Categoria: Antibióticos e Antifúngicos

Desconforto Respiratório Neonatal Secundário à Síndrome de Aspiração de Mecônio

Desconforto Respiratório Neonatal Secundário à Síndrome de Aspiração de Mecônio

Neonatal Respiratory Distress Secondary to Meconium Aspiration Syndrome.Olicker AL, Raffay TM, Ryan RM.Children (Basel). 2021 Mar 23;8(3):246. doi: 10.3390/children8030246.PMID: 33806734 Free PMC article. Review.Artigo Livre!

Apresentação: R4 Neo Paolla Bomfim; R5 Neo Lucas do Carmo. Hospital Materno Infantil de Brasília, SES/DF.Coordenação: Carlos Alberto Moreno Zaconeta.

Se não houver sinais sistêmicos de sepse ou hemocultura positiva, não há indicação de administração prolongada de antibióticos simplesmente para aspiração de mecônio

Antibioticoterapia empírica (PROLONGADA!)

Antibioticoterapia empírica (PROLONGADA!)

Paulo R. Margotto. I Congresso de UTI Pediátrica e Neonatal do Cariri (26-28 de maio de 2023)

 

A maior preocupação é a antibioticoterapia empírica precoce (93% usam por 5 dias; 27-85% ≥ 5dias!!! UMA ETERNIDADE!) e essa prática associa-se ao aumento significativo, além da DBP, de morte e lesões cerebrais graves (2,7 vezes mais)!90% das crianças são tratadas desnecessariamente. Há uma forte correlação entre a alteração do microbioma e mudanças no cérebro (eixo intestino-cérebro) com a alteração da memória de reconhecimento em bebês de um mês de idade! Qualquer antimicrobiano prolongado >3 dias sem cultura positiva deve ser exceção e não a regra. O princípio de que, na dúvida, não há mal em tratar, parece longe de ser verdade! Nós conhecemos os inimigos e nós mesmos somos os inimigos!

SEPSE NEONATAL(PRECOCE e tardia):DESAFIO-Estado da arte!

SEPSE NEONATAL(PRECOCE e tardia):DESAFIO-Estado da arte!

Paulo R. Margotto. I Congresso de UTI Pediátrica e Neonatal do Cariri (26-28 de maio de 2023)

 

A maior preocupação é a antibioticoterapia empírica precoce (93% usam por 5 dias; 27-85% ≥ 5dias!!!UM UMA ETERNIDADE!) e essa prática associa-se ao aumento significativo, além da DBP, de morte e lesões cerebrais graves (2,7 vezes mais)!90% das crianças são tratadas desnecessariamente. Há uma forte correlação entre a alteração do microbioma e mudanças no cérebro (eixo intestino-cérebro) com a alteração da memória de reconhecimento em bebês de um mês de idade! Qualquer antimicrobiano prolongado >3 dias sem cultura positiva deve ser exceção e não a regra.O princípio de que, na dúvida, não há mal em tratar, parece longe de ser verdade! Nós conhecemos os inimigos e nós mesmos somos os inimigos!

Início precoce da antibioticoterapia e desfechos em curto prazo em prematuros: uma análise de coorte retrospectiva unicêntrica

Início precoce da antibioticoterapia e desfechos em curto prazo em prematuros: uma análise de coorte retrospectiva unicêntrica

Early initiation of antibiotic therapy and shortterm outcomes in preterm infants: a single-centre retrospective cohort analysis. Köstlin-Gille N, Serna-Higuita LM, Bubser C, Arand J, Haag L, Schwarz CE, Heideking M, Poets CF, Gille C.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023 May 3:fetalneonatal-2022-325113. doi: 10.1136/archdischild-2022-325113. Online ahead of print.PMID: 37137680.                         Alemanha.

