Mês: novembro 2018

Síndrome de Abstinência Neonatal

Síndrome de Abstinência Neonatal

Paulo R. Margotto, Sergio Henrique Veiga.

Capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido, 4a Edição, 2019 (no prelo).

Os efeitos das drogas sobre o feto estão na dependência de vários fatores, entre os

quais, o tipo de droga, a quantidade, a frequência do uso e o período gestacional em que ocorreu o uso. Entre estas substâncias, se destacam a cocaína e o crack (subproduto da cocaína). Quando misturada com bicarbonato de sódio ou amônia, forma pedras de cocaína, que recebem o nome de crack (do verbo to crack, que significa quebrar, devido aos pequenos estalidos produzidos pelos cristais ao serem queimados, como estivem sendo quebrados). Assim, a cocaína pode ser consumida através do fumo (cachimbo, cigarro).

A cocaína, considerada estimulante do sistema nervoso central, age inibindo a:               –recaptação da norepinefrina (daí seus efeitos: vasoconstrição, hipertensão arterial, taquicardia)

da dopamina (daí seus efeitos: sensação de euforia, aumento do estado de alerta, redução da fadiga, estimulação sexual; a depleção dos estoques de dopamina pelo uso continuado da droga leva o usuário a um estado depressivo, sintomas de abstinência).

-da serotonina nos terminais nervosos pré-sinápticos, ocorrendo uma estimulação prolongada destes receptores na membrana pós-sináptica.

A cocaína passa rapidamente através da placenta por difusão simples. Os efeitos da cocaína no feto podem estar aumentados, devido às modificações do metabolismo da cocaína durante a gestação (há uma redução da atividade da colinesterase plasmática, com diminuição do metabolismo da cocaína).

Revisão sistemática rápida mostra que o uso de cânula nasal de alto fluxo é inferior a pressão positiva contínua nas vias aéreas como suporte de primeira linha em neonatos prematuros

Revisão sistemática rápida mostra que o uso de cânula nasal de alto fluxo é inferior a pressão positiva contínua nas vias aéreas como suporte de primeira linha em neonatos prematuros

Rapid systematic review shows that using a high-flow nasal cannula is inferior to nasal continuous positive airway pressure as first-line support in preterm neonates.Conte F, Orfeo L, Gizzi C, Massenzi L, Fasola S.Acta Paediatr. 2018 Oct;107(10):1684-1696. doi: 10.1111/apa.14396. Epub 2018 Jun 1. Review.PMID: 29751368.Similar articles.Apresentação: Ana Júlia Furtado, Paulo Renato Miranda, Raphael Andrade.Coordenação: Paulo R. Margotto

Na metanálise de 6 estudos englobando 1227 RN<37 semanas o tratamento com Cânula Nasal  (CNAF) resultou em uma taxa significativamente mais alta de falha do tratamento do que  CPAPn, no entanto com menores taxas de lesões nasais com a CNAF e sem diferença nas taxas de displasia broncopulmonar entre os grupos. Um estudo comparou CNAF com NIPPV sincronizada, sem diferenças quanto às taxas de falha de tratamento, intubação e displasia broncopulmonar. Estes dados estão em contraste com aqueles obtidos a partir de metanálises de CNAF iniciadas após a extubação, que demonstraram consistentemente que a eficácia é semelhante CPAPn. A maior taxa de falha do tratamento entre bebês recebem CNAF como suporte primário pode refletir sua eficácia reduzida em neonatos com pulmões deficientes em surfactante. A CNAF pode oferecer uma pressão de distensão menos consistente e um pouco menor do que a CPAPN. Uma proporção significativa de crianças que falharam na CNAF não precisou de intubação após o cruzamento para CPAPn  ou NIPP. São sugeridas pesquisas futuras comparando CNAF com CPAPn em recém-nascidos muito prematuros e extremamente prematuros em um cenário semelhante, ou seja, a administração precoce de surfactante via administração de surfactantes menos invasivos (LISA-Less invasive surfactant administration) ou (INSURE-intubação-surfactante-extuvação) seguida pela alocação de pacientes para CNAF ou CPAPn.  Segundo Peter Davis, da Austrália, escolha a CNAF se você tiver (mais confortável, faz com que os enfermeiros e pais fiquem felizes), mas tenha CPAPn de prontidão, pois os bebês que falharem na CNAF PODEM SER RESGATADOS com o uso de CPAPn. Quanto à bronquiolite viral aguda (BVA):  recente estudo de Pouyau R et al em crianças  de 6 meses de idade com moderada a grave BVA mostrou que CPAPn pode ser mais eficiente do que a CNAF (essa mostrou significativa falha após 6 horas) para suporte respiratório inicial em jovens lactentes hospitalizados em uma UTI Pediátrica de moderada a grave bronquiolite viral aguda. Tal como no estudo em neonatos abordado anteriormente, os bebês que falharam na CNAF foram tratados com sucesso com CPAPn (2/3). E o barulho?De acordo com o dispositivo usada na CNAF os decibéis (dB) podem chegar até 91,4 dB e a Academia Americana de Pediatria recomenda <45dB! (CPAPn:73,9-77,4 Db).

