Mês: julho 2024

Detecção de Delirium com Base na Experiência Clínica de Intensivistas Pediátricos

Detecção de Delirium com Base na Experiência Clínica de Intensivistas Pediátricos

Delirium Detection Based on the Clinical Experience of Pediatric Intensivists. de Castro REV, de Magalhães-Barbosa MC, Cunha AJLAD, Cheniaux E, Prata-Barbosa A.Pediatr Crit Care Med. 2020 Sep;21(9):e869-e873. doi:10.1097/PCC.0000000000002482.PMID: 32701746.

Coordenação: Alexandre Serafim

O diagnóstico de delirium baseado apenas na experiência clínica ocorreu em uma frequência muito baixa. Este estudo serve para chamar a atenção à possibilidade de subdiagnóstico e erro no diagnóstico do delirium e a  necessidade de implementação de um protocolo para seu monitoramento e gerenciamento com base em uma ferramenta validada e confiável. Nos complementos: entre os recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), estima-se que cerca de 22% sofram de delirium (Na UTI Pediátrica, 20-40%). Nenhuma ferramenta de rastreamento ou diagnóstico foi validada especificamente em uma população de UTIN. Benzodiazepínicos e opioides, comumente utilizados em ambientes de UTI, não devem ser considerados como tratamento para delirium, pois são conhecidos fatores de risco para delirium. Na UTIN o delirium raramente é diagnosticado. Como os critérios diagnósticos sobrepõem entre delirium e síndrome de abstinência de opioides  (taquicardia, agitação psicomotora, tremores, choro excessivo e inconsolável e intolerância alimentar que não melhoram ), pensar em delirium. Considerar o uso de quetiapina.

Vasopressina como terapia adjuvante na hipertensão pulmonar associada à hipotensão sistêmica refratária em recém-nascidos termo

Vasopressina como terapia adjuvante na hipertensão pulmonar associada à hipotensão sistêmica refratária em recém-nascidos termo

 

Vasopressin as adjunctive therapy in pulmonary hypertension associated with refratory      systemic hypotension in term newborns.Santelices F, Masoli D, Kattan J, Toso A, Luco M. J Perinatol. 2024 Jul 4. doi:

Realizado por Paulo R. Margotto.

A Hipertensão pulmonar persistente neonatal (HPPN) é caracterizada por resistência vascular pulmonar elevada, desvio da direita para a esquerda através do ducto arterioso ou forame oval patente e exposição prolongada do ventrículo direito a uma pós-carga aumentada, levando a hipoxemia grave ocorrendo em um momento crucial do desenvolvimento no período de transição circulatória perinatal. Até 30% dos pacientes com HPPN não respondem ao óxido nítrico (iNO), necessitando de opções alternativas. Diferentes vasodilatadores têm sido utilizados, incluindo a via do óxido nítrico com sildenafil e a milrinona, que é um inibidor da fosfodiesterase que atua na via da prostaciclina; assim como as vias da endotelina e prostaciclina. Nos casos mais graves, o uso de suporte inotrópico e vasoconstritores que não comprometam os vasos do território pulmonar tornam-se obrigatórios para garantir a perfusão sistêmica adequada e são frequentemente utilizados para garantir o fluxo sanguíneo pulmonar, aumentando a pressão arterial sistêmica e diminuindo o shunt da artéria pulmonar para a aorta. Nesse contexto, entra a VASOPRESSINA (VP), uma terapia adjuvante atraente no tratamento de neonatos com HPPN refratária nos últimos anos! Causa vasodilatação dos leitos vasculares coronarianos, pulmonares e renais, liberando óxido nítrico. O importante: Não aumenta a resistência vascular pulmonar até que níveis muito altos de VP plasmática sejam atingidos, o que ocorre em doses maiores que 2 mu/kg/min. A VP é  uma terapia fisiologicamente atraente em neonatos com hipotensão sistêmica e falha de oxigenação devido à HPPN grave. A VP em baixas doses pode reverter a hipotensão sistêmica resistente à catecolamina e melhorar a oxigenação em neonatos a termo com HPPN Monitora o sódio. A VP pode causar hiponatremia por meio da inibição da reabsorção de sódio distal aos túbulos proximais.

