Mês: dezembro 2023

DIRETO AO PONTO: Uso de Dexmedetomidina/Delirium Neonatal e Ketamina na Neonatologia

DIRETO AO PONTO: Uso de Dexmedetomidina/Delirium Neonatal e Ketamina na Neonatologia

Paulo R. Margotto, Priscila Guimarães e Fabiano Cunha Gonçalves (13/12/2023)

Discussão ocorrida com a equipe neonatal do HMIB/SES/DF com a Implementação de dose da dexmedetomidina, medicação não aprovada pelo FDA para recém-nascidos, principalmente prematuros! (dose efetiva média em torno de 0,3–0,7 mcg/kg/hora-dose máxima:  Dose máxima: 1,2 mcg/kg/h e por via nasal, em nebulização, 1 a 1,5mcg/kg.Doses maiores associam-se a bradicardia e hipotensão arterial). Desmame, principalmente após 96 horas de uso: 0,1 mcg/kg a cada 12 a 24 horas, conforme tolerado. Em  casos de abstinência (taquicardia, hipertensão, tremor e agitação), excepcionalmente clonidina, após a Avaliação da Escala de Abstinência (escore>4 da pontuação de Lipsitz PJ). Não usamos a dexmedetomidina como neuroprotetora. Pensar em DELIRIUM em situações de  longo uso de sedoanalgesia apresentando períodos de agitação, choro, sudorese, taquicardia e irritabilidade intensa  e após análise pela Equipe , usar a Quetiapina. A Ketamina não deve ser usada no período neonatal, devido a danos neurais, além de hipertensão arterial, aumento da pressão intracraniana, aumento da resistência vascular pulmonar em bebês com hipertensão pulmonar persistente, aumento da quantidade de secreção brônquica e salivar e alucinações.

Impacto da exposição aos corticosteroides no trabalho de parto prematuro em recém-nascidos eventualmente nascidos a termo

Impacto da exposição aos corticosteroides no trabalho de parto prematuro em recém-nascidos eventualmente nascidos a termo

Impact of corticosteroid exposure on preterm labor in neonates eventually born at term. Best C, Hascoet JM, Jeanbert E, Morel O, Baumann C, Renard E.J Perinatol. 2023 Dec 1. doi: 10.1038/s41372-023-01831-0. Online ahead of print.PMID: 38040875.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A exposição à esteroide pré-natal foi associada à menor perímetro cefálico e menor altura ao nascer. Recém-nascidos expostos a termo também apresentaram maior risco de hipocalcemia e dificuldades de alimentação neonatal. Esses resultados não questionam a indicação de ESTEROIDE pré-natal em casos de risco de parto prematuro, mas levantam cautela sobre a prescrição excessiva de esteroide pré-natal em gestações de baixo risco, em linha com estudos recentes. O acompanhamento a longo prazo dos recém-nascidos a termo expostos à esteroide pré-natal é necessário para avaliar as consequências potenciais desta exposição.

 

Fatores precoces associados à insuficiência de pressão positiva contínua nas vias aéreas em prematuros moderados e tardios

Fatores precoces associados à insuficiência de pressão positiva contínua nas vias aéreas em prematuros moderados e tardios

Early factors associated with continuous positive airway pressure failure in moderate and late preterm infants – response.Tourneux P, Debillon T, Flamant C, Jarreau PH, Schwartz D, Athea Y, Guellec I.Eur J Pediatr. 2023 Dec 4. doi: 10.1007/s00431-023-05349-7. Online ahead of print.PMID: 38047959 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Neste estudo, o fator mais forte associado à falha do CPAP foi o produto da FiO 2   pela  PEEP; o risco de falha de CPAP aumentou 20 vezes em lactentes que necessitaram de FiO 2 x PEEP > 1,50 em comparação com aqueles que necessitaram de FiO 2 x PEEP ≤ 1,50 às 3

Tratamento materno com inibidores seletivos da recaptação de serotonina durante a gravidez e adaptação neonatal tardia: um estudo de coorte de base populacional

Tratamento materno com inibidores seletivos da recaptação de serotonina durante a gravidez e adaptação neonatal tardia: um estudo de coorte de base populacional

