Mês: setembro 2023

Associações entre amamentação e mortes infantis pós-perinatal nos Estados Unidos

Associações entre amamentação e mortes infantis pós-perinatal nos Estados Unidos

Associations Between Breastfeeding and Postperinatal Infant Deaths in the U.S.Ware JL, Li R, Chen A, Nelson JM, Kmet JM, Parks SE, Morrow AL, Chen J, Perrine CG.Am J Prev Med. 2023 May 21:S0749-3797(23)00239-8. doi: 10.1016/j.amepre.2023.05.015. Online ahead of print.PMID: 37220859.

Realizado por Paulo R. Margotto

Este estudo de uma grande coorte de aproximadamente 10 milhões de bebês nascidos nos Estados Unidos (EUA) durante 2016–2018 encontrou uma forte associação entre o início da amamentação e a redução da mortalidade infantil pós-perinatal em todas as 7 regiões geográficas e na maioria dos estados individuais. A promoção e o apoio ao aleitamento materno podem ser uma estratégia para reduzir a mortalidade infantil nos EUA.

Impacto da hemorragia intraventricular (HIV) de baixo grau no resultado do desenvolvimento neurológico em bebês muito prematuros (32 semanas) aos 2 anos de idade

Impacto da hemorragia intraventricular (HIV) de baixo grau no resultado do desenvolvimento neurológico em bebês muito prematuros (32 semanas) aos 2 anos de idade

Impact of lowgrade intraventricular hemorrhage on neurodevelopmental outcome in very preterm infants at two years of age. Périsset A, Natalucci G, Adams M, Karen T, Bassler D, Hagmann C. Early Hum Dev. 2023 Mar;177-178:105721. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2023.105721. Epub 2023 Feb 7.PMID: 36841201

Apresentação: Amanda do Carmo. Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF. Coordenação: Nathalia Bardal/Paulo R. Margotto

A odds ratio (OR) ajustada para PARALISIA CEREBRAL (PC) foi de 4,36 (IC 95% 1,45–13,12) no grupo de prematuros com HIV grau II em comparação com nenhum HIV, e a OR ajustada para comprometimento do desenvolvimento neurológico foi de 3,25 (IC 95% 1,55–6,83) em comparação com o grupo de prematuros sem HIV! A presença de HIV de baixo grau – e especialmente HIV de grau II – não deve ser subestimada, uma vez que o resultado do desenvolvimento neurológico a longo prazo pode ser pior do que se pensava anteriormente.

Colar de Pérolas de Mecônio / Candidíase Cutânea Congênita com Envolvimento Ungueal

Colar de Pérolas de Mecônio / Candidíase Cutânea Congênita com Envolvimento Ungueal

String Of Meconium Pearls Pramod K Sharma 1Chetan Khare 2Roshan Chanchlani 1J Pediatr. . 2023 May 24;260:113508. Online ahead of rint.Pmid: 37230213.Doi: 10.1016/J.Jpeds.2023.113508.

Realizado por Paulo R. Margotto

COLAR DE PÉROLAS DE MECÔNIO (O caso ilustra a presença de pérolas de mecônio e baixa anomalia anorretal coexistente em um bebê do sexo masculino; a presença de pérolas de mecônio deve levar o médico a procurar anomalia anorretal e possível fístula /CANDIDÍASE CUTÂNEA CONGÊNITA COM ENVOLVIMENTO UNGUEAL (A candidíase cutânea congênita –CCC- é uma infecção fúngica intrauterina rara da derme e da epiderme, adquirida por transmissão vertical da colonização vaginal de espécies de Candida. Embora a candidíase vulvovaginal seja uma doença comum em mulheres grávidas, a razão pela qual a CCC é tão rara é desconhecida).

Congenital Cutaneous Candidiasis with Nail InvolvementTuoni C, Mazzatenta C, Filippi L.J Pediatr. 2023 May 12;260:113470. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113470. Online ahead of print.PMID: 37179016 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto

CANDIDÍASE CUTÂNEA CONGÊNITA COM ENVOLVIMENTO UNGUEAL (A candidíase cutânea congênita –CCC- é uma infecção fúngica intrauterina rara da derme e da epiderme, adquirida por transmissão vertical da colonização vaginal de espécies de Candida. Embora a candidíase vulvovaginal seja uma doença comum em mulheres grávidas, a razão pela qual a CCC é tão rara é desconhecida).

 

UTI PEDIÁTRICA:BESTFIT*-T3: Uma abordagem de monitoramento em camadas para choque séptico pediátrico persistente/recorrente – um relatório conceitual piloto

UTI PEDIÁTRICA:BESTFIT*-T3: Uma abordagem de monitoramento em camadas para choque séptico pediátrico persistente/recorrente – um relatório conceitual piloto

BESTFIT-T3: A Tiered Monitoring Approach to Persistent/Recurrent Paediatric Septic Shock – A Pilot Conceptual Report.Natraj R, Ranjit S.Indian J Crit Care Med. 2022 Jul;26(7):863-870. doi: 10.5005/jp-journals-10071-24246.PMID: 36864878 Free PMC article. Artigo Livre!

