Autor: Paulo Margotto

Este site tem por objetivo a divulgação do que há mais de novo na Medicina Neonatal através de Artigos (Resumidos, Apresentados, Discutidos e Originais), Monografias das Residências Médicas, principalmente do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB/SES/DF), Apresentações de Congresso e Simpósios (aulas liberadas para divulgação, aulas reproduzidas). Também estamos disponibilizando dois livros da nossa autoria (Assistência ao Recém-Nascido de Risco, 3a Edição, 2013 e Neurossonografia Neonatal, 2013) em forma de links que podem ser baixados para os diferentes Smartphone de forma inteiramente gratuita. A nossa página está disponível para você também que tenha interesse em compartilhar com todos nós os seus conhecimentos. Basta nos enviar que após análise, disponibilizaremos. O nome NEONATOLOGIA EM AÇÃO nasceu de uma idéia que talvez venha se concretizar num futuro não distante de lançarmos um pequeno livro (ou mesmo um aplicativo chamado Neonatologia em Ação) para rápida consulta à beira do leito. No momento estamos arduamente trabalhando com uma excelente Equipe na elaboração da 4a Edição do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, que conterá em torno de mais 100 capítulos, abordando diferentes temas do dia a dia da Neonatologia Intensiva, com lançamento a partir do segundo semestre de 2018. O site também contempla fotos dos nossos momentos na Unidade (Staffs, Residentes, Internos). Todo esforço está sendo realizado para que transportemos para esta nova página os 6000 artigos do domínio www.paulomargotto.com.br, aqui publicados ao longo de 13 anos.Todas as publicações da página são na língua portuguesa. Quando completamos 30 anos do nosso Boletim Informativo Pediátrico com Enfoque Perinatal (1981- 2011), o berço do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, escrevemos e que resumo todo este empenho no engrandecimento da Neonatologia brasileira: nestes 30 anos, com certeza, foram várias as razões que nos impulsionam seguir adiante, na conquista do ideal de ser sempre útil, uma doação constante, na esperança do desabrochar de uma vida sadia, que começa em nossas mãos. Este mágico momento não pode admitir erro, sob o risco de uma cicatriz perene. É certamente emocionante fazer parte desta peça há tantos anos! "Não importa o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos"
NOVIDADE NA PÁGINA NEONATAL: ÁUDIO com o uso da Inteligência Artificial (IA) da Palestra do Dr. Fumihiko Namba (Japão): PROTOCOLOS E INDICADORES NEONATAIS PAR BEBÊS PERIVIÁVEIS NO JAPÃO (PARTE 1)

NOVIDADE NA PÁGINA NEONATAL: ÁUDIO com o uso da Inteligência Artificial (IA) da Palestra do Dr. Fumihiko Namba (Japão): PROTOCOLOS E INDICADORES NEONATAIS PAR BEBÊS PERIVIÁVEIS NO JAPÃO (PARTE 1)

Fumihiko Namba (Japão). V Simpósio Internacional do Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre) sob Coordenação da Dra Desirée Volkmer, ocorrido no dia 10 de setembro de 2025 na cidade de Porto Alegre. Esse áudio, preparado com a Inteligência Artificial (IA), visa  facilitar aos  colegas acesso a informação quando o tempo fica restrito para uma leitura completa, podendo ouvir, inclusive,  no seu deslocamento para as suas Unidade Hospitalares (está disponível em seus celulares). Sabemos quanto de tempo fica perdido nesses deslocamentos por uma série de razões (todas muito óbvias)!

