Mês: março 2025

MONOGRAFIA NEONATOLOGIA-HMIB-2025: Dificuldades maternas no processo de aleitamento materno de prematuros internados em uma UTI Neonatal do Distrito Fede

MONOGRAFIA NEONATOLOGIA-HMIB-2025: Dificuldades maternas no processo de aleitamento materno de prematuros internados em uma UTI Neonatal do Distrito Fede

Ana Luiza Espinoza Resende, Flávio Ramiro Espinoza Resende, Nathalia Falchano Bardal.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.18, n.2, p. 01-12, 2025

Características da UTIN do HMIB como a cesárea como via de parto mais prevalente e uma maior quantidade de prematuros entre 28 e 32 semanas de idade gestacional de nascimento, apresentam-se como dificultadores indiretos do aleitamento materno. Entretanto, por se tratar de uma unidade de referência no Distrito Federal, não há como alterar essas características de forma direta. Assim, é necessário adotar práticas que estimulem o aleitamento materno, como a prática da posição canguru, ou mesmo a colostroterapia. O estudo mostra que apesar de realizar o contato pele a pele na unidade, esta prática tem sido feita mais tardiamente. Torna-se necessário adaptar suas rotinas e implantar outras estratégias para possibilitar o contato entre mãe e filho o mais precoce possível para assim estimular a lactação e ordenha visando a manutenção do aleitamento materno. Por meio das respostas das participantes, o estudo mostra que a maior dificuldade materna no processo de aleitamento materno na UTIN do HMIB é a distância do hospital até a sua casa, bem como o custo com transporte até o hospital. Dessa forma torna-se necessário que a unidade disponha de infraestrutura para permitir que as mães estejam presentes o maior tempo possível na UTIN para amamentar e ordenhar.

Ordenha do cordão cortado durante a estabilização de bebês nascidos muito prematuros: um ensaio clínico randomizado e controlado

Ordenha do cordão cortado durante a estabilização de bebês nascidos muito prematuros: um ensaio clínico randomizado e controlado


Milking
 of the Cut Cord During Stabilization of Infants Born Very Premature: A Randomized Controlled Trial.
El-Naggar W, Mitra S, Abeysekera J, Disher T, Woolcott C, Hatfield T, McMillan D, Dorling J.J Pediatr. 2025 Mar;278:114444. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114444. Epub 2024 Dec 24.PMID: 39722339 Artigo Gratis! Clinical Trial.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O Programa de Ressuscitação Neonatal (NRP) recomenda um breve período de clampeamento tardio do cordão (CTC) enquanto realiza as etapas iniciais de ressuscitação: estimulação, fornecimento de calor e sucção pelo obstetra antes de pinçar o cordão.3 Estabelecer a respiração e a circulação pulmonar durante a transfusão de sangue pelo CTC é um determinante fundamental para a transfusão placentária eficaz e para uma transição fisiológica suave da circulação fetal para a pós-natal. No entanto, o CTC pode nem sempre ser viável ou ideal; a prática é contraindicada em casos de circulação placentária interrompida (descolamento prematuro da placenta, sangramento da placenta prévia ou avulsão do cordão) e preocupações sobre o atraso da ressuscitação quando o CTC é praticado. A ordenha do cordão umbilical cortado longo (Cut-umbilical cord milking– C-UCM), por outro lado, foi proposta como uma alternativa quando o CTC não é viável (vide no estudo o procedimento) A quantidade de sangue transfundido para o bebê nascido extremamente prematuro de uma única ordenha do segmento longo do cordão cortado (cerca de 20 cm) em 18 mL/kg. A  hipótese é que a C-UCM durante a ressuscitação/estabilização de bebês nascidos muito prematuros (23+0 a 32+0 sem) seria viável e segura em comparação com a CTC. Cinquenta bebê foram inscritos e randomizados: 25 para o grupo C-UCM e 25 para o grupo CTC. Esse estudo de viabilidade de bebês nascidos muito prematuros, a ordenha lenta do cordão umbilical cortado longo enquanto se apoia a respiração após 30 segundos de CTC foi considerada viável e não associada a efeitos adversos significativos em comparação com a prática padrão de CTC. Um ensaio clínico randomizado controlado maior é necessário para avaliar a eficácia e a segurança dessa abordagem em resultados clínicos,

Fornecer Alimentação Enteral Rápida a Recém-Nascidos de Muito Baixo Peso Reduziu o Tempo que Eles Precisaram de Um Cateter Venoso Central