Maternal treatment with selective serotonin reuptake inhibitors during pregnancy and delayed neonatal adaptation: a population-based cohort study. Cornet MC, Wu YW, Forquer H, Avalos LA, Sriram A, Scheffler AW, Newman TB, Kuzniewicz MW.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023 Nov 29:fetalneonatal-2023-326049. doi: 10.1136/archdischild-2023-326049. Online ahead of print.PMID: 38071585.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A análise multivariada mostrou associação significativa com maiores probabilidade de atraso na adaptação neonatal ao nascer e admissão na UTI Neonatal nos bebês cujas mães foram expostas a inibidores seletivos de recaptação da serotonina-ISRS(Apgar aos 5 minutos, reanimação neonatal com ventilação por pressão positiva, intubação ao nascer, admissão ao suporte respiratório, ventilação mecânica, maior tempo de internação, transferência para cuidados de alto nível). NO ENTANTO, diferente de outros estudos, não houve associação com hipertensão pulmonar. Assim, os efeitos neonatais adversos da exposição pré-natal aos ISRS devem ser equilibrados com os benefícios do tratamento de saúde mental materna, tanto para a mãe como para o bebê.

 

PROTOCOLO DE USO DE CORTICOSTEROIDE PÓS-NATAL NA UNIDADE DE NEONATOLOGIA DO HMIB

PROTOCOLO DE USO DE CORTICOSTEROIDE PÓS-NATAL NA UNIDADE DE NEONATOLOGIA DO HMIB

Paulo R. Margotto, Fabiano Cunha Gonçalves, Joseleide de Castro, Priscila Guimarães.

Discussão com a Equipe, sob Coordenação do Dr. Fabiano Cunha Gonçalves, no dia 8 de novembro de 2023.

Apesar da melhoria considerável nos resultados para bebês prematuros, as taxas de displasia broncopulmonar (DBP) permanecem elevadas, afetando cerca de 33% dos bebês de muito baixo peso ao nascer, com correspondentes problemas respiratórios e neurossensoriais a longo prazo.

Os corticosteroides sistêmicos podem tratar a inflamação subjacente à DBP, mas o regime ideal para a prevenção desta doença, equilibrando os benefícios com os riscos potencialmente significativos dos corticosteroides sistêmicos, continua a ser um dilema médico.

Nas últimas décadas, houve uma melhora significativa na sobrevivência de bebês com idade gestacional (IG) extremamente baixa, mas morbidades como DBP não diminuíram, principalmente entre os bebês de 24-28 semanas.

Os esteroides pré-natais e a terapia de reposição de surfactante pós-natal melhoraram a sobrevida, acelerando a maturação pulmonar fetal e prevenindo ou tratando a síndrome do desconforto respiratório, mas seu impacto geral na redução da DBP tem sido menos impressionante.

Os corticosteroides pós-natais (CPN) são usados na DBP, uma vez que essa possa ser devida a um desequilíbrio entre inflamação e reparo.

A incidência de DBP variou de 10,2% a 24,8% em 10 regiões europeias, e o uso de CPN variou de 3% a 50% entre neonatos de 19 regiões em 11 países europeus.

Há muita diferença entre as Diretrizes para o uso de CPN e dentro de uma única UTI.

A maioria das Diretrizes contra-indicia o uso precoce de corticosteroides (na primeira semana de vida), havendo maior consenso para o uso de CPN em baixas doses após a primeira semana de vida naqueles que permanecem ventilados com necessidades crescentes de oxigênio e agravamento da doença pulmonar.

 

Uma metanálise de rede de paracetamol intravenoso versus oral para persistência do canal arterial

Uma metanálise de rede de paracetamol intravenoso versus oral para persistência do canal arterial

