Reanimação Neonatal: o que dizem as Novas Diretrizes? (1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal: 30/11-2/2/2022)-
Sérgio Marba (SP)
Sérgio Marba (SP)
Early versus delayed umbilical cord clamping on maternal and neonatal outcomes.Qian Y, Ying X, Wang P, Lu Z, Hua Y.Arch Gynecol Obstet. 2019 Sep;300(3):531-543. doi: 10.1007/s00404-019-05215-8. Epub 2019 Jun 15.PMID: 31203386 Free PMC article. Review. Artigo Livre!
Apresentação: Lucas do Carmo (R4 em Neonatologia). Coordenação: Miza Vidigal. Residência em Neonatologia do HMIB/SES/DF.
Nos complementos: Reanimação Neonatal com o cordão umbilical intacto versos clampeado!
(outubro de 2022)
Estudo de superioridade randomizado controlado, aberto, de grupos paralelos, foi realizado em um hospital terciário na Índia. Os recém-nascidos nascidos com ≥ 34 semanas de gestação após uma gravidez complicada ou trabalho de parto foram randomizados imediatamente antes do nascimento para receber reanimação de acordo com o algoritmo do Programa de Reanimação Neonatal com um cordão intacto (reanimação de cordão intacto ou grupo ICR) ou após clampeamento precoce do cordão (reanimação do cordão ou grupo ECR). A intervenção do estudo alocada foi administrada se o neonato precisasse de VPP ao nascimento. O desfecho primário foi “escore de Apgar expandido” aos 5 minutos após o nascimento.
Resultados
Peso ao nascer, gestação e incidência de complicações na gravidez foram semelhantes nos dois grupos de estudo. A proporção de neonatos que receberam VPP foi menor no grupo ICR (28,7% vs 36,5%, P=0,05, RR: 0,79; IC 95%: 0,61 a 1,01). Entre os recém-nascidos que receberam VPP, o escore de Apgar expandido em 5 minutos foi significativamente maior no grupo ICR (mediana: 15; IQR: 14 a 15 vs 14; 13 a 15; P <0,001). O escore de Apgar expandido em 10 minutos, os escores de Apgar em 5 e 10 minutos e a saturação de oxigênio em 1, 5 e 10 minutos também foram maiores no grupo ICR.
Conclusão
Em recém-nascidos prematuros e a termo, a ressuscitação com cordão intacto resulta em melhor transição fisiológica pós-natal do que a prática padrão de ressuscitação após clampeamento imediato do cordão.
Karinne Cardoso Muniz. Neonatologista. Coordenadora do PRN-SPDF
Brasília, 25 de maio de 2022
Umbilical Cord Milking vs Delayed Cord Clamping and Associations with In-Hospital Outcomes among Extremely Premature Infants.Kumbhat N, Eggleston B, Davis AS, DeMauro SB, Van Meurs KP, Foglia EE, Lakshminrusimha S, Walsh MC, Watterberg KL, Wyckoff MH, Das A, Handley SC; Generic Database Subcommittee of the National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network. J Pediatr. 2021 May;232:87-94.e4. doi: 10.1016/j.jpeds.2020.12.072. Epub 2021 Jan 5.PMID: 33417919.
Apresentação:Larissa A. Dutra da Silveira – R5 Neonatologia, Lays Silveira P. Pimentel – R4 Neonatologia. Coordenação: Paulo R. Margotto, Nathália Bardal.
Sabemos das vantagens do clampeamento tardio do cordão (CTC) (1 minuto para os a termo e 30 segundos para os prematuros, ambos que não necessitam de reanimação sobre o precoce), no entanto, muitos prematuros requerem alguma intervenção para fazer a transição para o ambiente extrauterino, o que pode limitar as oportunidades de clampeamento tardio do cordão nessa população. Para esse grupo, a ordenha de cordão (OC) passou a ser uma possível alternativa para a transfusão placentária com os benefícios semelhantes ao CTC. No presente envolvendo prematuros de 22 sem a 28 sem 6 dias, 432 foram expostos à OC e 1402 ao CTC (pelo menos 30 segundos de atraso). Na faixa entre 25-28sem e 6 dias, as taxas de hemorragia intraventricular (HIV) grave foram 2x maiores para ordenha de cordão (Odds ratio ajustadas de 1.89 com IC a 95% de 1.22-2.95), achados semelhantes a estudos recentes, realçando que o CCT nesses bebês é preferível à OC. A ocorrência da HIV se deve ao aumento do retorno venoso ao átrio direito, mais sangue entrando na aorta e cérebro (frágil matriz germinativa, deficiente autorregulação do fluxo sanguíneo) devido ao shunt D-E. No entanto Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver e o conselho de monitoramento de dados e segurança aprovaram um novo ensaio da ordenha do cordão umbilical em comparação com o clampeamento tardio do cordão umbilical em bebês com idade gestacional maior (30-32 semanas de idade gestacional) e também em Avaliação a OC nos RN≥35 semanas deprimidos ao nascer. A reanimação com o cordão intacto não mostrou benefícios esperados, no entanto são necessários mais estudos. Assim, para os pré-termos <29 semanas, escolher o CCT (30-60 segundos) e evitar a OC.