INFUSÃO DE NOREPINEFRINA MELHORA A HEMODINÂMICA EM PREMATUROS DURANTE O CHOQUE SÉPTICO

INFUSÃO DE NOREPINEFRINA MELHORA A HEMODINÂMICA EM PREMATUROS DURANTE O CHOQUE SÉPTICO

Norepinephrine infusion improves haemodynamics in the preterm infants during septic shock.Rizk MY, Lapointe A, Lefebvre F, Barrington KJ.Acta Paediatr. 2018 Mar;107(3):408-413. doi: 10.1111/apa.14112. Epub 2017 Oct 26.PMID: 28992392.Similar articles.

Apresentação: André da Silva Simões, Deborah Carneiro Coordenação: Diogo Pedroso.

  • Os autores evidenciaram pela primeira vez o papel da noradrenalina (NA) no choque séptico do pré-termo:houve melhora do estado de choque em 80% da coorte estudada. Segundo os autores canadenses, o risco potencial de hipertensão pulmonar persistente no período neonatal levantou preocupações sobre os efeitos pulmonares da noradrenalina; no entanto, no período neonatal, a NA parece exibir efeito vasodilatador , quando comparado à dopamina, que é amplamente utilizada em todo o mundo apesar de ter demonstrado aumentar a resistência vascular pulmonar e a pressão arterial pulmonar em recém-nascidos
Monografia da UTI Pediátrica (2017): Panorama das Intubações Traqueais na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Materno Infantil de Brasília

Monografia da UTI Pediátrica (2017): Panorama das Intubações Traqueais na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Materno Infantil de Brasília

LAURA HAYDÉE SILVA TEIXEIRA.

Através de um Checklist aplicado na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Materno Infantil de Brasília (DF), analisou-se o cenário das intubações traqueais nesse serviço no período de dezembro de 2016 a dezembro de 2017. Das 58 intubações traqueais analisadas nesse período, 100% foram orotraqueais sob laringoscopia direta, com curso bem-sucedido.Tubos orotraqueais sem cuff são preferencialmente utilizados. Em 51% dos casos realizou-se manipulação externa da laringe. Utilizou-se sequência rápida de intubação em 94%, com associação de atropina, cetamina, midazolam e rocurônio na maioria dos pacientes. Em 80% dos cursos, residentes de terapia intensiva pediátrica foram os profissionais que realizaram a intubação. Foi obtido 75,8% de sucesso na primeira tentativa. Confirmou-se a intubação principalmente pelo exame físico, oximetria e radiografia de tórax. A taxa de ocorrência de eventos adversos foi de 36%, sendo 8,6% eventos severos. Dessaturação menor ou igual a 80% foi o evento adverso mais frequente, seguido de intubação esofágica com reconhecimento imediato. Metade dos pacientes recebeu tempo de pré-oxigenação menor que o mínimo preconizado. Em 52% dos casos a laringoscopia foi menor que 30 segundos.

