Categoria: Infecções Bacterianas e Fúngicas

O tempo até a positividade das hemoculturas em uma UTIN de nível IV varia de acordo com a categoria do organismo e os subgrupos populacionais: uma exclusão de 36 horas é segura?

O tempo até a positividade das hemoculturas em uma UTIN de nível IV varia de acordo com a categoria do organismo e os subgrupos populacionais: uma exclusão de 36 horas é segura?

Time to positivity of blood cultures in a level IV NICU varies based on organism category and population subgroups: is a 36-hour rule out safe? Nishihara Y, MacBrayne CE, Prinzi A, Pearce K, Melara D, Weikel BW, Zenge J, Grover T, Parker SK.J Perinatol. 2024 Jun 20. doi: 10.1038/s41372-024-02031-0. Online ahead of print.PMID: 38902516.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os antibióticos são um dos medicamentos mais frequentemente prescritos na UTIN e estudos demonstram que mais de 75% dos nascidos com muito baixo peso e mais de 80% dos com extremo baixo peso ao nascer neonatos são tratados com antibióticos nas primeiras 72 horas de vida por suspeita de sepse de início precoce. Basta nascer prematuro para ir para a antibioticoterapia, por 3 às vezes 5 dias!!!  A exposição a antimicrobianos tem o potencial de aumentar a resistência microbiana e arriscar efeitos colaterais indesejados. Compreender o tempo até a positividade (TTP) de uma hemocultura para organismos específicos é uma estratégia para reduzir a exposição antimicrobiana empírica e é uma meta para programas de manejo antimicrobiano (ASP).A maioria dos organismos gram-positivos definidos (92,2%) e gram-negativos definidos (98,3%) foram identificados dentro de 36 horas após a obtenção da cultura. A cessação da cobertura antimicrobiana pode ser considerada na maioria dos pacientes da UTIN de nível IV após 36 horas, onde a suspeita de sepse é baixa.

Nirsevimabe* em dose única para prevenção de VSR em bebês prematuros

Nirsevimabe* em dose única para prevenção de VSR em bebês prematuros

SingleDose Nirsevimab for Prevention of RSV in Preterm Infants.Griffin MP, Yuan Y, Takas T, Domachowske JB, Madhi SA, Manzoni P, Simões EAF, Esser MT, Khan AA, Dubovsky F, Villafana T, DeVincenzo JP; Nirsevimab Study Group.N Engl J Med. 2020 Jul 30;383(5):415-425. doi: 10.1056/NEJMoa1913556.PMID: 32726528 Clinical Trial. Artigo Gratis!

Apresentação: Nathália Aragão R4 Neonatologia  HMIB/SES/DF. Coordenação: Carlos Alberto Moreno Zaconeta.

Uma única injeção de Nirsevimab resultou em menos infecções do trato respiratório inferior associadas ao VSR que necessitam de atendimento médico e hospitalizações do que placebo ao longo da temporada de VSR em lactentes pré-termo saudáveis. Esses resultados foram comprovados com ensaio clínico randomizado multicêntrico de fase 3 em 2024. A Academia Americana de Pediatria e o Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização dos Centros de Controle de Doenças recomendaram o uso de Nirsevimabe em todos os bebês <8 meses e em bebês e crianças de 8 a 19 meses com alto risco de doença grave relacionada ao VSR para 2023– Temporada VSR de 20246).

*Beyfortus®

 

USO DE ANTIBIÓTICOS NA SEPSE NEONATAL PRECOCE: 28 UTINs participando de uma colaboração de melhoria da qualidade visando o uso de antibióticos na sepse de início precoce

USO DE ANTIBIÓTICOS NA SEPSE NEONATAL PRECOCE: 28 UTINs participando de uma colaboração de melhoria da qualidade visando o uso de antibióticos na sepse de início precoce

28 NICUs participating in a quality improvement collaborative targeting earlyonset sepsis antibiotic use.Payton KSE, Bennett MV, Schulman J, Benitz WE, Stellwagen L, Darmstadt GL, Quinn J, Kristensen-Cabrera AI, Breault CC, Bolaris M, Lefrak L, Merrill J, Sharek PJ.J Perinatol. 2024 Feb 20. doi: 10.1038/s41372-024-01885-8. Online ahead of print.PMID: 38378826

Realizado por Paulo R. Margotto.

