A placenta na encefalopatia neonatal
The Placenta in Neonatal Encephalopathy: A Case-Control Study.Vik T, Redline R, Nelson KB, Bjellmo S, Vogt C, Ng P, Strand KM, Nu TNT, Oskoui M.J Pediatr. 2018 Nov;202:77-85.e3. doi: 10.1016/j.jpeds.2018.06.005. Epub 2018 Jun 29.PMID: 30369428.Similar articles.
Apresentacão:Leonardo Muriell, Tomás Silva, Lucas Figueiredo Lacerda, Mário de Souza Brandão Neto, Matheus Beserra Braga. Coordenação: Paulo R. Margotto
- Pelo o fato da função placentária exercer papel crítico na sobrevivência e o desenvolvimento saudável do feto, tem havido interesse no papel da placenta na etiologia da encefalopatia neonatal. Estudos anteriores relataram que placentas dos recém-nascidos com encefalopatia neonatal em comparação a placentas de recém-nascidos com idade gestacional semelhante sem encefalopatia neonatal foram frequentemente eram mais pesadas ou leves, infartadas, infectadas, inflamadas sem infecção ou disfuncional, como inferido na presença de restrição do crescimento. Estudos anteriores sobre o tema eram de conveniência ou se seja, placentas dos RN com encefalopatia que eram submetidas à hipotermia. No presente estudo caso-controle, os autores examinaram a associação de lesões microscópicas na placenta com encefalopatia neonatal em um coorte consecutivo de nascidos a termo ou próximo do prazo, filhos únicos , tratados em um único Hospital, utilizando critérios de consenso publicados. As placentas foram pesadas ao nascimento e na patologia, sem cordão e membranas. Mudanças consistentes com má perfusão vascular fetal (definida como: constelação de lesões trombo-obstrutivas no lado fetal da placenta e inclui lesões previamente descritas como vasculopatia trombótica fetal) global foram quase 3 vezes mais frequente nas placentas dos recém-nascidos com encefalopatia neonatal (n = 15; 20%) do que nas placentas controle (n = 19; 7%; OR 3,2; IC 1,5-6,6. A má perfusão vascular fetal parece se desenvolver durante as últimas 2-3 semanas de gestação e até 48 horas antes do parto e entre as causas, incluem obstrução crônica parcial ou repetida do cordão umbilical, insuficiência cardíaca e hiperviscosidade. A placenta continua sendo um recurso subexplorado para investigação clínica em distúrbios neurológicos e do desenvolvimento e em eventos perinatais antecedentes a incapacidades do desenvolvimento. Surgindo de células fetais, a placenta é o maior órgão fetal, fundamental para o desenvolvimento do feto e do cérebro fetal. Estudos experimentais oferecem exemplos de novos mecanismos envolvendo a placenta que podem influenciar o desenvolvimento cerebral. A avaliação placentária sistemática poderia ser incorporada em ensaios clínicos de intervenções terapêuticas para encefalopatia neonatal. Estudos anteriores e incluindo esse, mostram que as lesões trombovasculares no lado fetal da placenta é muitas vezes parte de um caminho para a encefalopatia neonatal.
- Nos complementos (links) em Significado Perinatal do Peso da Placenta escrevemos que é necessário que o médico que assiste o RN, em especial na Sala de Parto, tenha o conhecimento das associações de alterações do crescimento fetal e placentário para uma adequada assistência a estes RN e a correlação direta destas associações com patologias perinatais. O exame da placenta pode provê esclarecimento a respeito do ambiente intrauterino. Na Sala de Parto você pode classificar a placenta imediatamente ao nascer em Grande, Adequada ou Pequena utilizando a Curva de Classificação da Placenta com cordão e membranas elaborada por nós ( a partir de 4.413 nascimentos após a exclusões, 29 a 44 semanas de idade gestacional). Já na Sala de Parto você pode avaliar o peso da placenta e detectar discrepância entre o peso placentário e o fetal, em particular nos RN com restrição do crescimento intrauterino. A avaliação da placenta tem sido essencial para elucidação das alterações fisiopatológicas que levam à leucomalácia periventricular (LPV) no processo perinatal (distúrbios na circulação placentária contribuem para o desenvolvimento da LPV na maioria dos casos de injúria cerebral ocorrida no período pré-natal e periparto). Edema vilositário e vasculite coriônica são fatores de risco significativos para o desenvolvimento de Hemorragia Intraventricular em RN com Idade Gestacional < 34 semanas. A insuficiência placentária relacionado com restrição do crescimento intrauterino tem sido associada com a difusão restrita e uma aparente diminuição do coeficiente de difusão na ressonância magnética. A presença de maior número de lesões na placenta se associou significativamente a um pior resultado nas avaliações do neurodesenvolvimento, independente do grau de encefalopatia. As crianças nascidas a termo, baixo peso placentário foi associado com um aumento de risco duplo para paralisia cerebral espástica bilateral (incluindo tetraplegia e diplegia) (OR 2,1, IC95% 1,5-2,9). Nas crianças nascidas pré-termo, altas proporções placentárias foram associadas com risco aumentado de quadriplegia. A placenta é uma importante, mas muitas vezes ignorada, fonte de informações. Assim, o destino da placenta não pode continuar sendo o balde!