Retinopatia da Prematuridade
Rodolfo Alves Paulo de Souza, Paulo R. Margotto
Capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, Editado por Paulo R. Margotto, 4a Edição, 2021
Repercussões no Neurodesenvolvimento
O estudo de Glass TJA et al compreendeu 98 recém-nascidos (RN) avaliados para retinopatia da prematuridade ROP) entre 24-28 semanas de gestação, sendo estudados através da tratografia (ressonância avançada) com o objetivo de estudar o desenvolvimento microestrutural do cérebro (a mediana da realização da primeira ressonância magnética [RM] foi com 32, 4 sem e a segunda, com 39,8 sem). O neurodesenvolvimento foi avaliado com 18 meses de idade corrigida. Os autores esse estudo mostraram que as crianças com ROP grave que requerem terapia de fotocoagulação a laser estão associadas com maturação tardia na associação motora e visual, além de menor funcionamento cognitivo aos 18 meses de idade corrigida, independente de lesão cerebral grave e idade gestacional ao nascimento.
- Dois estudos de 2018, o primeiro de Drost FJ et al et al demonstrou menores volumes cerebelares, diâmetro do cerebelo e volumes do tronco encefálico em prematuros com ROP grave em comparação com bebês controles pré-termo pareados. Recém-nascidos prematuros com ROP também mostraram menores escores gerais de desenvolvimento na infância e pior funcionamento motor fino aos dois anos de idade corrigida. O segundo estudo de Sveinsdóttir K et al demonstrou que a ROP, independente do estágio, associa-se a um volume cerebelar inferior e menor quantidade de substância branca não mielinizada na idade equivalente a termo, além de comprometimento do desenvolvimento cognitivo e motor aos 2 anos de idade corrigida.
- Esses achados também levantam a possibilidade de caminhos comuns essenciais para o desenvolvimento da retina e do cérebro. O mecanismo subjacente da associação entre a ROP e o desenvolvimento volumétrico cerebral precoce permanece incerto e pode estar relacionado a alterações na produção de IGF-1, o que requer mais estudos.
- Portanto, estratégias destinadas a prevenir qualquer estágio da ROP também podem ter efeitos neuroprotetores no cérebro em desenvolvimento. Assim, o acompanhamento desses bebês com ROP até a infância é necessário para avaliar as consequências a longo prazo desses achados de menores volumes cerebelares, diâmetro do cerebelo e volumes do tronco encefálico em prematuros com ROP principalmente grave em comparação com bebês controles pré-termo pareados.