Fornecer Alimentação Enteral Rápida a Recém-Nascidos de Muito Baixo Peso Reduziu o Tempo que Eles Precisaram de Um Cateter Venoso Central

Providing very low-birth-weight infants with fast enteral feeding reduced how long they needed a central venous catheter. Benguigui L, et al. Acta Paediatr. 2025. PMID: 39364673  Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Nesse estudo, a progressão lenta usual da alimentação enteral foi alterada para uma progressão mais rápida, aumentando a taxa de 5 a 15 mL/kg/dia para 20 a 30 mL/kg/dia. Os resultados deste estudo mostraram que uma progressão mais rápida da alimentação enteral reduziu a duração inicial do uso do cateter venoso central (4 dias) e o tempo para atingir a alimentação enteral completa (4 dias) sem aumentar a incidência de enterocolite necrosante ou outras complicações importantes. Esses resultados confirmam e apoiam a viabilidade e a segurança da progressão diária mais rápida dos volumes de leite em bebês de muito baixo peso na prática clínica.

Neurologia Neonatal: Visão de Volpe: Grande Carga de Sequelas Neuropsiquiátricas Após Parto Muito Precoce-Evolução da Compreensão da Neurobiologia d Potenciais Intervenções

Neurologia Neonatal: Visão de Volpe: Grande Carga de Sequelas Neuropsiquiátricas Após Parto Muito Precoce-Evolução da Compreensão da Neurobiologia d Potenciais Intervenções

March, 2025

MASSIVE BURDEN OF NEUROPSYCHIATRIC SEQUELAE AFTER VERY PRETERM BIRTH—EVOLVING UNDERSTANDING OF NEUROBIOLOGY AND POTENTIAL INTERVENTIONS

Joseph J. Volpe, MD. Departamento de Neurologia, Hospital Infantil de Boston. Bronson Crothers Professor de Neurologia, Emérito, Harvard Medical School, Boston MA

Realização: Paulo R. Margotto.

Um grupo particularmente bem caracterizado de 177 bebês muito prematuros acompanhados até os 7 anos de idade teve, em comparação com bebês nascidos a termo, três vezes mais chances de preencher os critérios para qualquer diagnóstico psiquiátrico aos 7 anos de idade (transtornos de ansiedade (11%), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (10%) e transtorno do espectro autista [TEA] de 4,5% (2.500-5.000 novos casos de transtornos neuropsiquiátricos significativos, incluindo TEA, resultam anualmente em tais bebês).Na patogênese e neuropatologia,  há sugestão que o desenvolvimento de conexões córtico-límbicas e particularmente sua relação com o desenvolvimento da rede autonômica central (central autonomic network – CAN) são de importância central. o estresse neonatal em bebês prematuros (número de procedimentos dolorosos) demonstrou estar associado a essa conectividade reduzida. O estresse pré-natal pode levar a alterações autonômicas fetais, por exemplo, frequência cardíaca fetal, atividade, padrões de sono, velocidade do fluxo sanguíneo cerebral.33 É importante ressaltar que esse estresse também pode levar a alterações no desenvolvimento cerebral. Intervenções que reduzem o estresse pré-natal podem melhorar o desenvolvimento autonômico-límbico. Uma variedade de outras abordagens para redução do estresse (por exemplo, interações materno-infantis aprimoradas, Cuidados Canguru; voz materna, fala, canto; música, etc.) demonstraram promover a estabilidade autonômica dos bebês e, em alguns casos, melhorar os parâmetros de desenvolvimento cerebral.

Comorbidades e desfechos tardios na hipertensão pulmonar neonatal( Uso do iNO no prematuro)

Comorbidades e desfechos tardios na hipertensão pulmonar neonatal( Uso do iNO no prematuro)

Comorbidities and Late Outcomes in Neonatal Pulmonary Hypertension.Stieren ES, Sankaran D, Lakshminrusimha S, Rottkamp CA.Clin Perinatol. 2024 Mar;51(1):271-289. doi: 10.1016/j.clp.2023.10.002. Epub 2023 Nov 7.PMID: 38325946 Review.