Realizado por Paulo R. Margotto

Em resumo, esse estudo de  análise retrospectiva confirma estudos anteriores de que os antibióticos estão associados a um desfecho negativo em curto prazo em prematuros, em particular a um risco aumentado de DISPLASIA BRONCOPULMONAR (DBP) (no modelo de regressão logística multivariável, o início da antibioticoterapia nos dois primeiros dias pós-natais e entre o 3º e o 6º dia permaneceu independentemente associado à DBP (OR 3,1 e 2,8). Além disso, mostramos que especialmente o início muito precoce da antibioticoterapia nos primeiros 2 dias de vida pós-natal foi associado a um risco aumentado de DBP em comparação com a antibioticoterapia posterior. Nossos dados sugerem que, especialmente para antibioticoterapia empírica primária em prematuros se extremo baixo peso, é necessário revisar minuciosamente as indicações e desenvolver métodos para identificar lactentes com baixo risco de SEPSE DE INICIO PRECOCE, a fim de evitar especificamente antibióticos. Não é a colonização dos pulmões em si, mas sim a presença de certas espécies bacterianas que desencadeia a inflamação no contexto da DBP.

Semelhante à imunidade intestinal, foi demonstrado para a imunidade pulmonar que o microbioma contribui decisivamente para sua maturação e que eventos particularmente muito precoces podem levar a mudanças duradouras na resposta a estímulos inflamatórios. 47 Isso poderia explicar por que a antibioticoterapia muito precoce iniciada imediatamente após o nascimento está associada a um risco aumentado de DBP.

O que há de novo no manejo da sepse neonatal precoce? (What’s new in the management of neonatal early-onset sepsis?)

O que há de novo no manejo da sepse neonatal precoce? (What’s new in the management of neonatal early-onset sepsis?)

What’s new in the management of neonatal early-onset sepsisFleiss N, Schwabenbauer K, Randis TM, Polin RA.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023 Jan;108(1):10-14. doi: 10.1136/archdischild-2021-323532. Epub 2022 May 26.PMID: 35618407 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

A revisão enfoca os prematuros tardios e os recém-nascidos a termo. Para os bebes ≤34 sem é difícil determinar a contribuição independente de qualquer fator específico, além da idade gestacional, para o risco de sepse precoce (<72 horas de vida). Ente os fatores, A colonização materna com GBS (estreptococo do grupo B), o aumento da duração da ruptura da membrana e a infecção intra-amniótica (ou seja, corioamnionite) estão todos associados ao aumento do risco de sepse precoce. O Committee on Fetus and Newborn recomenda a abordagem de observação serial como alternativa ao uso da Calculadora de Sepse (em uma análise retrospectiva nacional de 384 lactentes que receberam antibióticos empíricos ao nascer, a Calculadora de Sepse (https://stuginski.com/calculator) recomendou antibióticos em 57%, enquanto a abordagem com exames clínicos seriados recomendou antibióticos em 17%. Hemocultura: os médicos devem ter certeza de que os antibióticos podem ser descontinuados com segurança quando a hemocultura for negativa em um lactente assintomático. PCR e Procalcitonina devem ser obtidos em série e em um momento posterior ao início da infecção (6 a 12 horas). Há poucas evidências para continuar os antibióticos puramente com base em PCR ou Procalcitonina elevados, quando as hemoculturas permanecem negativas e o bebê está se recuperando.

Antibioticoterapia empírica de curta duração para possível sepse precoce na UTIN

Antibioticoterapia empírica de curta duração para possível sepse precoce na UTIN

Shortcourse empiric antibiotic therapy for possible early-onset sepsis in the NICU. Sánchez PJ, Prusakov P, de Alba Romero C, Zamora-Flores E, Reyes Escamilla MC, White NO, Miller RR, Moraille R, Theile AR, Magers JK; Nationwide Children’s Hospital Neonatal Antimicrobial Stewardship Program (NEO-ASP).J Perinatol. 2023 Feb 22. doi: 10.1038/s41372-023-01634-3. Online ahead of print.PMID: 36813903.

Realizado por Paulo R. Margotto.

É importante ressaltar que cada dia adicional de antibioticoterapia aumenta o risco de resultados adversos em bebês com ≤32 semanas de gestação ou peso ao nascer ≤1500 após o controle da gravidade inicial da doença. Esses autores demonstraram a segurança de fornecer antibioticoterapia empírica por 24 horas em comparação com 48 horas em recém-nascidos de alto risco na UTIN. Em comparação com bebês que receberam um curso de antibióticos para sepse por 48 horas, os recém-nascidos que receberam um curso de antibióticos de 24 horas não tiveram maior probabilidade de ter antibioticoterapia reiniciada dentro de 7 dias após a descontinuação, nem tiveram culturas bacterianas positivas de sangue ou cefalorraquidiano fluido durante esse tempo. Pelo contrário, os antibióticos foram mais frequentemente reiniciados dentro de 7 dias após a interrupção no grupo de 48 horas!