Este estudo fornece lições úteis sobre administração de antibióticos para prescritores individuais e líderes de UTIN. As equipes de melhor desempenho, com reduções da taxa mensal média de antibióticos >20% na sepse precoce, identificaram a colaboração multidisciplinar, a liderança e a revisão frequente do uso de antibióticos como os principais impulsionadores da melhoria.   Importante: este estudo não detectou aumento nas taxas anuais de sepse precoce ou infecção nosocomial relacionadas ao período do estudo. O presente estudo fornece várias lições práticas para abordar o uso excessivo contínuo de antibióticos. A variação da prática individual é repetidamente apontada como uma barreira para a prestação de cuidados ótimos. Essa é uma das razões pelas quais sempre buscamos uniformizar nossas condutas!

Antibióticos empíricos precoces e resultados clínicos adversos em bebês nascidos muito prematuros: uma coorte de base populacional

Antibióticos empíricos precoces e resultados clínicos adversos em bebês nascidos muito prematuros: uma coorte de base populacional

Early Empirical Antibiotics and Adverse Clinical Outcomes in Infants Born Very Preterm: A Population-Based Cohort. Vatne A, Hapnes N, Stensvold HJ, Dalen I, Guthe HJ, Støen R, Brigtsen AK, Rønnestad AE, Klingenberg C; Norwegian Neonatal Network.J Pediatr. 2023 Feb;253:107-114.e5. doi: 10.1016/j.jpeds.2022.09.029. Epub 2022 Sep 28.PMID: 36179887. Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Estudo da Rede Norueguesa de Neonatologia mostrou que a exposição precoce e prolongada a antibióticos na primeira semana pós-natal foi associada a ECN grave (2 vezes mais), DBP grave (2 vezes mais!) e morte após a primeira semana pós-natal (9 vezes mais!). Cada dia adicional de antibióticos foi associado a uma OR 14% maior de morte ou morbidade grave e DBP grave. NEM TUDO É SEPSE!!!

 

ANTIBIOTICOTERAPIA EMPIRICA PROLONGADA (NO CONTEXTO DA SEPSE NEONATAL)

ANTIBIOTICOTERAPIA EMPIRICA PROLONGADA (NO CONTEXTO DA SEPSE NEONATAL)

Paulo R. Margotto. Palestra administrada no Congresso Médico da UNIEURO (19/10/2023) e CEUB (21/10/2023)

A maior preocupação é a antibioticoterapia empírica precoce (93% usam por 5 dias; 27-85% ≥ 5dias!!! UMA ETERNIDADE!) e essa prática associa-se ao aumento significativo, além da DBP, de morte e lesões cerebrais graves (2,7 vezes mais)!90% das crianças são tratadas desnecessariamente. Há uma forte correlação entre a alteração do microbioma e mudanças no cérebro (eixo intestino-cérebro) com a alteração da memória de reconhecimento em bebês de um mês de idade! Qualquer antimicrobiano prolongado >3 dias sem cultura positiva deve ser exceção e não a regra. O princípio de que, na dúvida, não há mal em tratar, parece longe de ser verdade! Nós conhecemos os inimigos e nós mesmos somos os inimigos!

Colar de Pérolas de Mecônio / Candidíase Cutânea Congênita com Envolvimento Ungueal

Colar de Pérolas de Mecônio / Candidíase Cutânea Congênita com Envolvimento Ungueal

String Of Meconium Pearls Pramod K Sharma 1Chetan Khare 2Roshan Chanchlani 1J Pediatr. . 2023 May 24;260:113508. Online ahead of rint.Pmid: 37230213.Doi: 10.1016/J.Jpeds.2023.113508.

Realizado por Paulo R. Margotto

COLAR DE PÉROLAS DE MECÔNIO (O caso ilustra a presença de pérolas de mecônio e baixa anomalia anorretal coexistente em um bebê do sexo masculino; a presença de pérolas de mecônio deve levar o médico a procurar anomalia anorretal e possível fístula /CANDIDÍASE CUTÂNEA CONGÊNITA COM ENVOLVIMENTO UNGUEAL (A candidíase cutânea congênita –CCC- é uma infecção fúngica intrauterina rara da derme e da epiderme, adquirida por transmissão vertical da colonização vaginal de espécies de Candida. Embora a candidíase vulvovaginal seja uma doença comum em mulheres grávidas, a razão pela qual a CCC é tão rara é desconhecida).

