Sepse neonatal precoce (primeiros 3 dias de vida): epidemiologia, microbiologia e controvérsias na prática

Sepse neonatal precoce (primeiros 3 dias de vida): epidemiologia, microbiologia e controvérsias na prática

Neonatal EarlyOnset SepsisEpidemiologyMicrobiology, and Controversies in Practice.Flannery DD a,b,*, Ramachandran Vc, Schrag SJc.Clin Perinatol. 2025 Mar;52(1):15-31. doi: 10.1016/j.clp.2024.10.002. Epub 2024 Dec 21.PMID: 39892950 Review.

Apresentação: Julia Obliziner e Laís Vieira e  Laís Vieira ((R4 de Neonatologia no HMIB). Coordenação: Diogo Pedroso.

Este artigo fornece uma análise abrangente sobre a sepse neonatal de início precoce , abordando sua epidemiologia, microbiologia e as principais controvérsias na prática clínica.  O Streptococcus do grupo B (GBS) é  responsável por 33,4% dos casos, mais comum em recém-nascidos a termo e a Escherichia coli representa 27,7% dos casos, predominante em prematuros, com 80% das cepas resistentes à ampicilina. Em países de baixa/média renda, as bactérias gram-negativas (como E. coli, Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter spp.) e gram-positivas (como CONS e S. aureus) são predominantes. A  Profilaxia Antimicrobiana Intraparto (PAI), introduzida nos EUA em 1996, reduziu a incidência de GBS na sepse precoce  em aproximadamente 90%. No entanto há preocupações com o aumento da resistência antimicrobiana (especialmente em E. coli) e alterações no microbioma neonatal, potencialmente associadas a maior índice de massa corporal na infância. Vacinas contra GBS estão em fase de  desenvolvimento e contra E. coli em fase de pesquisa. No tratamento da sepse precoce: ampicilina é eficaz contra GBS, mas enfrenta resistência em 80% das cepas de E. coli e a gentamicina cobre 80-90% das cepas de E. coli e tem efeito sinérgico com ampicilina, alcançando eficácia em 92% dos casos de sepse de início precoce. Sepse clínica (sintomas sem confirmação microbiológica) pode refletir limitações diagnósticas ou respostas fisiológicas transitórias do neonato. Bebês de mães negras têm maior taxa de mortalidade (10,52 por 1.000) em comparação com brancas (4,42) ou asiáticas (3,40).A profilaxia antibiótica intraparto não previne a EOS causada por organismos que não sejam GBS, especialmente bactérias gram-negativas, nem a doença de GBS de início tardio.