Apresentação: Paola Bomfim (R5 em Neonatologia do HMIB/SES/DF. Coordenação:  Carlos Alberto Zaconeta

Há um debate em andamento sobre o uso de iNO para bebês prematuros. Nessa amostra de 7268 RN (27-31 sem), este estudo encontrou uma associação entre o uso de iNO em bebês muito prematuros e o aumento da mortalidade hospitalar. A ética do uso de iNO na prática clínica de rotina é duvidosa. Uma resposta clínica aguda ao iNO não precisa ser equivalente aos benefícios da sobrevivência. Tem sido relatada maiores taxas de infecção de início tardio, ROP necessária para intervenção, hemorragia intraventricular (HIV) graus 3 ou 4, leucomalácia periventricular, enterocolite necrosante (≥estágio II) e DBP (moderada a grave) em bebês extremamente prematuros. O National Institutes of Health (NIH) e um relatório clínico da American Academy of Pediatrics (AAP)  não recomendarem o uso de iNO em recém-nascidos prematuros, no entanto,  o uso de iNO em recém-nascidos prematuros é comum em ambientes acadêmicos e não acadêmicos, como a NICHD Neonatal Research Network, a Canadian Neonatal Network e as instituições Pediatrix, principalmente se  insuficiência respiratória hipóxica  associada a hipertensão pulmonar.Custo mediano do iNO foi de US$ 7.695/paciente.

AAvaliação de lesão miocárdica usando troponina cardíaca sérica-I em neonatos asfixiados no Hospital Universitário Estadual de Enugu, Enugu, Sudeste da Nigéria

AAvaliação de lesão miocárdica usando troponina cardíaca sérica-I em neonatos asfixiados no Hospital Universitário Estadual de Enugu, Enugu, Sudeste da Nigéria

Evaluation of Myocardial Injury Using Serum Cardiac Troponin-I in Asphyxiated Neonates at Enugu State University Teaching Hospital, Enugu, South-East Nigeria.Nwankwo O, et al. Niger J Clin Pract. 2024. PMID: 38943306.Artigo Gratis!

Apresentado por Letícia Perci, R5 de Neonatologia do Hospital Santa Lucia Sul/DF. Coordenação: Paulo R. Margotto.

Quando há encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), geralmente há uma lesão miocárdica correspondente que causa  perda da autorregulação cerebral. A troponina é um complexo proteico inibitório localizado no filamento de actina do músculo cardíaco, e seus níveis aumentam como consequência de danos aos miócitos cardíacos. A troponina cardíaca I sérica (cTnI) e a troponina T cardíaca (cTnT) são marcadores mais úteis e confiáveis ​​de lesão miocárdica. Estudos mostraram que a cTnI (biomarcador sensível e específico da morte celular miocárdica) sérica apresenta maior sensibilidade e um melhor valor preditivo negativo do que a fração da creatinina quinase-MB (CK-MB) na detecção de lesão miocárdica.  Interessante: pacientes com HIPERBILIRRUBINEMIA significativa podem apresentar elevação da troponina sem necessariamente terem um evento cardíaco agudo. Isso pode ocorrer devido a interferências laboratoriais ou estresse oxidativo celular.

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA-LESÃO LEUCOCORTICAL (Ressonância aos 8 dias de vida).

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA-LESÃO LEUCOCORTICAL (Ressonância aos 8 dias de vida).

Paulo R. Margotto

 

Trata-se de um caso de  encefalopatia hipóxico-isquêmica  com ressonância magnética (RM) aos 8 dias de vida evidenciando  extenso hipersinal T2/flair leucocortical, com restrição à difusão que acomete hemisférios cerebrais, mais evidente do lado direito e a ultrassonografia  mostrou lesões císticas   nessa região aos 18 dias de vida e na discussão abordamos as idades da indicação da hipotermia terapêutica e da realização da RM, assim como o seu papel no neurodesenvolvimento da EHI.

 

Eficácia de cursos farmacológicos repetidos para canal arterial patente em recém-nascidos prematuros

Eficácia de cursos farmacológicos repetidos para canal arterial patente em recém-nascidos prematuros


Effectiveness
 of repeated pharmacological courses for patent ductus arteriosus in preterm infants.
Dani C, Sassudelli G, Milocchi C, Vangi V, Pratesi S, Poggi C, Corsini I.Early Hum Dev. 2025 Jan;200:106167. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2024.106167. Epub 2024 Nov 28.PMID: 39616825.Itália

Realização: Paulo R. Margotto

Para tentar explicar por que a baixa idade gestacional prevê um alto risco de falha para o primeiro curso de tratamento, mas não para o subsequente, pode-se levantar a hipótese de que a contração inadequada das células musculares lisas imaturas do ducto arterioso e/ou a falha na formação do coxim íntimo que impede um fechamento eficaz da PCA nos bebês mais imaturos é mais relevante durante os primeiros dias de vida e não mais tarde. Além disso, pode ser que doses mais altas de ibuprofeno (15 mg/kg a 20 mg/kg seguidas de duas doses de 7,5 mg/kg a 10 mg/kg em intervalos de 24 horas) sejam necessárias além dos primeiros 3 a 5 dias após o nascimento para atingir níveis séricos terapêuticos do medicamento e fechamento da PCA.