Instituto Fernando Filgueira (IFF); FIOCRUZ -Fundação Oswaldo Cruz; Quali-Neo; Neonatologia Brasil e Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Vidas
Ola Didrik Saugstad , University of Oslo, Noruega, ocorrida no dia 27/3/2021 por ocasião do VI Encontro Internacional e Neonatologia, sob Coordenação Geral dos Drs. Rita Silveira e Renato Procianoy (RS), 100% online.
Realizado por Paulo R. Margotto.
O que queremos dizer com o Minuto de Ouro? Quando devemos começar o Minuto de Ouro? Quando os ombros saem? Quando o cordão umbilical é cortado? Quando o bebê está na mesa de reanimação? Acho que temos que concordar que devemos começar o cronômetro quando o bebê saiu. O Minuto de Outro é dividido em duas partes e cada uma delas com um tempo de 30 segundos (na primeira parte: secar o bebê, mantê-lo quente e se < 28 semanas enrolar em plástico, estimular a respiração se necessário e a via aérea deve ser posicionada na posição correta; devemos monitorar a frequência cardíaca (FC) e frequência respiratória (FR) e nos próximos 30 segundos devemos estabelecer o suporte respiratório se necessário e colocar o oxímetro de pulso se for necessário e disponível. É possível conseguir isso durante o Minuto de Ouro? É difícil estabelecer a primeira ventilação dentro de um minuto, mas é possível fazer isso em torno de 60 -70 segundos de vida! O Minuto de Ouro é influenciado pelo IMC da mãe (há um aumento linear com a morte perinatal), uso do corticosteroide pré-natal (mesmo que não haja tempo para um curso completo, mesmo assim o corticoide deve ser administrado e o tipo de parto (a taxa ótima de cesariana está entre 10-20%).Entre as novas recomendações: não indicado insuflação sustentada acima de 5 segundos, considere interromper a reanimação após 20 minutos do nascimento se não houver nenhuma reação, batimento cardíaco (antes era 10 minutos!). Ao invés de contarmos a FC só 6 segundos, conte por 10 segundos e essa falta de precisão da avaliação da FC pela ausculta pode ser eliminada. A ausculta é o padrão ouro para avaliar a FC ao nascimento, pelo menos inicialmente, antes de estabelecer o ECG e a oximetria de pulso. Em relação ao clampeamento do cordão, em 60 segundos, 70% do sangue é transfundido da placenta para o bebê devendo o cordão umbilical ser clampeado depois de 1 minuto. Metanálise de 19 estudos mostrou benefício nos prematuros com o clampeamento tardio de 30 segundos. A ventilação com o cordão intacto é factível, mas não levou a nenhuma melhora clínica imediatamente após o parto e nem reduziu a morbidade neonatal subsequente. Quanto à ordenha do cordão: para os bebês d<27 semanas ocorreu 4 vezes mais hemorragia intraventricular grave no grupo da ordenha principalmente 7 dias após o (22% [20/93] vs 6% [5/89]-p=0,002). O benefício do clampeamento fisiológico, ou seja, começa a ventilar o bebê e depois cortar o cordão, foi demonstrado muito bem no estudo animal de Hooper S em Melbourne há alguns anos. Se você cortar o cordão antes de ventilar, a pressão arterial aumenta muito e também o fluxo carotídeo aumenta. Por outro lado se você clampeia o cordão após a ventilação não há aumento significativo da pressão arterial ou no fluxo carotídeo. Quanto à oxigenação: o clampeamento tardio do cordão aumenta mais rapidamente a Saturação de O2, os bebês < 32 semanas em CPAP chegam a uma saturação de 80% em 1 minuto mais cedo do que se não estiver em CPAP, as meninas alcançam Saturação de O2 de 80% 1 minuto antes dos meninos! Iniciando com saturação alta e baixa, observou-se que ambos os grupos alcançaram saturação de 80% mais ou menos ao mesmo tempo. Isso ilustra que talvez não seja tão importante quanto você começa. O mais importante é como você ajusta a FiO2 para chegar a saturação de 80%. No entanto, devido a tantos riscos adversos potenciais começando com FiO2 alta, sugere que ainda comece com FiO2 baixa (30%). É importante manter os bebês em instabilidade térmica (envolver em sacos plásticos os <28 semanas).
