Categoria: Asfixia Perinatal

SETEMBRO VERDE- PAIS E PEDIATRAS JUNTOS PARA PREVENIR A ASFIXIA PERINATAL

SETEMBRO VERDE- PAIS E PEDIATRAS JUNTOS PARA PREVENIR A ASFIXIA PERINATAL

Live com  Susan Niermeyer (EUA) ocorrida no dia 4/9/2025 com a Coordenação de Gabriel Variane (SP).

Realizado por Paulo R.Margotto.

A partir do relato de uma família mostrou que a experiência da família é um testemunho do impacto devastador da asfixia perinatal e da importância crucial de intervenções rápidas e eficazes por profissionais de saúde treinados para salvar vidas e mitigar sequelas. Os principais pontos de sua fala foi a definição da asfixia perinatal, suas causas, o perfil dos pacientes afetados e mais importantes,                          como prevení-la. A asfixia é responsável por cerca de um quarto a metade de todos os óbitos de recém-nascidos nos primeiros dias de vida, afetando toda a família e a sociedade. Há necessidade de melhoria contínua das habilidades e educação dos profissionais de saúde. Ela fez um chamado à ação para que todos — pais, pediatras e demais profissionais se informem, eduquem, escutem, identifiquem riscos, e trabalhem juntos para reconhecer, responder e reverter a asfixia perinatal, garantindo um bom resultado para os bebês

 

 

 

Encefalopatia Neonatal (EN)-controvérsias e atualização

Encefalopatia Neonatal (EN)-controvérsias e atualização

Palestra administrada pela Dra. Nikki Robertson (Reino Unido), no IX Encontro Internacional de Neonatologia, Gramado, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A EN é uma função neurológica alterada em neonatos, frequentemente associada à encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), mas também a infecções, AVC, e outras causas. Em países de alta renda, a hipotermia terapêutica (HT) é o padrão-ouro, reduzindo desfechos adversos em 45%. Ela age na neuroproteção ao reduzir inflamação, morte celular, taxa metabólica e radicais livres, promovendo o reparo endógeno. A lesão cerebral é um processo de três fases (primária, secundária e terciária), com a hipotermia atuando na fase secundária.    Em países de baixa e média renda, como Uganda e Sudeste Asiático, estudos sugerem que a hipotermia pode não ser benéfica, devido a fatores como infecção e inflamação.  Para neonatos prematuros (33-35 semanas), a hipotermia não mostrou reduzir mortalidade ou deficiência e pode até aumentar esses riscos, levando à suspensão da prática no Reino Unido para essa faixa etária. Para a EN leve, há controvérsia. Embora estudos iniciais a excluíssem, metanálises recentes indicam que até 25% dos bebês com EN leve podem ter desfechos adversos. No entanto, a tendência de benefício da hipotermia não é forte o suficiente para guiar a terapia, e a lesão em casos leves pode ter ocorrido muito antes do nascimento, tornando o resfriamento ineficaz.Estudos no Brasil mostraram que 62% dos centros usam hipotermia terapêutica. A telemedicina com neuromonitorização remota por eletroencefalograma (EEG) se mostrou eficaz na detecção e tratamento de crises em bebês com EN, garantindo protocolos consistentes e treinamento. Durante a hipotermia, é crucial prevenir lesões secundárias otimizando a ressuscitação, evitando hipertermia (especialmente no reaquecimento) e tratando convulsões. A manutenção de temperatura ótima é vital, e a disglicemia (flutuação de glicose) está associada a piores desfechos.   Melatonina: Um potente antioxidante e antiinflamatório, que em estudos pré-clínicos demonstrou reduzir a lesão cerebral. Um estudo de fase I (ACUMEN) está para começar no Reino Unido para testar uma formulação intravenosa em neonatos com EHI.   O Pós-condicionamento Isquêmico Remoto (RIPostC) é uma  técnica não invasiva de isquemia e reperfusão em um membro que ativa vias protetoras endógenas. Estudos em leitões e um estudo recente em 32 neonatos confirmaram sua segurança e viabilidade como terapia adjuvante.     Entre os biomarcadores, a espectroscopia por ressonância magnética (MRS), com a razão lactato/N-acetil aspartato (NAA), é um biomarcador crucial para monitorar a lesão cerebral e predizer desfechos. Em suma, a apresentação enfatiza a necessidade de adaptar as terapias neuroprotetoras, utilizando biomarcadores e novas abordagens diagnósticas e terapêuticas para otimizar os desfechos na encefalopatia neonatal.