Network MetaAnalysis of Intravenous Versus Oral Acetaminophen for Patent Ductus Arteriosus. Olowoyeye A, Nnamdi-Nwosu O, Manalastas M, Okwundu C.Pediatr Cardiol. 2023 Apr;44(4):748-756. doi: 10.1007/s00246-022-03053-1. Epub 2022 Nov 24.PMID: 36422654 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O paracetamol está ganhando destaque como uma alternativa de tratamento mais segura. O paracetamol atua inibindo diretamente a prostaglandina sintase em seu local de peroxidase, a fim de facilitar o fechamento da PCA. Na prática, a maioria dos neonatos é tratada com a forma intravenosa (IV) de paracetamol, uma vez que os  neonatos prematuros geralmente recebem pequenos volumes de alimentação devido ao momento da terapia com PCA na UTIN. O fechamento foi definido como um fechamento físico ou uma mudança de uma PCA com repercussão hemodinâmica  (hsPDA) para uma não-hsPDA. Essa metanálise envolveu 21 ensaios clínicos. A rede para o desfecho primário de fechamento da PCA consistiu de 1.902 pacientes, com idade gestacional de 26 a <34 semanas (dose: 15 mg/kg/dose a cada 6 horas durante 3 dias, seguidas por um ciclo repetido se o fechamento não fosse obtido). Em comparação ao placebo, ambos foram eficazes no fechamento da PCA, no entanto, o paracetamol IV mostrou-se superior ao oral. Se possível, devem ser adotadas estratégias para tornar a via oral a via preferida para a administração de paracetamol, uma vez que é a terapia mais eficaz. Nos complementos, a)uma explicação para maior eficácia da via oral: meia-vida de absorção do oral mais prolongada, devido a maior disponibilidade (absorção mais retarda, esvaziamento gástrico lento) b) sem alterações no neurodesenvolvimento até uma idade corrigida de 24 meses (inclusive a taxa de atraso psicomotor foi menor no grupo do paracetamol), diferente do uso do paracetamol pré-natal (a associação entre exposição pré-natal ao paracetamol e sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade TDAH) c) comunicação pessoal com a Dra. Adrianne Bischoff, (IWOA, EUA) com dados de sobrevivência impressionantes nos bebes entre 22-26 semanas de idade gestacional,  nos informou que usam paracetamol endovenoso (muito desses bebês não estão recebendo o suficiente de alimentação enteral para ser seguro dar medicação oral) como primeira linha no tratamento da PCA na primeira semana de vida (menos riscos de insuficiência renal e de perfuração intestinal, já que usam frequentemente hidrocortisona na primeira semana de vida nesses bebês). Paracetamol retal: a formulação oral de acetaminofeno (80 mg/mL) foi administrada através de um enema na dose de 15 mg/kg/dose a cada 6 horas durante 7 dias. Em relação ao grupo controle histórico, O paracetamol retal foi associado à melhora nos índices ecocardiográficos do volume do shunt da PCA, à redução de 50% nas taxas de ligadura da PCA e à redução do desfecho composto de morte ou DBP grave.

Transfusões de eritrócitos estão associadas à retinopatia da prematuridade (ROP) em recém-nascidos com idade gestacional extremamente baixa

Transfusões de eritrócitos estão associadas à retinopatia da prematuridade (ROP) em recém-nascidos com idade gestacional extremamente baixa

Erythrocyte transfusions are associated with retinopathy of prematurity in extremely low gestational age newborns.Glaser K, Härtel C, Dammann O, Herting E, Andres O, Speer CP, Göpel W, Stahl A; German Neonatal Network.Acta Paediatr. 2023 Dec;112(12):2507-2515. doi: 10.1111/apa.16965. Epub 2023 Sep 4.PMID: 37667535. Rede Nacional Alemã.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Nesta grande coorte de bebês entre 22 + 0 a 28 + 6 semanas de gestação  descobriram que uma história de transfusões de hemácias estava independentemente associada ao aumento das chances de qualquer retinopatia da prematuridade (aumento das chances de 1,4 vezes!) , progressão da ROP (2,1 vezes mais!) e necessidade de tratamento da ROP (aumento das chances de 3,6 vezes!). Os médicos devem estar cientes das transfusões de hemácias como um fator de risco independente para ROP, PREVENÇÃO DA ANEMIA e PROMOVER  práticas de prevenção de transfusões, especialmente em bebês nascidos com baixa idade gestacional

Novas Fronteiras na Pesquisa de Transfusão de Glóbulos Vermelhos Neonatais

Novas Fronteiras na Pesquisa de Transfusão de Glóbulos Vermelhos Neonatais

New frontiers in neonatal red blood cell transfusion research.Stark CM, Juul SE.J Perinatol. 2023 Nov;43(11):1349-1356. doi: 10.1038/s41372-023-01757-7. Epub 2023 Sep 4.PMID: 37667005 Review.

