Manuseio do Recém-Nascido na Sala De Parto
Ola Didrik Saugstad , University of Oslo, Noruega, ocorrida no dia 27/3/2021 por ocasião do VI Encontro Internacional e Neonatologia, sob Coordenação Geral dos Drs. Rita Silveira e Renato Procianoy (RS), 100% online.
Realizado por Paulo R. Margotto.
O que queremos dizer com o Minuto de Ouro? Quando devemos começar o Minuto de Ouro? Quando os ombros saem? Quando o cordão umbilical é cortado? Quando o bebê está na mesa de reanimação? Acho que temos que concordar que devemos começar o cronômetro quando o bebê saiu. O Minuto de Outro é dividido em duas partes e cada uma delas com um tempo de 30 segundos (na primeira parte: secar o bebê, mantê-lo quente e se < 28 semanas enrolar em plástico, estimular a respiração se necessário e a via aérea deve ser posicionada na posição correta; devemos monitorar a frequência cardíaca (FC) e frequência respiratória (FR) e nos próximos 30 segundos devemos estabelecer o suporte respiratório se necessário e colocar o oxímetro de pulso se for necessário e disponível. É possível conseguir isso durante o Minuto de Ouro? É difícil estabelecer a primeira ventilação dentro de um minuto, mas é possível fazer isso em torno de 60 -70 segundos de vida! O Minuto de Ouro é influenciado pelo IMC da mãe (há um aumento linear com a morte perinatal), uso do corticosteroide pré-natal (mesmo que não haja tempo para um curso completo, mesmo assim o corticoide deve ser administrado e o tipo de parto (a taxa ótima de cesariana está entre 10-20%).Entre as novas recomendações: não indicado insuflação sustentada acima de 5 segundos, considere interromper a reanimação após 20 minutos do nascimento se não houver nenhuma reação, batimento cardíaco (antes era 10 minutos!). Ao invés de contarmos a FC só 6 segundos, conte por 10 segundos e essa falta de precisão da avaliação da FC pela ausculta pode ser eliminada. A ausculta é o padrão ouro para avaliar a FC ao nascimento, pelo menos inicialmente, antes de estabelecer o ECG e a oximetria de pulso. Em relação ao clampeamento do cordão, em 60 segundos, 70% do sangue é transfundido da placenta para o bebê devendo o cordão umbilical ser clampeado depois de 1 minuto. Metanálise de 19 estudos mostrou benefício nos prematuros com o clampeamento tardio de 30 segundos. A ventilação com o cordão intacto é factível, mas não levou a nenhuma melhora clínica imediatamente após o parto e nem reduziu a morbidade neonatal subsequente. Quanto à ordenha do cordão: para os bebês d<27 semanas ocorreu 4 vezes mais hemorragia intraventricular grave no grupo da ordenha principalmente 7 dias após o (22% [20/93] vs 6% [5/89]-p=0,002). O benefício do clampeamento fisiológico, ou seja, começa a ventilar o bebê e depois cortar o cordão, foi demonstrado muito bem no estudo animal de Hooper S em Melbourne há alguns anos. Se você cortar o cordão antes de ventilar, a pressão arterial aumenta muito e também o fluxo carotídeo aumenta. Por outro lado se você clampeia o cordão após a ventilação não há aumento significativo da pressão arterial ou no fluxo carotídeo. Quanto à oxigenação: o clampeamento tardio do cordão aumenta mais rapidamente a Saturação de O2, os bebês < 32 semanas em CPAP chegam a uma saturação de 80% em 1 minuto mais cedo do que se não estiver em CPAP, as meninas alcançam Saturação de O2 de 80% 1 minuto antes dos meninos! Iniciando com saturação alta e baixa, observou-se que ambos os grupos alcançaram saturação de 80% mais ou menos ao mesmo tempo. Isso ilustra que talvez não seja tão importante quanto você começa. O mais importante é como você ajusta a FiO2 para chegar a saturação de 80%. No entanto, devido a tantos riscos adversos potenciais começando com FiO2 alta, sugere que ainda comece com FiO2 baixa (30%). É importante manter os bebês em instabilidade térmica (envolver em sacos plásticos os <28 semanas).