi: 10.1007/s00431-023-04971-9. Epub 2023 Apr 27.PMID: 37100959 Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os resultados desse estudo potencialmente motivam os médicos a introduzir levosimendan como terapia de segunda linha em casos de disfunção cardíaca grave e hipertensão pulmonar  em prematuros sem melhora usando estratégias de tratamento padrão, além de melhorar a síndrome de baixo débito cardíaco.

Diretrizes do Consenso Europeu sobre o Tratamento da Síndrome do Desconforto Respiratório: Atualização de 2022

Diretrizes do Consenso Europeu sobre o Tratamento da Síndrome do Desconforto Respiratório: Atualização de 2022

European Consensus Guidelines on the Management of Respiratory Distress Syndrome: 2022 Update.Sweet DG, Carnielli VP, Greisen G, Hallman M, Klebermass-Schrehof K, Ozek E, Te Pas A, Plavka R, Roehr CC, Saugstad OD, Simeoni U, Speer CP, Vento M, Visser GHA, Halliday HL.Neonatology. 2023;120(1):3-23. doi: 10.1159/000528914. Epub 2023 Feb 15.PMID: 36863329 Free PMC article. Artigo Livre!

Apresentação: Gabrielly Nascimento Ferreira – Residente de Neonatologia HMIB. Coordenação: Carlos Zaconeta

Evitar a ventilação mecânica (VM), se possível, ao mesmo tempo se esforçar para administrar o mais cedo possível o surfactante , de preferência utilizando o uso minimamente invasivo e quando em VM, utilizar o menor  tempo possível! Atrasar a extubação não melhora a chance de sucesso. O uso de CPAP é recomendado como primeira escolha para suporte respiratório primário e secundário. O suporte respiratório primário ou pós-extubação com NIPPV sincronizada foi a mais eficaz, diminuindo a necessidade de VM ou reventilação em bebês prematuros. Extubação para uma pressão de CPAP relativamente mais alta de 7–9 cm H2O ou NIPPV aumentará a chance de sucesso. Até o momento, os estudos sobre nebulização não mostraram de forma convincente nenhuma melhora significativa em bebês menores que deveriam se beneficiar mais.