BACILOS GRAM-NEGATIVOS MULTIRRESISTENTES NA UTIN: ESTRATÉGIAS PARA A PREVENÇÃO (Strategies to Prevent Multidrug-resistant Gram Negative Bacilli in the NICU)

BACILOS GRAM-NEGATIVOS MULTIRRESISTENTES NA UTIN: ESTRATÉGIAS PARA A PREVENÇÃO (Strategies to Prevent Multidrug-resistant Gram Negative Bacilli in the NICU)

Lisa Saiman (EUA).  Professor of Pediatrics, Columbia University Irving Medical Center, Hospital Epidemiologist, New York-Presbyteriam Morgan Sanley Children´Hospital. 22nd International Symposium on Neonatology São Paulo/SP. 22º Simpósio Internacional de Neonatologia do Hospital Sant Joana, São Paulo, 11-14 de setembro de 2019.     Realizado por Paulo R. Margotto.

A Epidemiologia dos bacilos gram negativos mostra grande variabilidade no mundo quanto às características dos pacientes. Estudo de 6000 bebes em 4 UTIs americanas mostrou que 3% das crianças tem infecções por gram negativos associadas  ao ambiente, sendo que 14,5% fora bebês <1000g. Mais interessante foi que 45,3% tiveram infecção no trato urinário! Cinqüenta por cento foram por E.coli e Klebsiela. Vinte e três por cento dos gram negativos resistentes a ≥ 1 agente antimicrobiano é influenciada pela pressão seletiva. A gentamicina sem dúvida foi o agente que mais causava resistência a esses microrganismos. Os bebês colonizados por gram negativos multirresistentes do trato gastrintestinal se devem a: estadia prolongada na UTI, prévia exposição a antibiótico, dispositivos invasivos principalmente os de acesso central, forma e tipo de alimentação, nutrição parenteral prolongada.  Quanto à prevenção da infecção e vigilância: a medida mais simples e importante no controle da transmissão da infecção por gram negativo multirresistente é a HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS! (antes e após o contato com os pacientes, antes e após procedimento invasivos, após o contato com sangue, fluidos corporais e membranas mucosas; após contato com o cuidado do paciente e item do ambiente, APÓS REMOÇÃO DAS LUVAS E quando se mover de uma atividade suja (contaminada) para outra atividade no mesmo paciente. Quanto a Estratégias Agrupadas para o Acesso Central, é importante a implantação de um grupo de intervenção (houve redução de infecções sanguíneas com o cateter central), uma Equipe (2 pessoas) de rocas de curativos semanalmente. Se tiver um bebê com hemocultura positiva, é feita uma revisão do caso, para ver se essa infecção pode estar associada ao acesso venoso central (é conhecido por “Keepsafe” que é um relatório eletrônico com várias perguntas que precisam ser respondidas). A Equipe de Enfermagem da UTI monta uma Equipe multidisciplinar incluindo aqueles responsáveis pela inserção ou manutenção dos cateteres centrais para discutir a infecção no acesso central na semana. NÃO SE CULPA NINGUÉM! Tenta-se aprender com o que ocorreu. Outra mudança de cultura que está melhorando lentamente é o trabalho que realizamos com a Equipe de Limpeza (chamamos essas pessoas de Profissionais de Serviços Ambientais). Eles são envolvidos em atividade educacionais, participam da discussão de casos, onde é enfocada a importância da limpeza de superfícies. Quanto à prevenção da transmissão: um bebê com cultura positiva pode ser uma pontinha do iceberg de um surto iminente. O isolamento do bebê infectado ocorre até a alta e se retornar ao Hospital, não é reinternado na UTI Neonatal. Quanto aos surtos por esses microrganismos gram negativos multirresistentes: NUNCA USAR UNHAS  ARTIFICIAIS E QUEBRADAS (NEVER!). Muitas Unidades Neonatais baniram o uso e jalecos. Quanto ao MICROBIOMA: em média de 14 dias o bebê já adquiriu a flora patogênica da UTI Neonatal; entre os fatores que alteram o microbioma do bebê estão o uso de antibióticos, internação prolongada, uso de fórmulas na dieta. Os probióticos podem vir a ser uma idéia interessante. No momento os probióticos não mostraram redução significativa da sepse tardia com o uso de probióticos (cepas diferentes, doses diferentes, seqüência diferentes e preocupação quanto à segurança, pois os bebês podem ter infecção na corrente sanguínea ocasionada por esses microrganismos. Finalmente um fator importante que diminui significativamente com transmissão cruzada de bactérias gram negativas multirresistentes foi a criação de quartos individualizados. Ao construir uma nova UTI Neonatal, conscientizar nossos gestores da importância dos quartos individualizados.Na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES, integrada à Rede Vermont Oxford, os dados de 2019 mostram que Sepse ou Meningite comprovada após 3 dias de vida ocorreu em 12,9%. O agente mais frequente foi a Klebsiela (29,4%) e a sepse fúngica ocorreu em 2,3%.

Portanto, os gram negativos multirresistentes estão associados ao aumento de morbidade e mortalidade e são mais comuns em ambientes de menos recursos, devido a surtos e clusters. Isso sugere para mim que as estratégias de prevenção de infecções e estratégias de gerenciamento de uso de antibióticos podem reduzir surtos causados por gram negativos e o trabalho de prevenção de infecções é um trabalho de equipe e deve envolver todas as partes interessadas. Estou realmente interessada em estratégias futuras que podem envolver o tratamento do microbioma.