 

 

Efeito de antibióticos na primeira semana de vida no desenvolvimento da microbiota fecal

Efeito de antibióticos na primeira semana de vida no desenvolvimento da microbiota fecal

Effect of antibiotics in the first week of life on faecal microbiota development. Van Daele E, Kamphorst K, Vlieger AM, Hermes G, Milani C, Ventura M, Belzer C, Smidt H, van Elburg RM, Knol J.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2022 May 9;107(6):603-10. doi: 10.1136/archdischild-2021-322861. Online ahead of print.PMID: 35534183 Free PMC article. Artigo Livre!

Realizado por Paulo R. Margotto

Em todo o mundo, até 20% de todos os recém-nascidos são prescritos antibióticos por causa da (suspeita) sepse neonatal precoce, embora na maioria dos casos a sepse não seja confirmada e os antibióticos possam ser descontinuados após 48–72 horas. Esse estudo foi realizado em RN a termo e mostra que  exposição a antibióticos na primeira semana de vida afeta o desenvolvimento da microbiota ao longo do primeiro ano de vida, com desvios mais profundos em bebês nascidos a termo expostos por 7 dias em comparação com apenas 2 a 3 dias. A exposição a antibióticos na primeira semana de vida resultou em desvios no desenvolvimento da microbiota fecal de bebês nascidos de parto vaginal, mas não de bebês nascidos por cesariana em comparação com seus respectivos controles. Isso pode ser atribuído à diferença causada pelo próprio modo de parto, com crianças nascidas por cesariana desviando-se dos controles vaginais até 1 mês de idade, independentemente da exposição a antibióticos. No 1o Congresso Internacional de Neonatologia do DF, Pablo Sanches (EUA) mostrou que na sepse precoce suspeita o antibiótico pode ser suspenso  com segurança em 24 horas, diminuindo assim a exposição aos antibióticos em bebês de alto risco na UTI Neonatal (média de positividade das culturas na sepse precoce: 13 horas, variando entre 9-21:Streptococus do Grupo B, E. coli, Klebiella (Palestra em reprodução).

Sepse neonatal e o microbioma da pele (Neonatal sepsis and the skin microbiome)

Sepse neonatal e o microbioma da pele (Neonatal sepsis and the skin microbiome)

Neonatal sepsis and the skin microbiomeHarrison IS1, Monir RL1, Neu J2, Schoch JJ1,2.J Perinatol. 2022 Nov;42(11):1429-1433. doi: 10.1038/s41372-022-01451-0. Epub 2022 Jul 11.PMID: 35817842 Review. 1Departments of Dermatology, University of Florida College of Medicine, Gainesville, USA. 2Departments of Pediatrics, University of Florida College of Medicine, Gainesville, USA.
✉email: jschoch@ufl.edu.

Realizado por Paulo R. Margotto

Os patógenos causadores de muitas infecções invasivas em bebês prematuros são os mesmos organismos que residem na pele saudável. Diferenças inerentes (estrato córneo imaturo, sistema imunológico subdesenvolvido) e fatores externos (dispositivos médicos invasivos, exposição prolongada a antibióticos, hospitalização) alteram exclusivamente o microbioma da pele de bebês prematuros em relação a bebês a termo. A flora da pele de recém-nascidos prematuros, caracterizada pela baixa diversidade, pode permitir o supercrescimento de patógenos oportunistas.  A transformação de organismos comensais em patógenos virulentos induz infecção generalizada e sepse. Prebióticos e probióticos direcionados à pele e outras estratégias para modular a flora cutânea podem desencorajar essa transformação patogênica. O uso criterioso de antibióticos profiláticos na população neonatal pode ajudar a prevenir a disbiose e a doença resultante. Uma maior compreensão do papel do microbioma da pele na sepse neonatal pode orientar a prevenção e o tratamento dessa doença devastadora.