A Comparison of Strategies for Managing the Umbilical Cord at Birth in Preterm Infants.El-Naggar W, Afifi J, Dorling J, Bodani J, Cieslak Z, Canning R, Ye XY, Crane J, Lee SK, Shah PS; Canadian Neonatal Network and the Canadian Preterm Birth Network Investigators.J Pediatr. 2020 Oct;225:58-64.e4. doi: 10.1016/j.jpeds.2020.05.018. Epub 2020 May 20.PMID: 32442446.
Apresentação:R3 em UTI Pediátrica 9HMIB) : João Paulo S. Cezar. Coordenação: Miza Vidigal. Revisão e Complementação: Paulo R. Margotto.
Gabriel Variane (SP)
Prezados colegas segue uma Importante iniciativa do grupo da PBSF (Protegendo Cérebros Salvando Vidas) sob a Coordenação do nosso querido Gabriel Variane intitulado SETEMBRO VERDE ESPERANÇA, uma campanha importantíssima no sentido da conscientização da Asfixia Perinatal, uma das importantes causas de morte neonatal e de graves sequelas que não escolhe classe socioeconômica. UM GRAVE PROBLEMA DE SAUDE PÚBLICA. No mundo a Asfixia Perinatal atingi 1,15 milhão por ano (2 bebês por hora no Brasil!). Com a autorização desse grupo estamos participando na divulgação e solicitamos também que faça aos seus pares (Paulo R. Margotto)
Apresentação: Jamille Coutinho Alves
Coordenação: Nathalia Bardal
Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF
▪A presença de líquido amniótico tinto de mecônio é um sinal potencialmente sério de comprometimento fetal e está associado com aumento da mortalidade perinatal.
▪ Muitos autores acreditam que a causa da passagem de mecônio para o líquido amniótico (LA) seja devido à hipoxia que leva ao relaxamento do esfíncter anal.
▪ O comprometimento do bem estar fetal pode levar ao LA tinto de mecônio e este comprometimento pode ser devido à infecção, evidenciado pela corioamnionite. A infecção poderia aumentar a sensibilidade a hipóxia e poderia ser um fator contribuinte de sofrimento fetal durante o trabalho de parto.
Apresentação: Pollyana Alves Gouveia Assunção
Coordenação: Carlos Alberto Zaconeta.
Asfixia perinatal é uma injuria sofrida pelo feto ou pelo recém-nascido (RN) devido à má oxigenação (hipoxia) e/ou má perfusão (isquemia) de múltiplos órgãos. Associa-se a acidose láctica e, na presença de hipoventilação, a hipercapnia. A asfixia pode ser o resultado do insulto crónico, subagudo ou agudo sofrido pelo feto.
Realizar um diagnóstico bem fundamentado de asfixia confirmando ou refutando a etiologia perinatal é de extrema importância para a família e para os profissionais, pois um diagnóstico apressado pode acarretar sofrimento familiar e, cada vez com maior frequência, repercussões médico-legais tanto para obstetras como para neonatologistas.
Contudo, definir asfixia não é simples e isto faz com que seja difícil comparar todos os trabalhos clínicos existentes, uma vez que com freqüência, as definições utilizadas são diferentes. Vários estudos têm evidenciado que o escore de Apgar é insuficiente, como critério único, para o diagnóstico de asfixia perinatal. Uns dos critérios mais usados para caracterizar a presença de asfixia são os da Academia Americana de Pediatria que reserva o termo asfixia para pacientes que apresentam os seguintes fatores associados: