Categoria: Infecções Bacterianas e Fúngicas

Meningite Neonatal: patogênese a prevenção da lesão do Sistema Nervoso Central

Meningite Neonatal: patogênese a prevenção da lesão do Sistema Nervoso Central

Neonatal Meningitis: Pathogenesis and Prevention of Central Nervous System Injury

Richard A. Polin M.D. Morgan Stanley Childrens Hospital Columbia University

Apresentação Original ocorrida no Simpósio Internacional de Neonatologia, São Paulo, Grupo Santa Joana, 14-16 de setembro de 2017.

Polin R (2017) acredita que a punção lombar provavelmente não deveria fazer parte dos exames rotineiros na suspeita de sepse de início precoce em recém-nascidos com aparência saudável. É difícil distinguir os bebês sem condições de infecção daqueles com sepse de início precoce. A meningite é muito improvável em lactentes com condições não infecciosas óbvias (por exemplo, doença da membrana hialina, taquipnéia transitória do recém-nascido) ou quando não há fatores de risco para sepse.  E nos pacientes sintomáticos?

★ a meningite está presente em 10-25% de bebês bacterêmicos.

★ até 1/3 de bebês com meningite têm hemoculturas negativas (assim sendo a decisão de fazer punção lombar não pode ser baseada em resultados de hemocultura).

Portanto, a punção lombar  não deve ser uma parte rotineira do processo de sepse precoce, mas deve ser feito seletivamente.

E na sepse de início tardio? Estudo retrospectivo de 9641 lactentes 6056 tiveram ≥ 1 hemocultura e e 2877 ≥ 1 punção lombar) além do dia 3 mostrou:.

★ a meningite esteve presente em pelo menos 5% das crianças com suspeita de sepse de início tardio;

★ 1/3 das crianças com meningite apresentaram hemoculturas negativas.

Portanto, nestes recém-nascidos a   punção lombar deve ser feita seletivamente.

Punção lombar seletiva:  A punção lombar deve ser utilizada seletivamente para bebês tanto com hemocultura positiva ou com alta probabilidade de sepse bacteriana ou fúngica (com base em sinais clínicos ou dados laboratoriais) ou lactentes que não respondem terapia antibiótica convencional da maneira usual.

Na sepse tardia sempre realizamos a punção lombar quando as condições do bebê permitem.

Avaliação ultrassonográfica da anatomia da espinha lombar em recém-nascidos: Implicações para ótima performance da punção lombar

Avaliação ultrassonográfica da anatomia da espinha lombar em recém-nascidos: Implicações para ótima performance da punção lombar

Ultrasound evaluation of lumbar spine anatomy in newborn infants: implications for optimal performance of lumbar puncture.

Oulego-Erroz I, Mora-Matilla M, Alonso-Quintela P, Rodríguez-Blanco S, Mata-Zubillaga D, de Armentia SL.J Pediatr. 2014 Oct;165(4):862-5.e1. doi: 10.1016/j.jpeds.2014.06.038. Epub 2014 Jul 22.PMID:25063721Similar articles

Apresentação :Cássio Cibreiros, Paulo Victor Pereira (6a Série)

Coordenação: Paulo R. Margotto

Faculdade de Medicina da Uniersidade Católica de Brasília

  • Este é o 1º estudo a analisar o ângulo de entrada da agulha em RN.
  • Um estudo anterior, através do US acessou ao ângulo de entrada da agulha em crianças e incluiu somente 5 RN .
  • Os resultados do presente estudo mostra que o ângulo de entrada da agulha de 65° – 70° é o ideal para todas as posições e idades gestacionais.
  • Ausência de LCR visível no US ou estreitamento do espaço subaracnoideo resultam em uma PL muito difícil ou impossível.
  • Obstrução do bisel da agulha pelos nervos raquidianos podem causar sangramento na PL.Por estas razões, aumentando o espaço subaracnóide pode facilitar a obtenção do LCR e reduzir a incidência de sangue no LCR.
  • O presente estudo mostra que na posição sentada e com flexão do corpo há um aumento do espaço subaracnóideo (SSW)
Posição do recém-nascido na Unidade de Cuidado Intensivo para a punção lombar como determinado pela ultrassonografia ao lado do leito

Posição do recém-nascido na Unidade de Cuidado Intensivo para a punção lombar como determinado pela ultrassonografia ao lado do leito