Apresentação: Iago Silva de Almeida. Coordenação: Alexandre Serafim

UTI PEDIÁTRICA DO HMIB/SES/DF

  • Uma proporção significativa de crianças com choque séptico pode ter uma fisiopatologia interligada complicada que requer informações além daquelas fornecidas pelo BESTFIT.
  • Neste relatório conceitual piloto, descrevemos a experiência da nossa Unidade com uma abordagem de monitoramento em camadas para esclarecer a etiologia subjacente do choque séptico pediátrico persistente ou recorrente, bem como um regime de tratamento cardiovascular orientado fisiologicamente que foi útil em 8/10 crianças com CHOQUE PERSISTENTE  ou CHOQUE RESISTENTE.
  • Mais estudos serão úteis para determinar se a nova abordagem BESTFIT-T3 é útil para fornecer terapia cardiovascular de precisão nesses pacientes.

BESTFIT = Basic Echocardiografy in Shock Therapy for Fluid and Inotrope Titration (Ecocardiografia  Básica em Terapia de choque para Titulação de Fluidos e Inotrópicos ) com ultrassonografia pulmonar e monitoramento avançado de 3 níveis ( T1-3)

T3 inclui estudos eco-Doppler com avaliação detalhada de VD e DD, monitoramento não invasivo de CO e imagens Doppler venosas.

HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR NO PRÉ-TERMO:PODEMOS PREVENIR! 2023 (Reunião com a Residência de Neonatologia/HMIB/SES/DF em 10/9/2023)

HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR NO PRÉ-TERMO:PODEMOS PREVENIR! 2023 (Reunião com a Residência de Neonatologia/HMIB/SES/DF em 10/9/2023)

Paulo R. Margotto.

Então, falando francamente!: 1meiros 3-4dias de vida, os 12 Mandamentos!

  • Evitar aspirações de cânulas de rotina
  • Evitar o manuseio excessivo (Punção lombar), evitar o barulho
  • Aconchegar o recém-nascido
  • Avaliar a presença de dor; Evitar punções de calcanhares; Agrupar tarefas;
  • RN no respirador: avaliar a assincronia; evitar PaCO2>52mmHg (primeiros 3dias vida)
  • Evitar excessivas aspirações traqueais
  • Ao usar o surfactante: nas primeiras 2 horas de vida /cafeína precocemente (1as 24 h)
  • Priorizar o uso de CPAP nasal
  • Evitar pneumotórax
  • Evitar infusão rápida de volumes/ altas cargas de sódio,
  • Uso consciencioso de drogas vasoativas
  • Identificar RN com persistência do canal arterial que necessita de tratamento
Impacto da hemorragia intraventricular de baixo grau no resultado do desenvolvimento neurológico em bebês muito prematuros aos dois anos de idade

Impacto da hemorragia intraventricular de baixo grau no resultado do desenvolvimento neurológico em bebês muito prematuros aos dois anos de idade

Impact of lowgrade intraventricular hemorrhage on neurodevelopmental outcome in very preterm infants at two years of age. Périsset A, Natalucci G, Adams M, Karen T, Bassler D, Hagmann C. Early Hum Dev. 2023 Mar;177-178:105721. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2023.105721. Epub 2023 Feb 7.PMID: 36841201

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

O presente estudo acrescenta mais um conhecimento à questão de até que ponto a HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR (HIV) de baixo grau representa um fator de risco independente para resultados adversos no desenvolvimento neurológico. Juntamente com um número crescente de outros estudos, mostramos que a presença de HIV de baixo grau – e especialmente HIV de grau II – não deve ser subestimada, uma vez que o resultado do desenvolvimento neurológico a longo prazo pode ser pior do que se pensava anteriormente. Conseguimos demonstrar que a HIV grau II está associada a uma taxa mais elevada de PC, anormalidades neuromotoras não-paralisia cerebral e comprometimento neurossensorial e, portanto, justifica uma avaliação de acompanhamento detalhada e personalizada, uma vez que essas anormalidades influenciam o desempenho acadêmico posterior. Investigaremos mais detalhadamente o efeito da HIV de baixo grau em nossa coorte após cinco anos de acompanhamento. Em última análise, um grande estudo multicêntrico prospectivo com protocolo implementado para ultrassonografia cerebral  e ressonância magnética com acompanhamento de longo prazo de bebês prematuros com HIV de baixo grau até a idade escolar e adolescência deve ser elaborado a fim de lançar mais luz sobre os impactos da baixa grau HIV no resultado do neurodesenvolvimento além da infância.

A regressão logística multivariada mostrou uma associação positiva independente de HIV grau II e paralisia cerebral (PC)  e comprometimento do desenvolvimento neurológico nesta coorte após ajuste para possíveis fatores de confusão, como IG, peso ao nascer, duração da ventilação mecânica, sepse, displasia broncopulmonar , retinopatia da prematuridade , enterocolite necrosante  e status sócio-econômivo.