Realizado por Paulo R Margotto

A neonatologia no Japão é reconhecida internacionalmente pelas altas taxas de sobrevivência de bebês prematuros extremos, especialmente os nascidos com 22 semanas de gestação, atingindo 70% em contraste com taxas mais baixas em outros países. O país adota uma abordagem proativa para esses casos. As práticas singulares no Japão incluem: Cesariana como modo de parto predominante, a ordenha do cordão umbilical cortado (C-UCM) é comum, especialmente quando o clampeamento tardio não é viável, transfundindo sangue para o bebê de forma coordenada com a respiração, suporte respiratório agressivo e precoce: 100% dos bebês de 22-23 semanas são intubados na Sala de Parto, com uso de surfactante em 93% dos casos e CPAP é enfatizado para estabilização, nutrição prioriza o leite materno humano (da mãe ou Banco de Leite) com alimentação enteral precoce (já no 1º dia de vida), sem uso de fórmulas infantis, uso de probióticos desde o dia zero em alguns casos e fenobarbital como principal sedativo na primeira semana, monitoramento intensivo com ecocardiogramas e ultrassonografias cerebrais realizadas frequentemente por neonatologistas. A taxa de sobrevida para bebês de 22 semanas foi de 82,8% em um Centro. Embora a sobrevida tenha melhorado, um estudo de longo prazo mostrou que o comprometimento neurodesenvolvimental grave (NDI) aumentou em um período, passando de 10% para 23%, embora outro estudo tenha notado baixa incidência de paralisia cerebral e NDI grave.A cultura médica japonesa é descrita como conservadora na adoção de novas práticas, mas mantém um alto padrão de formação e acompanhamento rigoroso.

 

Práticas de neonatologia no Japão, com um foco significativo no cuidado de bebês prematuros extremos, especialmente aqueles nascidos entre 22 e 23 semanas de gestação (PARTE 1)

Práticas de neonatologia no Japão, com um foco significativo no cuidado de bebês prematuros extremos, especialmente aqueles nascidos entre 22 e 23 semanas de gestação (PARTE 1)

 Palestra administrada pelo Dr.  Fumihito Namba (Japão).

Realizado por Paulo R. Margotto.

A neonatologia no Japão é reconhecida internacionalmente pelas altas taxas de sobrevivência de bebês prematuros extremos, especialmente os nascidos com 22 semanas de gestação, atingindo 70% em contraste com taxas mais baixas em outros países. O país adota uma abordagem proativa para esses casos. As práticas singulares no Japão incluem: Cesariana como modo de parto predominante, a ordenha do cordão umbilical cortado (C-UCM) é comum, especialmente quando o clampeamento tardio não é viável, transfundindo sangue para o bebê de forma coordenada com a respiração, suporte respiratório agressivo e precoce: 100% dos bebês de 22-23 semanas são intubados na Sala de Parto, com uso de surfactante em 93% dos casos e CPAP é enfatizado para estabilização, nutrição prioriza o leite materno humano (da mãe ou Banco de Leite) com alimentação enteral precoce (já no 1º dia de vida), sem uso de fórmulas infantis, uso de probióticos desde o dia zero em alguns casos e fenobarbital como principal sedativo na primeira semana, monitoramento intensivo com ecocardiogramas e ultrassonografias cerebrais realizadas frequentemente por neonatologistas. A taxa de sobrevida para bebês de 22 semanas foi de 82,8% em um Centro. Embora a sobrevida tenha melhorado, um estudo de longo prazo mostrou que o comprometimento neurodesenvolvimental grave (NDI) aumentou em um período, passando de 10% para 23%, embora outro estudo tenha notado baixa incidência de paralisia cerebral e NDI grave.A cultura médica japonesa é descrita como conservadora na adoção de novas práticas, mas mantém um alto padrão de formação e acompanhamento rigoroso.

Eixo intestino-pulmão-cérebro: detalhes que mudam o prognóstico

Eixo intestino-pulmão-cérebro: detalhes que mudam o prognóstico

Palestra apresentada pelo Dr. Mauricio Magalhães no XXXII Encontro Internacional de Neonatologia do Hospital Santa Casa de São Paulo, 16-17/6/2025.