 

DEFICIÊNCIA TARDIA DE VITAMINA K EM MENORES DE 2 ANOS DE IDADE – Renascimento de uma doença evitável

DEFICIÊNCIA TARDIA DE VITAMINA K EM MENORES DE 2 ANOS DE IDADE – Renascimento de uma doença evitável

Late Vitamin K Deficient Bleeding in 2 Young Infants–Renaissance of a Preventable Disease.Siauw C, Wirbelauer J, Schweitzer T, Speer CP.Z Geburtshilfe Neonatol. 2015 Oct;219(5):238-42. doi: 10.1055/s-0035-1555873. Epub 2015 Nov 10.PMID: 26556811.Similar articles.

Apresentação: Marcos Vinícius. Coordenação: Marta David Rocha Moura.

  • Os autores trazem 2 casos cujos pais recusaram a fazer Vitamina K ao nascimento e que com 5 semanas e outro aos 39 dias a forma tardia da Doença Hemorrágica pela Deficiência da Vitamina K. Ambos os pais recusaram o uso da Vitamina K ao nascer. Ambas as crianças apresentaram hematoma subdural com desvio da linha média, necessitando de descompressão cirúrgica de emergência. A síntese da vitamina K em RN é diminuída devido à imatura microbiota intestinal que ainda tem que ser colonizada por bactérias que sintetizam Vitamina K (a flora intestinal nos alimentados com leite humano, assim como com o leite de soja, é baixa em bactérias produtoras de Vitamina K). Apenas 75% das parteiras questionadas em uma pesquisa na Nova Zelândia sentiram que a profilaxia da vitamina K em recém-nascidos é necessária, comparada para 94% dos pediatras e 100% dos obstetras questionados. Por causa das conseqüências devastadoras de até mesmo um bebê sofrendo de atraso devido a doença hemorrágica por  deficiência da Vit K, é preciso aumentar a conscientização para o crescente número de pais que recusam a profilaxia com vitamina K.  Nos links trouxemos controvérsias, como o uso de dose maior de Vitamina K (2-3mg IM) ao nascer nos recém-nascidos (RN) de mães epiléticas (devido aos anticonvulsivantes) que adotamos na nossa Unidade devido a graves sangramentos precoces nesses RN observados por nós e o uso oral da Vitamina K (metanálise recente mostrou que o risco de doença hemorrágica tardia pela deficiência e Vitamina K é 25 vezes maior nesses bebês!). E mais: a administração de Vitamina K no pré-natal NÃO previne a ocorrência de hemorragia intraventricular  no pré-termo
Canal arterial: Tratar ou não tratar?

Canal arterial: Tratar ou não tratar?

24o Congresso Brasileiro de Pediatria, Natal, 26 a 29 de setembro de 2018

Guilherme Sant´Anna, Canadá

Palestra gentilmente cedida pelo Dr. Guilherme Sant`Anna por ocasião do 1o Simpósio Internacional de Neonatologia do Distrito Federal, 1o Simpósio Internacional do HMIB “DR. PAULO ROBERTO MARGOTTO”

 

 

Entendendo a Certificação do Exame Neurológico para a Hipotermia Terapêutica e Otimização dos Ensaios de Resfriamento

Entendendo a Certificação do Exame Neurológico para a Hipotermia Terapêutica e Otimização dos Ensaios de Resfriamento

Guilherme Sant´Anna (Canadá)

Hipotermia terapêutica em recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica. 1º Simpósio Internacional de Neonatologia do Distrito Federal, 1º Simpósio Internacional de Neonatologia do HMIB “DR. PAULO ROBERTO MARGOTTO”, 25 a 27 de outubro de 2018