Biomarcadores e previsão de resultados na Encefalopatia Neonatal

Biomarcadores e previsão de resultados na Encefalopatia Neonatal

Palestra administrada pela Dra. Nikk Robertson (Reino Unido), no IX Encontro Internacional de Neonatologia, Gramado, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O objetivo dos biomarcadores na encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) inclui identificar bebês elegíveis para terapias neuroprotetoras, auxiliar no prognóstico, aconselhamento e otimização da terapia. A ressonância magnética (RM) é fundamental na EHI. O melhor momento para a RM com imagem ponderada em difusão (DWI) é entre 4 a 6 dias de vida, não sendo recomendado durante o resfriamento, a menos que seja para redirecionar a assistência. Os corpos mamilares (MB- mammillary body) são estruturas pequenas (requerem cortes de 2 mm ou menos na RM) importantes para a memória e podem ser um marcador precoce de problemas cognitivos e de memória em idade escolar. Estudo mostrou corpos mamilares anormais em 40% dos bebês com EHI, independentemente da gravidade da lesão, indicando sua vulnerabilidade à hipóxia. Espectroscopia por Ressonância Magnética (MRS): Oferece uma janela bioquímica contínua do cérebro, com foco em lactato (marcador de falha oxidativa) e NAA (marcador de densidade neuronal). O sinal anormal da MB está presente em um número substancial de bebês, apesar de serem submetidos a tratamento de hipotermia, o que poderia, pelo menos em parte, explicar por que bebês com histórico de encefalopatia neonatal apresentam déficits cognitivos e de memória na idade escolar, apesar de terem sido submetidos a tratamento terapêutico de hipotermia.

Uso do Levetiracetam endovenoso (EV) no controle da Convulsão Neonatal: por quê, quando e como?

Uso do Levetiracetam endovenoso (EV) no controle da Convulsão Neonatal: por quê, quando e como?

Paula Girotto (SP).XXXII Encontro Internacional de Neonatologia da Santa Casa de São Paulo, 16-17 de maio de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

As crises neonatais são muito prevalentes, ocorrendo em 35% dos pacientes com encefalopatia hipóxico-isquêmica e até 55% nos acidentes vasculares isquêmicos. A maioria dessas crises, especialmente em eventos hipóxico-isquêmicos, são subclínicas ou eletrográficas, exigindo monitorização para detecção.  O manejo adequado e a intervenção rápida e eficaz são cruciais para reduzir sequelas neurológicas e proteger o desenvolvimento cerebral. Administrar a medicação dentro da primeira hora da identificação da crise resulta em melhor controle nas 24 horas seguintes.  Atrasos (entre 1 e 2 horas, ou mais de 2 horas) levam a um aumento da carga de crises (“seizure burden”) nas próximas 24 horas, prejudicando a neuroproteção. O levetiracetam tem se mostrado     superioridade em relação à fenitoína na neonatologia ainda seja questionada por falta de estudos robustos, apesar de serem comparáveis na faixa etária pediátrica.  Sua rapidez intrínseca, bom perfil de efeitos colaterais, baixa toxicidade e mínimas interações medicamentosas o tornam uma excelente opção de segunda linha, especialmente para pacientes instáveis. Doses: Ataque: 40 mg/kg, com uma segunda dose de 20 mg/kg após 15 minutos se não houver controle da crise. Há uma tendência atual de uso de doses mais altas: 60 mg/kg, repetidas com 60 mg/kg, com perfil de segurança aceitável, mas aguardam resultados mais robustos. Dose de Manutenção: Varia de 40 a 60 mg/kg/dia, podendo chegar a 80 mg/kg/dia, dividida em três doses diárias.