Realizado por Paulo R. Margotto

A Palestra destaca a comunicação bidirecional e complexa entre intestino, pulmão e cérebro em neonatos, que é crucial para o sistema imunológico, maturação de órgãos e bem-estar, mediada por vias neurais, hormonais e imunológicas. O desenvolvimento da microbiota intestinal é um evento chave na vida neonatal, influenciado por bactérias maternas, tipo de parto e, principalmente, pela alimentação (leite materno ou fórmula). A disbiose (desequilíbrio da microbiota) tem graves consequências, como displasia broncopulmonar (DBP) e enterocolite necrosante (ECN) em prematuros, e impacta negativamente o neurodesenvolvimento, associando-se a sepse neonatal, déficits cognitivos e comportamentais, ansiedade, depressão e Transtornos do Espectro Autista (TEA). A falta de nutrição enteral precoce pode levar a um “intestino permeável”, que induz inflamação sistêmica afetando todos os órgãos, incluindo o cérebro. Metabólitos produzidos pela microbiota, como ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e metabólitos do triptofano, influenciam positivamente o desenvolvimento e a função cerebral. O leite materno (da própria mãe) é o padrão ouro da nutrição, rico em IgA, bactérias probióticas e oligossacarídeos (HMOs), que reduzem a incidência de ECN, sepse, retinopatia da prematuridade (ROP) e DBP, além de promoverem maior volume cerebral e melhor conectividade. A colostroterapia (0,2 ml a cada 3 horas) é uma prática importante, estimulando bifidobactérias e fortalecendo a barreira intestinal. O leite humano doado pasteurizado (DHM) é a melhor alternativa ao leite da própria mãe, pois favorece um microbioma intestinal mais semelhante ao leite materno do que a fórmula, apesar de algumas perdas no processo de pasteurização. O uso de antibióticos em neonatos, mesmo necessário para prevenir sepse, pode ser prejudicial à microbiota, alterando sua diversidade e impactando o neurodesenvolvimento. Estudos mostraram que o uso de antibióticos por mais de 5 dias em prematuros extremos aumenta a incidência de ECN e mortalidade. Pesquisas com camundongos indicam que a exposição precoce à penicilina altera substancialmente a microbiota intestinal e a expressão gênica em áreas cerebrais cruciais para o neurodesenvolvimento, com efeitos de longo prazo no microbioma. A cafeína, usada para apneia da prematuridade, melhora o prognóstico pulmonar e influencia positivamente o neurodesenvolvimento. O rápido crescimento cerebral requer alta demanda nutricional, sendo o DHA e ARA importantes para a inteligência e redução de ROP.

Aproveitando a inteligência artificial para prever hemorragia pulmonar em bebês prematuros

Aproveitando a inteligência artificial para prever hemorragia pulmonar em bebês prematuros

Leveraging artificial intelligence for prediction of pulmonary hemorrhage in preterm infants. Aly H, et al. J Perinatol. 2025. PMID: 40836119

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Este estudo de caso-controle incluiu recém-nascidos com menos de 32 semanas. Os dados foram coletados em períodos de 12 horas, desde o nascimento até o início da hemorragia, ou até 72 horas para os controles. O aprendizado de máquina utilizou o algoritmo Random Forest. Entre 1.133 bebês triados, 35 apresentaram hemorragia. A idade gestacional média foi de 25,6 ± 1,6 semanas, o peso ao nascer foi de 753 ± 224 g e a mediana do início da hemorragia foi de 44,5 horas. Os bebês afetados necessitaram com mais frequência de compressões torácicas e ventilação invasiva. O aprendizado de máquina (precisão = 83%, AUC = 90%) identificou a dosagem repetida de surfactante e a hipotensão pós-natal nas primeiras 12 horas de vida como os principais preditores, juntamente com a idade materna e gestacional. PORTANTO: dosagem repetida de surfactante e hipotensão pós-natal precoce são preditores importantes de hemorragia pulmonar em bebês prematuros. Dosagem repetida de surfactante e hipotensão pós-natal precoce são preditores importantes de hemorragia pulmonar em bebês prematuros.

 

Manejo de recém-nascidos em risco de síndrome de abstinência neonatal (NAS)/síndrome de abstinência de opioides neonatais (NOWS): atualizações e melhores práticas emergentes Livre

Manejo de recém-nascidos em risco de síndrome de abstinência neonatal (NAS)/síndrome de abstinência de opioides neonatais (NOWS): atualizações e melhores práticas emergentes Livre

Managing newborns at risk for neonatal abstinence syndrome (NAS)/neonatal opioid withdrawal syndrome (NOWS): Updates and emerging best practices. Michael Narvey, MD , Danica Hamilton, RN MN MBA , Vanessa Paquette,BSc(Pharm) ACPR PharmD. Paediatrics & Child Health, pxaf013, https://doi.org/10.1093/pch/pxaf013