Um estudo italiano recente de Fontana et al. descobriu que entre 644 bebês prematuros, cada transfusão individual de hemácias foi independentemente associada a uma redução significativa no escore do Quociente Geral de Griffiths aos 2 e 5 anos de idade. Um estudo retrospectivo de 654 bebês prematuros descobriu que o recebimento de transfusão de hemácias estava associado à diminuição dos escores de função cognitiva e motora do BSID-III aos 18 a 36 meses de idade corrigida, com uma observada dose resposta. As transfusões de hemácias podem estar independentemente associadas a atrasos subsequentes no desenvolvimento neurológico. O mecanismo para esse risco não é claro, mas a inflamação e a contaminação do sangue por metais pesados, como chumbo e mercúrio no sangue do doador e o conteúdo do plastificante DEHP podem contribuir. Uma unidade de 300 a 400 mL de hemácias contém 200 a 250 mg de ferro, portanto, uma transfusão típica de 15 mL/kg inclui aproximadamente 8 a 12 mg/kg de ferro. É importante ressaltar que a meia-vida do sangue transfundido é de aproximadamente 30 dias e a maior parte desse ferro está ligada à hemoglobina transfundida e não está disponível para uso pelo bebê até o final da vida útil dos eritrócitosInteressante: à medida que os animais são flebotomizados, o ferro total nos glóbulos vermelhos é mantido, enquanto as concentrações de ferro no tecido cerebral diminuem. Esta descoberta apoia a necessidade de suplementação contínua de ferro mesmo após a transfusão de hemácias. Um estudo piloto recente descobriu que o uso de transfusões de sangue do cordão umbilical alogênico limitou a depleção de HbF associada às transfusões convencionais de hemácias.

Irritabilidade Grave em Prematuro Grave: Um Caso de Delirium na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Irritabilidade Grave em Prematuro Grave: Um Caso de Delirium na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Severe irritability in a critically ill preterm infant: a case of delirium at the neonatal intensive care unit.Moraes LHA, Maropo VLB, I, Falcão MC, de Carvalho WB.Dement Neuropsychol. 2023 Apr 14;17:e20220046. doi: 10.1590/1980-5764-DN-2022-0046. eCollection 2023.PMID: 37223840. Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto

 

Na UTIN o delirium raramente é diagnosticado. Como os critérios diagnósticos sobrepõem entre delirium e síndrome de abstinência de opioides  (taquicardia, agitação psicomotora, tremores, choro excessivo e inconsolável e intolerância alimentar que não melhoram ), pensar em delirium. Apesar de poucos estudos farmacodinâmicos nessas faixas etárias, o uso de quetiapina parece seguro e eficaz na melhora e reversão dos sintomas de delirium (antagonista não seletivo dos receptores de dopamina e serotonina e tem aprovação da Food and Drug Administration [FDA] para o tratamento do transtorno bipolar pediátrico.

NIRS CEREBRAL: Bebês Prematuros Sem Suporte Respiratório com Pressão Positiva Apresentam Maior Incidência de Hipóxia Cerebral Oculta

NIRS CEREBRAL: Bebês Prematuros Sem Suporte Respiratório com Pressão Positiva Apresentam Maior Incidência de Hipóxia Cerebral Oculta


Preterm Infants off Positive Pressure Respiratory Support Have a Higher Incidence of Occult Cerebral Hypoxia. 
Noroozi-Clever MB, Liao SM, Whitehead HV, Vesoulis ZA.J Pediatr. 2023 Nov;262:113648. doi: 10.1016/j.jpeds.2023.113648. Epub 2023 Jul 28.PMID: 37517651.

Realizado por Paulo R. Margotto

O uso da  espectroscopia cerebral no infravermelho próximo (NIRS) para quantificar a hipóxia cerebral oculta nos modos de suporte respiratório em bebês prematuros, mostrou que Bebês prematuros com níveis mais elevados de suporte respiratório apresentam menos hipóxia cerebral do que aqueles com suporte respiratório inferior. A hipóxia cerebral oculta durante períodos de menor ou nenhum suporte respiratório pode servir como um segundo golpe e aumentar ainda mais o risco de lesão evidente ou microestrutural na forma de lesão da substância branca ou diminuição do crescimento cerebral. Os bebês perto do final da hospitalização na UTIN recebem pouco ou nenhum suporte respiratório, têm comparativamente menos monitorização dos sinais vitais e testes laboratoriais de rotina mínimos.