 

MONOGRAFIA-NEONATOLOGIA-HMIB-2025:Déficit proteico e calórico em recém-nascidos pré-termos extremos nos primeiros dias de vida: como estamos em relação às metas estabelecidas?

MONOGRAFIA-NEONATOLOGIA-HMIB-2025:Déficit proteico e calórico em recém-nascidos pré-termos extremos nos primeiros dias de vida: como estamos em relação às metas estabelecidas?

Autora: Camila Luz Costa. Orientadoras: Alessandra de Cássia Gonçalves Moreira, Marta David Rocha de Moura e Miza Maria Barreto de Araújo Vidigal.

50% não atingiram as metas de proteína e caloria no final da primeira e segunda semana de vida e apenas  38,5%, com 30 dias de vida recebiam a meta calórica adequada. Faz-se necessário a implantação de protocolo de oferta nutricional padronizada, com envolvimento de toda a equipe, manter as curvas selecionadas de peso, comprimento e PC, revisadas e alimentadas semanalmente e o acompanhamento diário das necessidades energéticas e proteicas devem ser feito para evitar tanto déficits quanto excessos, que poderiam agravar as comorbidades existentes.

PUBLICAÇÃO 6078! Budesonida Intratraqueal Misturada Com Surfactante Para Bebês Extremamente Prematuros: O Ensaio Clínico Randomizado PLUSS

PUBLICAÇÃO 6078! Budesonida Intratraqueal Misturada Com Surfactante Para Bebês Extremamente Prematuros: O Ensaio Clínico Randomizado PLUSS


Intratracheal Budesonide Mixed With Surfactant for Extremely Preterm Infants: The PLUSS Randomized Clinical Trial
Manley BJ, Kamlin COF, Donath SM, Francis KL, Cheong JLY, Dargaville PA, Dawson JA, Jacobs SE, Birch P, Resnick SM, Schmölzer GM, Law B, Bhatia R, Bach KP, de Waal K, Travadi JN, Koorts PJ, Berry MJ, Lui K, Rajadurai VS, Chandran S, Kluckow M, Cloete E, Broom MM, Stark MJ, Gordon A, Kodur V, Doyle LW, Davis PG, McKinlay CJD; PLUSS Trial Investigators.JAMA. 2024 Dec 10;332(22):1889-1899. doi: 10.1001/jama.2024.17380.PMID: 39527075 Clinical Trial.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Ensaios anteriores menores relataram que a budesonida intratraqueal, 0,25 mg/kg, misturada com surfactante, em comparação com apenas surfactante, foi associada a um risco reduzido em mais de um terço no resultado combinado de morte ou displasia broncopulmonar (DBP). O comprometimento do neurodesenvolvimento entre 2 e 3 anos de idade também foi potencialmente reduzido em um desses ensaios. Seria a “bala de prata”na displasia broncopulmonar?  Para comprovar a eficácia da budesonida+ surfactante foi realizado esse estudo clínico randomizado paralelo, multicêntrico, duplo-cego, de 2 grupos, em 21 Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTINs) em 4 países (14 na Austrália, 5 na Nova Zelândia e 1 em Cingapura e Canadá), englobando1.059 bebês  <28 semanas (524 no grupo budesonida e surfactante e 535 no grupo somente surfactante) em um período de 5 anos. O ENSAIO NÃO DEMONSTROU NENHUMA EVIDÊNCIA CLARA DE QUE A BUDESONIDA INTRATRAQUEAL MISTURADA COM SURFACTANTE, EM COMPARAÇÃO COM SURFACTANTE APENAS, AUMENTOU A PROBABILIDADE DE SOBREVIVÊNCIA LIVRE DE DBP. No entanto, ficou uma informação: num pequeno grupo de 226 bebês que necessitaram de FiO2 ≥50% se beneficiaram da associação de budesonida+ surfactante, no entanto devendo ser conformado com um estudo maior.