Managing newborns at risk for neonatal abstinence syndrome …

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

A Síndrome de Abstinência Neonatal (NAS) ou Síndrome de Abstinência de Opioides Neonatais (NOWS) é uma condição que afeta recém-nascidos expostos a substâncias, especialmente opioides, durante a gestação. A incidência de NAS tem aumentado significativamente, com o Canadá relatando um aumento de 3,5 para 6,3 por 1.000 nascidos vivos de 2010 a 2020. Os sintomas da NAS/NOWS podem afetar múltiplos sistemas do recém-nascido, incluindo o nervoso central, gastrointestinal, respiratório e musculoesquelético, e sua apresentação varia conforme a substância, frequência e dose de uso. Bebês prematuros tendem a ter menor risco e sintomas menos aparentes. A avaliação dos recém-nascidos em risco é crucial. Ferramentas como a pontuação de Finnegan são amplamente utilizadas, mas o modelo “Eat Sleep Console” (ESC) é uma alternativa emergente e baseada em evidências, focada na capacidade do recém-nascido de comer, dormir e ser consolado, e tem demonstrado diminuir o tempo de internação e a necessidade de tratamento farmacológico. O manejo inicial é primariamente de suporte não farmacológico, incluindo cuidados pele a pele, ambiente tranquilo, amamentação direta ou com leite humano e alojamento conjunto. A manutenção da díade mãe/pai-bebê no alojamento conjunto é fundamental, associada a menores internações em UTIN e menor necessidade de farmacoterapia. Se os sintomas persistirem ou forem graves, a intervenção farmacológica pode ser necessária. Opioides como morfina e metadona são os medicamentos de primeira linha mais comuns, e sedativos não opioides como fenobarbital e clonidina podem ser adicionados como adjuvantes. É crucial não administrar naloxona em recém-nascidos com NAS/NOWS, pois pode exacerbar a síndrome de abstinência. A acupuntura tem sido proposta como intervenção, mas as evidências atuais são limitadas e insuficientes para apoiar seu uso rotineiro. O planejamento da alta e a continuidade do cuidado na comunidade são essenciais, podendo incluir o desmame da medicação em casa, o que tem ostrado benefícios como menor tempo de internação e menos visitas de retorno ao hospital.

Auxílio simplificado à decisão do paciente sobre cirurgia de língua presa em bebês amamentados

Auxílio simplificado à decisão do paciente sobre cirurgia de língua presa em bebês amamentados

Simplified patient decision-aid for tongue-tie surgery for breast-fed infants
S M Hashim Nainar, BDS, MDSc Paediatrics & Child Health, pxaf061, july, 2025. https://doi.org/10.1093/pch/pxaf061
Oxford Academic https://academic.oup.com › pch

Realizado por Paulo R. Margotto,

O número de cirurgias para anquiloglossia (língua presa)recentemente, impulsionado, em parte, pela desinformação disponível nas redes sociais. É crucial uma avaliação multidisciplinar (pediatras, especialistas em lactação, terapeutas de alimentação, cirurgiões) antes de decidir por uma intervenção cirúrgica, uma vez que a amamentação subótima é uma questão complexa. A maioria dos bebês com anquiloglossia é assintomática e não apresenta problemas de alimentação. Além disso, não há uma conexão clara entre anquiloglossia e distúrbios da fala. Estudos e revisões sistemáticas não encontraram um efeito positivo consistente da cirurgia na amamentação infantil. O apoio à lactação, focado na otimização da pega, deve ser a estratégia primária para bebês com dificuldades de amamentação. Embora a cirurgia possa reduzir a dor no mamilo materno a curto prazo, o benefício definitivo não está comprovado e é baseado em estudos de baixa qualidade. Estratégias simples como modificar a pega ou usar protetores de mamilo também podem aliviar a dor. A cirurgia de anquiloglossia é geralmente segura, mas existem riscos de complicações, incluindo má alimentação, perda de peso, dor, infecção, sangramento, cicatrizes, e, em casos raros, complicações mais graves como edema submandibular, choque hipovolêmico, obstrução aguda das vias aéreas e, em notícias, até fatalidade. Um estudo na Nova Zelândia relatou uma incidência anual de 13,9 complicações por 100.000 bebês após a frenotomia.

