Autor: Paulo Margotto

Este site tem por objetivo a divulgação do que há mais de novo na Medicina Neonatal através de Artigos (Resumidos, Apresentados, Discutidos e Originais), Monografias das Residências Médicas, principalmente do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB/SES/DF), Apresentações de Congresso e Simpósios (aulas liberadas para divulgação, aulas reproduzidas). Também estamos disponibilizando dois livros da nossa autoria (Assistência ao Recém-Nascido de Risco, 3a Edição, 2013 e Neurossonografia Neonatal, 2013) em forma de links que podem ser baixados para os diferentes Smartphone de forma inteiramente gratuita. A nossa página está disponível para você também que tenha interesse em compartilhar com todos nós os seus conhecimentos. Basta nos enviar que após análise, disponibilizaremos. O nome NEONATOLOGIA EM AÇÃO nasceu de uma idéia que talvez venha se concretizar num futuro não distante de lançarmos um pequeno livro (ou mesmo um aplicativo chamado Neonatologia em Ação) para rápida consulta à beira do leito. No momento estamos arduamente trabalhando com uma excelente Equipe na elaboração da 4a Edição do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, que conterá em torno de mais 100 capítulos, abordando diferentes temas do dia a dia da Neonatologia Intensiva, com lançamento a partir do segundo semestre de 2018. O site também contempla fotos dos nossos momentos na Unidade (Staffs, Residentes, Internos). Todo esforço está sendo realizado para que transportemos para esta nova página os 6000 artigos do domínio www.paulomargotto.com.br, aqui publicados ao longo de 13 anos.Todas as publicações da página são na língua portuguesa. Quando completamos 30 anos do nosso Boletim Informativo Pediátrico com Enfoque Perinatal (1981- 2011), o berço do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, escrevemos e que resumo todo este empenho no engrandecimento da Neonatologia brasileira: nestes 30 anos, com certeza, foram várias as razões que nos impulsionam seguir adiante, na conquista do ideal de ser sempre útil, uma doação constante, na esperança do desabrochar de uma vida sadia, que começa em nossas mãos. Este mágico momento não pode admitir erro, sob o risco de uma cicatriz perene. É certamente emocionante fazer parte desta peça há tantos anos! "Não importa o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos"
Implementação de uma estratégia de intervenção precoce para dilatação ventricular pós-hemorrágica (PHVD) em bebês prematuros.

Implementação de uma estratégia de intervenção precoce para dilatação ventricular pós-hemorrágica (PHVD) em bebês prematuros.

Implementation of an early intervention strategy for post hemorrhagic ventricular dilatation in preterm infants.

Wilson D, Breitbart S, DiFonzo L, Kelly E, Diambomba Y, Kajal D, Raghuram K, Wong S, Ng E, Church P, Asztalos E, Glanc P, Cizmeci M, Pais R, Traubici J, Leijser LM., Miller SP, Kulkarni AV, Ly LG.J Perinatol. 2025 Jul 25. doi: 10.1038/s41372-025-02371-5. Online ahead of print.PMID: 4071573.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Um protocolo de intervenção precoce foi implementado em três UTINs em Toronto, Canadá. Bebês com hemorragia intraventricular grave (grau III ou superior) foram monitorados por ultrassonografias cranianas (cUS) para medir o índice ventricular (VI) e a largura do corno anterior (AHW). Dos 100 bebês, 70 sobreviveram, com 46% apresentando resolução espontânea da PHVD. Dos 38 que necessitaram de intervenção, 60% resolveram com punções lombares, 16% com dispositivo de acesso ventricular e 24% com derivação ventrículo-peritoneal. A intervenção precoce para PHVD foi viável e associada a melhores desfechos neurodesenvolvimentais em comparação com a abordagem tardia. A intervenção precoce para PHVD foi viável e associada a melhores desfechos neurodesenvolvimentais em comparação com a abordagem tardia.