Neurodesenvolvimento na transição para a escola em crianças submetidas à hipotermia por encefalopatia hipóxico-isquêmica neonatal: um estudo prospectivo

Neurodesenvolvimento na transição para a escola em crianças submetidas à hipotermia por encefalopatia hipóxico-isquêmica neonatal: um estudo prospectivo

Neurodevelopment in the transition to school in children subjected to hypothermia due to neonatal hypoxic-ischemic encephalopathy: A prospective study.Vicente IN, Marques C, Pinto J, Castelo TM, Pereira C, Dinis A, Pinto CR, Oliveira G.Early Hum Dev. 2025 Aug;207:106305. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2025.106305. Epub 2025 May 29.PMID: 40482578.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Crianças com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) neonatal, mesmo submetidas à hipotermia terapêutica (HT), apresentam risco de comprometimentos neurodesenvolvimentais a longo prazo, como dificuldades cognitivas, de aprendizagem, comportamentais, paralisia cerebral (PC), epilepsia e déficits sensoriais. Embora a HT reduza morte e incapacidades graves, déficits cognitivos persistem, especialmente na transição para a escola, quando as exigências cognitivas aumentam. Esse estudo observacional prospectivo com 58 recém-nascidos (≥36 semanas) internados na UTIN de um hospital de referência em Portugal (2011-2019) para HT devido a EHI mostrou que o acompanhamento a longo prazo é essencial para crianças com EHI tratadas com HT, pois déficits cognitivos leves, muitas vezes associados a lesões na substância branca, podem surgir na idade escolar. A RM neonatal é um preditor robusto para incapacidades moderadas a graves, mas não para déficits leves. Programas de seguimento e intervenções precoces são cruciais para apoiar a transição escolar e minimizar impactos a longo prazo.

 

Hipertensão pulmonar aguda (HPA) em neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI).

Hipertensão pulmonar aguda (HPA) em neonatos com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI).

AsphyxiaTherapeutic Hypothermia, and Pulmonary HypertensionGeisinger R, Rios DR, McNamara PJ, Levy PT.Clin Perinatol. 2024 Mar;51(1):127-149. doi: 10.1016/j.clp.2023.11.007. Epub 2023 Dec 15.PMID: 38325938 Review

Apresentação: Amanda Lopes de Alencar- R4 Neonatologia HMIB/SES/DF. Coordenação: Carlos  Alberto Zaconeta.

Recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) devido a asfixia perinatal têm risco de desenvolver hipertensão pulmonar aguda (aPH), que agrava sequelas neurológicas e aumenta a mortalidade em comparação com aPH isolada. A hipotermia terapêutica (HT), padrão para EHI moderada a grave, pode exacerbar a aPH, exigindo avaliação hemodinâmica cuidadosa, com destaque para o papel do ecocardiograma. Neonatos com EHI e aPH apresentam riscos elevados devido a vasoconstrição pulmonar hipóxica e disfunção cardíaca. A HT, embora padrão, pode exacerbar a aPH, exigindo triagem com ecocardiogramas seriais para avaliar gravidade e resposta ao tratamento. A combinação de vasodilatadores pulmonares, inotrópicos e agentes vasoativos é essencial para otimizar a hemodinâmica, com ajustes cuidadosos durante resfriamento e reaquecimento. É crucial entender as etiologias subjacentes, os perfis hemodinâmicos únicos dos diferentes endotipos e as avaliações inovadoras para guiar um manejo direcionado e melhorar os resultados em neonatos após um evento hipóxico perinatal e com risco de HPA.