TEMA ABORDADO NO V SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NEONATOLOGIA DO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO ( Porto Alegre, 10 de setembro de 2025): Ordenha do cordão cortado durante a estabilização de bebês nascidos muito prematuros (2025)

TEMA ABORDADO NO V SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NEONATOLOGIA DO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO ( Porto Alegre, 10 de setembro de 2025): Ordenha do cordão cortado durante a estabilização de bebês nascidos muito prematuros (2025)

Esse tema foi abordado hoje, dia 10/9/2025, pelo Dr.Fumihiko NambaMD, PhD, Professor of Pediatrics, Chief for Research Department of Pediatrics, Division of Neonatology, Saitama Medical Center, Saitama Medical University, Japã, com a Palestra “Ordenha do Cordão Umbilical em Bebês Prematuros: Perspectivas do Japão  e do Mundo”, breve disponível nessa pagina neonatal

Milking of the Cut Cord During Stabilization of Infants Born Very Premature: A Randomized Controlled Trial. El-Naggar W, Mitra S, Abeysekera J, Disher T, Woolcott C, Hatfield T, McMillan D, Dorling J.J Pediatr. 2025 Mar;278:114444. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114444. Epub 2024 Dec 24.PMID: 39722339 Artigo Gratis! Clinical Trial.Canada

Realizado por Paulo R. Margotto.

O Programa de Ressuscitação Neonatal (NRP) recomenda um breve período de clampeamento tardio do cordão (CTC) enquanto realiza as etapas iniciais de ressuscitação: estimulação, fornecimento de calor e sucção pelo obstetra antes de pinçar o cordão.3 Estabelecer a respiração e a circulação pulmonar durante a transfusão de sangue pelo CTC é um determinante fundamental para a transfusão placentária eficaz e para uma transição fisiológica suave da circulação fetal para a pós-natal. No entanto, o CTC pode nem sempre ser viável ou ideal; a prática é contraindicada em casos de circulação placentária interrompida (descolamento prematuro da placenta, sangramento da placenta prévia ou avulsão do cordão) e preocupações sobre o atraso da ressuscitação quando o CTC é praticado. A ordenha do cordão umbilical cortado longo (Cut-umbilical cord milking– C-UCM), por outro lado, foi proposta como uma alternativa quando o CTC não é viável (vide no estudo o procedimento) A quantidade de sangue transfundido para o bebê nascido extremamente prematuro de uma única ordenha do segmento longo do cordão cortado (cerca de 20 cm) em 18 mL/kg. A  hipótese é que a C-UCM durante a ressuscitação/estabilização de bebês nascidos muito prematuros (23+0 a 32+0 sem) seria viável e segura em comparação com a CTC. Cinquenta bebê foram inscritos e randomizados: 25 para o grupo C-UCM e 25 para o grupo CTC. Esse estudo de viabilidade de bebês nascidos muito prematuros, a ordenha lenta do cordão umbilical cortado longo enquanto se apoia a respiração após 30 segundos de CTC foi considerada viável e não associada a efeitos adversos significativos em comparação com a prática padrão de CTC. Um ensaio clínico randomizado controlado maior é necessário para avaliar a eficácia e a segurança dessa abordagem em resultados clínicos.

SETEMBRO VERDE- PAIS E PEDIATRAS JUNTOS PARA PREVENIR A ASFIXIA PERINATAL

SETEMBRO VERDE- PAIS E PEDIATRAS JUNTOS PARA PREVENIR A ASFIXIA PERINATAL

Live com  Susan Niermeyer (EUA) ocorrida no dia 4/9/2025 com a Coordenação de Gabriel Variane (SP).

Realizado por Paulo R.Margotto.

A partir do relato de uma família mostrou que a experiência da família é um testemunho do impacto devastador da asfixia perinatal e da importância crucial de intervenções rápidas e eficazes por profissionais de saúde treinados para salvar vidas e mitigar sequelas. Os principais pontos de sua fala foi a definição da asfixia perinatal, suas causas, o perfil dos pacientes afetados e mais importantes,                          como prevení-la. A asfixia é responsável por cerca de um quarto a metade de todos os óbitos de recém-nascidos nos primeiros dias de vida, afetando toda a família e a sociedade. Há necessidade de melhoria contínua das habilidades e educação dos profissionais de saúde. Ela fez um chamado à ação para que todos — pais, pediatras e demais profissionais se informem, eduquem, escutem, identifiquem riscos, e trabalhem juntos para reconhecer, responder e reverter a asfixia perinatal, garantindo um bom resultado para os bebês

 

 

 

