Mês: agosto 2024

Estratégias ideais de ventilação mecânica: podemos evitar ou reduzir lesões pulmonares?

Estratégias ideais de ventilação mecânica: podemos evitar ou reduzir lesões pulmonares?

Optimal Strategies of Mechanical Ventilation: Can We Avoid or Reduce Lung Injury?van Kaam AH.Neonatology. 2024 Jun 13:1-6. doi: 10.1159/000539346. Online ahead of print.PMID: 38870922 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto

A duração da ventilação mecânica deve ser reduzida o máximo possível e, durante a ventilação mecânica, uma estratégia de proteção pulmonar deve ser adotada. Essa estratégia de proteção pulmonar deve otimizar o volume pulmonar resolvendo atelectasia e evitar a distensão excessiva causada por altos volumes correntes. A ventilação controlada por volume e ventilação com garantia de volume, assim como a ventilação de alta frequência resultam em algum grau de proteção pulmonar, pelo menos em bebês prematuros com membrana hialina.

Uso de epinefrina endotraqueal inicial versus epinefrina intravenosa durante a ressuscitação cardiopulmonar neonatal na sala de parto: revisão de um banco de dados nacional

Uso de epinefrina endotraqueal inicial versus epinefrina intravenosa durante a ressuscitação cardiopulmonar neonatal na sala de parto: revisão de um banco de dados nacional

Use of Initial Endotracheal Versus Intravenous Epinephrine During Neonatal Cardiopulmonary Resuscitation in the Delivery Room: Review of a National Database.Halling C, Conroy S, Raymond T, Foglia EE, Haggerty M, Brown LL, Wyckoff MH; American Heart Association’s Get With The Guidelines–Resuscitation Investigators.J Pediatr. 2024 Aug;271:114058. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114058. Epub 2024 Apr 16.PMID: 38631614.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O presente  estudo multicêntrico retrospectivo relata dados de 408 recém-nascidos que receberam epinefrina durante a reanimação cardiopulmonar na Sala de Parto (RCP-SALA DE  PARTO). Desde 2006, o Programa de Reanimação Neonatal  recomenda a administração de epinefrina preferencialmente pela veia umbilical com a ET listada como uma rota alternativa. Este estudo sugere que o uso inicial de epinefrina ET é razoável durante RCP-SALA DE PARTO, pois houve maiores taxas de retorno da circulação espontânea (ROSC) em comparação com a administração inicial de epinefrina IV (grupo de epinefrina ET inicial, no entanto, inclui bebês que também receberam epinefrina IV). NO ENTANTO, a administração de epinefrina IV não deve ser adiada em bebês que não respondem a uma dose inicial de epinefrina ET, pois quase metade desses bebês posteriormente recebeu epinefrina IV antes de atingir o ROSC. Atenção! 58,3% dos bebês atingiram ROSC após epinefrina IV sozinha (inclui doses únicas e múltiplas), enquanto 47,0% dos bebês atingiram ROSC com epinefrina ET sozinha (doses únicas e múltiplas), sugerindo que os bebês têm maior probabilidade de atingir ROSC após a administração de epinefrina IV. Devido a essa incerteza e apoiado por nossas descobertas, é razoável administrar pelo menos uma dose intravenosa (ou intraóssea se via cordão umbilical  não puder ser obtida) de epinefrina antes da cessação dos esforços de ressuscitação. Os bebês que atingiram ROSC, isso ocorreu mais rápido se eles inicialmente receberam epinefrina IV (9 minutos) em comparação com epinefrina ET (12 minutos). Isso é importante, pois a ressuscitação prolongada (mais de 10 minutos) foi associada a maiores taxas de mortalidade e maior risco de neurodeficiência!

 

Resultados do neurodesenvolvimento de prematuros com enterocolite necrosante: uma revisão sistemática e meta-análise

Resultados do neurodesenvolvimento de prematuros com enterocolite necrosante: uma revisão sistemática e meta-análise


Neurodevelopmental outcomes of preterm with necrotizing enterocolitis: a systematic review and metaanalysis.
Wang Y, Liu S, Lu M, Huang T, Huang L.Eur J Pediatr. 2024 Aug;183(8):3147-3158. doi: 10.1007/s00431-024-05569-5. Epub 2024 Apr 30.PMID: 38684534 Artigo Gratis! Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

As taxas de mortalidade para ECN permanecem altas, com estimativas atingindo 20–30%. Além disso, 9–36% das crianças sobreviventes enfrentam sequelas de longo prazo no sistema digestivo, como síndrome do intestino curto e estenose intestina, um fardo financeiro substancial para as famílias e a sociedade. A incidência de deficiente neurodesenvolvimento nessas crianças (pior se cirurgia) é de aproximadamente 40%, o dobro daquela em crianças sem ECN, além de maior incidência de hemorragia intraventricular, leucomalácia periventricular, paralisia cerebral (PC) e deficiência visual e auditiva grave em crianças com ECN.Esses achados foram demonstrados nessa metanálise envolvendo 60.346 participantes (33 estudos). A nutrição parenteral que excede 20 dias está associada ao comprometimento cognitivo em crianças com ECN de 2 a 3 anos. Nos complementos, a ocorrência  de infarto hemorrágico periventricular ocorre 2,8 vezes mais.

