Integrando o diagnóstico salivar no recém-nascido: da avaliação do desenvolvimento à predição de morbidades
Jill L. Maron. Palestra administrada por Jill L. Maron (EUA), ocorrida no VIII Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.
Realizado por Paulo R. Margotto.
Há séculos que se diz que a ‘saliva é o espelho do corpo”. Na cultura chinesa se usa a saliva há milhares de anos para monitorar a saúde do paciente. A saliva dá uma oportunidade sem precedente de avaliar eventos em tempo real em uma população vulnerável, podendo monitorar o desenvolvimento e o estado de saúde desses bebês. Nessa Palestra foi abordado o diagnóstico salivar na INFECÇÃO! Para nós Neonatologistas a descriminação precisa entre bebê infectados e não infectados represente um grande desafio. A maioria dos bebês expostos a antibióticos no período neonatal são somente porque trata de um bebê com suspeita de infecção. A infecção não tem sido confirmada. Se você está infectado, qual é a resposta do Hospedeiro? Não importa se a infecção é bacteriana, fúngica ou viral, pneumonia, infecção no trato urinário, bacteremia, só importa que o hospedeiro tenha uma resposta à infecção. Demonstramos a PCR salivar se correlacionou com os níveis séricos, principalmente com a PCR sérica ≥ 10 mg/L (área sob a curva de 0,81), assim como com as citocinas (uma simples gota de saliva analisando 11 citocinas demonstrou uma acurácia na precisão de infecção foi de 87%). Nos casos de Síndrome de Abstinência Neonatal, (SAN) os bebês tem um fenótipo alimentar muito singular : alimentação descoordenada ou inefetiva e depois se segue por hiperfagia. Através de amostras de saliva coletadas dentro ao nascimento, antes da intervenção farmacológica, mostramos que os meninos tinham mais expressão do DRD2 (gene de recompensa) que precisavam de tratamento (exatamente, uma maior expressão de leptina). Então a comida é uma nova droga e com diferenças específicas em relação ao gênero nessas vias que dão a base molecular para os desfechos clínicos nesses bebês com SAN e os meninos com mais frequência sofrerão de abstinência. Através da saliva foi demonstrado que exposição pré-natal aos opioides pode promover inflamação, resultando em alterações na sinalização de recompensa e lesões na substância branca no cérebro em desenvolvimento, com efeitos únicos específicos do sexo. Assim, as análises salivares perinatais têm uma ampla gama de aplicações: avaliação do desenvolvimento, vigilância de infecção e impacto dos opioide no desenvolvimento do cérebro e comportamento. A saliva é uma janela para o neurodesenvolvimento, infecções, alimentação oral, surgimento da fala, colonização de micróbios. Tudo isso está na saliva. Espero que possamos reimaginar o cuidado. Tudo que compartilhei com vocês hoje vem de uma gota de saliva por vez.