Encefalopatia Neonatal (EN)-controvérsias e atualização

Encefalopatia Neonatal (EN)-controvérsias e atualização

Palestra administrada pela Dra. Nikki Robertson (Reino Unido), no IX Encontro Internacional de Neonatologia, Gramado, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A EN é uma função neurológica alterada em neonatos, frequentemente associada à encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), mas também a infecções, AVC, e outras causas. Em países de alta renda, a hipotermia terapêutica (HT) é o padrão-ouro, reduzindo desfechos adversos em 45%. Ela age na neuroproteção ao reduzir inflamação, morte celular, taxa metabólica e radicais livres, promovendo o reparo endógeno. A lesão cerebral é um processo de três fases (primária, secundária e terciária), com a hipotermia atuando na fase secundária.    Em países de baixa e média renda, como Uganda e Sudeste Asiático, estudos sugerem que a hipotermia pode não ser benéfica, devido a fatores como infecção e inflamação.  Para neonatos prematuros (33-35 semanas), a hipotermia não mostrou reduzir mortalidade ou deficiência e pode até aumentar esses riscos, levando à suspensão da prática no Reino Unido para essa faixa etária. Para a EN leve, há controvérsia. Embora estudos iniciais a excluíssem, metanálises recentes indicam que até 25% dos bebês com EN leve podem ter desfechos adversos. No entanto, a tendência de benefício da hipotermia não é forte o suficiente para guiar a terapia, e a lesão em casos leves pode ter ocorrido muito antes do nascimento, tornando o resfriamento ineficaz.Estudos no Brasil mostraram que 62% dos centros usam hipotermia terapêutica. A telemedicina com neuromonitorização remota por eletroencefalograma (EEG) se mostrou eficaz na detecção e tratamento de crises em bebês com EN, garantindo protocolos consistentes e treinamento. Durante a hipotermia, é crucial prevenir lesões secundárias otimizando a ressuscitação, evitando hipertermia (especialmente no reaquecimento) e tratando convulsões. A manutenção de temperatura ótima é vital, e a disglicemia (flutuação de glicose) está associada a piores desfechos.   Melatonina: Um potente antioxidante e antiinflamatório, que em estudos pré-clínicos demonstrou reduzir a lesão cerebral. Um estudo de fase I (ACUMEN) está para começar no Reino Unido para testar uma formulação intravenosa em neonatos com EHI.   O Pós-condicionamento Isquêmico Remoto (RIPostC) é uma  técnica não invasiva de isquemia e reperfusão em um membro que ativa vias protetoras endógenas. Estudos em leitões e um estudo recente em 32 neonatos confirmaram sua segurança e viabilidade como terapia adjuvante.     Entre os biomarcadores, a espectroscopia por ressonância magnética (MRS), com a razão lactato/N-acetil aspartato (NAA), é um biomarcador crucial para monitorar a lesão cerebral e predizer desfechos. Em suma, a apresentação enfatiza a necessidade de adaptar as terapias neuroprotetoras, utilizando biomarcadores e novas abordagens diagnósticas e terapêuticas para otimizar os desfechos na encefalopatia neonatal.

Biomarcadores e previsão de resultados na Encefalopatia Neonatal

Biomarcadores e previsão de resultados na Encefalopatia Neonatal

Palestra administrada pela Dra. Nikk Robertson (Reino Unido), no IX Encontro Internacional de Neonatologia, Gramado, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O objetivo dos biomarcadores na encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) inclui identificar bebês elegíveis para terapias neuroprotetoras, auxiliar no prognóstico, aconselhamento e otimização da terapia. A ressonância magnética (RM) é fundamental na EHI. O melhor momento para a RM com imagem ponderada em difusão (DWI) é entre 4 a 6 dias de vida, não sendo recomendado durante o resfriamento, a menos que seja para redirecionar a assistência. Os corpos mamilares (MB- mammillary body) são estruturas pequenas (requerem cortes de 2 mm ou menos na RM) importantes para a memória e podem ser um marcador precoce de problemas cognitivos e de memória em idade escolar. Estudo mostrou corpos mamilares anormais em 40% dos bebês com EHI, independentemente da gravidade da lesão, indicando sua vulnerabilidade à hipóxia. Espectroscopia por Ressonância Magnética (MRS): Oferece uma janela bioquímica contínua do cérebro, com foco em lactato (marcador de falha oxidativa) e NAA (marcador de densidade neuronal). O sinal anormal da MB está presente em um número substancial de bebês, apesar de serem submetidos a tratamento de hipotermia, o que poderia, pelo menos em parte, explicar por que bebês com histórico de encefalopatia neonatal apresentam déficits cognitivos e de memória na idade escolar, apesar de terem sido submetidos a tratamento terapêutico de hipotermia.