Positioning of infants in the neonatal intensive care unit for lumbar puncture as determined by bedside ultrasonography

 Selim Öncel,  Ayla Günlemez,  Yonca Anık, Müge Alvur (Turquia). Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2013;98:F133–F135

O que este estudo acrescenta: A posição sentada com as pernas flexionadas é    suficientemente segura para a realização da punção lombar (PL) de recém-nascidos doentes. Desde  que a posição sentada com as pernas flexionadas   fornece  maiores espaços interespinhosos, esta posição poderá ser útil na melhora da taxa de sucesso da PL  nos recém-nascidos

Reconhecimento e diagnóstico de infecções fúngicas invasivas em neonatos

Reconhecimento e diagnóstico de infecções fúngicas invasivas em neonatos

De Calley JL et al, Reino Unido, 2017,  Apresentado pela Dra. Deyse Costa, R3 em Neonatologia do HMIB/SES/DF, sob Coordenação do Dr. Diogo Pedroso. Os recém-nascidos (RN) são particularmente suscetíveis a candidíase invasiva (IC), com uma incidência de 3 a 5 vezes maior em comparação com crianças ou adultos e entre os fatores: a idade gestacional (<28 semanas) e peso ao nascer (1000g), RN com patologia abdominal que requerem cirurgia ( o trato gastrintestinal é o local de maior colonização por Candida).A incidência geral desta infecção vem diminuindo desde os anos 90, devido ao menor uso de antibióticos de amplo espectro, melhores medidas de controle de infecção e o discutível uso da profilaxia antifúngica (embora a infecção começou a diminuir em 2001, o aumento da profilaxia antifúngica não começou até 2002!). Recentes incidências relatadas:0,15% de todas as admissões neonatais e entre 2-9% nos RN de extremo baixo peso. As espécies mais comuns de candidemia neonatal  tem sido: C. albicans e C. parapsilosis, com menor números  a C. glabrata, C. tropicalis, C. krusei e C. lusitaniae.Há um pico de incidência na 2a semana de vida.O diagnóstico de candidemia invasiva associa-se a maior mortalidade (1/3 dos RN<1000G morrem) e deficiente neurodesenvolvimento (60% dos sobreviventes). A candidemia invasiva (CI) se apresenta como sepse bacteriana, com frequente trombocitopenia (esta é mais duradoura). A hiperglicemia é uma característica comum (juntamente com a trombocitopenia é um importante preditor!).Em 50% as culturas por candidíase disseminada comprovada por autópsias são negativas (colhendo em 3 sítios está entre 50-75%)! RN com uroculturas positivas para Candida deve ser trados como CI (semelhante comprometimento neurológico e morte em relação aos com hemocultura positiva.O diagnóstico de meningite por Candida é difícil (o líquor pode ser normal  na meningite comprovada por Candida e metade tem cultura negativa!). O artigo discute o uso da PCR (4-6 horas pode estar concluída) e o uso de biomarcadores (1,3-Beta-d-glucano:BDG; Anticorpos Manana e Anti-manana) para evitar o atraso no diagnóstico da CI. No futuro próximo, existe um papel potencial para os testes  adjuvantes. Os dois candidatos mais promissores o  BDG e a PCR para Candida.Os autores concluem que o tratamento oportuno, efetivo e adequado das infecções invasivas por Candida na Unidade Neonatal é essencial para minimizar a morbimortalidade. A capacidade de diagnosticar efetivamente essas infecções é limitada. A cultura de fungos tem uma taxa falso negativa, portanto, o tratamento é geralmente iniciado de forma empírica. Nos links discutimos sobre os risco do uso de antibióticos de amplo espectro (aumenta 2 vezes mais o risco de CI), as vantagens do uso de menor tempo de ventilação e menos uso de bloqueadores de receptor de Histamina (ranitidina) . Nos links discutimos a respeito da profilaxia (não usado universalmente- nos EUA, usa se incidência entre 15-34%!) e o uso empírico da terapia antifúngica  (a incidência de deficiente neurodesenvolvimento ou morte aos 18-22 meses de idade corrigida foi menor nas crianças que receberam terapia antifúngica empírica [50% versos 64%  – OR:0,27;IC a 95%:0,08-0,89-P=0,03]. A nossa Unidade tem adotado o uso da terapia empírica antifúngica, face a incidência de infecção fúngica na Unidade em recentes levantamentos