Exposição pré-natal ao sulfato de magnésio e resultados neonatais em recém-nascidos de muito baixo peso: um estudo multicêntrico

Exposição pré-natal ao sulfato de magnésio e resultados neonatais em recém-nascidos de muito baixo peso: um estudo multicêntrico


Antenatal
 exposure to magnesium sulfate and neonatal outcomes in very low birth weight infants:a multicenter study.
Vaz Ferreira C, Caro J, Villarroel L, Muñoz S, Alvarez P, Flores G, Herrera T, Toso A, Toso P, Tapia JL; NEOCOSUR Neonatal Network.J Perinatol. 2024 Jun 7. doi: 10.1038/s41372-024-02025-y. Online ahead of print.PMID: 38844521

Realizado por Letícia Perci – Residente de Neonatologia do Hospital Santa Lúcia Sul

Coordenação:  Paulo R. Margotto.

Estudo da Rede Neonatal NEOCOSUL (recém-nascido de muito baixo peso ≤32 semanas de IG e ≤1.500 g, nascidos em qualquer um dos 26 centros da Rede Neonatal NEOCOSUL (4.019 não foram expostos e 3.399 foram expostos ao MgSO 4 pré-natal). Os resultados desta análise revelam que a exposição pré-natal ao MgSO 4 em partos prematuros antes das 32 semanas de IG reduz significativamente a taxa de mortalidade após a admissão (1,1% vs 6,8%)  e o resultado composto HIV grave/morte, incluindo diminuição significativa na intubação na Sala de Parto. Está portanto, como recomenda a FIGO e ACOG fortemente a administração pré-natal de MgSO 4 quando se prevê nascimento prematuro <30 semanas de gestação e propõem considerar a administração de 30 a 31 + 6/7 semanas de gestação. Nos complementos, evidênciaS que o sulfato de magnésio não resultou em resultados adversos gastrintestinais nesses  prematuros

Cânula nasal de alto fluxo para desmame da pressão positiva contínua nasal nas vias aéreas em recém-nascidos prematuros: uma revisão sistemática e metanálise

Cânula nasal de alto fluxo para desmame da pressão positiva contínua nasal nas vias aéreas em recém-nascidos prematuros: uma revisão sistemática e metanálise

High Flow Nasal Cannula for Weaning Nasal Continuous Positive Airway Pressure in Preterm Infants: A Systematic Review and MetaAnalysis.Balhareth Y, Razak A.Neonatology. 2024;121(3):359-369. doi: 10.1159/000536464. Epub 2024 Feb 27.PMID: 38412846. Arábia Saudita, Canadá e Austrália Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Há um debate em andamento e evidências limitadas sobre as estratégias ideais de desmame para CPAP em bebês prematuros. Tradicionalmente, o desmame de CPAP envolve uma redução gradual na pressão até atingir um limite mínimo, geralmente em torno de 4 ou 5 cm H2O , antes da descontinuação completa. No entanto, certas abordagens envolvem uma redução mais gradual na pressão de CPAP, diminuindo para 3 ou 4 cm H2O antes da descontinuação. Outros mantém esses valores até 32 semanas (uso de CPAP em bebês pode promover o crescimento pulmonar, conforme destacado por estudos que demonstram um maior aumento na capacidade residual funcional em bebês submetidos a CPAP prolongado, um efeito que pode não ocorrer com a CAF. Poucos ensaios clínicos randomizados (RCTs) mostraram resultados encorajadores, indicando que CAF é eficaz e comparável a CPAP. No entanto, outros levantaram preocupações sobre possível desrrecrutamento pulmonar, fornecimento de pressão inconsistente e duração prolongada do suporte respiratório associado a CAF. A intervenção envolveu o uso de CAF para desmame de CPAP, com fluxo mínimo de 1 L por minuto, enquanto o comparador consistiu no desmame direto do CPAP, independentemente do plano de desmame em qualquer um dos grupos (RN<37 semanas). A metanálise não encontrou nenhuma diferença estatisticamente significativa na duração do suporte respiratório ao usar a CAF para desmame em comparação ao desmame com CPAP sozinho e nem nos resultados secundários, a não ser na menor ocorrência de trauma nasal. Inclusive com a CAF o suporte respiratório aumento 3,5 dias a mais. Os médicos devem ter cautela ao considerar CAF para desmame de CPAP até que evidências adicionais de suporte sobre sua segurança estejam disponíveis.