Variabilidade na duração do antibiótico para enterocolite necrosante e resultados em uma grande coorte multicêntrica

Variabilidade na duração do antibiótico para enterocolite necrosante e resultados em uma grande coorte multicêntrica

Variability in antibiotic duration for necrotizing enterocolitis and outcomes in a large multicenter cohort.Ahmad I, Premkumar MH, Hair AB, Sullivan KM, Zaniletti I, Sharma J, Nayak SP, Reber KM, Padula M, Brozanski B, DiGeronimo R, Yanowitz TD; Children’s Hospitals Neonatal Consortium NEC Focus Group.J Perinatol. 2022 Jun 27. doi: 10.1038/s41372-022-01433-2. Online ahead of print.PMID: 35760891.

Apresentação: Amanda Silva Franco Molinari (R4 em Neonatologia da Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF). Coordenação: Miza Vidigal.

O tratamento da enterocolite necrosante (NEC) é de suporte e inclui antibioticoterapia devido à preocupação com a inflamação induzida por bactérias como uma possível causa da NEC. Os cursos de antibióticos demonstraram alterar o microbioma intestinal, o que pode afetar a tolerância à alimentação. Nesse estudo, bebês nas categorias de antibióticos mais longos levaram mais tempo para atingir a alimentação completa e tiveram um tempo de internação hospitalar mais longo, além de maior incidência de estenose pós-NEC. É imperativo que desenvolvamos diretrizes padronizadas de antibióticos para o manejo da NEC clínica e cirúrgica. Uma maneira de promover um microbioma intestinal saudável é o uso do leite materno, que contém vários fatores de crescimento, células imunes, oligossacarídeos que promovem o crescimento de bactérias benéficas e microbiota para colonizar o intestino. Embora vários estudos tenham mostrado que o leite materno reduz o risco de NEC, ele também pode ajudar na fase de recuperação, promovendo o crescimento e a adaptação intestinal. Isso é consistente com a descoberta de que o leite materno é um fator significativo na análise multivariável, minimizando o tempo para alimentação completa em bebês com NEC médica e cirúrgica.

Exposição precoce a antibióticos e desfechos adversos em bebês muito prematuros com baixo risco de sepse de início precoce: O estudo de coorte EPIPAGE-2

Exposição precoce a antibióticos e desfechos adversos em bebês muito prematuros com baixo risco de sepse de início precoce: O estudo de coorte EPIPAGE-2

Early Antibiotic Exposure and Adverse Outcomes in Very Preterm Infants at Low Risk of Early-Onset Sepsis: The EPIPAGE-2 Cohort Study. Letouzey M, Lorthe E, Marchand-Martin L, Kayem G, Charlier C, Butin M, Mitha A, Kaminski M, Benhammou V, Ancel PY, Boileau P, Foix-L’Hélias L; EPIPAGE-2 Infectious Diseases Working Group.J Pediatr. 2022 Apr;243:91-98.e4. doi: 10.1016/j.jpeds.2021.11.075. Epub 2021 Dec 21.PMID: 34942178

Realizado por Paulo R. Margotto.

A exposição precoce aos antibióticos em bebês prematuros de baixo risco para sepse de início precoce (aqueles que nasceram após complicações da gravidez mediadas por placenta [distúrbios hipertensivos durante a gravidez ou restrição do crescimento fetal]. Na presente coorte  de estudo compreendeu 648 bebês muito prematuros com baixo risco para EOS, dos quais 173 (26,2%) receberam tratamento antibiótico precoce a partir do dia 0 ou dia 1 da vida, com idade gestacional mediana de 30 semanas e peso médio de 1040g. Lesões cerebrais graves, isoladas ou combinadas com o óbito, foram mais frequentes no grupo de exposição a antibióticos precoces (9,1% vs 4,5% e 16,6% vs 9,9%, respectivamente). Foram encontradas associações associação entre lesões cerebrais graves e exposição precoce a antibióticos (OR, 2,71; IC 95%, 1,25-5,86). A displasia broncopulmonar moderada-grave também foi mais frequente no grupo de exposição a antibióticos precoces, isolado e em combinação com a morte (19,7% vs 10,2% e 28,6% vs 15,4%, respectivamente).  Esses achados foram semelhantes aos do estudo conduzido por Puopolo et  al. Sem associação com morte com morte, sepse tardia e enterocolite necrosante. Os mecanismos fisiológicos subjacentes dessa associação permanecem incertos. Assim, esses resultados questionam se o tratamento precoce com antibióticos é justificado, dado o maior risco associado de lesões cerebrais graves e DBP moderadamente grave