Bebês Prematuros Não São Bebês Pequenos: A Ressuscitação de um Bebê Prematuro com Menos de 26 Semanas Deve Ser Iniciada com Oxigênio A 100%?

Bebês Prematuros Não São Bebês Pequenos: A Ressuscitação de um Bebê Prematuro com Menos de 26 Semanas Deve Ser Iniciada com Oxigênio A 100%?

Preterm infants are not small term infants: Should the resuscitation of a <26-week preterm infant be initiated with 100% oxygen? Bowditch SP, et al. J Perinatol. 2024. PMID: 39080404 No abstract available.

Realizado por Paulo R.Margotto.

O Programa de Ressuscitação Neonatal (NRP) sugere que pode ser razoável iniciar a ressuscitação com 21% a 30% de oxigênio, que é então titulado com base na oximetria de pulso. No entanto, a Canadian Neonatal Network relatou maiores taxas de mortalidade e lesão neurológica entre bebês prematuros ≤27 semanas de gestação após a implementação das recomendações de baixo oxigênio! Uma análise de subgrupo não pré-especificada de um ensaio comparando 21% a 100% de oxigênio mostrou menor mortalidade hospitalar em bebês < 29 semanas de gestação quando a ressuscitação foi iniciada com oxigênio a 100% [ 6 ]. Oei et al. mostraram que bebês < 32 semanas de gestação que não atingiram SpO 2  ≥ 80% em 5 minutos após o nascimento tiveram risco aumentado de hemorragia intraventricular (HIV) grave e morte. Metanálise de rede de Sotiropoulous et al (2024) com 1003 pacientes em 12 estudos mostrou que a alta concentração inicial de oxigênio reduziu as chances de morte em comparação com a baixa e possivelmente reduziu a mortalidade. A alta FIO2 inicial teve maiores chances em comparação com a baixa FiO2 de atingir SpO 2  ≥ 80% em 5 minutos. Por quê? Esses bebês <26 semanas estão numa fase canalicular, a vasculatura pulmonar em bebês prematuros é menos sensível ao oxigênio e a hipóxia por troca gasosa inadequada pode então contribuir potencialmente para a depressão respiratória e menor ventilação. As metas atuais de saturação de oxigênio recomendadas pelo NRP são baseadas em bebês nascidos a termo submetidos a clampeamento imediato do cordão umbilical (ICC) e que não necessitam de suporte respiratório. Há estudos em andamento nesse tema, enquanto isso médicos podem, se concentrar na titulação dos níveis de oxigênio para atingir uma SpO2 2mínima de 80% em 5 minutos após o nascimento

 

Criação de uma Escala de Classificação para ensinar Administração de Surfactante Menos Invasiva (LISA) em Simulação

Criação de uma Escala de Classificação para ensinar Administração de Surfactante Menos Invasiva (LISA) em Simulação

Creation of a rating scale to teach Less Invasive Surfactant Administration (LISA) in simulation.Rostoker H, Guillois B, Caradec A, Lecomte F, Oriot D, Chollat C.BMC Med Educ. 2024 Feb 14;24(1):146. doi: 10.1186/s12909-024-05118-6.PMID: 38355497. Artigo Gratis!

Apresentação: Luísa Fischer (R4 Neonatologia do HMIB/SES/DF). Coordenação: Carlos A. Zaconeta

A técnica de Administração Minimamente Invasiva de Surfactante (LISA), conhecida entre nós como Mini Insure (ou seja um INSURE sem extubação) envolve a injeção de surfactante na traqueia através de um cateter fino durante a laringoscopia, mantendo a ventilação não invasiva sobre o nariz da criança. Depois que o surfactante é injetado, o cateter é removido. A principal vantagem deste método é que ele evita a intubação e todos os riscos associados. Reduz a média de dias de ventilação mecânica, lesão pulmonar relacionada à intubação e necessidade de oxigênio aos 28 dias de vidas, em comparação com o método INSURE (INtubation SURfactant Extubation). A simulação  é uma excelente abordagem para aprender a técnica e esse estudo desenvolveu e validou uma escala de classificação para o ensino dessa técnica em simulação com o objetivo de reduzir o risco de erro e evitar a realização do procedimento em um paciente pela primeira vez.