Congenital Cutaneous Candidiasis with Nail InvolvementTuoni C, Mazzatenta C, Filippi L.J Pediatr. 2023 May 12;260:113470. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113470. Online ahead of print.PMID: 37179016 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto

CANDIDÍASE CUTÂNEA CONGÊNITA COM ENVOLVIMENTO UNGUEAL (A candidíase cutânea congênita –CCC- é uma infecção fúngica intrauterina rara da derme e da epiderme, adquirida por transmissão vertical da colonização vaginal de espécies de Candida. Embora a candidíase vulvovaginal seja uma doença comum em mulheres grávidas, a razão pela qual a CCC é tão rara é desconhecida).

 

ANTIBIÓTICOS NO INICIO DA VIDA: MENOS É MAIS

ANTIBIÓTICOS NO INICIO DA VIDA: MENOS É MAIS

Less is more: Antibiotics at the beginning of life.Stocker M, Klingenberg C, Navér L  et al. .Nat Commun. 2023 Apr 27;14(1):2423. doi: 10.1038/s41467-023-38156-7.PMID: 37105958 Free PMC article. Review.  Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os antibióticos ainda são os medicamentos mais prescritos nos primeiros dias de vida. Até 14% dos prematuros tardios e de termo e até 90% dos prematuros extremos recebem antibióticos intravenosos. Essa exposição é desproporcional à carga da doença, pois apenas 0,5 a 2% dos recém-nascidos tratados com antibióticos apresentam infecção bacteriana comprovada por cultura. O objetivo de um microbioma preservado e resistência antimicrobiana reduzida pode melhorar a saúde das gerações futuras.

  A hora de agir é agora!

Segurança e eficácia da administração de probióticos em recém-nascidos pré-termo

Segurança e eficácia da administração de probióticos em recém-nascidos pré-termo

Palestra proferida pelo Dr. Ravi Patel (EUA) no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

A certeza da evidência do uso do probiótico na redução da enterocolite necrosante (ECN), mortalidade e sepse tem sido baixa, moderada e moderada, respectivamente com redução de 46%, 14% e 11%, respectivamente. Tanto estudos clínicos como em modelos animais, a redução da ECN tem sido consistente (50%). Para  mudar completamente  a conclusão  do efeito de suplementação de probiótico  sobre o risco de enterocolite, precisaríamos de  um estudo muito grande, envolvendo 8000 bebês, o que é pouco plausível. Novos estudos podem mudar a nossa certeza, mas é pouco provável que mude o quanto é eficaz  a suplementação de probiótico. Razões plausíveis da eficácia dos probióticos: barreira intestinal mais forte, reduzem  o tom inflamatório do intestino  e diminui a inflamação mediada pelos receptores Toollike, que são aqueles  que pegam a bactéria. Tem sido usado  vários produtos diferentes, o que preocupa os clínicos, qual seria o melhor. O mais comum foi com o Lactobacillus rhamnosus, por exemplo e o segundo, um produto com uma combinação  de espécies de Lacotbacillus e Bidifobacteria  e o terceiro, uma combinação de Bifidobacteria, Lactobacillus. No entanto, há riscos, como, contaminantes, risco de sepse pelo probiótico (muito incomum), cepa única ou  múltipla ( há evidências moderadas a altas para a superioridade das combinações de 1 ou mais Lactobacillus spp e 1 ou mais Bifidobacterium spp versus tratamentos probióticos de cepas únicas e múltiplas), certeza de que o produto, comprado em Farmácias e Supermercados contem o que está no rótulo (apenas 1 de 16 comprovou esse fato). Há um grande estudo que está sendo realizado agora  que está avaliando com um produto  investigacional específico que será comercializado COMO FÁRMACO o primeiro para neonatos. É um estudo que está sendo feito agora  e 91 Centros estão participando, com  bebês com peso entre 500-1500g (n-2158), Produto: Lactobacillus reuteri (IBP-9414). O resultado primário: ECN, tempo para tolerância alimentar. Na decisão do uso de probióticos é importante que você conheça a sua incidência de ECN e assim você pode calcular o número necessário para tratamento para evitar 1 caso de ECN-há uma tabela interessante Para esse cálculo (se a sua Unidade tem uma incidência de 1%  ou 2%, talvez você tenha que dar probióticos  para 100 a 200 bebês para prevenir um caso).  E esse é o julgamento se vale apenas  os custos, esforços e  riscos potenciais. Segundo Patel, os benefícios com a suplementação são mais fortes que os dados contra, mas eu peço a vocês  que pesem a evidência, considerando o contexto local  e a disponibilidade do produto. Na nossa Unidade não temos usado probióticos e nossa incidência de ECN tem sido em torno de 4%