Espectro de Kernicterus

Espectro de Kernicterus

Kernicterus on the Spectrum. Kasirer Y, Kaplan M, Hammerman C.Neoreviews. 2023 Jun 1;24(6):e329-e342. doi: 10.1542/neo.24-6-e329.PMID: 37258501 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O kernicterus é a sequela tóxica da hiperbilirrubinemia neonatal extrema, onde o excesso de bilirrubina livre não conjugada (UCB) atravessa a barreira hematoencefálica, causando danos irreversíveis e seletivos a células cerebrais vulneráveis, como os gânglios da base, o cerebelo e o sistema auditivo. A bilirrubina livre (Bf) é a principal responsável pelo dano, embora o manejo clínico se baseie nos níveis de bilirrubina sérica total (TSB). Para clarificar a terminologia confusa e sobreposta usada historicamente, o artigo propõe o conceito de Transtorno do Espectro de Kernicterus (KSD). O KSD abrange a neurotoxicidade por bilirrubina como um contínuo, usando modificadores para especificar subtipos e graus de gravidade (ex: predominantemente auditivo ou motor, agudo ou crônico, grave ou leve) motor deficiente e movimentos anormais, perturbação do processamento auditivo. O artigo traz  Um sistema de pontuação numérica, a pontuação disfunção neurológica induzida por bilirrubina foi desenvolvida para quantificar a extensão a sua extensão. A pontuação consiste em uma escala de 9 pontos que avalia o estado mental, o tônus muscular e os padrões de choro.

Importância da nutrição adequada para prematuros e nas ferramentas para avaliar seu estado nutricional (buscando um equilíbrio entre o neurodesenvolvimento e a saúde cardiometabólica)

Importância da nutrição adequada para prematuros e nas ferramentas para avaliar seu estado nutricional (buscando um equilíbrio entre o neurodesenvolvimento e a saúde cardiometabólica)

Palestra administrada por Mandy Belfort no IX  Encontro Internacional de  Neonatologia, Gramado, RS, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A palestra aborda a relevância da nutrição na UTI neonatal (UTIN) para prematuros, equilibrando neurodesenvolvimento e saúde cardiometabólica, e as ferramentas para avaliação nutricional. A dieta fornecida na UTIN influencia a saúde ao longo da vida, especialmente o desenvolvimento cerebral e de outros órgãos. A fortificação da dieta está associada a melhores desfechos de crescimento e neurodesenvolvimento, conforme evidências de estudos observacionais e clínicos. Prematuros apresentam maior risco de doenças cardiovasculares na vida adulta, como hipertensão, diabetes, distúrbios lipídicos e apneia do sono, conforme estudos epidemiológicos. Ganho de peso rápido nos primeiros meses está ligado a maior QI, mas também a pressão arterial elevada na idade escolar, sugerindo a necessidade de equilibrar neurodesenvolvimento e riscos cardiometabólicos. Prematuros na idade equivalente a termo têm menos massa magra e mais gordura que bebês a termo. A massa magra está associada a maiores volumes cerebrais. A nutrição na UTIN deve otimizar o crescimento da massa magra, apoiar o neurodesenvolvimento e minimizar riscos cardiometabólicos.Assim, Além da antropometria (peso, comprimento, perímetro cefálico, curva de crescimento) e importante que se avalie a COMPOSIÇÃO CORPORTAL através da Air Displacement Plethysmography [ADP] (Técnica precisa, mas cara, não portátil e limitada a bebês estáveis e Bioimpedância elétrica [BIA] (Promissora, acessível, portátil e aplicável à beira do leito). O leite materno é ideal, apesar de potencialmente levar a menor ganho de massa magra em comparação com fórmula. Prioriza-se seu uso por benefícios como prevenção de infecções e enterocolite. Leite de banco de doadoras é uma “ponte” valiosa, mas o foco é apoiar a produção de leite materno.

Ausência de evidências de efeitos benéficos de fortificantes à base de leite materno: uma metanálise com média de Modelo Bayesiano

Ausência de evidências de efeitos benéficos de fortificantes à base de leite materno: uma metanálise com média de Modelo Bayesiano

Absence of Evidence of Beneficial Effects of Human MilkBased Fortifier: A Bayesian Model-Averaged Meta-Analysis.Huizing MJ, Vizzari G, Bartoš F, Cavallaro G, Gianni ML, Villamor E.Acta Paediatr. 2025 Jul 29. doi: 10.1111/apa.70260. Online ahead of print.PMID: 40729426.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O leite materno é a primeira escolha para prematuros, mas requer fortificação para atender às necessidades nutricionais de bebês muito prematuros (<32 semanas) ou de muito baixo peso (<1500 g), prevenindo restrição de crescimento pós-natal associado a comprometimento neurocognitivo, retinopatia da prematuridade e displasia broncopulmonar. Fortificantes à base de leite humano (MBF humano) são usados, apesar do alto custo e evidências limitadas de eficácia, em comparação com fortificantes à base de leite bovino (MBF bovino). A metanálise bayesiana de três estudos controlados e randomizados  não encontrou evidências conclusivas de benefícios do MBF humano em comparação com o MBF bovino para NEC, mortalidade, sepse tardia, displasia broncopulmonar ou retinopatia da prematuridade. A ausência de evidências, devido a amostras pequenas, destaca a necessidade de estudos maiores para avaliar a eficácia e custo-efetividade do MBF humano.