A  odds ratio (OR) ajustada para PC foi de 4,36 (IC 95% 1,45–13,12) no grupo de prematuros com HIV grau II em comparação com nenhum HIV, e a OR ajustada para comprometimento do desenvolvimento neurológico foi de 3,25 (IC 95% 1,55–6,83) em comparação com o grupo de prematuros sem HIV. 

 

Sobrecarga de fluidos neonatais – a ignorância não é mais uma felicidade

Sobrecarga de fluidos neonatais – a ignorância não é mais uma felicidade

Neonatal fluid overload-ignorance is no longer bliss. Weaver LJ, Travers CP, Ambalavanan N, Askenazi D.Pediatr Nephrol. 2023 Jan;38(1):47-60. doi: 10.1007/s00467-022-05514-4. Epub 2022 Mar 29.PMID: 35348902 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Uma maior conscientização dos médicos sobre o impacto da sobrecarga de líquidos ajudará a melhorar o reconhecimento e a implementação de terapias destinadas a reduzir o acúmulo de líquidos. O manejo precoce e direcionado da sobrecarga de fluidos pode ajudar os profissionais a melhorar os resultados. Além disso, o KST com máquinas que possuem volume extracorpóreo menor agora pode ser usado para prevenir ou tratar o excesso de líquidos em bebês que não respondem à terapia médica. São necessários estudos básicos, translacionais e clínicos para colmatar as lacunas de conhecimento restantes e melhorar a nossa atual compreensão limitada da sobrecarga de fluidos neonatais.

Suplementos Nutricionais Na Melhora Dos Resultados Dos Prematuros

Suplementos Nutricionais Na Melhora Dos Resultados Dos Prematuros

Palestra administrada pelo Dr. Ravi Mangal Patel (EUA) ocorrida no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023, sob Coordenação dos Dr. Renato Procianoy e Rita Silveira.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

VITAMINA A: devidosua importância potencial no crescimento epitelial e desenvolvimento de órgãos que tem bastante epitélio, o  seu uso intramuscular de 5000 UI 3 vezes por semanas por 4 semanas teve uma redução absoluta de apenas 7% na Displasia broncopulmonar (DBP) sem alteração na mortalidade, uma das razões porque mais de 80% dos neonatologistas americanos não usam a Vitamina A com esse objetivo. Estudos posteriores mostraram que  redução foi mais importante nos bebês de menor risco para DBP. VITAMINA D: embora o leite humano seja crítico para a saúde de bebês prematuros, é pobre nesse nutriente em relação às necessidades dos lactentes durante o crescimento. A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda uma dose de 200–400 UI de vitamina D por dia para bebês prematuros  e a Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN) recomenda 800–1.000 UI (essa deficiência bioquímica é reduzida no dia 28 pela suplementação com 200 UI/dia e evitada com 800 UI/dia!). Mesmo com fórmula os bebês não recebem quantidade suficiente de Vitamina D! Em casos de raquitismo, considerar avaliar a concentração de 25-OH-D, com alvo de uma concentração sérica >20ng/ml (50 nml/L). Muitas crianças não estão recebendo quantidade adequada de Vitamina D, nos Estados Unidos (87 a 95% das crianças em amamentação e 63-80% dos que recebem fórmulas). A Vitamina D pode também afetar a imunidade  e a função respiratória e deficiente status de Vitamina D associou-se com aumento de: risco de diabetes tipo 1, chiado durante a infância precoce e  risco de  infecção pelo vírus sincicial respiratório. VITAMINA E: as evidências não suportam o uso rotineiro de suplementação de vitamina E por via intravenosa em altas doses  ou visando níveis séricos de tocoferol superiores a 3,5 mg/dl (aumenta o risco de sepse e hemorragia cerebral parenquimatosa). FERRO: O tratamento com ferro após a anemia pode não reverter déficits neurológicos e cognitivos associados. A deficiência crônica grave de ferro na infância identifica crianças que continuam em risco de desenvolvimento e comportamento > 10 anos após o tratamento com ferro. Como o ferro é necessário para a mielinização normal, a via de transmissão nesses sistemas sensoriais pode ser afetada pela deficiência precoce de ferro. Uma fonte exógena de 2-4 mg/kg/dia de ferro é recomendada durante o período de crescimento estável, começando em 4-8 semanas e continuando até 12-15 meses de idade. É improvável que a suplementação enteral e intravenosa de ferro contribua significativamente para a patogênese da DBP. Altas doses de ferro podem afetar a saúde intestinal por meio do microbioma. ACIDO DOCOSAHEXANOICO (DHA) pode aumentar o risco de DBP, mas melhora o QI. – ZINCO pode reduzir a mortalidade e melhorar o crescimento linear e  ARGININA pode diminuir a enterocolite necrosante  em pequenos ensaios (esses achados necessitam de confirmação!).