Hipertensão Pulmonar Aguda (HPA) em Neonatos com Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI)

Hipertensão Pulmonar Aguda (HPA) em Neonatos com Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI)


Asphyxia
Therapeutic Hypothermia, and Pulmonary Hypertension.

Geisinger R, Rios DR, McNamara PJ, Levy PT.Clin Perinatol. 2024 Mar;51(1):127-149. doi: 10.1016/j.clp.2023.11.007. Epub 2023 Dec 15.PMID: 38325938 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto

Neonatos que experimentam um evento hipóxico perinatal e subsequente encefalopatia neonatal apresentam risco de desenvolver hipertensão pulmonar aguda (HPA) no período neonatal precoce. Esta condição pode exacerbar ainda mais o dano aos órgãos e contribuir para sequelas neurológicas de curto e longo prazo. A mortalidade é maior em bebês com características combinadas de encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) e HPA em comparação com aqueles apenas com HPA.

É crucial entender as etiologias subjacentes, os perfis hemodinâmicos únicos dos diferentes endotipos e as avaliações inovadoras para guiar um manejo direcionado e melhorar os resultados em neonatos após um evento hipóxico perinatal e com risco de HPA.

ONG DA PREMATURIDADE 10 ANOS! COORDENAÇÃO GERAL: Denise Suguitani: 1o ENCONTRO NACIONAL DA PREMATURIDADE (São Paulo, 15/6/2025):Reanimação Neonatal no Brasil.Desafios e Avanços

ONG DA PREMATURIDADE 10 ANOS! COORDENAÇÃO GERAL: Denise Suguitani: 1o ENCONTRO NACIONAL DA PREMATURIDADE (São Paulo, 15/6/2025):Reanimação Neonatal no Brasil.Desafios e Avanços

Maria Fernanda Almeida.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os “minutos de ouro” são críticos para a sobrevivência e qualidade de vida dos recém-nascidos. O Programa de Reanimação Neonatal, em parceria com SBP, Fiocruz e Ministério da Saúde, promove treinamento e Diretrizes para reduzir mortalidade e morbidade, enfrentando desafios regionais.

Dexmedetomidina como sedativo neuroprotetor na hipotermia terapêutica neonatal

Dexmedetomidina como sedativo neuroprotetor na hipotermia terapêutica neonatal

Dexmedetomidine as a Promising Neuroprotective Sedoanalgesic in Neonatal Therapeutic Hypothermia: A Systematic Review and Meta-Analysis.Cocchi E, Shabani J, Aceti A, Ancora G, Corvaglia L, Marchetti F.Neonatology. 2025 May 2:1-10. doi: 10.1159/000546017. Online ahead of print.PMID: 40319876

Realizado por Paulo R. Margotto.

Esta revisão sistemática e metanálise avaliou a segurança e eficácia da dexmedetomidina em neonatos submetidos à hipotermia terapêutica (H)T devido a encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), comparando-a com sedativos tradicionais, com foco em desfechos como controle de convulsões, estabilidade respiratória e hemodinâmica, e resultados clínicos de curto e longo prazo. Sete estudos, envolvendo 609 neonatos (152 com dexmedetomidina, 334 com opioides/benzodiazepínicos), foram incluídos. A dexmedetomidina oferece vantagens como preservação respiratória e função gastrointestinal, além de potencial neuroproteção, reduzindo convulsões e o uso de opioides. Estudos individuais mostraram menor tempo de ventilação e melhor alimentação enteral, alinhando-se com seu perfil farmacodinâmico. Contudo, a heterogeneidade nos protocolos de dosagem e a ausência de ensaios clínicos randomizados limitam a robustez das conclusões. Bradicardia foi observada, mas sem eventos adversos significativos, reforçando a necessidade de monitoramento cuidadoso. Ensaios clínicos randomizados em andamento, como o DICE Trial, são essenciais para validar esses achados e estabelecer protocolos padronizados, otimizando os cuidados neonatais e os desfechos a longo prazo