 

Momento para a admissão escolar de crianças com deficiências

Momento para a admissão escolar de crianças com deficiências

Andrea Duncan (EUA).Palestra administrada pela Dra. Andrea Duncan, no IX Encontro Internacional de Neonatologia, Gramado, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto

Nessa Palestra é abordada   a prontidão escolar para crianças com deficiências, com ênfase em prematuros, destacando sua importância para desfechos sociais, econômicos e de saúde, e a necessidade de intervenções precoces iniciadas na UTI neonatal (UTIN). A prontidão escolar é crucial para o sucesso de crianças com deficiências, reduzindo desigualdades precocemente e promovendo melhores resultados sociais, econômicos e de saúde .Intervenções na UTIN podem influenciar a prontidão, promovendo identificação precoce e sistemas educacionais inclusivos. A educação começa em casa e na comunidade, com experiências precoces moldando o desenvolvimento cerebral. A prontidão escolar para crianças com deficiências exige uma abordagem holística, iniciada na UTIN, envolvendo famílias, escolas e comunidades. Intervenções precoces, avaliações multidimensionais e ambientes inclusivos são essenciais para reduzir desigualdades e promover sucesso educacional. Profissionais de saúde têm papel crucial em monitoramento, educação parental e advocacia por políticas de apoio.

Neurodesenvolvimento na transição para a escola em crianças submetidas à hipotermia por encefalopatia hipóxico-isquêmica neonatal: um estudo prospectivo

Neurodesenvolvimento na transição para a escola em crianças submetidas à hipotermia por encefalopatia hipóxico-isquêmica neonatal: um estudo prospectivo

Neurodevelopment in the transition to school in children subjected to hypothermia due to neonatal hypoxic-ischemic encephalopathy: A prospective study.Vicente IN, Marques C, Pinto J, Castelo TM, Pereira C, Dinis A, Pinto CR, Oliveira G.Early Hum Dev. 2025 Aug;207:106305. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2025.106305. Epub 2025 May 29.PMID: 40482578.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Crianças com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) neonatal, mesmo submetidas à hipotermia terapêutica (HT), apresentam risco de comprometimentos neurodesenvolvimentais a longo prazo, como dificuldades cognitivas, de aprendizagem, comportamentais, paralisia cerebral (PC), epilepsia e déficits sensoriais. Embora a HT reduza morte e incapacidades graves, déficits cognitivos persistem, especialmente na transição para a escola, quando as exigências cognitivas aumentam. Esse estudo observacional prospectivo com 58 recém-nascidos (≥36 semanas) internados na UTIN de um hospital de referência em Portugal (2011-2019) para HT devido a EHI mostrou que o acompanhamento a longo prazo é essencial para crianças com EHI tratadas com HT, pois déficits cognitivos leves, muitas vezes associados a lesões na substância branca, podem surgir na idade escolar. A RM neonatal é um preditor robusto para incapacidades moderadas a graves, mas não para déficits leves. Programas de seguimento e intervenções precoces são cruciais para apoiar a transição escolar e minimizar impactos a longo prazo.

 

Hipertensão pulmonar aguda (HPA) em neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI).

Hipertensão pulmonar aguda (HPA) em neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI).

AsphyxiaTherapeutic Hypothermia, and Pulmonary HypertensionGeisinger R, Rios DR, McNamara PJ, Levy PT.Clin Perinatol. 2024 Mar;51(1):127-149. doi: 10.1016/j.clp.2023.11.007. Epub 2023 Dec 15.PMID: 38325938 Review

Apresentação: Amanda Lopes de Alencar- R4 Neonatologia HMIB/SES/DF. Coordenação: Carlos  Alberto Zaconeta.

Recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) devido a asfixia perinatal têm risco de desenvolver hipertensão pulmonar aguda (aPH), que agrava sequelas neurológicas e aumenta a mortalidade em comparação com aPH isolada. A hipotermia terapêutica (HT), padrão para EHI moderada a grave, pode exacerbar a aPH, exigindo avaliação hemodinâmica cuidadosa, com destaque para o papel do ecocardiograma. Neonatos com EHI e aPH apresentam riscos elevados devido a vasoconstrição pulmonar hipóxica e disfunção cardíaca. A HT, embora padrão, pode exacerbar a aPH, exigindo triagem com ecocardiogramas seriais para avaliar gravidade e resposta ao tratamento. A combinação de vasodilatadores pulmonares, inotrópicos e agentes vasoativos é essencial para otimizar a hemodinâmica, com ajustes cuidadosos durante resfriamento e reaquecimento. É crucial entender as etiologias subjacentes, os perfis hemodinâmicos únicos dos diferentes endotipos e as avaliações inovadoras para guiar um manejo direcionado e melhorar os resultados em neonatos após um evento hipóxico perinatal e com risco de HPA.

PREMATURIDADE EXTEMA: Assistência ao prematuro extremo na Sala de Parto, Recepção do prematuro extremos ao chegar na UTI Neonatal, Nutrição Parenteral, Nutrição Enteral e Hemorragia intraventricular (é possível sim evitar)

PREMATURIDADE EXTEMA: Assistência ao prematuro extremo na Sala de Parto, Recepção do prematuro extremos ao chegar na UTI Neonatal, Nutrição Parenteral, Nutrição Enteral e Hemorragia intraventricular (é possível sim evitar)

Adriana Kawaguchi, Carlos Alberto Moreno Zaconeta, Mart David Rocha de Moura, Alessandra de Cássia Gonçalves Moreira.

Realizado por Paulo R. Margotto

Manter a saturação de O2 >80% aos 5 minutos: baixa saturação aos 5 minutos de vida aumenta a morte precoce (3 vezes) e a HIV (3 vezes). Iiniciar a reanimação com 30% de O2 pode não ser conveniente, talvez 60-70%). Evitar a hipofostatemia nos primeiros dias (a hipofosfatemia se associa à trombocitopenia e alterações da coagulação, aumentando a predisposição à HIV em 5,3 vezes).

 

Hipertensão Pulmonar Aguda (HPA) em Neonatos com Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI)

Hipertensão Pulmonar Aguda (HPA) em Neonatos com Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI)


Asphyxia
Therapeutic Hypothermia, and Pulmonary Hypertension.

Geisinger R, Rios DR, McNamara PJ, Levy PT.Clin Perinatol. 2024 Mar;51(1):127-149. doi: 10.1016/j.clp.2023.11.007. Epub 2023 Dec 15.PMID: 38325938 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto

Neonatos que experimentam um evento hipóxico perinatal e subsequente encefalopatia neonatal apresentam risco de desenvolver hipertensão pulmonar aguda (HPA) no período neonatal precoce. Esta condição pode exacerbar ainda mais o dano aos órgãos e contribuir para sequelas neurológicas de curto e longo prazo. A mortalidade é maior em bebês com características combinadas de encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) e HPA em comparação com aqueles apenas com HPA.

É crucial entender as etiologias subjacentes, os perfis hemodinâmicos únicos dos diferentes endotipos e as avaliações inovadoras para guiar um manejo direcionado e melhorar os resultados em neonatos após um evento hipóxico perinatal e com risco de HPA.

Hemorragia Intraventricular (HIV) no Pré-Termo-extremo: Podemos Prevenir!

Hemorragia Intraventricular (HIV) no Pré-Termo-extremo: Podemos Prevenir!

Paulo R. Margotto;

A incidência de HIV no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, é de 30%, com 32,4% de gravidade

  • No serviço em questão, um estudo de 2012 mostrou 20% de incidência em bebês abaixo de 28 semanas, e um estudo recente (Mayara) apontou 22,3% no geral.
  • O tempo de início da HIV mudou ao longo de 40 anos: antes ocorria nos primeiros 4 dias, agora começa a ocorrer após 6 dias.
  • O entendimento da HIV baseia-se em um “tripé”: a matriz germinativa (região com vasos muito imaturos que diminui com a idade gestacional, sendo maior com 24 semanas), a distribuição do fluxo sanguíneo, e a flutuação do fluxo sanguíneo.
  • A combinação de vasos imaturos, aumento e flutuação do fluxo sanguíneo à matriz germinativa aumenta o risco de rompimento e sangramento.
  • As consequências da HIV incluem comprometimento cortical (redução de 16%), complicações cerebelares, tetraplegia espástica e hidrocefalia pós-hemorrágica.