O impacto da implementação do gel de dextrose oral na incidência de múltiplos eventos de hipoglicemia no berçário de recém-nascidos saudáveis

O impacto da implementação do gel de dextrose oral na incidência de múltiplos eventos de hipoglicemia no berçário de recém-nascidos saudáveis

The impact of implementation of oral dextrose gel on the incidence of multiple hypoglycemia events in the well newborn nursery.Vaidyanathan L, Reid D, Yuan Y, Groves A.J Perinatol. 2024 Jun 26. doi: 10.1038/s41372-024-02032-z. Online ahead of print.PMID: 38926525. Estados Unidos.

Coordenação: Paulo R. Margotto.

A hipoglicemia neonatal  é um problema clínico comum e disseminado que apresenta muitos desafios no tratamento clínico. Esse estudo mostrou  uma redução estatisticamente significativa na incidência de múltiplos episódios hipoglicêmicos após a incorporação do gel de dextrose a 40%  no tratamento da hipoglicemia neonatal. O número de bebês que desenvolveram ≥2 eventos de hipoglicemia diminuiu após a implementação do gel de dextrose [62 (42,5%) vs 29 (25,9%), p  = 0,0058]. O gel de dextrose  tem uma barreira relativamente baixa para implementação, é bem tolerada por recém-nascidos e é fácil de administrar. Esse estudo apoia a adição de 40% de DG oral no tratamento protocolado da hipoglicemia neonatal. Há evidências crescentes para apoiar os benefícios da adição gel de dextrose   ao tratamento da hipoglicemia neonatal. Nos complementos, a nossa rotina do uso do gel de dextrose a 40%, asssim como estamos disponibilizando um pequeno vídeo.

Detecção de Delirium com Base na Experiência Clínica de Intensivistas Pediátricos

Detecção de Delirium com Base na Experiência Clínica de Intensivistas Pediátricos

Delirium Detection Based on the Clinical Experience of Pediatric Intensivists.

de Castro REV, de Magalhães-Barbosa MC, Cunha AJLAD, Cheniaux E, Prata-Barbosa A.Pediatr Crit Care Med. 2020 Sep;21(9):e869-e873. doi: 10.1097/PCC.0000000000002482.PMID: 32701746

Apresentação: Roberta Esteves Vieira de Castro, MD, PhD1,2; Maria Clara de Magalhães-Barbosa, MD, PhD2; Antônio José Ledo Alves da Cunha, MD, PhD2,3; Elie Cheniaux, MD, PhD4,5;Arnaldo Prata-Barbosa, MD, PhD2,3

Coordenação: Alexandre Serafim

O diagnóstico de delirium baseado apenas na experiência clínica ocorreu em uma frequência muito baixa. Este estudo serve para chamar a atenção à possibilidade de subdiagnóstico e erro no diagnóstico do delirium e a  necessidade de implementação de um protocolo para seu monitoramento e gerenciamento com base em uma ferramenta validada e confiável. Nos complementos: entre os recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), estima-se que cerca de 22% sofram de delirium (Na UTI Pediátrica, 20-40%). Nenhuma ferramenta de rastreamento ou diagnóstico foi validada especificamente em uma população de UTIN. Benzodiazepínicos e opioides, comumente utilizados em ambientes de UTI, não devem ser considerados como tratamento para delirium, pois são conhecidos fatores de risco para delirium. Na UTIN o delirium raramente é diagnosticado. Como os critérios diagnósticos sobrepõem entre delirium e síndrome de abstinência de opioides  (taquicardia, agitação psicomotora, tremores, choro excessivo e inconsolável e intolerância alimentar que não melhoram ), pensar em deliriumConsiderar o uso de quetiapina.